Death metal

subgénero extremo do heavy metal
(Redirecionado de Deathgrind)

Death metal é um subgênero do heavy metal. Tipicamente agrega guitarras com baixas afinações e muito distorcidas, tocadas com técnicas como palm muting e tremolo picking, vocais guturais, bateria tocada de maneira potente, uso de pedal duplo ou técnica de blast beat, tons menores ou atonalidade, ritmo rápido e mudanças abruptas de tempo. As letras das músicas de death metal podem abordar temas como a violência de filmes slasher, religião, satanismo, ocultismo, histórias de terror de Lovecraft, natureza, misticismo, mitologia, filosofia, ficção científica e política, e também podem descrever atos extremos como mutilação, dissecação, tortura, estupro, canibalismo e necrofilia.[3][4]

Death metal
Origens estilísticas
Contexto cultural Final da década de 1980, nos Estados Unidos (particularmente na Flórida)
Instrumentos típicos Vocal, guitarra, baixo, bateria
Popularidade Média
Subgêneros
Death metal melódico
Death metal técnico
Brutal death metal
Gêneros de fusão
Death 'n' roll
Blackened death metal
Death/doom
Goregrind
Porngrind
Deathcore
Formas regionais
Flórida, Estocolmo, Gotemburgo, Nova Iorque, Minas Gerais
Outros tópicos
Bandas, Grindcore

Construído a partir da estrutura musical do thrash metal e da primeira onda do black metal, o death metal surgiu em meados da década de 1980.[5] Bandas como Venom, Hellhammer, Celtic Frost e Kreator foram importantes influências para a criação do gênero. Possessed e Death, junto a Obituary, Autopsy e Morbid Angel, são usualmente considerados os pioneiros do gênero.[6][7][8][9][10] No fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, o death metal ganhou mais atenção da mídia devido, também, às bandas estarem aliadas a gravadoras como Combat, Earache e Roadrunner.[11] 0

Desde então o death metal se diversificou, gerando outros subgêneros. Melodic death metal combina elementos de death metal com os da New Wave of British Heavy Metal. Technical death metal é um estilo complexo, com compassos de tempo incomuns, ritmo atípico com harmonias e melodias não-usuais. Death/doom combina os vocais muito urrados e baterias de pedal duplo do death metal com o ritmo lento e atmosfera melancólica do doom metal. Deathgrind, goregrind e pornogrind juntam a complexidade do death metal com a intensidade, velocidade e brevidade do grindcore. Deathcore combina death metal com traços do metalcore. Death 'n' roll mistura vocais guturais e guitarras distorcidas de baixa afinação com elementos de hard rock e heavy metal clássico.[12][13][14]

Características do estilo

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  • O vocal gutural é uma das características mais notáveis das bandas de death metal. Os vocais normalmente em geral são guturais graves (podendo ter algumas variações para guturais agudos, o vocal scream), porém algumas bandas usam vocal rasgados como o Possessed.
  • A bateria é mais cadenciada e faz uso intensivo da técnica de "Blast Beat" que emite um som semelhante ao de uma "metralhadora",ou então batida bate-estaca, similar a do Hardcore porém mais acelerada.
  • Guitarras bem distorcidas e baixos com andamentos bem acelerados
  • As letras das bandas do estilo possuem temas mórbidos relacionados com a morte, violência, filmes de terror, filosofia, batalhas épicas e outros.

Origem do termo

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A origem do termo death metal é controversa, assim como qual seria a primeira banda do gênero. Consta que a primeira aparição do termo foi numa entrevista com o Venom. Quando perguntados sobre que tipo de música tocavam, os membros do grupo responderam: "Nós somos black metal, death metal, thrash metal...". Uma outra aparição pioneira do termo foi a coletânea Death Metal (1984), lançada pela gravadora alemã Noise. Ela incluía canções do Helloween, Hellhammer e Running Wild. Também em 1984 o Possessed lançou sua demo denominada Death metal, antecessor do álbum Seven Churches, álbum clássico de 1985. O nome da demo vinha da música homônima que participava da demo mas assim como as outras três músicas da demo ficaram conhecidas com o lançamento do Cd no ano seguinte. Apesar disso, a banda se auto-intitulava thrash metal na época.

Em relação às bandas, na Europa o Bathory, o Sodom e Celtic Frost tomaram o termo para si. Nos Estados Unidos surgiam o Mantas (futuro Death) e o Master. A última tinha gravado um disco para a gravadora Combat em 1985; porém nunca foi lançado. Apesar disso, as demonstrações do Master foram bastante influentes no underground americano, assim como o Deathstrike, projeto paralelo do líder da primeira banda.

História do death metal

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Anos 1980: A primeira geração

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O death metal surgiu no início dos anos 1980, quando as bandas primordiais estavam sendo montadas, por volta de 1982 bandas como Hellhammer, Sodom, Possessed, Death e a brasileira Vulcano estavam iniciando suas atividades, a princípio o death metal tinha como influencias básicas o thrash metal praticado por bandas como Venom, Warfare, Atomkraft, Slayer, Voivod, Living Death, e o hardcore punk de bandas como GBH, Agnostic Front, Dissension, D.R.I. e Discharge. Em 1984 o Sodom lança o In The Sign Of Evil, um disco bem cru com uma sonoridade oscilando entre death metal e black metal. Em 1985, o Possessed Lança o Seven Churches grande clássico do gênero, considerado por muitos o primeiro álbum de death metal, no mesmo ano sairiam Endless Pain (Kreator), Bestial Devastation (Sepultura) e Hell Awaits (Slayer).

O ano de 1986 certamente foi o ano definitivo do death metal, pois nesse ano começam a surgir álbuns cada vez mais rápidos e com sonoridades cada vez mais viscerais, o death metal mostrava sua força e que veio para ficar. Muitos consideram Reign in Blood do Slayer, como influencia principal para tudo o que se viria a chamar death metal depois desse lançamento, apesar de comumente considerarem Slayer uma banda de thrash metal, esse álbum mostrava características fortes de death metal em faixas como "Angel of Death", "Necrophobic" e "Jesus Saves", foi considerado na época um álbum de death metal. Outros álbuns marcantes daquele ano foram INRI (Sarcófago fim de1986) pioneiros com suas metrancas blast beats e rifes rápidos, Pleasure to Kill (Kreator), Antes do Fim (Dorsal Atlântica), Morbid Visions (Sepultura), Obsessed by Cruelty (Sodom), Scream Bloody Gore (Death), Bloody Vengeance (Vulcano), Strappado (Slaughter).

 
Morbid Angel ao vivo em 2006.

Por volta de 1987 as cenas com mais adeptos do gênero eram na Alemanha com Sodom, Kreator, Minotaur, Poison (não confundir com o Poison americano, que é glam metal), no Brasil com Mutilator, Holocausto, Sepultura, Sarcófago, Dorsal Atlântica e Vulcano, e nos EUA com Possessed, Death e Sadus. Em 1987 o Napalm Death lança o Scum mostrando ao mundo um grindcore cheio de blast beats, que viria a influenciar e muito as bandas surgidas a partir de então.

Em 1989 o Terrorizer lança o World Downfall, álbum que oscila entre death metal e grindcore, considerado por muitos um dos pioneiros do Brutal Death Metal. Nesse mesmo ano o Morbid Angel lançaria o Altars of Madness, considerado um dos maiores clássicos do death metal, esse disco reforça características que se tornaram marcantes no death metal com o passar dos anos como vocal gutural, timbragem grave e blast beats, também foi considerado um marco pelo acréscimo de técnica instrumental diferente das bandas mais antigas, que faziam um som mais cru e direto.

Anos 1990: A segunda geração

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Cannibal Corpse ao vivo em 2006.

A segunda geração foi de fato a responsável pela afirmação e notoriedade do death metal na cena underground atual. Com características mais agressivas e viscerais, devido a influência herdada do grindcore já no fim dos anos 1990, novas bandas surgiram já rotuladas como death metal, diferente da década de 1980 onde as bandas que começaram a formação do death metal eram bandas de thrash que incorporavam certas características que não correspondiam ao thrash metal e que tornavam o som mais agressivo.

Dentre as características que equalizaram o death metal noventista, destacamos, guturais extremamente graves, baixa afinação das guitarras, uso intenso de blast beats (característica herdada do grindcore), melhora considerável nas técnicas musicais, dentre outras muitas características que são evidenciadas nas vertentes que surgiram a partir dessa evolução do death metal. Dentre as bandas pioneiras dessa nova geração, podemos destacar: Carcass, Morbid Angel, Cannibal Corpse, Deicide, Calvary Death, Obituary, Bolt Thrower e Death. Essas bandas lançaram álbuns que se tornaram referência dentro da cena, como os álbuns Symphonies of Sickness e Necroticism - Descanting the Insalubrious da banda Carcass, com temática gore, guturais extremamente graves e um som revolucionador com muita técnica e velocidade aliadas.

Sub-gêneros

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  • Blackened Death Metal possui uma temática preponderantemente "satânica", este sub-gênero mistura elementos da sonoridade death metal com o black metal.[15][16] Isso pode incluir: alternância entre vocal gutural e "rasgado"; maior ênfase na técnica musical (diferente da crueza padrão do Black metal); e a inclusão ocasional de riffs mais "melódicos" e complexos que o black metal, e mais sombrio nos climas que o death metal. É intermediário entre os estilos, não propriamente uma sub-divisão do death metal simplesmente. Algumas bandas: Angel Corpse, Behemoth, Dissection, Blasphemy, Belphegor, Crionics, Sarcófago.[17][18]
  • Brutal death metal é o estilo mais extremo do Death Metal, bandas como Krisiun, Nile, Suffocation, Cannibal Corpse e Immolation, entre outros grandes nomes deram início a este estilo, que é caracterizado por um vocal extremamente gutural, com letras cantadas de forma lenta seguindo os riffs da guitarra e com bruscas mudanças de tempo. Entretanto, hoje o conceito do gênero mudou e as bandas consideradas de Brutal death metal soam ainda mais extremas e tem vocais mais brutais do que as antigas, com temática quase obrigatoriamente gore.
 
Arch Enemy, uma das mais conhecidas bandas de death metal melódico.

Discos importantes do estilo

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Alguns dos discos tidos pela crítica como melhores do gênero são:[28][29]

Ver também

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Bibliografia

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  • Choosing Death: The Improbable History of Death Metal and Grindcore, Feral House Books, Los Angeles ISBN 1-932595-04-X
  • Ekeroth, Daniel (2006). Swedish Death Metal (em inglês). Estocolmo, Suécia: Tamara Press. ISBN 9789197433426 

Referências

  1. «Death Metal». AllMusic. Consultado em 4 de julho de 2008. Death Metal grew out of the thrash metal in the late '80s. 
  2. Bayer, Gerd (2009). Heavy Metal Music in Britain. [S.l.]: Ashgate Publishing. p. 59. ISBN 978-1-4094-9385-3 
  3. Moynihan, Michael, and Dirik Søderlind (1998). Lords of Chaos (2nd ed.). Feral House. ISBN 0-922915-94-6, p. 27
  4. Wikihow: How to Appreciate Death Metal
  5. Dunn, Sam (Director) (5 de agosto de 2005). Metal: A Headbanger's Journey (motion picture). Canada: Dunn, Sam 
  6. Rivadavia, Eduardo. «Possessed Biography». AllMusic. Consultado em 13 de agosto de 2008 
  7. Renda, Patricia (1999). «Chuck Schuldiner: The pain of a genius». Metal Rules. Consultado em 14 de fevereiro de 2014 
  8. Jason Birchmeier. «Obituary | Biography». AllMusic. Consultado em 4 de abril de 2015 
  9. «Autopsy's Chris Reifert Comments On First New Material In 15 Years - Blabbermouth.net». BLABBERMOUTH.NET 
  10. Prato, Greg. «Morbid Angel Biography». AllMusic. Consultado em 13 de agosto de 2008 
  11. Heeg, Robert (abril de 1993). «Is Metal Still Alive?». WATT. Consultado em 13 de agosto de 2008 
  12. Allmusic. «Death Metal». Consultado em 7 de fevereiro de 2012 
  13. musicradar.com. «A history of death metal». Consultado em 7 de fevereiro de 2012 
  14. Lee, Cosmo (14 de março de 2007). «Phazm: Antebellum Death 'n' Roll». Stylus Magazine. Consultado em 18 de setembro de 2007. Death 'n' roll arose with Entombed's 1993 album Wolverine Blues ... Wolverine Blues was like '70s hard rock tuned down and run through massive distortion and death growls. 
  15. Henderson, Alex. «Devian: Ninewinged Serpent». AllMusic. Consultado em 3 de maio de 2009 
  16. Bowar, Chad. «Hacavitz - Venganza». About.com. Consultado em 3 de maio de 2009 
  17. Yardley, Miranda (21 de outubro de 2011). «Belphegor suspend all activities». Terrorizer. Consultado em 29 de janeiro de 2012 
  18. Prato, Greg. «Behemoth Biography». AllMusic. Consultado em 29 de janeiro de 2012 
  19. Rivadavia, Eduardo. «Decapitated Biography». AllMusic. Consultado em 7 de fevereiro de 2010 
  20. «Decapitated's New Lineup Performs Live For First Time». Blabbermouth.net. 3 de fevereiro de 2010. Consultado em 7 de fevereiro de 2010. Arquivado do original em 26 de abril de 2011 
  21. Purcell 2003, p. 23.
  22. «Doom Metal Special:Doom/Death». Terrorizer (142) 
  23. Brown, Jonathon (6 de setembro de 2007). «Everything you ever wanted to know about pop (but were too old to ask)». The Independent. London. Consultado em 16 de junho de 2009 
  24. Purcell 2003, p. 24.
  25. Reed, Bryan (19 de julho de 2007). «The Daily Tar Heel Column». The Daily Tar Heel. Consultado em 6 de agosto de 2008 
  26. Lee, Cosmo (setembro de 2009). «Suffocation reclaim their rightful place as kings of death metal». Decibel (59). One of Suffocation's trademarks, breakdowns, has spawned an entire metal subgenre: deathcore 
  27. Steve, Huey. «Gorefest Biography». AllMusic. Consultado em 15 de fevereiro de 2008. Erase, was released in 1994 and found the band moving subtly toward more traditional forms of metal, partly through its sure sense of groove. That approach crystallized on 1996's Soul Survivor, which combined death metal with the elegant power and accessibility of '70s British metal. 
  28. «Essential Death Metal Albums». heavymetal.about.com 
  29. «10 Death Metal Albums to Listen to Before You Die». blogs.ocweekly.com. Arquivado do original em 12 de novembro de 2015