Arco ultrasemicircular ou ultrapassado (cuja curva é mais ampliada que um semicírculo) e que tem forma de ferradura. É provável que se trate de uma criação dos antigos indígenas pré-romanos da Península Ibérica, que por ali passaram antes dos Romanos, à arte visigoda (século VII), os quais foram quem lhe deram seu primeiro impulso importante. Dos visigodos passou à arte hispano-muçulmana e, dali, passou à arte moçárabe e à mudéjar.

Sofisticado arco de ferradura, principalmente apontado (túmido), mas com decoração de arco lobulado e alfiz, procede da Aljaferia de Zaragoza

É uma espécie de arco que possui uma abertura que ultrapassa metade da circunferência com o centro situado acima da linha das impostas (a curva é mais longa do que a de um semicírculo) e tem a forma de uma ferradura. É muito característico da arquitectura árabe[1] mas surge em abundantes exemplos anteriores à ocupação árabe. Na Galiza, por exemplo, aparece em algumas construções de origem germânica como a Igreja de Santa Comba de Bande em Bande (Ourense), ou nos vestígios do Igreja visigótica de Panxón, em Nigrán (Pontevedra), ambos do século VII, em estilo pré-românico. Existe também um arco em ferradura no Templo de Santalla de Bóveda, em Lugo, construído durante a invasão romana de Lucus, entre os séculos II e IV. A bem dizer, definir a origem do arco em ferradura é complicado.[2] Aparece na arquitetura sassânida pré-islâmica, como o Taq-i Kasra no atual Iraque e o Palácio de Ardashir no sudoeste do Irã (século III d.C.).[3][2][4] Também apareceu na arquitetura romana tardia ou bizantina, bem como na Espanha romana.[5] Síria bizantina,[2] a forma foi usada no Batistério de São Jacó em Nusaybin (século IV d.C.)[6] e em Qasr Ibn Wardan (564 d.C.).[7]

O arco visigodo é menos fechado que o muçulmano. Na arte muçulmana há numerosas variantes de arcos, quase todas derivadas do arco de ferradura, arcos de ferradura apontados (ou túmidos), arcos lobulados (do século X em diante), arcos entrelaçados, arcos mistilíneos, arcos cortina (que aparecem no século XI) e angrelados-acampados (desde o século XIV).

O arco mourisco em ferradura, uma forma especial própria da época de Carlos Magno, apresenta concavidades em ângulo.[8]

Referências

  1. Definição no Dicionário Cimeira da Língua Galega, Vigo, Ed. do Cumio, 1999
  2. a b c Arce, Ignacio (2007). «Umayyad Building Techniques and the Merging of Roman-Byzantine and Partho-Sassanian Traditions: Continuity and Change». In: Lavan, Luke; Zanini, Enrico; Sarantis, Alexander Constantine. Technology in Transition: A.D. 300-650 (em inglês). [S.l.]: Brill. pp. 514–515. ISBN 978-90-04-16549-6 
  3. Culture, Research Centre for Islamic History, Art, and (2005). Cultural Contacts in Building a Universal Civilisation: Islamic Contributions (em inglês). [S.l.]: O.I.C. Research Centre for Islamic History, Art and Culture (IRCICA). 256 páginas. ISBN 978-92-9063-144-6 
  4. Ball, Warwick; Fischer, Klaus (2019). «From the Rise of Islam to the Mongol Invasion». In: Allchin, Raymond; Hammond, Norman. Archaeology of Afghanistan: From Earliest Times to the Timurid Period: New Edition (em inglês). [S.l.]: Edinburgh University Press. 508 páginas. ISBN 978-1-4744-5046-1 
  5. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome :02
  6. Andrew Petersen: "Dictionary of Islamic Architecture", Routledge, 1999, ISBN 0-415-21332-0, p. 24
  7. Draper, Peter (2005). «Islam and the West: The Early Use of the Pointed Arch Revisited». Architectural History. 48: 1–20. JSTOR 40033831. doi:10.1017/S0066622X00003701 
  8. Cunillera, António. Cultura Geral. Portugal: Ferreira e Bento. p. 241 
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