Directorium inquisitorum

O Directorium inquisitorum, também chamado de Manual do Inquisidor, é o livro mais importante de Nicholas Aymerich, que o escreveu — talvez — em 1376. O Directorium Inquisitorum definiu a bruxaria e descreveu os meios para descobrir as bruxas.

Directorium inquisitorum
Manual do Inquisidor
Directorium inquisitorum
Autor(es) Nicholas Aymerich
Idioma Latim

Aymerich tinha escrito um primeiro tratado sobre bruxaria antes, possivelmente já em 1359, que se expandiu até se tornar o Directorium Inquisitorum. Para escrevê-lo, ele usou muitos textos de magia que tinha anteriormente confiscado dos acusados de feitiçaria.

O Directorium Inquisitorum descreve várias práticas mágicas proibidas, incluindo o batismo de imagens, fumigar a cabeça de uma pessoa morta (necromancia), atear sal no fogo, queimar corpos de animais, invocar os espíritos, invocar nomes desconhecidos, misturar nomes de anjos e demônios, e quiromancia.

Aymerich considera na obra, a bruxaria como uma forma de heresia, uma definição importante, pois a Inquisição havia mandado suprimir a heresia. A ideia não é exclusiva de Aymerich, vinha-se desenvolvendo desde o século XIII, quando o Papa Alexandre IV deu a primeira autoridade para os inquisidores sobre as bruxas. Isto foi confirmado pelo Papa Bonifácio VIII e João XXII. E em 1320, era comum ver as discussões sobre feitiçaria em manuais de inquisidores. Escritos de Bernardo Gui e Ugolino Zanchini continham duas discussões sobre este assunto. A contribuição de Aymerich foi dividir a bruxaria em três categorias, com referências à Bíblia e os escritos de notáveis teólogos cristãos como Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino.

Segundo Aymerich, a primeira e mais importante forma de feitiçaria herética era a que oferecia a latria (adoração devida somente a Deus) aos demônios. Essas atividades incluíram a realização de sacrifícios, orações e oferta de velas ou incenso para o diabo. A segunda categoria consistia em hereges que ofereciam dulia (o culto prestado aos santos). Essas atividades incluíam citar os demônios em ladainha (muitas vezes ao lado dos nomes de santos e anjos) e, portanto, pedindo intercessão junto de Deus. Refere-se especificamente aos muçulmanos "sarracenos", como praticantes dessa heresia em sua veneração de Maomé. A terceira categoria é composta de pessoas que procuram a ajuda de um demônio, como no caso da adivinhação. Ele cita o Papa Inocêncio V dizendo que, para obter ajuda de um demônio, uma pessoa deve entrar em algum tipo de pacto com o diabo. Aymerich extrapola nessa declaração para mostrar que qualquer pacto com o demônio é uma heresia e foi um dos primeiros a condenar qualquer tipo de conjuração demoníaca como heresia. Anteriormente, acreditava-se que até mesmo um santo poderia fazer um pacto com o diabo, como exemplificado pela história de São Teófilo, que fez um pacto com o diabo para ganhar uma posição eclesiástica.[carece de fontes?]

Além de descrever as práticas comuns de magia, Aymerich também descreve as maneiras de extrair uma confissão, incluindo formas primitivas de manipulação psicológica, bem como a simples tortura. Em matéria de tortura, diz que "Quaestiones sunt et inefficace fallace", ou seja, "a tortura é enganosa e ineficaz". No entanto, é o primeiro inquisidor que ignora a proibição da Igreja Católica da tortura de uma pessoa duas vezes. Interpretou a directiva de modo relaxado, permitindo sessões de tortura separadas por acusações distintas de heresia.

Foi reimpresso várias vezes, incluindo uma em Barcelona, em 1503 e uma em Roma, em 1578. O Directorium Inquisitorum foi um precursor do famoso Malleus Maleficarum.

Ver também

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Bibliografia

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Ligações externas

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