Belém (Pará)

município brasileiro, capital do estado brasileiro do Pará
(Redirecionado de Belém do Pará)
 Nota: Para outras cidades com o mesmo nome, veja Belém.

Belém, frequentemente chamado de Belém do Pará,[7] é um município brasileiro e capital do estado do Pará,[8] inicialmente fundada em 12 de janeiro de 1616 como o povoado colonial português Feliz Lusitânia por capitão Francisco Caldeira Castelo Branco, às margens da Baía do Guajará e do então igarapé do Piry na atual região Norte do Brasil,[9] a uma latitude 01º27'21" sul e longitude 48º30'16" oeste,[10] estando a cerca de 2 120 km da capital federal, Brasília.[11]

Belém
Município do Brasil
Hino
Gentílico belemense
belenense[1]
Localização
Localização de Belém no Pará
Localização de Belém no Pará
Localização de Belém no Pará
Belém está localizado em: Brasil
Belém
Localização de Belém no Brasil
Mapa
Mapa de Belém
Coordenadas 1° 27′ 21″ S, 48° 30′ 14″ O
País Brasil
Unidade federativa Pará
Região metropolitana Belém
Municípios limítrofes Ananindeua, Cachoeira do Arari, Barcarena, Marituba, Santa Bárbara do Pará e Santo Antônio do Tauá
Distância até a capital 2 140 km[2]
História
Fundação 12 de janeiro de 1616 (408 anos)
Emancipação 12 de janeiro de 1616 (408 anos)
Administração
Distritos
Prefeito(a) Edmilson Rodrigues (PSOL, 2021–2024)
Características geográficas
Área total [3] 1 059,458 km²
População total (Estimativa IBGE/2024[4]) 1 398 531 hab.
 • Posição PA: 1º; BR: 12°
Densidade 1 320 hab./km²
Clima Equatorial (Af)
Altitude 10 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2010[5]) 0,746 alto
 • Posição PA: 1º
PIB (IBGE/2020[6]) R$ 30 835 763,45 mil
 • Posição BR: 30º; PA: 2º
PIB per capita (IBGE/2020[6]) R$ 20 562,10
Sítio belem.pa.gov.br (Prefeitura)
cmb.pa.gov.br (Câmara)

O município é formado por duas partes: a área continental e a área Insular que é composta de quarenta e duas ilhas (que são 65% de seu território). Devido ser integrante da Amazônia Oriental resulta em um clima quente úmido e na capital mais chuvosa do Brasil. É o município mais populoso do Pará e o segundo da região Norte[12] com uma população de 1 398 531 habitantes.[13][14] Classificada como uma das capitais com melhor qualidade de vida da região Norte brasileira com IDH 0,746 (alto),[5] ocupando a 22.ª posição no ranking de IDH por capital.[13][15]

Em seus mais de 400 anos de história, Belém vivenciou momentos de plenitude, como: sua transformação em um entreposto fiscal no século XVII, que supervisionava o comercio entre a Amazônia e a Europa em uma posição estratégica privilegiada; No século XIX ocorreu a abertura dos rios amazônicos aos comerciantes internacionais, contribuindo para um novo desenvolvimento da capital; o período áureo da borracha no século XX, recebendo imigrantes europeus que influenciaram a arquitetura e economia local, sendo conhecida na época como "Paris Tropical" e "Francesinha do Norte"[16] tornando-se cosmopolita e moderna em vários aspectos[17] sem perder tradicionalismo das fachadas das edificações coloniais.[18][19] Nas últimas duas décadas, passou por um forte movimento de verticalização, devido a novas tendências na construção civil e ao plano urbano de valorização da década de 40 na Avenida Presidente Vargas.[20]

A cidade exerce significativa influência como metrópole regional,desempenhando um forte papel centralizador em seu estado e na Amazônia Oriental: abriga sedes de órgãos e instituições como a Sudam, o Banco da Amazônia, o IMAZON, o Instituto Evandro Chagas, o Museu Goeldi dentre muitas outras,sua área de influência abrange mais de oito milhões de pessoas nos estados do Pará, Amapá e parte do Maranhão, seja do ponto de vista cultural, econômico ou político.[21][22] Conta com importantes e históricas fortificações, igrejas, monumentos, parques e museus, como o: Theatro da Paz, Museu Emílio Goeldi, Parque Mangal das Garças, Ver-o-Peso, Feliz Lusitânia e,[23] eventos culturais e religiosos de grande repercussão como o Círio de Nazaré.[24] Entretanto, a cidade enfrenta diversos problemas e desigualdades sociais, tais como possuir mais da metade da população vivendo em favelas e apenas 17% da população tem acesso a coleta de esgoto.[25][26]

Etimologia

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Os tupinambás inicialmente habitavam a região, estes consideravam-se filhos do grande ancestral e herói "Maíra", assim o topônimo "Mairi",[27] utilizado para representar o território tupinambá (atuais estados brasileiros do Amapá, Pará e, Maranhão), com origem no nheengatu, inicialmente significaria o "território de Maíra" ou "terra dos filhos de Maíra".[27] Mas esta divindade foi associada aos "homens brancos" e, em especial, aos navegadores franceses, passando a serem chamados de "Maíras"[28] ou “Mair”, e assim a região de "Mairi" passou a representar o "lugar dos franceses".[27]

O topônimo "Belém" utilizado pelos portugueses tem origem em hebraico: בית לחם; romaniz.: Beit Lehem; lit. "casa do pão". Em 1621 o povoado colonial inicial português "Feliz Lusitânia"[29][30] foi elevado à município com a denominação de "Santa Maria de Belém do Pará" ou "Nossa Senhora de Belém do Grão Pará" (Maria, mãe de Jesus)[31][32][33][34] abreviado como Belém do Pará (denominação dada por Filipe III de Espanha),[7] em referência ao dia de natal; quando o capitão Francisco Caldeira Castelo Branco (antigo Capitão-Mor do Rio Grande do Norte) partiu em 1615 da cidade de São Luís, para assegurar o domínio da Amazônia Oriental e principalmente das riquezas da Conquista do Pará.[35][36][37]

História

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 Ver artigo principal: História de Belém (Pará)

Primórdios e colonização europeia

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 Ver artigo principal: Feliz Lusitânia

A região onde se encontra Belém do Pará era inicialmente a movimentada região indígena de Mairi, moradia dos Tupinambás e Pacajás (sob comando do cacique Guaimiaba) no período do Brasil Colônia/América Portuguesa,[29][35][36] um entreposto comercial comercial do cacicado marajoara, onde em 1580 os portugueses chegaram com a expedição militar "Feliz Lusitânia" comandada por capitão Francisco Caldeira Castelo Branco e implantaram em 12 de janeiro de 1616 na foz do igarapé do Piry (ou Bixios do Pirizal)[38] o povoado colonial português Feliz Lusitânia[29][30] (a mando do rei da União Ibérica/Dinastia Filipina Dom Manuel I)[29][39] com a fundação do fortim em madeira Forte do Castelo do Senhor Santo Cristo,[40][41][42][43] contendo a capela da padroeira Nossa Senhora de Belém ou Santa Maria de Belém[29] (atual Catedral Metropolitana[44]); objetivando ocupar a então Conquista do Pará ou Império das Amazonas (1615–1621, localizado na então Capitania do Maranhão), assegurando assim o domínio na Amazônia Oriental e das drogas do sertão, que os estrangeiros disputavam.[35][36][37]

 
A conquista do Amazonas, por Antônio Parreiras, Museu Histórico do Pará
 
Forte do Presépio, construído em 1616
 
Planta Geral da cidade de Belém, 1791, segundo o explorador naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira. Por ordem do Dom Francisco de Sousa Coutinho, Governador e capitão general do estado do Grão-Pará e Rio Negro[45]

A fundação de Feliz Lusitânia iniciou um período de batalhas contra os estrangeiros (holandeses, ingleses e franceses) na tentativa de assegurar o domínio da região e também contra os habitantes iniciais da região, em um processo forçado de colonização e escravização, tentando implantar um modelo econômico baseado na exploração do trabalho indígena e dos recursos primários da floresta.[29][35][39] Esse processo acabou por resultar na Revolta Tupinambá, que em janeiro de 1619 tomou o Forte do Castelo, mas Gaspar Cardoso mudou o curso da guerra ao matar o cacique-guerreiro Guamiaba, levando a suspensão dos ataques para realização do funeral.[39]

Outras revoltas indígenas ocorreram até julho de 1621, quando em 1639 Bento Maciel Parente, sargento-mor da capitania do Cabo Norte, investiu sobre a aldeia dos índios Tapajós, dizimando-os e dominando a Conquista do Pará.[39][46] Com a vitória, foi nomeado Capitão-Mor do Grão-Pará, a Conquista foi transformada na então Capitania do Grão-Pará (junto a criação do Estado do Maranhão, com sede em São Luiz),[47] e o povoado foi elevado à categoria de município com a denominação de "Santa Maria de Belém do Pará" ou "Nossa Senhora de Belém do Grão Pará" (posteriormente "Santa Maria de Belém do Grão Pará" até à atual Belém)[48][29][35][49] quando foram abertas as primeiras ruas da região,[39] originando o histórico bairro da Cidade Velha. Bento Maciel, durante seu governo, fortificou o Forte do Presépio com baluarte artilhado e torreão, rebatizando-o como "Forte Castelo do Senhor Santo Cristo".[46] Posteriormente ordenou outras investidas contra os invasores holandeses, expulsando-os da colônia.[50]

Em 1625, devido a posição estratégica de "Santa Maria de Belém do Pará" — numa zona relativamente bem protegida pelas baías do Marajó e Guajará —os portugueses instalaram um entreposto fiscal comercial denominado de então Casa de Haver-o-Peso (atual Mercado Ver-o-Peso),[7][51] para arrecadação de tributos dos produtos europeus trazidos para Belém,[51] e dos extraídos da Amazônia destinados aos mercados internacionais, como a carne bovina da Ilha do Marajó.[52]

Em 1627, a importância do entreposto elevou-se com a criação da primeira légua patrimonial pelo Governador do Estado Francisco Coelho.[7][53] Uma porção de terra em forma de arco com 41 100 , iniciando as margens do rios Pará e Guamá[53] em direção ao interior[29] originando o bairro do Marco da Légua,[54] o que gerou um aumento populacional.[55] Esse crescimento de importância fez com que, em 1654, o Estado do Maranhão fosse renomeado para "Estado do Maranhão e Grão-Pará".[55][56][57]

Mas apesar da importância econômica da cidade, os serviços administrados pela Câmara de Belém entraram em crise financeira.[7] Então, em julho de 1687, afim de solucionar o problema, os parlamentares endereçaram uma carta ao rei Filipe II, solicitando a concessão dos tributos da Casa de haver-o-peso; sendo autorizada a partir do ano seguinte.[7] Com os benefícios dos tributos, em 1751, Belém alcançou o primeiro auge comercial e o nome do Estado mudou para "Estado do Grão Pará e Maranhão",[58][59][60] com a sede transferida para Belém, tornando-se a primeira capital da Amazônia.[29][61][48]

Em 1772, o Estado do Grão-Pará e Maranhão foi dividido em[58] "Estado do Maranhão e Piauí" e "Estado do Grão-Pará e Rio Negro", com sede em Belém, que permaneceram como colônias autônomas portuguesas até 1823.[62][63]

Em 1803, Dom Marcos de Noronha e Brito, Conde dos Arcos, durante seu governo, realizou o aterramento do igarapé do Piri (ou pântano Juçara), localizado no bairro da Campina (Comércio) próximo ao Mercado da Carne, para atender aos avanços urbanísticos da cidade. Tendo a foz se transformado na doca do Ver-o-Peso e na Pedra do Peixe, mantendo-se ali as atividades da Casa de Haver-o-Peso e uma feira informal de pescadores.[carece de fontes?]

Século XIX

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Catedral de Belém no século XIX

O processo de ruptura política e guerra do Reino do Brasil contra o Reino de Portugal em 1822, criou uma situação de indefinição, devido à distância da região aos núcleos decisórios do novo governo que se instituía no Brasil. Belém, por ser ainda ser fortemente ligada a Portugal,[61] reconheceu a Independência do Brasil em 15 de agosto de 1823, quase um ano após ser proclamada,[64][65][66] levando a então Província do Grão-Pará a uma irrelevância política, aumentando a pobreza e os surtos de doenças,[61] gerando um descontentamento popular chamado de revolta da Cabanagem,[67] entre os anos de 1835 a 1840 (comandada por Félix Clemente Malcher, Antônio Vinagre, Francisco Pedro Vinagre, Eduardo Angelim e Vicente Ferreira de Paula), influenciados pela Revolução Francesa.[61]

Assim, em 1835, os cabanos comandados por Antonio Vinagre invadiram o Palácio do Governo de Belém e executaram o então presidente da província Bernardo Lobo de Sousa e as demais autoridades, iniciando o primeiro governo sob o poder do militar Clemente Malcher, que governou com repressão e ameaças de deportações após jurar fidelidade ao Imperador D. Pedro I. Clemente Malcher foi deposto e assassinado, sendo substituído por Francisco Vinagre. Vinagre também negociou com o Governo Regencial, causando descontentamento por parte dos revoltosos. Sendo deposto dando lugar ao jornalista Eduardo Angelim.[68]

O Governo Regencial, com apoio de tropas europeias, combateu os revoltosos ao longo de cinco anos, em batalhas sangrentas, resultando em cerca de 30 mil mortos,[69] forçando os sobreviventes a irem para o interior, iniciando a atividade de agricultura, mais tarde integrando a atividade de extração do látex da seringueira, que iniciava na região, com o objetivo de produzir a borracha com o crescimento da indústria automotiva.[61][70]

Em 1866, foi permitida a navegação dos navios mercantes estrangeiros nos rios amazônicos, contribuindo para um novo desenvolvimento da capital.[71] Para consolidar este ato e firmar a presença imperial após a Cabanagem, foi anunciado que D. Pedro II viria a cidade oficializar a abertura.[16] Sendo assim, foi construído um Arco Triunfal cenográfico pela Companhia do Amazonas para recepção do mesmo.[16] Nesse período a fotografia passou a ter maior presença e difusão em Belém, com o fotografo português Filipe Fidanza junto ao Imperador D. Pedro II em 1867, um grande incentivador desta arte.[16]

 
Arco do triunfo para a visita de D. Pedro II a Belém. Fotografia de F. A. Fidanza, 1867
 
Belém vista da Baía do Guajará, 1889

Em 1870, houve um aumento vertiginoso da importância comercial para o cenário internacional, com a exportação do látex, devido a monopolização do mercado, iniciando assim o Ciclo da Borracha.[70] O apogeu deste ciclo foi entre 1880 e 1920, quando a cidade contava com tecnologias que as cidades das regiões sul e sudeste do Brasil ainda não possuíam,[17] como por exemplo: o Cinema Olympia - o mais antigo do Brasil em funcionamento - um dos mais luxuosos e modernos da época (inaugurado em 1912);[72][73] Teatro da Paz, um dos mais belos do Brasil, inspirado no Teatro Scala de Milão;[73] Mercado Ver-o-Peso[nota 1] (eleito uma das 7 Maravilhas do Brasil)[74] a maior feira livre da América Latina;[75][76][77] Palácio Antônio Lemos;[73] Praça Batista Campos;[73][78] Estrada de Ferro de Bragança,[79] atraindo levas de imigrantes estrangeiros, como portugueses, franceses, japoneses, espanhóis a fim de desenvolverem a agricultura e a colonização na Zona Bragantina formada por uma vasta área despovoada.[80]

Embora a cidade estivesse abalada pela revolta da Cabanagem, a Casa de Haver o Peso funcionou até 1839,[81] quando em outubro o presidente Bernardo de Souza Franco extinguiu a repartição fiscal e arrendou para a venda de peixe fresco até 1847,[81] quando terminou o contrato e foi demolida.[7][82]

Neste período foram construídas grandes edifícios e obras de infraestrutura, como a construção do Palácio Antônio Lemos em 1868, para ser o Palácio Municipal, durante o governo de Rufino Enéas Gustavo Galvão, Visconde de Maracaju (atual sede da prefeitura municipal).[83] Em 1869, Calandrine de Chermont iniciou a construção do Theatro da Paz com a influência da arquitetura neoclássica, sendo inaugurado com a companhia de Vicente Pontes de Oliveira, encenando o drama As duas órfãs de Adolphe d'Ennery.[84]

 
Theatro da Paz antes das intervenções na fachada
 
Linha de bonde puxada a locomotiva a vapor, São Brás, Belém. Fotografia de F. A. Fidanza, 1899

Em 1883, o govenador Rufino Enéas iniciou a construção da Estrada de Ferro de Bragança, para transportar a produção agrícola da região, seguindo o traçado terrestre-fluvial do Caminho dos Tupinambás[nota 2] que ligava Belém ao Maranhão.[79][86] Que antes ocorria somente via rio Caeté, posteriormente também servindo para condução do gado vindo do Piauí.[87] Sendo inaugurado somente em 1908 quando alcançou sua extensão máxima.[88]

No final do século XIX, o discurso de progresso e controle social baseado no saneamento, política de limpeza da cidade retirando de próximo ao centro os cortiços e pobreza, estimulado pelo receio das elites republicanas em relação à massa de trabalhadores que se aglomerava nas cidades e se organizavam politicamente, mas ainda sendo interpretada como “selvagem”.[89] Ocorrendo a expulsando dos populares dos centros e forçando a segregação em novos bairros periféricos, na tentativa dos republicanos construírem um “novo homem”, o trabalhador submisso mas ao mesmo tempo produtivo.[89]

A população negra concentrada no bairro do Umarizal, ganhou destaque por sua força cultural principalmente em 1848, para a primeira festa do Divino Espírito Santo, por Mestre Martinho, originando os cordões de bumbá, as pastorinhas e sambas noturnos.[89] Pórem houve um período de negação da cultura afro-brasileira durante o plano de urbanização do Antônio Lemos, onde os negros residentes no Umarizal foram transferidos para regiões periféricos da cidade, onde hoje ficam os bairros da Pedreira, Guamá, Jurunas, Cremação, Sacramenta.[89] Essa dispersão tornou o bairro da Pedreira um centro de batuques e sambas e nos arredores, com a macumba modernizado e sincretizado, do antigo batuque de babaçuê, de candomblé da Bahia, de umbanda carioca e, traços da pajelança cabocla.[89]

O ritmo carimbó ao longo da primeira metade do século XX também sofreu repressão devido origem indígena com influência negra.[89] Tanto que em 1880, chegou inclusive a sofrer proibição governamental na cidade através no “Código de Posturas de Belém” (Lei 1 208/1880):[90] "É proibido(...) fazer batuques ou samba, tocar tambor, carimbó, ou qualquer outro instrumento que perturbe o sossego durante a noite".[90]

Em 1899, ocorreu a demolição da Casa de Haver o Peso[7][82] e construído em seu lugar na Praça do Pelourinho/avenida Boulevard Castilhos Franca o Mercado Municipal de Peixe/Mercado de Ferro[91] por La Rocque Pinto & Cia seguindo a estética da art nouveau próximo ao Mercado Municipal da Carne.[92][93][93]

Século XX

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Palácio Antônio Lemos em 1902

A partir de 1897, o dinheiro gerado com a comercialização do látex foi importante na reestruturação urbana e modernização de Belém com referência ao estilo arquitetônico de Paris (art déco da belle époque europeia)[16] no início do governo do intendente Antônio Lemos via projeto Paris n'América (do francês: Petit Paris) marcando o período "Belle Époque de Belém" ou "Período Áureo da Borracha".[16] Em 1902, o projeto foi finalizado com a construção de diversos palacetes, bolsa de valores, grandes teatros, igrejas, necrotério, grandes praças com lagos e chafarizes, infraestrutura sanitária, calçamento de quilômetros de vias com pedras importadas da Europa, construção da malha de esgoto nos principais bairros, aterramento de rios e córregos, alargamento de vias e criação de avenidas e boulevards, com arborização de centenas mudas de mangueira indianas, a fim de construir túneis sombreados.[94]

 
Praça da República em 1905, por Antônio Parreiras
 
Belém, anos 1910. Arquivo Nacional

Neste momento, a fotografia aparece como elemento significativo registrando as transformações urbanas do período, servindo de propaganda política das realizações do então governo estadual.[16] Estes registros resultaram no "Álbum de Belém" produzido em 1902 em Paris, com capa em baixo relevo, sob direção de Filipe Augusto Fidanza e texto de Henrique Santa Rosa.[95][96] Construindo uma imagem idealizada, reinventando um imaginário socio-cultural à moda parisiense e lenista.[16] Com destaque para: o Cine Olympia (1912), o cinema mais antigo em funcionamento no Brasil,[72][97][98]

Apesar da intensa modernização dos bairros centrais, alguns como o Umarizal, ainda apresentavam formas antigas de ocupação do espaço, como: vilas estreitas, cabanas cobertos com palha ou lona, vacarias portuguesas, revelando a origem social humilde dos habitantes.[99] As vacarias, estábulos precários atrás de residências em áreas alagadiças “na baixa”, que forneciam leite in natura e cultivavam flores para ornamento de caixões.[99]

A partir da década de 1940, o município passou por outras duas grandes mudanças urbanísticas, devido novas tendências na construção civil e o plano de valorização do espaço da cidade, as vacarias foram loteados originando passagens com residências de alvenaria,[99] e nas áreas mais altas e valorizadas iniciou-se o processo de verticalização a partir da avenida Presidente Vargas.[20] Verificou-se: o aumento das densidades construídas e a elevação da altura dos edifícios; novas modalidades de seletividade social caracterizadas por arrojados projetos arquitetônicos; a incorporação de sofisticados equipamentos de lazer na área condominial com alta dos preços, criando à segregação sócio-espacial para a média e alta classe.[20]

Na década de 1950 os bairros na na zona norte e da zona sul apresentavam índices de crescimento demográfico muito expressivos, o da Marambaia alcançou um índice de 112,04%, Sacramenta 210,69%, e; Sousa 201,22%.[100] Estes chamados de bairros populares, em contraste com os velhos bairros, como o: Comércio com diminuição de 15,57%; Reduto 23, 21%, e; a Cidade Velha um crescimento de 23,25%.[100] Na década de 1960 continuaram sendo os bairros mais populosos com cerca de 280 mil pessoas.[101] Devido serem ocupadas por uma população pobre e bastante prolífera, residentes em pequenas moradias precárias em ocupações desordenadas, caracterizada por ruas tortuosas com matos nas margens lodosas de igarapés e arruamentos.[101] Enquanto a área central se esvaziava devido invasão do comércio e da elite local, os bairros iniciais da zona leste se estabilizam em amplos quarteirões com largas avenidas.[101]

Belém, 1975. Arquivo Nacional

Neste período os terrenos sem alagamentos da Primeira Légua Patrimonial já estavam ocupados, com o avanço das rodovias como a Belém-Brasília iniciada na década de 1950 e a de acesso ao distrito de Icoaraci[102] seguindo o traçado da antiga Estrada de Ferro de Bragança, também conhecida como ferrovia Belém-Bragança, que inicialmente fora ocupada por fazendas, alavancaram o crescimento urbano e a expansão imobiliária (de modo desordenado e carente de infraestrutura porém progressivamente valorizada) nas áreas de várzea (área de expansão), através da construção de conjuntos habitacionais e assentamentos populacionais com amplos quarteirões e largas avenidas.[101][103] destinados aos remanejados das obras de infraestrutura realizadas no centro,[103] nos eixos viários das Rodovias BR-316 e Augusto Montenegro, conhecida como “Nova Belém”/"Segunda Légua Patrimonial de Belém" (em 1899 devido a Lei de Terras, que doou as terras ao Intendência Municipal) como a Cidade Nova e a Nova Marambaia.[102][104][105] Mas essa expansão inicialmente não teve muito êxito desejado devido a infraestrutura de mobilidade não ter acompanhado aumentando os custos de deslocamento ao centro.[102]

Em 1960, ocorreu a fundação do campus principal da Universidade Federal do Pará em Belém (campus universitário do Guamá).[106] Quando iniciou a desativação da ferrovia Belém-Bragança, devido à queda nos investimentos e no faturamento com o avanço das rodovias, assim em 1965 o Ministro da Aviação Juarez Távora (do então governo de Humberto de Alencar Castelo Branco) ordenou a destruição das locomotivas e das principais estações ferroviárias do estado,[107] substituindo a Estação Ferroviária de São Brás por uma Estação Rodoviária, através do interventor Alacid Nunes, disfarçando a vingança pelo fato ocorrido em 1930, quando foi pressionado por políticos e militares paraenses à nomear Magalhães Barata interventor local.[107] A partir da década de 1990, houve a segunda expansão na área da Nova Belém, com construções de condomínios de alta renda na rodovia Augusto Montenegro.[103]

Geografia

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Vista da região central da cidade

A uma altitude de dez metros ao nível médio do mar, o território de Belém é o décimo terceiro maior dentre as capitais estaduais, com 1 059,458 km² de área,[13] [3] a maior parte insular, no qual estão 42 ilhas[108] que formam cerca de 65% de todo o território.[30] com destaque para as ilhas de Mosqueiro, Caratateua, Cotijuba e Combu, as mais frequentadas. Belém tem como limites os municípios de Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará e Barcarena, além das baías do Marajó e Guajará.[108][109]

De acordo com a divisão regional vigente desde 2017, instituída pelo IBGE,[110] o município pertence às Regiões Geográficas Intermediária e Imediata de Belém. Até então, com a vigência das divisões em microrregiões e mesorregiões, fazia parte da microrregião de Belém, que por sua vez estava incluída na mesorregião Metropolitana de Belém.[111][112][113][114]

Geologia e hidrografia

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Baía do Guajará (Paraná-Guaçu)

Belém apresenta um solo com uma textura média e indiscriminada, cercada por terrenos alagadiços e igarapés, com grande atuação intempérica com concrecionários lateríticos,[115] as mesmas vistas na região Bragantina. A topografia é baixa e pouco variável, com ponto de altitude máxima de 25 metros, na ilha de Mosqueiro. Boa parte da área da cidade encontra-se entre 3 e 4 metros, fazendo com que esta sofra influência das marés altas.[108]

As unidades litoestratigráficas (camadas rochosas) são do grupo Barreiras (composto por 8 fácies litológicas), com sedimentos Pós-Barreiras e, a Unidade Cobertura Detrítica-Laterítica.[115] Onde: o primeiro é formado por 8 litológicas, porém apresenta argilitos, siltitos e intercalações de lentes de arenitos; a segunda são sedimentos inconsolidados (solos) de cor amarelada, formados por grãos de quartzo arredondados e de granulação fina, sobrepostos às rochas do Grupo Barreiras, mas lateritizadas, e; a terceira geralmente recoberta por latossolos amarelados.[115] 54,73% da cobertura vegetal encontra-se alterada (situação alarmante conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE), devido a ocupação urbana associada ao desmatamento. Levando em conta a área territorial, o município está entre os de maior índice de desmatamento no país.[108]

Os rios que passam por Belém são o rio Maguari e rio Guamá, localizado no nordeste do Pará, cuja bacia hidrográfica drena uma área de 87 389,54 km². A Baía do Guajará banha diversas cidades do estado, inclusive a capital, formado pelo encontro da foz do rio Guamá com a foz do rio Acará.[116][117] A rede de abastecimento chega a 80% das residências, mas somente 6,5% da descarga domiciliar está conectada à rede coletora de resíduos, provocando o descarte inadequado dos dejetos em 14 bacias que abastecem a cidade, 11 delas ligadas ao rio Guamá.[118]

Meio ambiente e ecologia

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Bosque Rodrigues Alves

O Bosque Rodrigues Alves é uma área de preservação construída em 1883 na zona leste do município, no bairro Marco, um dos símbolos do embelezamento da capital na época da borracha.[119][120] Contém uma área de 150 mil m², que mantém parte da natureza originária da área antes da expansão de Belém na década de 1950.[121] Em 2002, o bosque integrou a rede de espaços de preservação natural e histórica Botanic Gardens Conservation Internacional (BGCI).[122]

Em 1993, foram criados o Parque Estadual do Utinga e a Área de Proteção Ambiental da Região Metropolitana de Belém/APA Belém (Decreto 1 551), duas unidades de conservação de uso sustentável que abrangem vários municípios da Região Metropolitana de Belém (RMB), com objetivos de: assegurar a potabilidade da água dos mananciais (lagos Água Preta e Bolonha, do rio Aurá, e respectivas bacias hidrográficas); ordenar o uso do solo; promover o saneamento e a urbanização das áreas; recuperar as áreas degradadas; preservar/recuperar a biodiversidade da várzea, igapó e terra firme; preservar o Sítio Histórico do Engenho do Murutucu; tratar/reciclar os resíduos sólidos; implementar a educação ambiental comunitária e atividades turísticas em espaços demarcados; realizar pesquisas científicas.[123]

Em 2005, foi criado o Sistema de Meio Ambiente do Município de Belém (Lei 8 489), que faz a gestão do patrimônio ambiental municipal dos recursos naturais, visando o planejamento e a execução dos processos de construção, preservação e restauração do meio ambiente e do equilíbrio ecológico.[124] Estima-se que a população local produza, em média, mil toneladas de lixo por dia,[125] dos quais apenas oito toneladas passam por processo de reciclagem, via coleta seletiva municipal e, também através das treze cooperativas de reciclagem e a associação de catadores,[126] com posterior envio a empresas especializadas.[125]

Maiores acumulados de precipitação em 24 horas
registrados em Belém por meses (INMET)[127][128]
Mês Acumulado Data Mês Acumulado Data
Janeiro 118,2 mm 10/01/1971 Julho 111 mm 13/07/1974
Fevereiro 161,2 mm 13/02/2013 Agosto 80,4 mm 11/08/1969
Março 195,6 mm 09/03/2020 Setembro 67,4 mm 23/09/1964
Abril 200,8 mm 25/04/2005 Outubro 74,4 mm 07/10/2005
Maio 125,6 mm 20/05/1935 Novembro 157,8 mm 23/11/2020
Junho 99,7 mm 20/06/1996 Dezembro 121,4 mm 21/12/1989
Período: 01/01/1931 a 30/09/1964 e 01/01/1967-presente

Com clima tipicamente equatorial (Af segundo Köppen-Geiger),[12] Belém apresenta um dos maiores índices pluviométricos do país e o maior dentre as capitais brasileiras,[129] superando os 3 000 milímetros (mm) anuais. As chuvas são abundantes durante todo o ano, sendo mais frequentes entre dezembro e maio e com maior ocorrência no período da tarde.[130] Com mais de 2 200 horas anuais de insolação ao ano e elevados índices de umidade relativa do ar,[131] o calor também é constante durante todo o ano, chegando a 33 °C nos meses mais quentes.

Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), de 1931 a 1964 e a partir de 1967, o recorde de menor temperatura registrada em Belém ocorreu no dia 26 de agosto de 1984, com mínima de 18,5 °C. Por outro lado, a maior temperatura foi registrada em 1 de dezembro de 2015, quando a máxima chegou a 38,5 °C.[132]

O maior acumulado de precipitação em 24 horas atingiu 200,8 mm no dia 25 de abril de 2005, seguido por 195,6 mm em 9 de março de 2020, 161,2 mm em 13 de fevereiro de 2013 e 157,8 mm em 23 de novembro de 2020. O mês de maior precipitação foi março de 2020, com acumulado total de 934 mm, enquanto outubro de 1997 registrou apenas 8,2 mm, o menor da série histórica.[132]

Dados climatológicos para Belém
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Temperatura máxima recorde (°C) 36 36,3 35,2 35,2 35,5 35,6 35,8 37,2 38,1 37,4 37,9 38,5 38,5
Temperatura máxima média (°C) 31,4 31 31,1 31,5 32,2 32,5 32,6 33 33,2 33,1 33,1 32,5 32,3
Temperatura média compensada (°C) 26,3 26,1 26,3 26,5 26,8 26,9 26,8 27,1 27,3 27,3 27,4 27 26,8
Temperatura mínima média (°C) 23 23,1 23,3 23,4 23,4 23,1 22,8 22,9 22,9 22,9 23,1 23,1 23,1
Temperatura mínima recorde (°C) 19,4 18,8 19,6 19,2 20 19,8 18,9 18,5 18,8 18,9 18,6 19 18,5
Precipitação (mm) 393,8 437,8 506,3 465,5 323,6 205,8 156 128,7 120,1 135,8 151,4 283,5 3 308,3
Dias com precipitação (≥ 1 mm) 25 25 26 25 23 17 14 12 12 13 13 19 224
Umidade relativa compensada (%) 88,1 89,5 89,7 88,9 86,3 82,8 81,5 80,2 79,3 79,3 79,6 83,7 84,1
Insolação (h) 132,9 104,7 117,2 138,7 187,3 230,3 250,1 264,9 247,1 240,6 205,1 168,1 2 287
Fonte: INMET (normal climatológica de 1991-2020; recordes de temperatura de 01/01/1931-30/09/1964 e 01/01/1967-presente)[127][133][132][128]

Demografia

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Crescimento populacional
Censo Pop.
187261 997
189050 064−19,2%
190096 56092,9%
1920236 402144,8%
1940206 331−12,7%
1950254 94923,6%
1960402 17057,7%
1970642 51459,8%
1980949 54547,8%
19911 244 68831,1%
20001 279 8612,8%
20101 393 3998,9%
20221 303 403−6,5%
Fonte: IBGE[134]

Belém é o município mais populoso do Pará com uma população estimada de 1 398 531 habitantes,[13] com uma densidade de aproximadamente 131 523 hab/km²,[13][135] sendo o município mais populoso do Pará, o 2º da região Norte e o 11ª do Brasil.[12][135][136]

De acordo com o Censo Demográfico de 2010, 734 391 habitantes eram mulheres (equivalendo a 50,78% da população), e 659 008 homens (representando 45,57% da população);[12] Com a maior parte da população (67,83%, 980 878 habitantes) com idade entre 15 e 64 anos,[nota 3][137] Comparando com a atualidade, houve um crescimento populacional de 3,64%, possuindo assim a 2ª segunda maior densidade demográfica desta macrorregião (1 315 hab/km²),[138] onde 1 381 475 vivem em zona urbana, enquanto que apenas 11 924 vivem em zona rural.[12] Em 2008, 97,63% de sua população era alfabetizada.[139][140]

Sua região metropolitana (RMB) é a segunda mais populosa da Amazônia (2 539 097), a 14.ª mais populosa do país[nota 4][136] e a 178ª do mundo. É classificada como uma das capitais com melhor qualidade de vida do Norte brasileiro.[141][142]

De acordo com um estudo genético de 2013, a ancestralidade da população de Belém é composta por: 53,70% de contribuição europeia, 29,50% de contribuição indígena e 16,8% de contribuição africana.[143]

Com uma população de 1 499 641 habitantes, segundo estimativa do IBGE em 2020,[14] e o 12.º município mais populoso do Brasil. Ocupa a 22.ª posição no ranking de IDH por capital (0,746, alto)[15] e a sexta posição na lista de maiores IDH da região Norte.

Composição Étnica

Segundo dados referentes a cor/raça obtidos pelo IBGE durante o Censo 2022, cerca de 61,8% (806 103 pessoas) dos belenenses são pardos, 26,3% (342 476 pessoas) são brancos, 11,5% (149 395 pessoas) são pretos e 0,3% (3 298 pessoas) são amarelos. A capital paraense abriga 2 125 pessoas que se declararam como indígenas (0,16% da população) e 1 361 pessoas (0,10% da população) autodeclaradas quilombolas.[144]

Região metropolitana

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Panorama da região central da cidade em 2016
 Ver artigo principal: Região Metropolitana de Belém

Criada por lei complementar federal em 1973, cuja disposição normativa foi alterada em 1995, 2010, 2011 e 2023 a Região Metropolitana de Belém (RMB), com 2 369 269 habitantes IBGE/2022, compreende os municípios de Ananindeua, Barcarena, Belém, Benevides, Castanhal, Marituba, Santa Bárbara do Pará e Santa Isabel do Pará. Devido ao intenso processo de conurbação, hoje a Região Metropolitana de Belém é um dos maiores aglomerados urbanos da Região Norte. É a 177ª maior área metropolitana do mundo e 11ª do Brasil.[136][145]

Segurança e criminalidade

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Em 2018, Belém foi a capital brasileira com mais assassinatos violentos do país, obtendo uma taxa de 77 casos para cada cem mil habitantes, segundo estudo sobre os níveis de violência nos municípios brasileiros com mais de cem mil habitantes, utilizando informações de homicídios contabilizados no Ministério da Saúde.[146]

Segue a evolução das taxas de homicídios estimadas na capital paraense no período de 2007 a 2017, conforme tabela:[147]

Taxa estimada de homicídios das capitais brasileiras (2017)
Taxa estimada de homicídios Variação %
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2007 a 2017 2012 a 2017 2016 a 2017
37,0 52,7 49,4 65,3 49,8 56,4 60,2 59,0 61,5 76,7 74,3 101,1 31,8 -3,1

Religião

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Catedral Metropolitana de Belém
 
Manto de Nossa Senhora de Nazaré na basílica homônima. O Círio de Nazaré é uma das maiores celebrações religiosas do mundo

O catolicismo é a religião predominante no estado e no município de Belém,[148] seguido do protestantismo (como a Assembleia de Deus, Batista, Quadrangular e Universal) e das afro-brasileiras (como Umbanda, Candomblé, Tambor de Mina e Pajelança) com diversas casas de culto/oração.[149][150] Porém é possível encontrar pessoas adeptas das mais diversas crenças, a saber: espiritismo, judaísmo, neopaganismo.[151]

Belém sedia o evento religioso Círio de Nazaré que acontece anualmente no mês de outubro desde 1793,[152] reunindo cerca de dois milhões de devotos de Nossa Senhora de Nazaré em cultos e procissões religiosas[30][148] (sendo uma das maiores festas cristã do Brasil)[30][148] durante quinze dias formando a "quadra Nazarena". Entre as manifestações, destacam-se: romaria fluvial, moto-romaria, transladação, a procissão do Círio no domingo e o recírio.[153]

A capital paraense possui inúmeras igrejas, capelas e santuários em sua maioria católico, das quais destacam-se: Catedral Metropolitana de Belém; Basílica Santuário de Nazaré (única da Amazônia elevada à categoria de Santuário Mariano Arquidiocesano e em processo de tombamento como patrimônio histórico iniciado em 1992);[154] Igreja de Santo Alexandre (atual Museu de Arte Sacra);[155] Santuário de Fátima;[156] Igreja das Mêrces, Igreja do Carmo.[157]

Em novembro de 1910, a Igreja Batista da cidade recebeu dois missionários batistas suecos oriundos dos Estados Unidos: Daniel Berg e Gunnar Vingren, que vieram embalados pelo trabalho missionário do movimento cristã-evangélico pentecostalismo (ao qual aderiram nos Estados Unidos).[158][159] Sob a autorização do reverendo Nelson, que seguiu em viagem aos Estados Unidos em busca de recursos para a obra, estes ficaram à frente do trabalho local, aproveitando a oportunidade para pregar o pentecostalismo. Devido às dissensões sobre o batismo no Espírito Santo, foram convidados a se retirarem em 1910, formando sua própria instituição religiosa em Belém, chamada inicialmente de Missão da Fé Apostólica, com o grupo que concordava com os novos ensinamentos,[158][160] que mais tarde em janeiro de 1918 mudou definitivamente para a denominação Assembleia de Deus.[158]

 
Primeira Igreja Presbiteriana de Belém

A maioria dos judeus em Belém chegaram no século XIX oriundos do Marrocos fundando a primeira Comunidade Judaica da Amazônia e do Brasil República, descendentes dos refugiados da inquisição na Espanha e em Portugal (1496) com intuito de poder praticar livremente sua fé e enriquecer com o crescente extrativismo da região.[161] A imigração foi facilitada por esta ser uma cidade portuária atingida pela carta régia, que abriu os portos do país para nações amigas.[161] Alguns espalharam-se no interior ao longo do Rio Amazonas, posteriormente migrando para a capital devido fortalecimento da comunidade.[161] Segundo Censo a capital paraense é o domicílio de 1 346 judeus - concentrando quase 70% dos judeus do estado - sendo a quinta cidade com o maior concentração no país e a maior do Norte.[162] Também possui uma comunidade muçulmana e uma mesquita, que integra o Centro Islâmico Cultural do Pará.[163]

Em 1824, foi inaugurada a primeira sinagoga judaica brasileira, denominada "Eshel Abraham",[164] preservando a religião e a cultura sefaradi-marroquina dos imigrantes.[165] Em 1889, esse fluxo migratório foi intensificado com a proclamação da república, a separação da igreja do Estado e o apogeu do Ciclo da Borracha.[166] Belém sedia a Congregação Judaica do Pará com mais duas sinagogas: "Shaar Hashamaim" (1889) e uma unidade "Beit Chabad" (1842) — a primeiro necrópole judaica do país.[164][165]

Em 1860, o reverendo escocês Richard Holden desembarcou em Belém, enviado pela Igreja Episcopal dos Estados Unidos,[167] devido ser um posto de distribuição de bíblias, e junto à expectativa de que o Rio Amazonas fosse aberto à navegação internacional, onde tentou criar uma comunidade anglicana, mas sem sucesso, pois usou a imprensa local para difundir a religião, escrevendo artigos em jornais que provocaram a ira do então bispo católico da cidade, Dom Antônio de Macedo Costa.[167]

Governo e política

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Belém nasceu com foros de cidade, porém a data e o ato de criação perderam-se na deficiência da documentação e arquivamento, como também os nomes das primeiras autoridades que integraram a fase inicial da administração municipal.[168] Contudo, conforme Palma Muniz há indícios da existência de um Senado da Câmara, a partir de 1625, que tomara decisões sobre a problemática com os índios, como por exemplo, a forma de administração das aldeias indígenas.[168]

 
Palácio Antônio Lemos, sede da prefeitura de Belém desde o século XIX
 
Palácio Lauro Sodré (antigo palácio do governo, atual museu do estado do Pará)

Em 1655, provavelmente fora a data da elevação do município à categoria de cidade (conforme Ofício de 1733), quando os oficiais da Câmara comunicaram ao Governo da Capitania que o Rei os deixou a mercê durante setenta e oito anos, solicitando assim terem os mesmos privilégios da cidade do Porto.[168] A mais antiga vereação da Câmara conhecida é de 1661, constituída pelos vereadores: Bernardino de Carvalho, Manoel Álvares da Cunha, Gaspar da Rocha Porto Carneiro, Braz da Silva e Manoel Braz.[168] Em 1673, o governador Pedro César de Meneses transferiu a sede da capitania do Grão-Pará e Maranhão (unificados desde 1623) da cidade de São Luís à Belém, porém em 1688 o Rei revogou a transferência retornando à São Luis.[168] Em 1737 a sede governamental foi transferida novamente à Belém e, em 1815, as Capitanias Gerais brasileiras foram transformadas em Províncias; ficando Belém como Capital da Província do Grão-Pará.[168]

Em virtude da Proclamação da República, em 1889, a Câmara Municipal de Belém foi extinta em 1889 (conforme Lei nº 3), substituída pelo Conselho Municipal.[168] Com a Lei Orgânica dos Municípios criada em 1891, os municípios passaram a ser governados por um Intendente Municipal, com funções executivas e um Conselho Municipal, com funções deliberativas.[168] Em consequência a esta lei, ocorreram as primeiras eleições municipais republicanas neste mesmo ano, cujo mandato compreendeu o triênio de 1891 a 1894, empossando o eleito D. Gama Abreu (Barão de Marajó), como Intendente.[168] O período de 1897 a 1911, administrado por Intendente Antônio José de Lemos, é considerado a fase áurea do município de Belém, quando ocorreu o projeto de embelezamento e desenvolvimento do perímetro urbano da cidade, com melhorias como: calçamentos de granito; construção do Mercado de Ferro; Quartel dos Bombeiros; Asilo de Mendicidade; Necrotério Público; rede de esgotos; praças ajardinadas; suntuosos prédios; expansão do bairro do Marco; iluminação pública com rede elétrica; bondes elétricos; surgimentos dos grandes jornais diários A Província do Pará e a Folha do Norte. Porém, a derrocada do ciclo da borracha e a Primeira Guerra Mundial estancaram o crescimento da grande metrópole da Amazônia.[168]

A Reforma da Constituição do Estado de 1914, mudou a administração do município, pois ficou composta por um Conselho Municipal de 12 membros, eleito diretamente, e por um Intendente municipal, nomeado pelo Governador do Estado. O primeiro nomeado foi Antônio Martins Pinheiro, que tomou posse em 14 de setembro de 1914, e o Presidente eleito para o Conselho Municipal foi Dionísio Auzier Bentes.[168] Após da Revolução de 1930, o primeiro Intendente de Belém foi Ismael de Castro. Após a reconstitucionalização de 1945, os municípios voltarem a ter o direito de eleger seus prefeitos (conforme ei Federal 1 645 de 1952), tendo ocorrido a primeira eleição em Belém, em 27 de setembro de 1953, quando venceu Celso Carneiro da Gama Malcher. Com o processo de redemocratização nacional iniciado em 1985, após o golpe de 1964, Belém elegeu, nesse mesmo ano, Fernando Coutinho Jorge como prefeito da capital paraense.[168]

Conforme a Lei Orgânica Municipal (baseado no Estatuto da Cidade de 2001), o Poder Público Municipal tem como prioridades básicas a elevação da qualidade de vida e a redução das desigualdades sociais entre as periferias e as regiões urbanas do município, através de ações do projeto "cidade integral", definidas em diretrizes estratégicas nas áreas de "menor índice de qualidade de vida", que vem sendo construída através da participação popular e controle social.[169] A Lei Orgânica também institui as diretrizes gerais para a elaboração orçamentária para o exercício financeiro do município, relativas às despesas com pessoal e encargos sociais e as possíveis alterações na legislação tributária.[169]

Cidades-irmãs

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O município de Belém possui, ao todo, sete cidades-irmãs;[170] a saber:

Subdivisões

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Baseado no Plano Diretor Urbano de Belém (Lei 8 655)[106][171] que instituí o aumento da autonomia municipal e uma gestão mais democrática de desenvolvimento urbano,[171] configurou-se o município em 71 bairros oficiais, distribuídos em oito unidades básicas de planejamento, nomeadas Zonas ou Distritos Administrativos, a saber:[171][172] Belém (DABEL); Benguí (DABEN); Entroncamento (DAENT); Guamá (DAGUA); Icoaraci (DAICO); Mosqueiro (DAMOS); Outeiro (DAOUT), e; Sacramenta (DASAC).[106][171]

Distritos administrativos Nº de bairros Bairros  
Centro (DABEL) 8 Batista CamposCampinaCidade VelhaMarcoNazaréRedutoSão BrásUmarizal
Benguí (DABEN) 8 Benguí • Cabanagem • Coqueiro • Parque VerdePratinha • São Clemente • Tapanã • Una
Entroncamento (DAENT) 10 Águas Lindas • Aurá • Castanheira • Curió-Utinga • Guanabara • MangueirãoMarambaiaSouza • Universitário • Val-de-Cans
Guamá (DAGUA) 6 CanudosCondorCremaçãoGuamáJurunasMontese (Terra Firme)
Icoaraci (DAICO) 9 Águas NegrasAgulhaCampina de IcoaraciCruzeiroMaracacueiraParacuriParque GuajaráPonta GrossaTenoné
Mosqueiro (DAMOS) 19 Aeroporto • Ariramba • Baía do Sol • Bomfim • Carananduba • Caruará • Chapéu Virado • Farol • Mangueiras • Maracajá • Marahú • Murubira • Natal do Murubira • Paraíso • Porto Arthur • Praia Grande • São Francisco • Sucurijuquara • Vila
Outeiro (DAOUT) 4 Água Boa • Brasília • Itaiteua • São João do Outeiro
Sacramenta (DASAC) 7 Barreiro • Fátima • Maracangalha • MiramarPedreiraSacramentaTelegráfo
Total 71

Economia

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Atividades Econômicas em Belém - (2021)

Na época colonial, semelhantes a outros núcleos portugueses do litoral atlântico, a atividade econômica, na Amazônia, iniciou-se com a lavoura da cana-de-açúcar, que não progrediu devido às dificuldades naturais da mata e dos rios. Mesmo assim, alguns engenhos reais foram construídos, em Belém, no atual bairro da Cidade Velha (antes chamado de Cidade), ao norte do então Igarapé do Pyri (do Arsenal da Marinha ao Ver-o-Peso). A partir de 1823, devido a escassez de mão-de-obra, alguns engenhos foram levados a fabricar aguardente devido seu maior consumo e valor, a mudar para propriedades de menor porte, denominados molinetes.[173] Instalados do outro lado do Igarapé do Piri, devido proibição de serem vizinhos dos engenhos reais do bairro, formando-se ao sul do igarapé, contornando a Baía do Guajará, formando o bairro da Campina (cuja divisa era a então Travessa São Mateus, atual Padre Eutíquio).[173] Com o fechamento das lavouras da cana-de-açúcar, os portugueses, especialmente os religiosos, com a ajuda dos índios domesticados, iniciaram a coleta das "drogas do sertão” (plantas medicinais e aromáticas) que se estendeu até o século XIX, utilizando os rios como vias de acesso, em cujas margens surgiram os primeiros povoados e vilas da região, a partir das missões, quartéis e fortalezas.[173] A partir do século XX, a economia belenense baseia-se primordialmente nas atividades do comércio e serviços, contando com os portos brasileiros mais próximos da Europa e dos Estados Unidos, embora na região metropolitana seja também bem desenvolvida a atividade industrial (no ramo alimentício, naval, pesqueiro, metalúrgico e, químico),[174] que juntamente com o município de Barcarena, integra o segundo maior parque industrial da Amazônia.[174] Também no distrito de Icoaraci, distante cerca de 20 km de Belém, a economia fortaleceu a cultura, abrigando o maior polo de produção artesanato em cerâmica marajoaras e tapajônicas país, resguardando outra característica da região.[175] A Feira do Paracuri, localizado na orla do distrito em plena margem da baía do Guajará.[176][177]

 
Panorama da cidade de Belém
 
Porto com o Mercado Ver-o-Peso ao fundo
 
Sede do banco Banpará em Belém
 
Vista do Porto de Belém

Atualmente, as produções da agricultura urbana centram-se no cultivo de produtos tradicionais (típicos/culturais), como espécies frutíferas, sendo eles: Açaí (45,2%), Macaxera (41,9%), Cupuaçu (35,5%) e Maxixe (25,8%), em alguns casos temperos e hortas,[178] provenientes da agricultura das comunidades ribeirinhas que moram na área Insular de Belém (composta de quarenta e duas ilhas).[179] Embora com destaque a estes produtos, outros também estão aparecendo no contexto do município: Carirú, Côco e Cheiro Verde.[178] Diante desta perspectiva, a agroindústria parece ser uma possibilidade promissora, mas dividida em vários pequenas unidades de produção, devido a mão de obra local não ser abundante e as áreas terem limitações ambientais (Áreas de Proteção Ambiental - APA e Refúgio de Vida Silvestre - Revis).[178] Baseado nesta possibilidade, em 2016 o Ideflor-bio (Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará) iniciou o Projeto Agrovárzea, afim de incentivar a agricultura familiar e o turismo rural em comunidades de populações tradicionais nas Áreas de Proteção, nos Refúgios Silvestre e, na região insular da capital (como em Combú, Sítio Bom Jesus, Abacatal, Santo Amaro e, Ponta Negra).[180]

O Agrovárzea cria Unidades de Referência Tecnológica (URT), com atividades referentes ao manejo adequado de sistemas agroflorestais, priorizando a diversificação da produção e focado nas espécies nativas, junto à conservação da biodiversidade e geração de renda através da venda direta, principalmente na ilha do Combu.[180] Também, promove aos participantes outras atividades, como intercâmbios de métodos, vivências rurais, feiras em instituições e capacitações abordando temas como elaboração de roteiro turístico e hospitalidade.[180] Em 2016, em paralelo ao projeto, a Prefeitura de Belém fez convênio de cooperação com a Agência de Inovação Tecnológica (Universitec) da Universidade Federal do Pará (UFPA), levando as ilhas do estuário de Belém, capacitação tecnológica para o incentivo da cadeia produtiva do açaí e do cacau, aproveitando os conhecimentos tradicionais na ilha do Combu, onde se produz chocolates e licores,[181] nas várzeas orgânicas de cacau.[182] Um desenvolvimento sustentável dos ribeirinhos que trabalham com produtos da biodiversidade local, que ganham espaços no mercado internacional.[182]

Outra frente nas ilhas foram desenvolvidas para beneficiar toda a cadeia produtiva da agricultura familiar, em um ciclo que vai desde o processo de produção até a comercialização: desenvolvimento das agriculturas familiares, da produtos orgânicos e do frango verde, (sem antibióticos, fortalecedores, ou quimioterápicos); Financiamento para unidades habitacionais e melhorias das instalações, compatíveis com as atividades de produção; Projeto Polo Gastronômico da Amazônia, que dá concessão de incentivos fiscais para que empresários do ramo de alimentação comprarem produtos oriundos das ilhas; Indicação nos cardápios a localização do produtor para passeios no plantio, que inclui café da manhã e observação de plantas nativas como a andiroba, a pupunha, o cupuaçu e a gigantesca samaumeira;[181] Produzir as merendas escolares da rede municipal de ensino com os produtos das ilhas.[182]

Na ilha de Jussara, no furo do Maracujá, a extração do açaí é a principal atividade econômica da agricultura familiar com o projeto de Colheita Comunitária dos Açaizais.[183][184] Com uma exploração racional (cultura do manejo): uso de forma programada seguindo os princípios agroecológicos; destinando à comercialização do palmito apenas as árvores que não frutificam com qualidade; redução de perdas com descarte adequado conservando espécies nativas que proporcionam a alimentação dos animais.[184] Garantindo a renda familiar durante todo o ano e,[183] um ganho de quase 80%.[184] Antes da aplicação da cultura do manejo, na entressafra o preço da rasa do açaí (28 quilos) ultrapassava R$ 250 e, nos períodos de colheita, uma unidade de plantio pode render lucros de cerca de R$ 1 500 por semana.[185] Mas o destaque é a ampla participação feminina no processo,[183][184][185][186] iniciado em 1990 com o "Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém" (MMIB) e com a nova ruralidade, que abrange as ilhas no entorno de Belém (principalmente Cotijuba, Nova, Jutuba, Paquetá, Tatuoca, Urubuoca).[187] Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) as mulheres são as responsáveis por negociação do crédito rural junto às instituições assistenciais e agentes financeiros, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).[183] Complementando a renda, o Movimento de Mulheres realiza: produção e venda de priprioca (erva aromática e medicinal com perfume amadeirado) para a empresa Natura; confecção de biojoias com conchinha, palha da costa, folha de ajirú e semente de açaí, e; Turismo de Base Comunitária (TBC).[188] A biojoia é fruto do projeto profissionalizante “Escola Ribeirinha de Cotijuba”, em parceria do Instituto Peabiru com a loja Renner e a designer Tita Maria.[189]

O funcionamento da Feira do Açaí (localizado atrás do Forte do Castelo), é sempre nas madrugadas, com desembarque de toneladas de açaí em grandes cestas de palha retiradas das dezenas de embarcações que ali ancoram.[190] De onde segue para ser processado nos bairros da capital e, próximo ao amanhecer parte em viagem para o restante do Brasil. Nos bairros o fruto passará por uma despolpadeira até se transformar em um caldo grosso chamado "vinho do açaí”.[190] O estado do Pará produz cerca de 820 mil toneladas de açaí ao ano, corresponde a 85% da produção nacional, tornando-se o maior produtor do país[191]

 
Interior do Shopping Pátio Belém

Os maiores centros comerciais da cidade por área bruta locável (ABL) são: Shopping Bosque Grão Pará (44.682 m² de ABL),[192] Castanheira Shopping Center (42,5 mil m²),[193] Boulevard Shopping (40 000 m²),[192][194] o Shopping Pátio-Belém (37 179 m²) e,[192] Parque Shopping Belém (31 275 mil m²).[192] Entre os principais mercados municipais, está o pioneiro Mercado do Ver-o-Peso (1688) (tradicionalmente chamado de Verópa), visitado por 50 000 pessoas que movimentam 1 milhão de reais diariamente, aclamado como o símbolo da cidade e[195][196] como uma das 7 maravilhas brasileiras via voto popular.[74] Este abastece a cidade com produtos alimentícios do interior fornecidos por via fluvial, que Inicialmente era um entreposto fiscal em 1625,[7][51] que arrecadava os impostos das mercadorias que saiam ou chegavam à Amazônia.[52] Composto pela Feira do Açaí, as praças do Relógio (relógio inglês),[197] do Pescador e, dos Velames, o Solar da Beira e os mercados de Peixe ou de Ferro (como era conhecido o Ver-o-Peso) e o de Carne ou Bolonha (importado da Inglaterra). Outro ponto comercial e histórico importante é o Mercado de São Brás, onde comercializam artesanato, produtos agrícolas, domésticos e vestuário.[198] Localizado na Praça Floriano Peixoto, próximo à antiga estação da Ferrovia Belém Bragança,[198] construído em 1911 em estilo arquitetônico art nouveau e neoclássico, em função da grande movimentação comercial gerada pela ferrovia e política do intendente Antônio Lemos de descentralização do abastecimento da cidade expandindo aos bairros.[198]

Em 2002, um antigo presídio da capital (1749) após reformado deu lugar ao Espaço São José Liberto (atual Museu de Gemas do Pará, Polo Joalheiro e Casa do Artesão), referência para o mercado joalheiro nortista por conta das joias em ouro e gemas produzidas por designers paraenses, além da exposição das cerâmicas: marajoara, tapajônica e muiraquitã que chegam a ter até 500 milhões de anos de história geológica.[199][200] Em 2007, devido o crescimento populacional da região metropolitana e carência de um centro público de convenções e exposições de grande porte, foi construído o Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, com área de 24 mil m²,[201] aproveitando a estrutura de um antigo hangar de aeronaves (grandes vãos livres e pé direito monumental).[202]

Turismo

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 Ver artigo principal: Cultura e turismo de Belém
 
NHo Garnier Sampaio (H-37) liderando a romaria fluvial do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em 2005

Por ser um dos municípios mais antigos da Amazônia e devido suas boas condições infraestruturais, como o Aeroporto Internacional, Estádio Olímpico com arena poliesportiva e centros de convenções (Hangar e Centur), Belém é palco de grandes eventos.[203] Estando entre as 10 cidades brasileiras mais citadas para a realização deste tipo de negócios, de acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE/FBC&VB (2002), possuindo, além da gastronomia, diversas atrações de lazer e turismo na Região Metropolitana.[204][205][206]

A capital paraense desponta como sendo a segunda cidade mais visitada da Amazônia no ramo turístico, rica em construções históricas e importantes fortificações, aliado a natureza.[207] Proporciona diversas opções fixas de cultura e lazer, tanto em eventos culturais como religiosos de grandes dimensões, como: o Círio de Nazaré, a bicentenária e maior procissão cristã do país, reunindo mais de 2 milhões de pessoas, ocorrendo o aquecimento da economia local e na produção industrial;[148] a anual Feira Pan-amazônica do Livro (quarta maior brasileira do gênero); o maior evento empresarial anual do norte, a Feira Supernorte (com 45 mil participantes); FITA - Feira Internacional de Turismo da Amazônia (com 18 mil participantes); a cidade começa a explorar o mercado da moda com os eventos anuais Belém Fashion Days e a Amazônia Fashion Week (maior evento de moda da região Norte).[174][208]

Além dos pontos turísticos mais conhecidos, existem tranquilas opções de lazer nas 18 ilhas que cercam a capital, lar de ribeirinhos e de uma natureza preservada, onde pequenas canoas carregam frutos e peixes para a cidade.[181] Ao atravessar o rio Guamá em cerca de 20 minutos, a transição entre cidade e natureza é evidente, com os sons da floresta acompanhados por uma temperatura amena.[181] Frequentadas no fim de semana, no horário do almoço até o entardecer, onde banham-se ao rio e degustam pratos típicos em cerca de 12 restaurantes, destacando-se as ilhas do Combu e a dos Papagaios, onde ocorre uma revoada de aves ao amanhecer (espécie Amazona amazonica).[181] Para os que dispõem de mais tempo, existe as ilhas de Mosqueiro (com 17 km de praias de água doce com movimento de maré - “o rio com ondas”)[209] e Outeiro, mais distantes.[181]

Infraestrutura

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Requalificação urbana

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Área revitalizada da Estação das Docas

A partir de 1995, iniciou o Movimento Orla Livre, que debate sobre a ocupação irregular das margens do rio Guamá e da Baia do Guajará, com 30 km de extensão, foi sendo apropriada por inúmeros portos, estancias e, palafitas desde o ciclo da borracha.[210] Lutando para o usufruto por parte da população com projetos urbanísticos de espaços de lazer e cultura, turismo, da valorização do patrimônio histórico e habitação com sustentabilidade, requalificando o ambiente urbano e modernização portuária (Plano de Gestão Integrada da Orla de Belém, Plano Diretor Urbano, Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS. Áreas de Preservação Permanente - APP).[211][212]

Neste sentido foram construídos, inicialmente: o complexo Ver-o-Rio - na antiga desembocadura do Igarapé das Almas[213] - que alia contemplação da natureza com contribuição econômica e amostra da cultura gastronômica.[214] a Praça Princesa Isabel e; a Vila da Barca, em um processo de valorização e apropriação de áreas na orla da cidade, seguindo a determinação do Estatuto da Cidade (lei 10 257/2001)[215] A atuação do Orla Livre intensificou-se durante os anos de 2012 a 2014, combatendo a implantação de vários projetos imobiliários residenciais às margens do rio Guamá e da Baía do Guajará, que são Áreas de Preservação Permanente (APP).[211]

No ano de 2000 outras iniciativas ganharam destaques, como: a Estação das Docas; armazéns de ferro do antigo porto construídos em 1902 administrado pela Companhia Docas do Pará (CDP), foram transformados em espaço de turismo, cultura e gastronomia,[210] (adicionando mais 540 metros de orla livre para a cidade), seguindo a tendência urbanística das cidades de Nova York e Buenos Aires;[210] o Parque Zoobotânico Mangal das Garças, resultado de uma intervenção, concluída em janeiro de 2005 próximo ao centro histórico, em uma antiga área alagadiça com extenso aningal de 40 mil m² às margens do Rio Guamá,[216] onde atualmente são registradas mais de 300 mil visitas ao ano, no espaço com restaurante, viveiro de aningas e borboletas,[217] macrorregiões florísticas do Pará; Portal da Amazônia.[216] cuja execução iniciou-se em dezembro de 2006, com intervenção territorial de 6 km de extensão ao longo do rio Guamá.[212]

Transportes

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Aeroporto Internacional de Belém

Conforme o Plano Diretor Urbano de Belém (Lei 8 655),[106][171] uma subdivisão do bairro Universitário, classificada como Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), estabelecida a partir da década de 1960 com a expansão urbana em direção à periferia, preparada para receber ações de urbanização e regularização fundiária.[106] Que a partir de 2013, recebeu ações do Programa Proinveste de melhoria no ordenamento espacial e na mobilidade urbana, com o prolongamento e duplicação de avenidas (Independência, João Paulo II, Perimetral da Ciênca) que ligam o centro da cidade aos municípios do interior.[218]

Em 2018, Belém possuía uma frota de 451 776 veículos no total, sendo 231 131 automóveis, 120 936 motocicletas, 18 800 motonetas, 29 167 camionetes, 18 342 camionetas, 8 859 caminhões, 3 814 ônibus, 2 097 micro-ônibus e 1 101 caminhões-trator, além de 10 440 outros tipos de veículos.[219]

O Aeroporto Internacional de Val-de-Cans em Belém fica a 12 km do centro da cidade, operando com a capacidade de atender a 2,7 milhões de passageiros ao ano, obtendo em 2007 um movimento operacional de 2 119 552 passageiros. Sendo responsável pelo incremento do turismo, escoamento da produção e captação de investimentos. Conta com uma arquitetura futurista, projetada para aproveitar a iluminação natural e tem seu interior ornamentado com plantas da região amazônica que se encontram em uma fonte que imita o barulho da chuva abundante na região. Possui estacionamento para aeronaves com 11 posições e 700 vagas para veículos.[220]

Saúde

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Sede do Instituto Evandro Chagas

A Secretaria Municipal de Saúde de Belém (SESMA) é a gestora do Sistema Único de Saúde (SUS) em âmbito municipal, tendo as funções de elaborar, executar, monitorar e avaliar as políticas públicas de saúde, com cobertura descentralizada nos oito distritos administrativos e articuladas com o governo estadual e federal. O Plano Municipal de Saúde (PMS), referente ao Plano Plurianual de Governo (PPA) do quadriênio 2018-2021, é o instrumento norteador das ações e serviços locais de saúde, denominado Programações Anuais de Saúde (PAS).[221]

Desde 2020, a rede básica de saúde do SUS Municipal conta com dois hospitais Pronto Socorro, um Hospital de retaguarda, um hospital Geral no distrito de Mosqueiro, atendimento domiciliar com equipes de EMAD e EMAP, cinco UPAs, 107 ESF, onze NASF, 54 USF e 29 UBS (sendo nove com serviço de urgência). A rede de atendimento de doenças crônicas é composta pelos hospitais: Ophir Loiola, Universitário João de Barros Barreto, Santa Casa de Misericórdia do Pará, Gaspar Viana, Dom Luiz; Casa do Idoso.[221]

Em 2017, o município possuía uma taxa média de mortalidade infantil, entre menores de cinco anos de idade, de 13,55 óbitos para cada mil nascimentos, sendo registrados 19 409 nascidos vivos.[222]

Educação e ciência

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Biblioteca Central Clodoaldo Beckmann, da Universidade Federal do Pará (UFPA)

Um estudo publicado pela revista Exame/Macroplan aponta Belém como a quarta pior capital do Brasil quando se trata de educação. O estudo baseia-se nos dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que mede a habilidade dos alunos em matemática, ciências e leitura.[223] Entre as capitais estaduais, Belém ocupa a 23ª posição, com índice em educação de 0,369, ficando à frente apenas de Macapá, Porto Velho e Maceió.[223]

Em relação ao ensino superior, a Universidade Federal do Pará (UFPA) foi eleita a melhor universidade do estado e da região Norte em 2013, segundo o Índice Geral de Cursos.[224][225] Há seis universidades públicas ou institutos sediados em Belém, a saber: Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (CIABA),[226] Instituto Federal do Pará (IFPA), Universidade do Estado do Pará (UEPA), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).[227]

 
Sede do Colégio Gentil Bittencourt
 
Instituto Estadual Carlos Gomes

Belém possui algumas bibliotecas públicas, a saber: Biblioteca Central da Universidade Federal do Pará, Biblioteca Clara Galvão, Biblioteca Irmãos Guimarães, Biblioteca do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Biblioteca Municipal Avertano Rocha e Biblioteca Pública Arthur Vianna.[228]

Conforme o Plano Diretor Urbano de Belém (Lei 8 655),[106][171] os espaços institucionais se destacam no cenário do município, com maior concentração na parte sul, mas especificamente no bairro Universitário (distrito DAENT), classificada como Zona Especial de Interesse Ambiental (ZEIA), vetado para fins habitacionais, destinadas as instituições de ensino e pesquisa que se estabeleceram partir da década de 1960 com a expansão urbana em direção à periferia,[106] a saber: Companhia de Pesquisa dos Recursos Minerais (CPRM); Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Oriental); Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Pará (Prodepa); Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA); Universidade Federal do Pará (UFPA); Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa); Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte); Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá (PCT-Guamá);[106] Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP); Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi.[229]

REDECOMEP, uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), com objetivo de implementar nas regiões metropolitanas brasileiras uma rede de fibra óptica unindo instituições de pesquisa e de educação superior.[230][231] Desde 2007, na região Metropolitana de Belém temos a ramificação Rede Metropolitana de Educação e Pesquisa Metrobel com uma extensão de 52 quilômetros.[231]

Comunicação

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Atual sede do jornal O Liberal, localizado no bairro do Marco

Na área de telefonia, a cidade é reconhecido no serviço de "Discagem Direta a Distância (DDD) pelo código de área 91. O setor de comunicação em Belém e no Pará tem como principais atuantes dois conjuntos de empresas familiares (duopólio), a saber: A família Maiorana,[232] proprietária do conglomerado de mídia Grupo Liberal, composta pela emissora televisiva TV Liberal (retransmissora da Rede Globo),[233] rádios Liberal AM e FM, os jornais impressos O Liberal e Amazônia, e a empresa de eventos Bis Entretenimento; A família Barbalho,[232] proprietária do conglomerado de mídia Grupo Rede Brasil Amazônia, composta pela emissora televisiva RBA TV (retransmissora da Rede Bandeirantes),[233] das rádios Clube, 99FM e Diário FM e do jornal impresso Diário do Pará.[234][235] Também há outros jornais em menor circulação na cidade, entre eles A Província do Pará, de publicação quinzenal, pertencente ao Grupo Marajoara (de propriedade do radialista e empresário Carlos Santos), e o independente Jornal Pessoal, do jornalista Lúcio Flávio Pinto.[236][237][238]

Outros veículos de comunicação em Belém são rádios, jornais impressos de menor circulação e emissoras televisivas, que em sua maioria atuam apenas como retransmissoras, sem a inserção de programação local, onde os canais abertos disponíveis são: Rede Cultura do Pará (TV Cultura), Boas Novas Belém (Boas Novas), SBT Pará (SBT), RecordTV Belém (RecordTV), TV Grão Pará (TV Gazeta), TV Metropolitana (Rede Brasil), Rede Vida, Record News, TV Ideal, TV Aparecida, TV Nazaré, TV Canção Nova, RIT, Rede Mundial, RedeTV! Belém (RedeTV!) e TV Novo Tempo. As transmissões digitais na região iniciaram em julho de 2009, com a emissora RBA TV (no padrão ISDB-TB, serviços de HDTV e one-seg).[239]

Cultura

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 Ver artigo principal: Cultura e turismo de Belém

Música e dança

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Banda Calypso durante o "Show da Emancipação", em 2009
 
Gaby Amarantos foi a pioneira do gênero ainda como líder da Banda Tecno Show, em 2002
 
Fafá de Belém em 2022
 
Pinduca, músico de carimbó

Devido sua posição geográfica estratégica, Belém foi rota de muitas companhias de navegação internacionais durante o Ciclo da Borracha, na década de 1950 ocorreu a "rede de difusão cultural transatlântica", que levou ao aparecimento das aparelhagens sonoras, das festas de gafieiras e dos cabarés, que contribuíram para a chegada da música afro-latino-caribenha (boleros e merengues) e início do circuito bregueiro na cidade[240] Os ritmos mais populares são o calypso, brega paraense, tecnobrega, carimbó e, a guitarrada.[241] Fortalecendo na década de 1970, quando as rádios populares de Belém começaram a captar sinais de países como Suriname, Guianas e Bolívia, difundindo a cúmbia, merengue, salsa, zouk, unificando tudo no gênero musical da lambada.[242]

Até o final da década de 1950, o carimbó era visto apenas como uma manifestação folclórica, sendo que nesse mesmo período a maioria dos compositores estavam nas cidades do interior paraense.[243] Após um período de proibição governamental no município de Belém (Lei No 1 028)[244][245] devido origem indígena e negra, o carimbó ressurgiu como um autêntico ritmo musical "amazônida parauara" (chamado também por "samba de roda do Marajó" e "baião típico de Marajó"),[246] e como uma das principais fontes rítmicas (matriz) de gêneros contemporâneos como o tecnobrega.[246]

O processo de popularização do carimbó ocorreu do interesse de setores estudantis e de classe média politizada,[247] envolvidos nos debates de experimentação estética e artística das décadas de 1960 (moderna música popular brasileira), inaugurado com o aparecimento da Bossa Nova e os movimentos antigolpe de 1964.[74][247] Em Belém, foram realizados vários eventos musicais até a década de 1970, como por exemplo: em 1967 o Festival de Música Popular Paraense; o festival da Casa de Juventude Católica (CAJU), e; em 1968/1969 uma série de festivais universitários,[74] gerando grupos folclóricos e bandas de baile, popularizando-se também nas rádios.

O carimbó sofreu influências, passando de tradicional para um ritmo moderno, com a adição de instrumentos elétricos (como a guitarra),[248] entrando assim no circuito cultural mais amplo da indústria regional, quando gravações em long play explodiram, assim como as apresentações na televisão e nas rádios,[249] levando alguns artistas a terem reconhecimento no cenário nacional e internacional.[247][250] A exemplo dos músicos compositores: Lucindo,[251] Pinduca, Arraial do Pavulagem, Cupijó e, Verequete.[252]

Na década de 1990 a lambada deu lugar a outros ritmos mais vendáveis nacionalmente, surgindo o brega pop (criação dos radialistas Jorge Reis, Rosenildo Franco e Marquinho Pinheiro para diferenciar o brega paraense).[242] Nomes como compositores Tonny Brasil, Kim Marques, Adilson Ribeiro, Alberto Moreno, Edílson Moreno, Wanderley Andrade e Nelsinho Rodrigues tornaram-se figuras conhecidas nas rádios.[242] Nessa época, produtores nas periferias da cidade passaram a gravar o brega e a lambada com batidas e melodias eletrônicas em CDs caseiros, que foram impulsionados pela venda em camelôs, transformando em sucessos no Norte e no Nordeste brasileiro ritmos como o tecnobrega, brega pop e o calypso.[253]

Em 2014, o ritmo carimbó tornou-se patrimônio Cultural Imaterial brasileiro, aprovado por unanimidade no IPHAN.[254][255][256] Esta expressão espalhou-se também pela Região nordeste do Brasil[252] nas últimas décadas. O dia 26 de agosto anualmente é celebrado como o Dia Municipal do Carimbó e foi instituído em 2004.[257]

Atrações e eventos

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O início do carnaval paraense datam de 1695 a 1844, marcados pela celebração do entrudo trazido pelos colonizadores portugueses.[258] Seguido pelo pós-entrudo ou era do samba de 1844 a 1934, com baile de máscaras, batalha de confetes e, corso carnavalesco.[258] Ao contrário dos grandes centros urbanos brasileiros, Belém não possui uma tradição carnavalesca com desfile de agremiações.[259] Assim, para não coincidir com a Região Sudeste do país, os desfiles locais são realizados antes da data nacional, na Aldeia de Cultura Amazônica Davi Miguel, semelhante aos Carnavais de Vitória e Santos.[260]

Ao chegar o carnaval, a cidade esvazia, devido a maior parte da população se deslocar ao interior do estado do Pará para curtir os blocos carnavalescos,[259] com destaque aos municípios de Abaetetuba, Cametá, Colares, Curuçá, Vigia e, Tucuruí.[261] Mas em contrapartida, o festejo do carnaval inicia na primeira semana de janeiro, com o Pré-carnaval da Cidade Velha,[262] uma realização da Liga dos Blocos da Cidade Velha (LBCV),[263] com o circuito dos blocos guiados por trios elétricos concentrados na Avenida Almirante Tamandaré.[262] Em 2020, seis produtoras locais se uniram para realizar o Circuito Mangueirosa, projeto de entretenimento com objetivo de resgatar o Carnaval paraense durante o pré-carnaval e,[259] divulgar a diversidade musical da região,[259][264] incluindo 50 atrações, divididas em três etapas diárias: iniciando com a etapa Pitiú, atrações no palco aberto; seguido de um cortejo guiado por trio elétrico, chamado Revoada; finalizando com o Banzeiro, um festejo indoor pago.[259]

Patrimônio arquitetônico e espaços culturais

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Casarões coloniais da rua Marquês de Pombal, na Cidade Velha
 
Praça do Relógio
 
Interior do Theatro da Paz

Em 1940, ocorreram os primeiros tombamentos do patrimônio arquitetônico (de valor histórico-cultural) realizados via Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), reconhecendo a Coleção Arqueológica e Etnográfica, do Museu Paraense Emílio Goeldi,[154] que possui aspectos sobre a ocupação pré-colonial da Amazônia Oriental.[265] Em 1941, seguindo a proposta modernista de construção de uma identidade nacional, foram escolhidos os períodos colonial e o barroco como representes da arte e arquitetura brasileira, tombando neste sentido as seguintes igrejas: Sé, Carmo, São João Batista, Mercedários e, Santo Alexandre.[154][265]

Nas décadas de 1970 e 1980, os tombamentos completam alguns conjuntos arquitetônico do século XIX e XX, como: o Palacete Pinho; as avenidas José Malcher e Nazaré,[154] formado por sobrados azulejados, forma de moradia mais modesta;[265] o Ver-o-peso e áreas adjacentes, que inclui os mercados municipais e as praças Pedro II e do Relógio,[19][266] por conter um relógio inglês inaugurado em 1930 em homenagem a Antonio de Silveira Campos (revolucionário do Forte de Copacabana).[267]

Em 1981 foi tombado o Engenho Murutucu,[154] onde produziam cana-de-açúcar no século XVII.[268][269] Sendo na época uma obra de engenharia rural amazônida inovadora, contando com sistema de força por maré represada.[270] Destaca-se no local, a Capela Carmelita da Conceição de 1711,[269][271] cuja reforma foi realizada por Antônio Landi, que incorporou traços neoclássicos.[272][273]

A partir do ano 2000, o Instituto do Patrimônio protegeu algumas das principais manifestações culturais e/ou religiosas do estado,[265] como: o Círio de Nazaré (também patrimônio da humanidade na UNESCO) e, o Carimbó, ritmo e dança nortista.[265] Em 2012, foi a vez do conjunto arquitetônico dos bairros Cidade Velha e Campina e,[154][265] do Largo das Mercês e sua área de entorno, conhecido por Núcleo Histórico de Belém (ou Complexo Feliz Lusitânia),[19] na região leste da cidade, que concentra a maior parte do patrimônio[274] com mais de duas mil edificações tombadas, dentre: palacetes, palácios, sobrados e, casas comerciais.[19] Reconhecendo a importância e a dimensão do conjunto com toda a sua trajetória e transformações.[265] Contempla também a Catedral Metropolitana, igreja das Mercês, sede da prefeitura, praça Frei Caetano, Casa das Onze Janelas, Corveta Museu Solimões e Igreja de Santo Alexandre (Museu de Arte Sacra).[275]

Existem outras atrações turísticas em Belém, como:[276][277] a Basílica de Nazaré (1909), o bonde elétrico, Ver-o-Peso, Ver-o-Rio,[214][278] Palácio Antônio Lemos (1883);[279] Planetário Sebastião Sodré da Gama (1999); Praça Batista Campos (1904); Theatro da Paz (1878).[23]

 
Palacete das Onze Janelas
 
Espaço São José Liberto

Na década de 1950, iniciou o movimento regional e popular parauára "Raio Que o Parta" - predominantemente nos município de Belém, Cametá, e Soure - objetivando trazer a região as novidades da arquitetura modernista que ocorrerá no sudeste do Brasil[280] (os estilos Art Nouveau e Art Déco foram os antecedentes da arquitetura local) quando os mestres de obra e engenheiros civis tentaram modernizar as construções das residências burguesas ou edifícios públicos, inovando com a criação de mosaicos de azulejo nas fachadas (principalmente na platibanda).[280] O uso do azulejo era um material comum nas construções dos burgueses, mas tinha um valor elevado. Em contrapartida os cacos de azulejos que eram rejeitados nas obras, passaram a ser usado pela população carente, demonstrando ser possível ter modernidade com baixo custo e criatividade.[280] Na maioria das obras, os mosaicos formavam figuras geométricas com linhas semelhantes à raios, em referência às formas modernistas. Fazendo parte de uma "produção não oficial" que caracterizava a maioria das metrópoles do terceiro mundo, sendo assim tachado de modismo e não erudito.[280] Este também se manifestou por meio de outros elementos estéticos, como molduras de janelas com laterais inclinadas; pestanas protegendo portas e janelas; telhado inclinado para dentro do terreno; painéis em combongós cimentados ou esmaltados em cores fortes; apoio de marquises e coberturas com colunas em forma de "V"; em muretas e em contornos de jardineiras.[280]

Também há diversos museus no município, a saber: Corveta Museu Solimões, Museu das Onze Janelas (artistas do século XX), Museu da Primeira Comissão Demarcadora de Limites, Museu da Santa Casa de Misericórdia, Museu da Universidade Federal do Pará, Museu de Gemas do Pará, Museu de Artes de Belém, Museu de Arte do CCBEU, Museu de Artes Populares, Museu de Arte Sacra, Museu do Círio, Museu do Estado do Pará no Palácio Lauro Sodré;[279] Museu do Forte do Presépio, Museu do Judiciário, Museu Naval da Amazônia, Museu da Navegação e Museu do Porto de Belém.[155] O Parque Zoobotânico Museu Paraense Emílio Goeldi criado outubro de 1866, é a mais antiga instituição de pesquisas da Amazônia,[281] situado no centro urbano com uma área de 5,2 hectares.[282]

Pintura

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Uma tradição familiar tipicamente ribeirinha enriquece a cultura e embeleza os barcos da região, através dos artistas tipográficos Abridores de Letras, que batizam as embarcações pintando os nomes com uso de letras coloridas e decoradas,[283] para justamente chamar a atenção.[284] Assim em 2014, foi criado o projeto “Letras que Flutuam” na Universidade Federal do Pará via edital Amazônia Cultural, que identificou 41 pintores nos municípios de Belém, Barcarena, Abaetetuba, e Igarapé-Miri;[284][285] com o objetivo de conscientizar a nova geração a preservar e expandir para outras áreas essa tradição que está enfraquecida.[285]

A origem dessa arte tipográfica ocorreu em um intercâmbio gráfico, através de visualizações da arte nas embarcações entre os municípios ribeirinhos, onde o abridor de letras era influenciado ao ver a pintura de outros artistas durante as navegações.[285]

Culinária

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 Ver artigo principal: Culinária do Pará
A culinária da capital possui diversas comidas típicas regionais. Dentre elas, o tacacá (esquerda), que caracteriza-se como uma iguaria típica da cozinha amazônica, assim como a fruta do açaí (direita)

A Belém gastronômica é um caldeirão de misturas étnicas, segundo o filósofo José Arthur Gianotti - tem sabores africanos, portugueses, alemães, japoneses, libaneses, sírios, judeus, ingleses, barbadianos, espanhóis, franceses e italianos, que chegaram à capital se encantaram com a cozinha nativa indígena – verdadeiramente brasileira - aos poucos foram incorporando seus ingredientes.[286]

A forte influência indígena, criou pratos típicos como: pato no tucupi, tacacá, maniçoba, tucunaré cozido, caruru, normalmente acompanhados com jambu e farinha dágua,[29] entre outras delícias como o açaí. Há quem diga que o sabor dos peixes e das frutas é realmente diferente. Os elementos encontrados na região formam a base de seus pratos e o sabor das sobremesas que enriquecem a mesa paraense. Destacam-se: açaí, bacaba, cupuaçu, castanha-do-pará, bacuri, pupunha, tucumã, muruci, piquiá e taperebá.[287][288][289] Aproveitando essas peculiaridades, a região faz grande divulgação da culinária, sediando o Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense e o Festival Internacional do Chocolate e Cacau Amazônia.[181]

O mais representativo prato típico do estado é degustar o vinho do açaí (versão pura da fruta) em uma cumbuca/tigela, com pouco açúcar (para não virar sobremesa), acompanhado de farinha d´água ou de tapioca e um elemento salgado e frito, como camarão, charque frito, peixe.[290][291] Este último muito encontrado nas barracas do Mercado Ver-o-Peso.[291] sendo escolhido símbolo da culinária através de voto popular durante o aniversário de 400 anos do município.[292]

Na cidade existe o restaurante Remanso do Bosque, um dos 50 melhores restaurantes da América Latina, sucesso devido um cardápio baseado em ingredientes típicos da Amazônia.[293][294]

Esportes

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Estádio do Pará (Mangueirão), durante o clássico jogo Re-Pa, com capacidade de 45 mil pessoas, sendo inaugurado em 1978
Arena Guilherme Paraense (Mangueirinho), inaugurada em 2016, com capacidade para 12 mil pessoas

Em Belém estão sediados os três principais clubes de futebol do Pará: Paysandu, Remo e Tuna Luso, conhecidos por sua rivalidade,[295] contabilizam 6 títulos nacionais, sendo: o Paysandu com dois títulos do Campeonato Brasileiro - Série B, uma Copa dos Campeões de 2002, Copa Norte e Copa Verde;[296][297] com o Remo com um Campeonato Brasileiro - Série C, três Copa Norte e um Campeonato Nacional Norte-Nordeste;[296][297] e a Tuna com um Campeonato Brasileiro - Série B e Série C.[298]

O Estádio Olímpico do Pará (conhecido por Mangueirão) projetado pelo arquiteto Alcyr Meira,[299][300] recebeu quatro jogos da seleção brasileira (1990, 1997, 2005 e 2011). Em 1999, obteve um público recorde de 65 mil pessoas na final do Campeonato Paraense entre Remo e Paysandu.[301][302]

Em 2002, Belém foi uma das quatro sedes brasileiras que receberam competições dos Jogos Sul-Americanos, sediando as disputas de Atletismo, natação, boxe e luta.[303]

Desde 2002, é realizado no Mangueirão o Grande Prêmio de Atletismo, quando em 2004 reuniu mais de 42 mil pessoas durante a apresentação dos atletas Maurren Maggi e Leonard Byrd, batendo recorde de público em competições na América do Sul.[304][305]

Belém também recebe a regata náutica Rallye Iles du Soleil ou Rallye Transamazone,[306] evento internacional anual que destaca o potencial turístico das cidades no percurso.[307]

Feriados municipais

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Os feriados municipais de Belém incluem o dia 8 de dezembro, que celebra a padroeira Nossa Senhora da Conceição (Lei 6 306 de 1967).[308] Além dos feriados, também o ponto facultativo com folga aos servidores que trabalham em órgãos públicos municipais, no dia 12 de janeiro, que celebra o aniversário de fundação do município.[309]

Ver também

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Notas

  1. Por ter sua estrutura de ferro, o Mercado Ver-o-Peso era inicialmente conhecido como "Mercado de Ferro"
  2. Citado na segunda seção “Maranhão Taboa Segunda” do "Pequeno Atlas do Maranhão e Grão-Pará" do cartógrafo João Teixeira Albernaz I por volta de 1630. Posteriormente recebera outros nomes: Estrada de Bragança, avenida Tito Franco e atualmente avenida Almirante Barroso.[85]
  3. Faixa etária da população de Belém, conforme IBGE: 19 853 habitantes (1,37%) menores de 1 ano de idade; 185 363 habitantes (12,81%) de 1 a 9 anos; 119 561 habitantes (8,26%) de 10 a 14 anos; 980 878 habitantes (67,83%) de 15 a 64 anos; 87 543 habitantes (6,05%) de 65 a 99; e 201 habitantes (0,01%) com 100 anos ou mais.
  4. Estimativa populacional da Região Metropolitana de Belém (RMB), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): 1950 - 242 000; 1955 - 303 000; 1960 - 378 000; 1965 - 477 000; 1970 - 601 000; 1975 - 726 000; 1980 - 827 000; 1985 - 966 000; 1990 - 1 129 000; 1995 - 1 393 000; 2000 - 1 748 000; 2010 - 2 335 000.

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