Barragem de Alqueva

barragem em arco e a peça central do projeto Alqueva

A Barragem de Alqueva é uma barragem em arco portuguesa situada sobre o rio Guadiana próximo da localidade de Alqueva, que lhe deu o nome, da freguesia atual de Amieira e Alqueva, do município de Portel, e ligando, na margem oposta, à freguesia de Moura (Santo Agostinho e São João Batista) e Santo Amador, do município de Moura, na região do Alentejo.

Barragem de Alqueva
Localização
Município Portel, Moura e Reguengos de Monsaraz, Évora e Beja
Bacia hidrográfica Guadiana
Rio Rio Guadiana
Coordenadas 38°11'51"N, 7°29'47"W
Mapa
Barragem de Alqueva está localizado em: Portugal Continental
Barragem de Alqueva
Localização em Portugal Continental
Dados gerais
Operador Energias de Portugal
Uso Reserva, Rega, Abastecimento, Energia eléctrica
Data de inauguração 2004
Características
Tipo Betão, Abóboda de dupla curvatura
Altura 69 m
Cota de coroamento 154 m
Fundação Pedregulhos
Capacidade de geração 520 megawatt
Dados da albufeira
Capacidade total 4 150 000 000 m3
Capacidade útil 3 150 000 000 m3
Pleno armazenamento 152 m
Website
www.alqueva.com

Descrição

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A construção desta barragem permitiu a criação do maior reservatório artificial de água da Europa Ocidental, também chamado de Grande Lago .[1]

 
A paisagem em torno do grande lago do Alqueva.

Possui uma altura de 96 m acima da fundação e um comprimento de coroamento de 458 m[2]. A capacidade instalada de produção de energia elétrica começou por ser de 260 MW, tendo sido alvo de um reforço de potência que permitiu ampliar a capacidade do empreendimento para 520 megawatts (MW) (desde 15 de outubro de 2012), com dois grupos geradores reversíveis, que deverão produzir anualmente 381 gigawatt hora (GWh). A albufeira atinge, à cota máxima, os 250 km², sendo então o maior lago artificial da Europa Ocidental.

Foi construída com o objetivo de regadio para toda a zona do Alentejo e produção de energia elétrica, para além de outras atividades complementares. Diversas infraestruturas do sistema global encontram-se já construídas (barragem de Pedrógão, infraestrutura 12, Aldeia da Luz) e muitas outras em fase avançada de projeto.

Em Outubro de 2012, entrou em serviço o reforço de potência da Barragem de Alqueva, constituído por uma nova central com dois grupos geradores reversíveis, com 130 MW de potência cada um, duplicando a potência instalada da Barragem.

No início de 2015, entre investimento público e privado o projeto de regadio de Alqueva mobilizou já €4 mil milhões, a que se irão juntar mais €1000 milhões até 2020, nomeadamente potenciados pelos apoios da Comissão Europeia. Quanto ao impacto no mercado de trabalho, entre empregos criados de forma direta e induzidos indiretamente pelos projetos desenvolvidos em Alqueva, a EDIA estima que se possa estar no patamar dos 20 mil postos de trabalho.[3]

A EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva foi criada em 1995, está sob a tutela do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural e tem sede em Beja. Tem como missão gerir o empreendimento de Alqueva para a promoção do desenvolvimento económico e social nos 20 concelhos dos distritos de Beja, Évora, Portalegre e Setúbal a que corresponde a sua área de intervenção.[4]

História

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Primeiros planos

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A barragem foi construída no âmbito do Plano de Rega do Alentejo, lançado em 1957,[5] tendo sido a maior infraestrutura abrangida por aquele programa, prevendo-se que iria permitir a irrigação de 140 mil hectares, aumentando consideravelmente a área total irrigada em território nacional, além que iria formar a maior albufeira em toda a Europa,[6] que teria 2 milhões de m³ de água, 98 Km de comprimento e 1000 Km de costa.[7]

Os seus benefícios não se iriam cingir à irrigação, tendo também um papel regulador nos recursos aquáticos,[7] e iria permitir igualmente o abastecimento de energia eléctrica e de água às povoações e indústrias, tanto nas imediações como a maior distância, principalmente em Sines.[6] Com efeito, tinha como principal finalidade resolver os graves problemas de falta de água na região, cujos recursos hídricos, incluindo os subterrâneos, eram manifestamente insuficientes para a procura agrícola, urbana e industrial.[7] Desta forma, poderia-se fazer a introdução em larga escala de novas culturas, principalmente a beterraba-açucareira, e expandir a criação de gado.[7]

O programa de obras iria incluir a barragem hidro-eléctrica em si, situada na área do Outeiro da Palha, no concelho de Portel,[7] além das infraestruturas acessórias, como a central elevatória, canais de rega e tomada de água.[7] O primeiro bloco de rega a ser beneficiado seria o do Baixo Alentejo, com ligação à Barragem de Odivelas, e depois o de Évora, com comunicação à Barragem do Monte do Seixo e ao Rio Divor, para ampliar a área de regadio em Arraiolos.[7] Finalmente seria abastecida a área de Évora, através de um açude no Rio Degebe, e parte do Distrito de Portalegre.[7]

Em 1976 a obra estava orçada em nove milhões de contos,[7] dos quais a barragem em si custava cerca de 4 milhões de contos.[7] Em finais de 1977, o valor total da obra já tinha ascendido a doze milhões de contos.[6] Em 1977 foi fundado o Gabinete Coordenador do Alqueva, sedeado em Beja, e que tinha como finalidade promover e regularizar as obras da barragem, e ao mesmo tempo coordenar as várias empresas e departamentos municipais ligados tanto à barragem em si como às infraestruturas de aproveitamento.[6] Nesse ano, já se tinham iniciado os trabalhos correspondentes à primeira fase de implementação da barragem.[6]

Apesar disto, nos finais da década de 1980 o empreendimento do Alqueva estava paralisado, tendo o jornal O Dia de 12 de Abril de 1988 apontado a barragem e o complexo industrial de Sines como exemplos do atraso provocado pela burocracia, recordando «que se têm arrastado ao longo dos anos e sobre eles não se vislumbra qualquer decisão».[8]

Inauguração

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Em 8 de Fevereiro de 2002 foram oficialmente fechadas as comportas na barragem, de forma a iniciar o enchimento da albufeira.[9] A cerimónia contou com a presença do primeiro-ministro, António Guterres, que no seu discurso afirmou que «Alqueva não é um mito e sim uma realidade», e um «símbolo do Portugal moderno e da vontade de ultrapassar obstáculos e da construção de um futuro».[5] Salientou o seu importante papel no combate à desertificação e ao despovoamento, sendo um «pólo de atracção», e classificou a obra como um «compromisso de solidariedade nacional para com o Alentejo», em «rotura com os reduzidos volumes de investimento público no Alentejo».[5]

A central eléctrica da barragem foi inaugurada em 5 de Maio de 2004, numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, José Manuel Durão Barroso.[9] De acordo com a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva, a instalação da central e dos equipamentos custou cerca de 118 milhões de euros, financiados em cerca de 55% pela União Europeia, através do Fundo de Coesão.[9]

Cronologia

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  • 1968 - Celebração do Convénio Luso-Espanhol para utilização dos rios internacionais
  • 1975 - Aprovação pelo Conselho de Ministros da realização do projeto
  • 1976 - Início das obras preliminares (ensecadeira/infraestruturas de apoio à obra)
  • 1978 - Interrupção das obras
  • 1980 - Resolução do Conselho de Ministros determina a retoma dos trabalhos
  • 1993 - Decisão do Conselho de Ministros para retoma do Empreendimento
  • 1993 - Criação da Comissão Instaladora da Empresa de Alqueva (CIEA)
  • 1995 - Reinício dos trabalhos
  • 1996 - Através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/96, o Governo assume "avançar inequivocamente com o projeto" com ou sem financiamento comunitário
  • 1996 - Adjudicação da empreitada principal de construção civil da barragem e central
  • 1998 - Início das betonagens.
  • 2000 - Adjudicação da empreitada para a execução do primeiro bloco de rega do Sistema Global de Rega
  • 2001 - Início formal dos trabalhos de Desmatação e Desarborização da Albufeira
  • 2002 - Encerramento das comportas e início do enchimento da albufeira (8 de fevereiro)
  • 2002 - Abertura ao trânsito da estrada Portel/Moura sobre o coroamento
  • 2004 - Inauguração da central hidroelétrica
  • 2005 - Conclusão do contra-embalse (barragem de Pedrógão)
  • 2008 - Início das obras de ampliação da Potência Instalada da Barragem.
  • 2010 - Em 1 de janeiro, a albufeira de Alqueva regista o nível de água com a cota 150,17 metros acima do nível do mar, o que corresponde a 91 por cento da sua capacidade máxima. É o maior volume de água registado em Alqueva desde que as suas comportas foram encerradas.
  • 2010 - Em 12 de janeiro o nível de água armazenada atingiu a cota máxima de 152 metros, um metro abaixo do nível de máxima cheia para que a albufeira está preparada. Trata-se de um volume de água armazenada de 4150 hectómetros cúbicos.
  • 2012 - Em 19 de outubro o reforço de potência da central hidroelétrica de Alqueva, denominado de Alqueva II, injetou pela primeira vez eletricidade na rede elétrica nacional. Tratou-se de um investimento de cerca de 190 milhões de euros.[10]
  • 2013 - Em 23 de janeiro a EDP inaugurou a central hidroelétrica Alqueva II.[11]

Imagens

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Referências

  1. BBC News, Portugal opens Europe's largest Dam
  2. Structurae Database, Alqueva Dam
  3. «Alqueva mobiliza cinco mil milhões de euros» 
  4. https://www.edia.pt/pt/quem-somos/edia/
  5. a b c «Guterres vê Alqueva como um compromisso de solidariedade com o Alentejo». Público. 8 de Fevereiro de 2002. Consultado em 8 de Novembro de 2024 
  6. a b c d e «A Barragem do Alqueva». 25 de Abril: Comunidades Portuguesas (22). Lisboa: Secretaria de Estado da Emigração. Novembro de 1977. p. 10. Consultado em 8 de Novembro de 2024 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  7. a b c d e f g h i j «O empreendimento do Alqueva». 25 de Abril: Comunidades Portuguesas (11). Lisboa: Secretaria de Estado da Emigração. Junho de 1976. p. 9. Consultado em 8 de Novembro de 2024 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  8. PEREIRA, Mendonça (12 de Abril de 1988). «A burocracia impede o progresso» (PDF). O Dia. Ano XIII (3973). Lisboa: Secretaria de Estado da Emigração. p. 2. Consultado em 9 de Novembro de 2024 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  9. a b c Agência Lusa (5 de Maio de 2004). «Durão Barroso inaugura hoje Central Hidroeléctrica de Alqueva». Público. Consultado em 8 de Novembro de 2024 
  10. «Nova central de Alqueva já produz energia». Expresso. 22 de outubro de 2012. Consultado em 23 de janeiro de 2013 
  11. «EDP inaugura nova central elétrica no Alqueva». Dinheiro Vivo. 23 de janeiro de 2013. Consultado em 23 de janeiro de 2013 

Ligações externas

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