Francisco de Sá de Meneses

poeta português

Francisco de Sá de Meneses (Porto, ca. 1600Lisboa, 21 de maio de 1664) foi um poeta português, autor do poema heroico Malaca Conquistada (1634).

Francisco de Sá de Meneses
Francisco de Sá de Meneses
Nascimento 1600
Porto
Morte 21 de maio de 1664
Benfica
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação poeta, escritor

Biografia

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Retrato de D. Francisco, 2.º Conde de Penaguião.

Muito pouco se sabe da vida de Francisco de Sá de Meneses. Nasceu no Porto, pouco antes de 1600; era filho de João Rodrigues de Sá (o Moço) e de D. Maria da Silva (conforme consta do Assento da Profissão Religiosa na Ordem dos Pregadores no Convento de São Domingos de Benfica), e primo do seu homónimo conde de Matosinhos. Casou ainda jovem com D. Antónia de Andrade, sua prima, com quem teve um filho (Baltasar de Sá Leitão) e uma filha (D. Joana de Sá e Meneses). No vigor da idade enviuvou (provavelmente em 1642), e, desgostoso, recolheu-se ao Mosteiro dos Dominicanos de Benfica, onde nove anos antes falecera Frei Luís de Sousa, e aí professou a 14 de dezembro de 1641 tomando o nome de Frei Francisco de Jesus.[1] Faleceu no mesmo Convento de São Domingos de Benfica, conforme consta em nota à margem do seu Assento de Profissão Religiosa, a 21 de maio de 1664.

 
Monumento a Camões em Lisboa, na base entre outros Francisco de Sá de Meneses

Compôs sonetos e sátiras dispersos por obras alheias, a tragédia D. Maria Teles (perdida, tendo ardido no Terramoto de Lisboa de 1755)[2] e o poema épico Malaca Conquistada pelo grande Afonso de Albuquerque, em 12 cantos e oitava rima, no qual é narrada a conquista de Malaca por Afonso de Albuquerque. Este poema, em que é notória a influência de Camões e de Tasso, foi publicado em 1634 e reeditado em 1658 com acrescentos e modificações; uma terceira edição saiu em 1779.[3]

Malaca Conquistada foi um dos mais famosos poemas narrativos do tempo.[4] José Maria da Costa e Silva o tinha em grande conta, afirmando que "pelo bem arquitetado da sua fábula, variedade e bem sustentado dos caráteres, movimento dramático, rica invenção dos seus episódios, formosura de suas descrições, e poesia verdadeiramente épica, lhe cabe de justiça o primeiro lugar entre os nossos épicos, depois de Camões." [5] Na opinião de Almeida Garrett, o poema Malaca Conquistada é "um dos derradeiros títulos de glória da literatura portuguesa".[6]

Curiosidade

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No Monumento a Camões inaugurado em Junho de 1867 em Lisboa, da autoria do escultor Victor Bastos, destaca-se a figura do poeta com quatro metros esculpida em bronze, que assenta sobre um pedestal oitavado, rodeado por oito estátuas com 2,40 metros de altura. Representam vultos notáveis da cultura e das letras dos Séculos XV e XVI: o historiador e cronista Fernão Lopes, o cosmógrafo Pedro Nunes, o cronista Gomes Eanes de Azurara, os historiadores João de Barros e Fernão Lopes de Castanheda e os poetas Vasco Mouzinho de Quevedo, Jerónimo Corte-Real e Francisco de Sá de Meneses.

Referências

  1. "Depois de viúvo [...] por motivo do desgosto que sofreu [o falecimento prematuro de sua prima e esposa D. Antónia de Andrade], tomou o hábito de monge e professou na Ordem de S. Domingos no dia 14 de 1614 [...]" — Boletim, Edições 5-8, Matozinhos, Portugal (Biblioteca Pública Municipal, 1958), p. 64.
  2. "D. Maria Telles, Tragedia, que se conservava manuscripta na Bibliotheca do Paço Real, a qual ardeo com o mesmo Paço na occasião do Terremoto de 1755, e principiava com este verso. «Horas alegres do ditoso Dia.»" — Ensaio biographico-critico sobre os melhores poetas portuguezes por José Maria da Costa e Silva, Tomo IV (Imprensa Silviana, 1851), Livro VI., Capítulo IV., pp. 107-108.
  3. Malaca conquistada pelo grande Alfonso de Albuquerque (1779) — e-Livro Google.
  4. "Entre os poetas seiscentistas nascidos no Porto, Francisco de Sá de Meneses, que depois de enviuvar morreria em Benfica envergando o hábito branco de dominicano, escreveu um dos mais famosos poemas narrativos do tempo, Malaca Conquistada pelo Grande Afonso de Albuquerque (1634), estilisticamente inspirado por Camões mas de estrutura alegórica moralista ao gosto da Contra-Reforma, decalcada sobre o modelo da Jerusalém Libertada, de Tasso." — Óscar Lopes, Modo de ler: crítica e interpretação literária (Ed. Nova, 1969), p. 160.
  5. Como citado em Dicionário Bibliográfico Português, Vol. III (Imprensa Nacional, 1859), por Inocêncio Francisco da Silva, p. 52
  6. Almeida Garrett, Parnaso Lusitano, Tomo I (Paris, 1826), p. xxxiii.
Fontes
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  • História de Portugal – Dicionário de Personalidades, coordenação de José Hermano Saraiva, Editora QuidNovi, 2004, ISBN 989-554-116-3
  • Notas Biográficas [1], visto em 7 de Maio de 2009
  • Ensaio biographico-critico sobre os melhores poetas portugueses, Volumes 3-4 (Imprensa Silviana, 1851), autoria de José Maria da Costa e Silva; Livro VI., Capitulo IV: Francisco de Sá de Menezes, pp. 105-117.

Ligações Externas

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