Alfred Sauvy
Alfred Sauvy (Villeneuve-de-la-Raho, 31 de outubro de 1898 — Paris, 30 de outubro de 1990) foi um economista, demógrafo e sociólogo francês.
Alfred Sauvy | |
---|---|
foto por Erling Mandelmann, 1983 | |
Nascimento | 31 de outubro de 1898 Villeneuve-de-la-Raho, França |
Morte | 30 de outubro de 1990 (91 anos) Paris, França |
Nacionalidade | [Francês]] |
Ocupação | Economista, demógrafo e sociólogo |
É o autor da expressão terceiro mundo, que utilizou num artigo originalmente publicado no jornal L´Observateur em 1952 e posteriormente republicado em outras edições.[1] [2] [3]
Biografia
editarFilho de uma família de proprietários rurais de Roussillon, estudou no Collège Stanislas de Paris antes de ser mobilizado e participar do final da Primeira Guerra Mundial.
Em 1920 estudou na École Polytechnique e participou da criação do Institut National d'Études Démographiques (INED), do qual foi o primeiro diretor de 1945 a 1962.[2] Depois foi professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Institutd'Études Politiques de Paris – IEP) no período de 1940 a 1959.[2] Em seguida, tornou-se professor do Collège de France, onde ocupou a cátedra de demografia social, de 1959 a 1969.[2]
Freqüentava os meios teatrais e jornalísticos, redigia críticas teatrais, palavras cruzadas e pequenos textos para seus colegas de rugby, entre os quais Jacques Tati.[4] Segundo o próprio Jacques Tati em artigo publicado no Le Monde em 1978: "Todos conhecem Alfred Sauvy por suas atividades literárias, profissionais e oficiais. Para mim, os primeiros grandes momentos de riso que vivi, devo-os à sua equipa de rugby."[5] David Bellos, em publicação de 2019, diz que: "O encontro juvenil entre o politécnico Alfred Sauvy e o futuro Jacques Tati no gramado do Racing Club de Colombes constitui uma das configurações mais estranhas da história cultural francesa."[6]
Discípulo de Maurice Halbwachs, adere às teses de Adolphe Landry. Conselheiro do governo Reynaud em 1938. Em 1943, publica Richesse et population, onde prega por uma política de controle da natalidade e contra toda forma de protecionismo corporativo ou sindical. Nomeado diretor do INED em 1945, faz dele um estabelecimento de pesquisa multidisciplinar e atrai brilhantes colaboradores, até 1962, quando se torna diretor da publicação Population & Sociétés[7], cargo que mantém até 1975.
Num artigo para o jornal "l’Observateur", de 14 de agosto de 1952, foi o primeiro a usar a expressão terceiro mundo, em referência ao terceiro estado do Abade de Sieyes:[8]
Car enfin ce Tiers Monde ignoré, exploité, méprisé comme le Tiers-État, veut, lui aussi, être quelque chose.
Traduzido por:
Porque finalmente este Terceiro Mundo, ignorado, explorado, desprezado como o Terceiro Estado, também quer ser alguma coisa.
Existe ainda um depoimento seu onde indica que teria utilizado o conceito em 1951, embora não o termo, em uma publicação brasileira não identificada.[9] Sauvy visitou o Brasil em julho de 1951, a convite do IBGE e da Fundação Getúlio Vargas.[10]
Nas Ciências Econômicas, Sauvy é conhecido por sua Teoria da Diferenciação, que sustenta que a incorporação de um progresso técnico em um setor da atividade econômica, ao automatizar a produção e gerar ganhos de produtividade, gera a transferência de ativos desse setor para outros.
Alfred Sauvy colaborou ainda ativamente no jornal L´Express de Jean-Jacques Servan-Schreiber, e no Le Monde, e foi conselheiro do governo de Pierre Mendès France (1954).
Bibliografia
editar- Obras
- 1943 La prévision économique – Paris : PUF, 128 p. (Que sais-je? n° 112)
- 1943 Richesse et population – Paris : Payot, 318 p.
- 1949 Le pouvoir et l'opinion – Paris : Payot, 188 p.
- 1952-1954 Théorie générale de la population (2 vol.) – Paris : PUF, 370 p. et 397 p.
- 1956 La bureaucratie – Paris : PUF, 128 p. (Que sais-je? n°712)
- 1957 La nature sociale – Paris : Librairie Armand Colin, 302 p.
- 1958 De Malthus à Mao-Tsé-Toung – Paris : Denoël, 303 p.
- 1959 La montée des jeunes – Paris : Calmann-Lévy, 264 p.
- 1963 Malthus e os dois Marx - no original Malthus et les deux Marx – Paris : Denoël, 367 p.
- 1965 Histoire économique de la France entre les deux guerres (3 vol.) – Paris : Fayard, 566 p., 627 p. et 467 p.
- 1965 Mythologie de notre temps – Paris : Payot, 300 p.
- 1968 Les Quatre roues de la fortune, essai sur l'automobile – Paris : Flammarion, 251 p.
- 1970 La révolte des jeunes – Paris : Calmann-Lévy, 272 p.
- 1973 Croissance zéro? – Paris : Calmann-Lévy, 331 p.
- 1976 L'Économie du diable. Chômage et inflation – Paris : Calmann-Lévy, 247 p.
- 1976 Eléments de démographie – Paris : PUF, 393 p. (Collection Thémis -Sciences sociales)
- 1977 Coût et valeur de la vie humaine – Paris : Hermann, 210 p.
- 1980 La machine et le chômage : les progrès techniques et l'emploi – Paris : Dunod/Bordas, 320 p.
- 1984 Le travail noir et l'économie de demain – Paris : Calmann-Lévy, 304 p.
- 1985 De la rumeur à l'histoire – Paris : Dunod, 304 p.
- 1990 La terre et les hommes : le monde où il va, le monde d'où il vient – Paris : Economica, 187 p.
- Sobre
- Michel Lévy, Alfred Sauvy, compagnon du siècle, La Manufacture, 1990
Referências
- ↑ Trois mondes, une planète, L’Observateur
- ↑ a b c d Sauvy, Alfred; Medeiros, Dhiego Antonio de; Barbosa, Jane Roberta de Assis (2022). «Três mundos, um planeta». Boletim Campineiro de Geografia (1): 155–158. ISSN 2236-3637. doi:10.54446/bcg.v12i1.2910. Consultado em 14 de dezembro de 2024
- ↑ Sauvy, Alfred (1986). «Trois mondes, une planète». Vingtième Siècle. Revue d'histoire (1): 81–83. Consultado em 14 de dezembro de 2024
- ↑ «Le joueur de rugby» (em francês). 31 de outubro de 1978. Consultado em 14 de dezembro de 2024
- ↑ Tati, Jacques (31 de outubro de 1978). «Le joueur de rugby». Le Monde (em francês). Consultado em 14 de dezembro de 2024
- ↑ Bellos, David (1 de março de 2019). «Tati-Sauvy : une amitié improbable». Bulletin de la Sabix. Société des amis de la Bibliothèque et de l’Histoire de l'École polytechnique (em francês) (63): 65–72. ISSN 0989-3059. doi:10.4000/sabix.2457. Consultado em 14 de dezembro de 2024
- ↑ Population & Sociétés
- ↑ Alfred Sauvy aurait cent ans, par Anne Sauvy-Wilkinson, Population et Avenir mars 1999
- ↑ Note sur l’origine de l'expression «Tiers Monde» par Alfred Sauvy : En 1951, j'ai, dans une revue brésilienne, parlé de trois mondes, sans employer toutefois l'expression «Tiers Monde»[1].
- ↑ Revista Brasileira de Estatística, V12, Nº47, pg 366