Linguística antropológica
Linguística antropológica é o ramo da ciência linguística que estuda a linguagem a partir das bases de conhecimento da antropologia. Não deve ser confundida com Antropologia Linguística, que se propõe a ser o ramo da antropologia que estuda o ser humano a partir da linguagem com que se comunica.
Lévi-Strauss e o trabalho com as tribos
editarClaude Lévi-Strauss, nascido em 28 de novembro de 1908 em Bruxelas (Bélgica), foi considerado um dos maiores antropólogos de todos os tempos. Faleceu em Paris, onde estudou e passou a maior parte de sua vida, em 3 de novembro de 2009.
Em 1935 veio ao Brasil para lecionar sociologia na recém-criada Universidade de São Paulo. Formado em filosofia na França, no Brasil voltaria seus interesses aos estudos etnológicos.
Com sua mulher, explorou a região onde vivem os índios Kadiwéus, no Estado do Mato Grosso do Sul (margem esquerda do rio Paraguai), e os Bororos, no Estado de Mato Grosso, tendo nessas ocasiões recolhido material etnográfico para o Museu do Homem, em Paris.
Sua experiência no Brasil foi narrada em seu livro Tristes trópicos (1955).
O trabalho de Lévi-Strauss foi fortemente influenciado pela obra do linguista suíço Ferdinand de Saussure, o que o tornou pai da antropologia estrutural, que revolucionaria o pensamento ocidental, após o lançamento da obra As estruturas elementares do parentesco (1949).
Línguas indígenas brasileiras
editarSegundo Aryon Rodrigues (1986), existem no Brasil atualmente cerca de 180 línguas indígenas, das quais uma pequena parcela tem registros confiáveis e uma quantidade ainda menor tem estudos sérios e completos.[1]
Dentre os centros de estudos de línguas indígenas brasileiras, destacam-se a Universidade de Brasília, com seu Laboratório de Línguas Indígenas, a Universidade Estadual de Campinas (Instituto de Estudos da Linguagem), o Museu Paraense Emílio Goeldi, a Universidade Federal de Goiás (Museu Antropológico) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O histórico do estudo das línguas indígenas no Brasil mostra que ainda há muito por ser feito, e com metodologia melhor do que aquela utilizada no passado.
Por volta da década de 1940 missionários enviados pelo Summer Institute of Linguistics (Dallas, Texas, EUA) começaram trabalhos junto a diversas tribos brasileiras. No entanto, como seu objetivo era mais missionário do que linguístico, os trabalhos produzidos nem sempre são confiáveis. Além disso, a presença do SIL no Brasil trouxe não raro experiências sacrificantes para os indígenas, com sérias sequelas culturais e sociais.
Mattoso Camara Jr., um dos maiores linguistas fundou grande tradição nos estudos das línguas indígenas, tendo trazido grande contribuição para a área e um ótimo livro introdutório compilado a partir de um conjunto de palestras suas, "Introdução às línguas indígenas brasileiras" (1956).
Um número considerável de pesquisadores trabalham hoje na descrição e análise de línguas indígenas, com trabalhos de campo para coleta de dados e trabalhos publicados no Brasil e no exterior. No entanto, a situação para as línguas brasileiras não deixa de ser crítica, exigindo uma posição mais forte da sociedade, universidades e governos; a cada ano línguas completas e totalmente distintas de qualquer outra no mundo podem simplesmente desaparecer: há atualmente muitas línguas que possuem menos de 100 falantes, outras que possuem 3 ou 4 e até aquelas que possuem apenas semi-falantes, que têm pouco conhecimento ou apenas entendem determinada língua.
Embora todo o esforço feito no momento seja positivo, deve-se alertar para o fato de que o risco para essas sociedades é constante, seja pelo pequeno número de pessoas que habitam as tribos e falam efetivamente a língua, seja pelo descaso da sociedade e das autoridades.
Referências
- ↑ Rodrigues, Aryon Dall'Igna. 1986. Línguas brasileiras: Para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Loyola. (PDF)
Ligações externas
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