Batalha de Xangai
A Batalha de Xanghai (chinês tradicional: 淞滬會戰, chinês simplificado: 淞沪会战, pinyin: Sōng hù huìzhàn) ou Segundo Incidente em Xangai (em japonês: 第二次上海事変) foi uma grande batalha urbana travada entre o Império do Japão e a República da China, de agosto a novembro de 1937, na cidade chinesa de Xangai durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa. Foi a segunda batalha pela cidade e o primeiro dos vinte e dois confrontos principais travados entre o Exército Nacional Revolucionário Chinês e o Exército Imperial Japonês de 1937 a 1945.
Batalha de Xangai | |||
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Segunda Guerra Sino-Japonesa | |||
Soldados nacionalistas chineses entrincheirados. | |||
Data | 13 de agosto – 26 de novembro de 1937 | ||
Local | Xangai e regiões vizinhas | ||
Desfecho | Vitória japonesa | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Os japoneses finalmente venceram após mais de três meses de extensos combates em terra, no ar e no mar. Ambos os lados acusaram-se mutuamente de usar armas químicas durante a batalha, tendo sido confirmado que as forças japonesas utilizaram ilegalmente gás venenoso pelo menos treze vezes.[1][2] O historiador Peter Harmsen afirmou que a batalha "pressagiou o combate urbano como seria travado não apenas durante a Segunda Guerra Mundial, mas durante o restante do século XX" e que "sinalizou a totalidade da guerra urbana moderna".[3] Envolvendo mais de um milhão de soldados em ambos os lados, foi a maior batalha urbana até a Batalha de Stalingrado, que ocorreu quase 5 anos depois.[4]
Antecedentes
editarDesde a invasão japonesa da Manchúria em 1931, seguida pelo ataque japonês a Xangai em 1932, ocorreram conflitos armados contínuos entre a China e o Japão sem uma declaração oficial de guerra. Esses conflitos finalmente aumentaram em julho de 1937, quando o Incidente da Ponte Marco Polo desencadeou o avanço total do Japão.[5]
Xangai era a maior e mais cosmopolita cidade da China, sendo a quinta maior cidade do mundo na época.[3] Xangai era conhecida como a "Pérola do Oriente" e "Paris do Oriente", sendo o principal centro comercial e o maior porto da China.[6][7] Durante a feroz batalha de três meses, as forças da China e do Japão lutaram no centro de Xangai, nas cidades periféricas e nas praias do rio Yangtze e da baía de Hangzhou, onde os japoneses haviam feito desembarques anfíbios. A batalha foi difundido pelo globo por causa da grande população internacional vivendo em Xangai, a qual foi testemunha ocular dos violentos combates de rua e da destruição generalizada da cidade. Nas palavras do correspondente americano Edgar Snow:[6]
Era como se Verdun tivesse acontecido no Sena, à vista de uma Paris da Margem Direita que era neutra; como se uma Gettysburg fosse travada no Harlem, enquanto o resto de Manhattan permanecia um observador não-beligerante.
A batalha por Xangai pode ser dividida em três etapas e eventualmente envolveu cerca de um milhão de soldados. A primeira fase durou de 13 a 22 de agosto de 1937, durante a qual o Exército Nacional Revolucionário (ENR) entou erradicar a presença de tropas japonesas no centro de Xangai em sangrentos combates urbanos.[8] A segunda fase durou de 23 de agosto a 26 de outubro de 1937, durante a qual os japoneses lançaram desembarques anfíbios na costa de Jiangsu e os dois exércitos travaram uma batalha de casa em casa na região do riacho ao norte de Xangai,[9][10] com os japoneses tentando obter o controle da cidade e das regiões vizinhas. A última fase, que vai de 27 de outubro ao final de novembro de 1937, envolveu a retirada do exército chinês diante das manobras de flanco japonesas e o combate que se seguiu na estrada para a então capital da China, Nanquim. Além dos combates urbanos, a guerra de trincheiras também foi travada na periferia da cidade.[3][11]
Prelúdio
editarIncidente Ōyama
editarEm 9 de agosto, o tenente Isao Ōyama (大山勇夫) e seu motorista, o marinheiro de primeira classe Saito Yozo, das Forças Especiais Terrestres da Marinha japonesa (海軍特別陸戦隊), chegaram em alta velocidade em um carro até o portão do aeroporto de Hongqiao. Quando foram parados por um guarda chinês, o tenente e seu motorista tentaram passar pelo portão. O guarda os parou novamente e Ōyama atirou e matou o guarda. Outros guardas chineses responderam ao fogo, e Ōyama e Saito foram mortos no tiroteio.[12] O acesso ao aeroporto de Hongqiao foi uma violação dos termos acordados entre a China e o Japão no âmbito do cessar-fogo assinado em 1932.[13]
Referências
- ↑ Harmsen, Peter (2013). Shanghai 1937: Stalingrad on the Yangtze (em inglês). Havertown, Pensilvânia: Casemate. p. 178–179. ISBN 978-1612001678. OCLC 843811452
- ↑ Paine, Sarah C. M. (2012). The Wars for Asia, 1911-1949 (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. p. 132. ISBN 978-1107020696. OCLC 781677265
- ↑ a b c Harmsen, Peter (2020). Fremont-Barnes, Gregory, ed. «Armageddon Rehearsed: The Battle of Shanghai, August–November 1937». Cham: Springer International Publishing. A History of Modern Urban Operations (em inglês): 33–54. ISBN 978-3-030-27087-2. doi:10.1007/978-3-030-27088-9_2. Consultado em 6 de julho de 2024
- ↑ Rigg, Bryan Mark (2024). Japan's Holocaust: History of Imperial Japan's Mass Murder and Rape During World War II (em inglês). Nova York: Knox Press. p. 71. ISBN 978-1637586884. OCLC 1391211960
- ↑ Redação (2 de novembro de 2018). «Articles published during wartime by former Domei News Agency released online in free-to-access archive». The Japan Times (em inglês). Consultado em 6 de julho de 2024. Arquivado do original em 4 de junho de 2019
- ↑ a b Harmsen, Peter (2013). Shanghai 1937: Stalingrad on the Yangtze (em inglês). Havertown, Pensilvânia: Casemate. p. 10. ISBN 978-1612001678. OCLC 843811452
- ↑ Peck, Michael (30 de julho de 2020). «Asia's Stalingrad: World War II's Battle For Shanghai Was A Hell Like No Other». The National Interest (em inglês). Consultado em 6 de julho de 2024
- ↑ Paulose, James (2013). «Three Months Of Bloodshed: Strategy And Combat During The Battle Of Shanghai». Report: West Point Undergraduate Historical Review (em inglês). 2 (3): 9-22. ISSN 2993-5989. Consultado em 6 de julho de 2024
- ↑ «Battle of Shanghai 1937». Pacific Atrocities Education (em inglês). Consultado em 6 de julho de 2024
- ↑ Peck, Michael (30 de maio de 2016). «Shanghai 1937: This Is China's Forgotten Stalingrad». The National Interest (em inglês). Consultado em 6 de julho de 2024
- ↑ Harmsen, Peter (2013). Shanghai 1937: Stalingrad on the Yangtze (em inglês). Havertown, Pensilvânia: Casemate. p. 136. ISBN 978-1612001678. OCLC 843811452
- ↑ Hoyt, Edwin Palmer (2001). Japan's War: The Great Pacific Conflict (em inglês). Nova York: Rowman & Littlefield. p. 152. ISBN 978-0815411185. OCLC 45835486
- ↑ Chen, C. Peter. «Second Battle of Shanghai: 13 Aug 1937 - 9 Nov 1937». World War II Database. Consultado em 9 de julho de 2024
- ↑ (em inglês) Arcweb - site acessado em 22 de Abril de 2010.
Bibliografia
editar- Harmsen, Peter (2013). Shanghai 1937: Stalingrad on the Yangtze (em inglês). Havertown, Pensilvânia: Casemate. 310 páginas. ISBN 978-1612001678. OCLC 843811452
- Paine, Sarah C. M. (2012). The Wars for Asia, 1911-1949 (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. 487 páginas. ISBN 978-1107020696. OCLC 781677265
- Jowett, Philip (2013). China's Wars: Rousing the Dragon 1894-1949 (em inglês). Oxford: Osprey Publishing. 408 páginas. ISBN 978-1782004073. OCLC 828893085
- Chi, Hsi-sheng (1982). Nationalist China at War: Military Defeats and Political Collapse, 1937-45 (em inglês). Ann Arbor: University of Michigan Press. 309 páginas. ISBN 978-0472100187. OCLC 1030352438
Ligações externas
editar- «Fotos da batalha» (em francês)
- «40 fotos raras da batalha» (em italiano)