Jaqueline Gomes de Jesus

Psicóloga, professora, pesquisadora, escritora e ativista brasileira
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Jaqueline Gomes de Jesus (Brasília, 7 de março de 1978) é uma psicóloga, professora universitária e ativista brasileira. Foi a primeira gestora do sistema de cotas para negros da Universidade de Brasília (UnB). Por sua contribuição com o debate sobre relações raciais, gênero, identidade de gênero, sexualidades e direitos humanos, recebeu em 2017 a Medalha Chiquinha Gonzaga da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, por indicação da vereadora Marielle Franco.[1]

Jaqueline Gomes de Jesus
Nome completo Jaqueline Gomes de Jesus
Outros nomes Jaqueline de Jesus, Jaqueline Jesus, Jaqueline Gomes
Nascimento 7 de março de 1978 (46 anos)
Brasília, DF
Residência Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileira
Alma mater Universidade de Brasília
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil
Ocupação psicóloga
professora
escritora
ativista
investigadora
Empregador(a) Instituto Federal do Rio de Janeiro
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Fundação Oswaldo Cruz

Biografia

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Professora de Psicologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ)[2], lotada no Campus Belford Roxo, compõe o quadro de pesquisadores do Departamento de Direitos Humanos, Saúde e Diversidade Cultural da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (DIHS/ENSP/FIOCRUZ)[3]. É docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ensino de História (ProfHistória) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)[4] e do Programa de Pós-Graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva (PPGBIOS) da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz.[5][6]

Jaqueline nasceu em Brasília, filha de um operador de computadores da UnB, o sergipano Gizélio Gomes de Jesus, e de uma professora da rede básica, no Centro Educacional 9 de Ceilândia, a mineira Maria Marly da Cunha Gomes, que foi a primeira pessoa da família a concluir o Ensino Superior, no curso de Pedagogia da UnB. Seus avós maternos, Jonas Pinto da Cunha e Terezinha Duarte da Silva, foram candangos que trabalharam na construção da Capital Federal, tendo montado um barraco de tapumes em frente ao Campus Darcy Ribeiro (UnB). Ela cresceu no Setor O da Ceilândia e completou seu Ensino Fundamental em um colégio de freiras de Taguatinga.[7]

Ingressou no curso de Química em 1996, o qual largou após um ano, quando se tornou caloura do curso de Psicologia na Universidade de Brasília (UnB),[8][9] onde também cursou seu mestrado, concluído em 2005, com a dissertação "Trabalho Escravo no Brasil Contemporâneo: Representações Sociais dos Libertadores", e doutorado, concluído em 2010, com a tese "O Protesto na Festa: Política e Identidade nas Paradas do Orgulho LGBT".[8] Concluiu pesquisa de pós-doutorado no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas em 2014, tendo investigado trabalho e movimentos sociais.

Participa de movimentos sociais desde 1997, quando conheceu o Estruturação - Grupo LGBT de Brasília, do qual se tornaria presidente em 1999. Ainda durante a graduação, ajudou fundar a Associação de Acadêmicos Gays, Lésbicas e Simpatizantes do Brasil (AAGLS), presidida por Luiz Mott, e fundou a ONG Ações Cidadãs em Orientação Sexual (ACOS).[10]

Foi assessora do vice-reitor da UnB, Timothy Mulholland, e participou da formulação do Sistema de Cotas para Negras e Negros, iniciativa pioneira no país, do qual foi a primeira gestora,[8][11] ocupando o cargo de Assessoria de Diversidade e Apoio aos Cotistas e coordenadora do Centro de Convivência Negra, entre 2004 e 2008.[12][13]

Participou da organização da 1ª Conferência Distrital GLBT e da 1ª Conferência Nacional LGBT. Foi eleita presidente do Fórum LGBT do DF e do Entorno, tendo sido uma das organizadoras da Parada LGBT de Brasília.[8] Também foi Conselheira do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal.[14]

Entre 2008 e 2010, atuou no Departamento de Saúde, Previdência e Benefícios do Ministério do Planejamento , fazendo parte da equipe que formulou o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde dos Servidores Públicos Federais (SIASS), sendo responsável técnica pelos Princípios, Diretrizes e Ações em Saúde Mental, entre 2008 e 2009, e foi Assessora Técnica da Presidência da República em 2011 e do Ministério da Justiça em 2012, no âmbito da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas.[15]

Autora e organizadora do primeiro livro em língua portuguesa sobre transfeminismo, "Transfeminismo: Teorias e Práticas", de 2014. No campo do audiovisual, tem diversas participações em televisão e internet, compondo o elenco de debatedores do programa "Debate", do Canal Futura, que oferece ao público discussões aprofundadas e contextualizadas sobre educação e temas da atualidade[16]. Escreveu o texto e atuou, junto com a professora e dramaturga Dodi Leal, no curta-metragem "Nós Somos a Neblina", de 2021[17].

Por indicação da vereadora Marielle Franco, a primeira mulher trans e negra a receber a Medalha Chiquinha Gonzaga, que homenageia mulheres que contribuíram com os direitos humanos, artísticos, democráticos e culturais.[18][19][20][21] Recebeu também o Prêmio Rio Sem Homofobia, do Estado do Rio de Janeiro, entre outras honrarias.[22]

Participou do Grupo de Trabalho para Sistematização das Normas Eleitorais instituído pela Presidência do Tribunal Superior Eleitoral, desenvolvendo pesquisa sobre participação política da população LGBT[23][24]. Desenvolve pesquisa sobre saúde mental de minorias sexuais e de gênero em países de baixa e média renda, em parceria com a Universidade Duke[25].

É pesquisadora-líder do ODARA - Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Cultura, Identidade e Diversidade (CNPq)[26], integra a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e desde 2021 preside a Associação Brasileira de Estudos da Trans-Homocultura (ABETH).

Jaqueline se considera uma "candanga que vive no Rio" ou uma "carioca que nasceu em Brasília", mantendo interlocuções com a sua cidade-natal.[27]

Livros publicados

  • O Livro Sem Título (Thesaurus Editora, Brasília)
  • O que é Racismo? (Escolar Editora, Lisboa)
  • O que é Saúde Mental? (Escolar Editora, Lisboa)
  • Transfeminismo: Teorias e Práticas (Metanoia Editora, Rio de Janeiro)
  • Homofobia: Identificar e Prevenir (Metanoia Editora, Rio de Janeiro)
  • Ainda que tardia: escravidão e liberdade no Brasil contemporâneo (Gramma Editora, Rio de Janeiro)
  • Eu Não Sou Uma Mulher? E outros discursos de Sojouner Truth (Nandyala Editora, Belo Horizonte)
  • O que é Psicologia? (Escolar Editora, Lisboa)
  • Como eu não dancei (N-1 Edições, São Paulo)

Prêmios e Homenagens

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Referências

  1. a b «Resolução 9450». Câmara Municipal do Rio de Janeiro. 22 de fevereiro de 2017. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  2. «Portal da Transparência». Portal da Transparência. Consultado em 16 de julho de 2022 
  3. «Sobre o DIHS - Equipe». Departamento de Direitos Humanos, Saúde e Diversidade Cultural. Consultado em 16 de julho de 2022 
  4. «Programa de Pós-Graduação em Ensino de História». Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas. Consultado em 16 de julho de 2022 
  5. «Programa de Pós-Graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva». Programa de Pós-Graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva. Consultado em 16 de julho de 2022 
  6. Jordção, Pedro (17 de janeiro de 2021). «10 pessoas trans para acompanhar em 2021». iG. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  7. Jesus, Jaqueline (7 de março de 2021). «Lembrar das mulheres faz parte da cura do Brasil». Folha de S.Paulo. Consultado em 16 de julho de 2022 
  8. a b c d Martins, Thays (30 de novembro de 2019). «Primeira trans a entrar para o doutorado na UnB narra sua trajetória». Correio Braziliense. Consultado em 31 de janeiro de 2022. Cópia arquivada em 1 de dezembro de 2020 
  9. «Primeira transexual brasiliense a chegar a um doutorado na UnB fala sobre preconceito». Correio Braziliense. 8 de novembro de 2009. Consultado em 31 de janeiro de 2022. Arquivado do original em 20 de setembro de 2019 
  10. «10 psicólogas negras que lutam por um mundo livre do racismo». Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades - CEERT. 17 de janeiro de 2021. Consultado em 16 de julho de 2022 
  11. «Jaqueline Gomes de Jesus». Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as. 8 de outubro de 2020. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  12. Jesus, Jaqueline (9 de maio de 2013). «O desafio da convivência: assessoria de diversidade e apoio aos cotistas (2004-2008)». Psicologia: Ciência e Profissão. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  13. Jesus, Jaqueline (fevereiro de 2015). «Oliveira Silveira na UnB: Memória coletiva e políticas de inclusão racial». Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN). Consultado em 16 de julho de 2022 
  14. «Professora Jaqueline de Jesus». Partido dos Trabalhadores. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  15. «Cine Debate: assista previamente ao filme "Maria Luiza" e participe do debate sobre a primeira mulher trans das forças armadas brasileiras». Conselho Regional de Psicologia do DF. 26 de março de 2021. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  16. «Debate estreia temporada em novo formato no Canal Futura». Futura. 4 de março de 2022. Consultado em 22 de julho de 2022 
  17. NÓS SOMOS A NEBLINA, consultado em 22 de julho de 2022 
  18. «29 de Janeiro - Dia Nacional da Visibilidade Trans: entrevista com a psicóloga Jaqueline Gomes de Jesus». Conselho Regional de Psicologia do DF. 22 de janeiro de 2018. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  19. Nascimento, Victor (28 de janeiro de 2022). «23 mulheres trans que fizeram história e você deveria conhecer». BuzzFeed. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  20. Eller, Luisa (28 de janeiro de 2022). «Conheça 10 personalidades trans que fizeram história no Brasil». Jornal DCI. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  21. Jesus, Jaqueline (28 de dezembro de 2021). «Entrevista com Jaqueline Gomes de Jesus». albuquerque: revista de história. Consultado em 16 de julho de 2022 
  22. Freire, Simone (25 de junho de 2019). «Travestis e mulheres trans negras que estão transformando o país, e você precisa conhecer». Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade. Consultado em 31 de janeiro de 2022 
  23. Fachin, Luiz (2022). «Sistematização das normas eleitorais: eixo temático VII: participação política dos grupos minorizados» (PDF). Tribunal Superior Eleitoral. Consultado em 16 de julho de 2022 
  24. Fachin, Luiz (maio de 2021). «Participação política da população LGBTI e Poder Judiciário». REBEH. Consultado em 16 de julho de 2022 
  25. «Our Team - The SMILE Study». The SMILE Study. Consultado em 16 de julho de 2022 
  26. Gomes de Jesus, Jesus (2016). «ODARA - Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Cultura, Identidade e Diversidade». Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil. Consultado em 22 de julho de 2022 
  27. Jesus, Jaqueline (20 de abril de 2021). «Vai ser candanga no mundo». Correio Braziliense. Consultado em 16 de julho de 2022 
  28. «21 Dias Contra O Racismo – Jaqueline Gomes de Jesus». Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 3 de março de 2021. Consultado em 31 de janeiro de 2022 

Ligações externas

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