Classe Tamandaré
A classe Tamandaré é uma nova classe de futuras fragatas de uso geral para a Marinha do Brasil, baseada na família de navios MEKO. O projeto está sendo desenvolvido pelo Ministério da Defesa e pelo consórcio Águas Azuis, formado pela Thyssenkrupp Marine Systems (TKMS) e pela Embraer Defesa & Segurança. A construção das quatro fragatas planejadas começará em 2021 e está programada para ser entregue entre 2024 e 2028.[2]
Classe Tamandaré | |
---|---|
Visão geral | |
Operador(es) | Brasil |
Construtor(es) | Estaleiro Brasil Sul |
Custo | R$ 11,1 Bilhões [1] |
Predecessora | Classe Niterói |
Lançamento | 2024 – 2028 planejado |
Unidade inicial | F Tamandaré (F-200) (2025) |
Unidade final | F Mariz e Barros (F-203) (2028) |
Planejados | 4 (com a possibilidade de mais 4 unidades da classe) |
Características gerais | |
Tipo | Fragata |
Deslocamento | 3.455 Ton. |
Comprimento | 107,20 m |
Boca | 15,95 m |
Calado | 5,20 m |
Propulsão | CODAD configuração:
4 × MAN V12 28/33D 5,460 kW (7,320 hp) 4 x Caterpillar C32 1,417 kW (1,900 hp) |
Velocidade | 14 nós Econômica, 25,5 nós máxima |
Autonomia | 4.000 nmi (7.400 km; 4.600 mi) |
Armamento |
|
Aeronaves | Helicóptero |
Sensores | Hensoldt TRS-4D AESA, Radar de Navegação RAYTHEON (Banda X), DT: Thales STIR 1.2 EO MK2, Alças Optrônicas SAAN PASEO XLR, Sonar de Casco ATLAS Elektronik ASO713 |
História
editarO programa denominado "Construção do Núcleo de Poder Naval" - plano de modernização da frota de superfície da Marinha do Brasil - foi criado em 2017 com o objetivo principal de substituir as fragatas classe Niterói em operação desde 1975 e as Type 22 adquiridas de segunda mão do Reino Unido na década de 1990.[3]
Várias empresas de dezessete países se inscreveram no concurso aberto pelo Ministério da Defesa, oferecendo diferentes tipos de projetos e pacotes de compensação. Em 16 de maio de 2017, foi divulgada a lista de todas as empresas participantes.[4]
Em 15 de outubro de 2018, após mais de um ano de estudos da Direção de Gestão de Programas da Marinha (DGePM) e da Empresa de Gestão de Projetos Navais (EMGEPRON), foi divulgada a lista dos projetos finalistas, os projetos selecionados foram:[5]
- Consórcio Águas Azuis, composto por TKMS, Embraer Defesa e Segurança, Atech e estaleiro Oceana, com proposta de corveta baseado na "MEKO A-100 Light Frigate", estendida e rearmada;[6]
- Consórcio Damen-Saab Tamandaré composto por Damen Schelde, Saab AB, Consub Defesa e Tecnologia e estaleiro Wilson Sons, com a corveta classe Sigma;
- Consórcio da FLV com o estaleiro Fincantieri, Leonardo e Vard Promar, propondo uma versão do projeto indígena da EMGEPROM;
- Consórcio Villegagnon com Naval Group, Mectron e estaleiro Enseada Indústria Naval, com corveta classe Gowind.
Em 28 de março de 2019, foi apresentado o projeto vencedor, o consórcio Águas Azuis liderado pela TKMS com um projeto da corveta classe MEKO A-100 de 3.500 toneladas. Em abril do mesmo ano, o projeto foi renomeado de corveta para fragata.[7][8]
No dia 5 de março de 2020 foi formalizado o contrato no valor de R$ 9,1 bilhões de reais na construção das quatro fragatas. Em 22 de janeiro de 2021 o valor do contrato foi reajustado para R$ 9,56 bilhões.[9][10] Desde a assinatura do contrato, o mesmo sofreu alterações e foi ajustado para R$ 11,1 bilhões.[1]
Em janeiro de 2021, a TKMS confirmou a aquisição do estaleiro Oceana em Itajaí, tornando-se o primeiro estaleiro da empresa na América Latina, com o objetivo de construir as novas fragatas brasileiras, e futuras vendas para outras marinhas da região.[11]
Construção
editarNo dia 4 de setembro de 2022, foi realizado o corte da chapa que será usada na produção do casco da futura Fragata Tamandaré (F200), dando inicio na construção do primeiro, dos quatro navios.[12]
No dia 1 de novembro de 2023, foi realizado o corte da chapa da futura Fragata Jerônimo de Albuquerque (F201), marcando o inicio da construção da segunda embarcação da classe.[13]
Especificações e projeto
editarInserida no Programa Fragatas Classe Tamandaré (FCT), a Marinha do Brasil pretende que a fragata Tamandaré seja um dos meios com os quais ampliará e modernizará a sua Esquadra. O objetivo passará por se contrapor a eventuais ameaças, garantir a proteção do tráfego marítimo, bem como controlar as águas jurisdicionais brasileiras e zona econômica exclusiva, que juntas formam a chamada Amazônia Azul, totalizando mais de 4,5 milhões de km². O Navios-Escolta desempenharão um importante papel em missões de paz e de ajuda humanitária, em contribuição à Diplomacia brasileira.[14]
O plano exige projetos com os seguintes armamentos e especificações: preço unitário entre € 400-500 milhões, canhão principal OTO Melara 76 milímetros , mínimo de oito células de mísseis VLS Sea Ceptor CAMM, uma metralhadora Rheinmetall Sea Snake 30 milímetros, duas metralhadoras de 50 milímietros, dois lançadores de torpedos anti-submarino Mark 46 triplos e dois lançadores de mísseis anti-navio duplos para o míssil MANSUP. Além de um sistema de propulsão para motores diesel e um hangar capaz de operar um SH-60 Seahawk, Super Lynx Mk.21B ou Eurocopter EC725. O consórcio vencedor terá que construir os quatro navios no Brasil, além de transferir 100% da tecnologia do projeto para a Marinha do Brasil.[15]
Projeto Thyssenkrupp
editarO consórcio Águas Azuis, liderado pela Thyssenkrupp Marine Systems apresentou sua proposta de fragata, baseada no projeto original da corveta MEKO A-100, o projeto teve uma tonelagem estendida de 2.000 para 3.500 toneladas, aumento de comprimento, várias novas sistemas de última geração, como o radar Hensoldt TRS-4D AESA, armas e controle de fogo, permitindo que o navio ganhe força para realizar travessias oceânicas no tempestuoso Atlântico Sul. A TKMS também apresentou compensações à Marinha do Brasil, como a remotarização dos submarinos da classe Tupi construídos pela mesma empresa nas décadas de 1980 e 1990.[16]
A Atech, empresa do Grupo Embraer, será a fornecedora do CMS (Combat Management System) e do IPMS (Integrated Platform Management System). Outros aspectos do projeto que levaram à licitação vencedora são as semelhanças com a classe de fragata MEKO A-200 e seu sistema de construção modular, permitindo versatilidade em futuras atualizações.[17]
A Marinha do Brasil também planeja construir destróieres de 7.000 toneladas após a entrega das novas fragatas, e a TKMS apresentou à Marinha seu mais moderno destróier de defesa aérea MEKO A-400 de 7.200 toneladas, uma versão atualizada da classe F-125. As semelhanças entre os projetos e o alto índice de comunalidade entre os requisitos também foram determinantes para a vitória do consórcio.[16][18]
Unidades
editarEstão contratadas quatro unidades iniciais da classe.[19]
Designativo | Nome | Estaleiro | Data | Lançamento | Comissionamento | Situação |
---|---|---|---|---|---|---|
F200[20] | Tamandaré | Brasil Sul, Itajaí | 2021[21] | 2024[22] | 2026 | Construída |
F201 | Jerônimo de Albuquerque | 2023[23] | 2026 | 2027 | Em construção | |
F202 | Cunha Moreira | TBD | 2027 | 2028 | Planejada | |
F203 | Mariz e Barros | TBD | 2028 | 2029 | Planejada |
Ver também
editarReferências
- ↑ a b De Martini, Fernando "Nunão" (10 de novembro de 2023). «Classe Tamandaré: contrato foi reajustado para mais de 11 bilhões de reais no ano passado». Poder Naval - Navios de Guerra, Marinhas de Guerra, Aviação Naval, Indústria Naval e Estratégia Marítima. Consultado em 23 de julho de 2024
- ↑ «Marinha compra quatro fragatas por R$ 9,1 bilhões». noticias.uol.com.br. Consultado em 20 de agosto de 2022
- ↑ Galante, Alexandre (28 de outubro de 2014). «Segundo o site Alide, corvetas da classe 'Tamandaré' já têm nome». Poder Naval - Navios de Guerra, Marinhas de Guerra, Aviação Naval, Indústria Naval e Estratégia Marítima. Consultado em 20 de agosto de 2022
- ↑ «DefesaNet - PROSUPER - Corvetas Classe Tamandaré - Marinha do Brasil encerra a primeira etapa do projeto de obtenção». DefesaNet. Consultado em 20 de agosto de 2022
- ↑ Galante, Alexandre (15 de outubro de 2018). «Marinha do Brasil divulga short-list do Projeto classe 'Tamandaré'». Poder Naval - Navios de Guerra, Marinhas de Guerra, Aviação Naval, Indústria Naval e Estratégia Marítima. Consultado em 20 de agosto de 2022
- ↑ Padilha, Luiz (11 de maio de 2018). «ThyssenKrupp, Embraer e o estaleiro OCEANA se unem para concorrer no programa da Corveta 'Tamandaré'». Defesa Aérea & Naval. Consultado em 2 de setembro de 2023
- ↑ Flavio, M. N. (28 de março de 2019). «Projeto "Classe Tamandaré" Marinha do Brasil seleciona a melhor oferta». Marinha do Brasil. Consultado em 20 de agosto de 2022
- ↑ Galante, Alexandre (2 de abril de 2019). «Corvetas classe 'Tamandaré' serão redesignadas como Fragatas». Poder Naval - Navios de Guerra, Marinhas de Guerra, Aviação Naval, Indústria Naval e Estratégia Marítima. Consultado em 20 de agosto de 2022
- ↑ «Programa Fragata Classe Tamandaré recebe primeiro reajuste». Defesa Aérea e Naval. Março de 2021. Consultado em 13 de outubro de 2021
- ↑ «Marinha compra quatro fragatas por R$ 9,1 bilhões». Poder Naval - Navios de Guerra, Marinhas de Guerra, Aviação Naval, Indústria Naval e Estratégia Marítima. 4 de março de 2020. Consultado em 1 de outubro de 2021
- ↑ «Estaleiro responsável por construir as fragatas Classe Tamandaré agora é thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul». Defesa Aérea & Naval. 12 de janeiro de 2021. Consultado em 20 de agosto de 2022
- ↑ Defesa, Redação Forças de (9 de setembro de 2022). «ThyssenKrupp Estaleiro Brasil Sul inicia contrução da fragata 'Tamandaré' - F200». Poder Naval. Consultado em 25 de novembro de 2023
- ↑ «Programa Fragatas Classe Tamandaré: primeiro corte de aço marca início da construção da segunda fragata». Defesa Aérea & Naval. 1 de novembro de 2023. Consultado em 25 de novembro de 2023
- ↑ Alexandre Galante (28 de março de 2019). «Consórcio Águas Azuis é escolhido como fornecedor preferencial para construir as quatro corvetas da Classe Tamandaré». Poder Naval - A informação naval comentada e discutida. Consultado em 19 de dezembro de 2020
- ↑ «DefesaNet - PROSUPER - Classe Corveta Tamandaré - As corvetas podem virar fragatas». DefesaNet. Consultado em 20 de agosto de 2022
- ↑ a b Galante, Alexandre (28 de dezembro de 2019). «EXCLUSIVO: Marinha já planeja a quinta Tamandaré». Poder Naval - Navios de Guerra, Marinhas de Guerra, Aviação Naval, Indústria Naval e Estratégia Marítima. Consultado em 20 de agosto de 2022
- ↑ «Press releases». www.thyssenkrupp-marinesystems.com (em inglês). Consultado em 20 de agosto de 2022
- ↑ «DefesaNet - CCT - CCT – thyssenkrupp Marine Systems - Dr Rolf Wirtz: O nosso diferencial é a Qualidade do Produto». DefesaNet. Consultado em 20 de agosto de 2022
- ↑ Marinha do Brasil (27 de janeiro de 2020). «Programa "Classe Tamandaré"». Marinha do Brasil. Consultado em 6 de setembro de 2021
- ↑ https://www.defesaaereanaval.com.br/tag/fragata-tamandare-f200
- ↑ «Iniciada a construção da Fragata 'Tamandaré' (F200)». Defesa Aérea & Naval. 8 de setembro de 2022. Consultado em 25 de novembro de 2023
- ↑ Rodrigues, Ruth (3 de novembro de 2023). «Início da construção do 2º navio Classe Tamandaré no Estaleiro Brasil Sul impulsiona a indústria naval nacional e prevê a geração de 2 mil vagas de emprego diretas e 6 mil indiretas durante o Programa Fragatas». CPG Click Petroleo e Gas. Consultado em 25 de novembro de 2023
- ↑ «Começa a construção da segunda fragata Tamandaré | DIARINHO». www.diarinho.net. 7 de novembro de 2023. Consultado em 25 de novembro de 2023