Bologuine ibne Ziri

Soberano zirida

Bologuine/Boloquine[1] ibne Ziri (em árabe: لقين بن زيري; romaniz.: Bulukīn ibn Ziri) foi primeiro emir do Reino Zírida da Ifríquia e Magrebe Central. Foi o segundo membro da dinastia zírida fundada por seu pai, Ziri ibne Manade.

Bologuine ibne Ziri
Emir zírida
Reinado 972 - 25 de maio de 984
Antecessor(a) Nenhum
Sucessor(a) Almançor
Morte 25 de maio de 984
Descendência Almançor
Hamade
Ituefete
Casa zírida
Pai Ziri ibne Manade
Religião Islamismo
 
Ruínas de Sijilmassa
 
Reino Zírida em sua máxima extensão ca. 980

Bologuine era filho de Ziri, fundador epônimo dos zíridas, irmão de Zaui e Macsane[2][3] e pai de Almançor e Hamade.[4] No reinado do califa Almuiz (r. 953–975), Ziri e Bologuine tiveram alguns sucessos contra os magrauas,[5] que eram pró-omíadas de Córdova.[3] Em 971, Ziri (ou Bologuine) recebeu a missão de parar os magrauas, que estavam se expandindo à Ifríquia. Com poderoso exército, lutou em 15 de fevereiro, talvez em Tremecém, e derrotou o líder Maomé, que se suicidou.[6][7] Em julho, Ziri foi abatido em combate[8] por Alcair. Como vingança, Bologuine incursionou em outubro, seguindo-os pelo interior do Magrebe Ocidental até a cidade de Sijilmassa, onde prendeu e matou Alcair ibne Maomé.[6] O avanço foi facilitado por ser tempo de lavoura e semeadura e porque os zenetas (aos quais os magrauas pertenciam) estavam voltando as suas terras e teve como consequência a revolta do califa Haçane II (r. 954–974) contra os omíadas em 972.[8]

Antes de partir ao recém-conquistado Egito, e em reconhecimento por sua lealdade, Almuiz nomeou-o governador da Ifríquia e terras ocidentais que tomasse dos zenetas.[3] Após a captura de Sijilmassa por Cazerune ibne Fulful (976–977), chefe magraua cliente dos omíadas,[9][10] Bologuine decidiu incursionar no Magrebe Ocidental para restaurar a zona de influência do califa.[11] O momento exato da campanha é incerto, mas ocorreu entre 978 e 980.[12] No comando de 6 000 ginetes, desbaratou as forças zenetas favoráveis aos omíadas, cujos chefes se refugiaram em Ceuta — uma praça sob controle dos omíadas.[11] Em seu avanço, tomou Sijilmassa, Fez e Baçorá,[13] onde destruiu as fortificações e expulsou seu governante Iáia ibne Ali ibne Hamdune; depois refortificaria Baçorá.[14][15] Ao se aproximar de Ceuta, o hájibe cordovês Almançor reforçou as defesas e enviou uma frota omíada, convencendo Bologuine a se retirar.[11] Apesar de desistir de cercar a cidade, continuou hostilizando as tribos zenetas até sua morte.[16] Em sua luta, foi ajudado pelos huaras (ramo dos branês), nefusas (ramo dos zenetas) e mazatas.[17]

De acordo com a tradição fundou e/ou embelezou Miliana, Medea e Argel, esta última edificada em 960 sobre as ruínas de Icósio.[18] [19] Além disso, o califa Alaziz (r. 975–996) lhe cedeu a Tripolitânia (as cidades de Trípoli, Agedábia e Sirte) em 977/979 e os títulos de Abul Futu (Pai das Vitórias) e Ceife Adaulá (Espada da Dinastia).[3][20] Em sua morte, ocorrida em 25 de maio de 984 quando se dirigia a Sijilmassa para expulsar Cazerune, foi sucedido por seu filho Almançor;[21] noutra reconstrução, que também aceita a data de sua morte, morreu quando voltava para Achir, capital do Reino Zírida.[22] Além de seu sucessor Almançor, deixou outros 3 filhos: Hamade, Ituefete e Ibraim.[23]

Referências

  1. Herculano 1916, p. 313.
  2. Tibi 2002a, p. 465.
  3. a b c d Tibi 2002, p. 514.
  4. ibne Caldune 1854, p. 46.
  5. Brett 2001, p. 234.
  6. a b Yver 1986a, p. 1176.
  7. Brett 2001, p. 323.
  8. a b Navarro 2004, p. 75.
  9. Yver 1986a, p. 1178.
  10. Lévi-Provençal 1957, p. 430.
  11. a b c Lévi-Provençal 1957, p. 431.
  12. Navarro 2004, p. 146.
  13. Navarro 2004, p. 147.
  14. Yver 1986, p. 1088.
  15. Min 2018.
  16. Navarro 2004, p. 148.
  17. ibne Caldune 1854, p. 8-9.
  18. Bresc 1997, p. 188.
  19. ibne Caldune 1854, p. 5-6.
  20. ibne Caldune 1854, p. 9.
  21. Navarro 2004, p. 164.
  22. Julien 1994, p. 407.
  23. ibne Caldune 1854, p. 12-13; 13, nota 1; 16; 18.

Bibliografia

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  • Bresc, Henri; Guichard, Pierre (1997). «Explosions within Islam: 875-1200». In: Fossier, Robert. The Cambridge Illustrated History of the Middle Ages Vol. II 950-1250. Cambrígia: Cambridge University Press 
  • Brett, Michael (2001). The Rise of the Fatimids: The World of the Mediterranean and the Middle East in the Fourth Century of the Hijra, Tenth Century CE. The Medieval Mediterranean 30. Leida: BRILL. ISBN 9004117415 
  • ibne Caldune (1854). Histoire des Berbères et des dynasties musulmanes de l'Afrique Septentrionale Vol. 2. Traduzido por Slane, William Mac Guckin. Paris: Imprensa do Governo 
  • Herculano, Alexandre de. Historia de Portugal desde o começo da monarquia até o fim do reinado de Afonso III. 8. Lisboa: Aillaud & Bertrand 
  • Lévi-Provençal, Évariste (1957). Historia de España, IV: España musulmana hasta la caída del califato de Córdoba: 711-1031 de J.C. Madri: Espasa-Calpe. ISBN 9788423948000 
  • Navarro, Xavier Ballestín; Ballestín, Xavier (2004). Al-Mansur y la dawla 'amiriya: una dinámica de poder y legitimidad en el occidente musulmán medieval. Barcelona: Edições da Universidade de Barcelona 
  • Tibi, Amin (2002). «Zirids». In: Bearman, P. J.; Bianquis, Thierry; Bosworth, C.E.; Donzel, E. van; Heinrichs, W. P. The Encyclopaedia of Islam Vol. XI W-Z. Leida: Brill 
  • Tibi, Amin (2002a). «Zawi b. Ziri». In: Bearman, P. J.; Bianquis, Thierry; Bosworth, C.E.; Donzel, E. van; Heinrichs, W. P. The Encyclopaedia of Islam Vol. XI W-Z. Leida: Brill 
  • Yver, G. (1986). «Basra». The Encyclopaedia of Islam New Edition Vol. I A-B. Leida: E. J. Brill 
  • Yver, G. (1986a). «Maghrawa». The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume V: Khe–Mahi. Leida e Nova Iorque: BRILL. ISBN 90-04-07819-3