Callithrix é um gênero de primatas da família Callitrichidae, subfamília Callitrichinae. Atualmente, o gênero se refere apenas aos integrantes do "Grupo Jacchus" e são endêmicos do leste e centro-oeste do Brasil, ocorrendo principalmente na Mata Atlântica. Possuem tufos nas orelhas, o que pode ser usado para diferenciar as espécies dentro do gênero. Popularmente são conhecidos como saguis, sendo animais bastante procurados como animais de estimação, por conta de seu pequeno porte.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCallithrix[1][2]
Sagui-de-tufos-brancos (Callithrix jacchus)
Sagui-de-tufos-brancos (Callithrix jacchus)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Família: Callitrichidae
Subfamília: Callitrichinae
Género: Callithrix
Erxleben, 1777
Espécie-tipo
Simia jacchus
Linnaeus, 1758
Espécies
Callithrix jacchus

Callithrix penicillata
Callithrix kuhlii
Callithrix geoffroyi
Callithrix flaviceps
Callithrix aurita

Sinónimos
  • Anthopithecus F. Cuvier, 1829
  • Arctopithecus G. Cuvier, 1819
  • Hapale Illiger, 1811
  • Hapales F. Cuvier, 1829
  • Harpale Gray, 1821
  • Iacchus Spix, 1823
  • Jacchus É. Geoffroy, 1812
  • Midas É. Geoffroy, 1828
  • Ouistitis Burnett, 1826
  • Sagoin Desmarest, 1804
  • Sagoinus Kerr, 1792
  • Sagouin Lacépède, 1799
  • Saguin Fischer, 1803

Taxonomia e evolução

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Primeiramente, o gênero Callithrix referia-se a espécies de calitriquídeos que ocorriam tanto na Amazônia, quanto na Mata Atlântica.[2] Atualmente, tal gênero se refere apenas aos calitriquídeos do "Grupo Jacchus", que são as espécies conhecidas por habitarem a Mata Atlântica e proximidades (são encontrados também no Cerrado e Caatinga).[2] No "Grupo Jacchus", todas os táxons eram considerados como subespécies de Callithrix jacchus, entretanto, essas mesmas subespécies agora são consideradas espécies distintas, apesar da produção de híbridos férteis entre as espécies no cativeiro, e da existência de zonas de híbridos em áreas de contato entre as distribuições geográficas.[3][4][5] É possível que Callithrix flaviceps seja uma subespécie de Callithrix aurita.[4]

Estudos de morfomotria de crânio apontam que Callithrix aurita foi a primeira espécie a se separar das demais no gênero, seguida por Callithrix jacchus.[3] Callithrix kuhlii, Callithrix penicillata e Callithrix geoffroyi formam um grupo monofilético, sendo que essas duas últimas espécies compartilham um ancestral comum exclusivo.[3] Apesar de dados moleculares corroborarem com a hipótese de que C. aurita foi a primeira espécie do gênero a se separar das demais, esses dados colocam C. jacchus, C. penicillata e C. kuhlii em uma politomia não resolvida (sugerindo que essas três espécies na verdade são uma só), com C. geoffroyi sendo grupo-irmão dessa politomia.[6]

Espécies

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Distribuição geográfica e hábitat

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Os saguis do gênero Callithrix são endêmicos do Brasil, e ocorrem principalmente na Mata Atlântica.[7] Todas as espécies ocorrem nesse bioma, mas também podem ocorrer em formações savânicas como o Cerrado e na Caatinga (Callithrix penicillata e Callithrix jacchus, respectivamente), sendo encontrados no Norte, Nordeste, Leste e Centro-Oeste do Brasil.[7]

Conservação

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O sagui-da-serra-escuro se encontra em perigo de extinção devido ao desmatamento.[8]

As espécies do gênero habitam áreas com forte pressão de desmatamento, ou que já foram bastante desmatadas, como é o caso da Mata Atlântica.[5] Das seis espécies descritas, quatro delas se encontram em algum grau de ameaça e algumas são encontradas apenas em unidades de conservação, como o sagui-da-serra.[5] O sagui-de-cara-branca, sagui-de-tufos-brancos e o sagui-de-tufos-pretos não se encontram em perigo de extinção, e suas populações estão estáveis e as populações do sagui-de-tufos-pretos estão aumentando.[9][10][11] Essas duas últimas espécies, além disso, são invasoras de outras regiões do Brasil e na Argentina, graças a introduções feitas pelo homem, principalmente por fugirem do cativeiro (são espécies muito visadas como animais de estimação), podendo hibridizar com as espécies nativas, inclusive.[12] A ocorrência dessas espécies como invasoras, ademais, acompanhou o grau de desmatamento e degradação da Mata Atlântica, na medida que trechos de floresta foram sendo desmatados, o sagui-de-tufos-brancos e o sagui-de-tufos-pretos iam povoando os remanescentes de floresta secundária.[12]

Filogenias de Callithrix
Morfometria[3]

C. aurita




C. jacchus




C. kuhlii




C. penicillata



C. geoffroyi





DNA[6]

C.aurita




C. geoffroyi




C. jacchus 



C. penicillata 



C. kuhlii 





Dados morfométricos sustentam que todas as espécies são válidas, apresentando um cladograma bem resolvido. Dados moleculares colocam apenas como válidas as espécies C. aurita e C. geoffroyi, por apresentar uma politomia não resolvida entre C. jacchus, C. penicillata e C. kuhlii (barra verde). Ambas as filogenias mostram C. aurita como o primeiro ramo a divergir das outras espécies.
 
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Referências

  1. Groves, C.P. (2005). Wilson, D. E.; Reeder, D. M, eds. Mammal Species of the World 3.ª ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press. pp. 111–184. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  2. a b c Rylands AB; Mittermeier RA (2009). «The Diversity of the New World Primates (Platyrrhini): An Annotated Taxonomy». In: Garber PA; Estrada A; Bicca-Marques JC; Heymann EW; Strier KB. South American Primates: Comparative Perspectives in the Study of Behavior, Ecology, and Conservation 3ª ed. Nova Iorque: Springer. pp. 23–54. ISBN 978-0-387-78704-6 
  3. a b c d Marroig,G.; Cropp, S.; Cheverud, J.M. (2004). «Systematics and Evolution of the Jacchus Group of Marmosets (Platyrrhini)» (PDF). American Journal of Physical Anthropology. 123: 11-22. doi:10.1002/ajpa.10146 
  4. a b Coimbra-Filho, A. F.; Mittermeier, R.A.; Rylands, A. B.; Mendes, S. L.; Kierulff, M.C.M.; Pinto, L.P.S.; et al. (2006). «The Taxonomic Status of Wied's Black-tufted-ear Marmoset, Callithrix kuhlii (Callitrichidae, Primates)» (PDF). Primate Conservation. 21: 1-24 
  5. a b c Rylands, A.B.; Coimbra-Filho, A.F.; Mittermeier, R. A. (1993). «Systematics, geographic distribution, and some notes on the conservation status of the Callitrichidae». In: Rylands, A.B. Marmosets and tamarins: systematics, behavior and ecology (PDF) 3ª ed. Oxford (UK): Oxford University Press. pp. 11–77. 0-19-85022-1 
  6. a b Tagliaro, C.H.; Schneider, M. P.; Schneider, H.; Sampaio, I.C.; Stanhope, M.J. (1997). «Marmoset phylogenetics, conservation perspectives, and evolution of the mtDNA control region» (PDF). Molecular Biology and Evolution. 14 (6): 674-684 
  7. a b Rylands, A.B.; Coimbra-Filho, A.F.; Mittermeier, R.A. (2009). «The Sistematics and Distribution of the Marmosets (Callithrix, Calibella, Cebuella, and Mico) and Callimico (Callimico) (Callitrichidae, Primates)». In: Ford, S.M.; Porter, L.M.; Davis, L.L.C. The Smallest Anthropoids: The Marmoset/callimico Radiation (PDF) 3ª ed. Nova Iorque: Springer. pp. 25–63. ISBN 978-1-4419-0292-4 
  8. Rylands, A. B., Ferrari, S. F. & Mendes, S. L. (2008). Callithrix flaviceps (em inglês). IUCN 2012. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2012. Página visitada em 05 de outubro de 2012..
  9. Rylands, A.B, Mittermeier, R.A., de Oliveira, M.M. & Kierulff, M.C.M. (2008). Callithrix jacchus (em inglês). IUCN 2012. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2012. Página visitada em 27 de dezembro de 2012..
  10. Rylands, A. B. & Mendes, S. L. (2008). Callithrix penicillata (em inglês). IUCN 2012. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2012. Página visitada em 27 de dezembro de 2012..
  11. Rylands, A. B. & Mendes, S. L. (2008). Callithrix geoffroyi (em inglês). IUCN 2012. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2012. Página visitada em 29 de dezembro de 2012..
  12. a b Morais Jr, M.M.; et al. (2008). «Os saguis, Callithrix Jacchus e penicillata, como espécies invasoras na região de ocorrência do mico-leão dourado». In: de Oliveira, P.P.; Grativol, A.D.; Miranda, C. R.R. Conservação do Mico-leão-dourado: Enfrentando os desafios de uma paisagem fragmentada (PDF). Campos de Goytacazes: Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. pp. 87–117. ISBN 978-85-89479-11-0