Lúcio Tâmpio Flaviano
Lúcio Tâmpio Flaviano (em latim: Lucius Tampius Flavianus) foi um senador romano nomeado cônsul sufecto duas vezes, a primeira em data desconhecida com Públio Fábio Firmano[1] e a segunda para o nundínio de março a abril (ou maio a junho) de 76 com Marco Pompeu Silvano Estabério Flaviano.[2]
Lúcio Tâmpio Flaviano | |
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Cônsul do Império Romano | |
Consulado | 76 d.C. |
Carreira
editarSua carreira anterior ao ano de seu primeiro consulado é desconhecida. Uma inscrição encontrada em Fondi[3] relata que, depois do consulado, ele foi procônsul de uma província não nomeada, e governador da Panônia. Plínio, o Velho, relata que a província seria a África.[4] Quanto à data dos mandatos, Ronald Syme tentou demostrar que seria entre 70 e 71, mas R.D. Milns afirma que "a maioria dos estudiosos concorda que uma data na época de Nero [ie, antes de 68] é mais provável".[5]
A partir do relato do ano dos quatro imperadores fica claro que ele era o governador da Panônia em 69[6] e, provavelmente, no ano anterior também: tanto Tácito quando a inscrição em Fondi mencionam que Flaviano conquistou uma vitória militar, provavelmente além do Reno, pela qual ele posteriormente recebeu a ornamenta triumphalia.[7]
Seus atos no caótico ano de 69 formam o período mais conhecido de sua vida. Tácito o descreve como "rico e avançado nos anos" e sob a influência do procurador provincial Cornélio Fusco,[8] o que implica que Flaviano era pouco qualificado para ser governador de uma província, uma acusação curiosa considerando a vitória além do Reno conquistada no ano anterior. Seja como for, Flaviano foi chamado a Roma no começo do ano, como atestam os relatos dos irmãos arvais indicando que ele foi admitido entre eles em 26 de fevereiro. Milns sugere que a admissão foi resultado da influência de Otão, pois "Otão precisava de todos os amigos que conseguisse obter", embora ele próprio admita que o colégio dos irmãos arvais já não era mais considerado um dos mais prestigiosos de Roma.[5] Ao retornar à Panônia, Flaviano encontrou seus soldados desconfiados dele, em parte por sua viagem a Roma e em parte por sua cautela ao escolher um dos lados na guerra civil. Mais adiante, quando as legiões da Panônia se declararam por Vespasiano e marcharam para lutar contra as legiões de Vitélio. Logo depois de alcançarem o norte da Itália e acamparem perto da cidade de Verona, os soldados se voltaram contra Flaviano e tentaram assassiná-lo. Primeiro Marco Apônio Saturnino tentou salvá-lo, mas fracassou, o que obrigou o general Marco Antônio Primo a intervir. Quando discursos se mostraram insuficientes para acalmar a tropa, Antônio tentou uma farsa e ordenou que Flaviano fosse acorrentado e preso. Porém, os soldados perceberam e tentaram capturar a tribuno a partir de onde Antônio Primo estava falando. Furioso, o general sacou sua espada e se colocou à frente dos homens anunciando que seria necessário matá-lo também se quisessem matar Flaviano. A partir daí o motim arrefeceu e, durante a noite, Flaviano conseguiu fugir do acampamento. Segundo Tácito, já durante a sua fuga Flaviano recebeu uma mensagem com as ordens para removê-lo do comando das legiões.[9]
Embora Flaviano tenha se afastado da política pelo resto do ano, ele foi tratado com honra por Vespasiano, que o recompensou com a ornamenta triumphalia por sua campanha na Panônia. Além disto, Flaviano foi nomeado superintendente dos aquedutos (curator aquarum) entre 73 e 74[10] e cônsul sufecto em 76.
Depois disto nada mais se sabe sobre ele.
Ver também
editarCônsul do Império Romano | ||
Precedido por: Vespasiano VI com Tito IV |
Vespasiano VII 76 com Tito V |
Sucedido por: Vespasiano VIII com Tito VI |
Referências
- ↑ Giuseppe Camodeca, "Novità sui fasti consolari delle tavolette cerate della Campania", Publications de l'École française de Rome, 143 (1991), pp. 52, 70
- ↑ Paul Gallivan, "The Fasti for the Reign of Claudius", Classical Quarterly, 28 (1978), pp. 408, 424
- ↑ CIL X, 6223
- ↑ Plínio, História Natural II.96
- ↑ a b Milns, "The Career of M. Aponius Saturninus", Historia: Zeitschrift für Alte Geschichte, 22 (1973), p. 285
- ↑ Tácito, Histórias II.86; III.4,10
- ↑ Tácito, Histórias V.26
- ↑ Tácito, Histórias II.86
- ↑ Tácito, Histórias III.10
- ↑ Frontino, De Aquis, 102