Disschionario Aurélo da Língua Carioca
Meu Deush! É mêishmo? Que liundo! São muito boinsh
Tipica frase dita em carioquês
Que horroar! Maish que mérrrrda merrrrmão!
Carioca tentando dizer que não gostou de algo
Carioquês | |
Carioquês | "Kariokêiş" |
Falado em: | Rio de Janeiro, Espírito Santo, Florianópolis e Estúdios da Rede Globo |
Total de falantes: | 52 Milhões (IBGE, 2006) |
Classificação genética: | Latim Proto-Itálico Português Galáctico Português Brasileiro Rede Globês Carioquês |
SIL: | CAR |
O Carioquês (Kariokêiş) é um dialeto do Português, falado nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e nos estúdios da Globo. É extremamente odiado, por qualquer pessoa de qualquer lugar do Brasil a não ser o Rio de Janeiro. Distingue-se do Português falado no resto do Brasil por uma série de distinções. É difundido pelo Brasil através das novelas da Globo, músicas da Kelly Key, Tati Quebra-Barraco e Funks em geral. O maior sucesso atual no dialeto é Tremendo Vacilão, repleto de termos característicos. Gírias são supracitadas pelo Narrador da Sessão da Tarde, como "Essa galerinha irada arranjando altas confusões" ou "Mig, um cara descolado, no maior clima de azaração pra Fernanda, aprontando as maiores confusões".
Para distinguir um falante do dialeto carioquês, peça para que ele gentilmente pronuncie a palavra biscoito. Se falar "bixcoitu", é um típico falante do carioquês (ou, numa segunda hipótese, um emo...). Uma alternativa é a palavra "esperto", onde podemos notar dois acidentes típicos do carioquês. A pronúncia seria ishpeihrhrhrtu, e pode chegar a demorar até 2 segundos para que a palavra seja dita.
Como citado, uma característica do dialeto é a demora para concluir as palavras. Ao contrário de outros dialetos, que demoram devido à lerdeza de raciocínio de seus falantes (ver: mineirês e baianês), a demora no carioquês se deve ao fato de seus falantes puxarem absurdamente seus "S's", "R's", além de se utilizarem de diversas interjeições, tais como "aih", ou semi-frases que nada acrescentam ao conteúdo da frase, como "coé". A seguir, alguns exemploes:
Frase original: Você realmente deu carona para um travestí?
Frase em carioquês: Aíh, fala séro, aíh! Coé, mehmão, qui merda! Na real, tu pegou mehmo um traveco, mehmão? Tu tá de caô, aíh! Aêh, tu botô um travecãoo nu teu carro, vacilão? Porra, coé, qui mané, aeh!
Como o percebido, uma simples frase de 3 segundos vira uma frase de 1 minuto e meio para um carioca, que fará uma grande quantidade de gestos e arrastará todos os "R's" e "S's" da frase. Até a mãe chamar seus filhos para jantarem, a comida já esfriou.
Uma outra característica é a superutilização de palavrões. Uma simples frase como "estou preocupado" pode virar um extenso "Aêh, caralho, qui merda, muito foda... Aíh, tô boladão pra porra, mehmão". Inclusive nessa 2ª frase podemos perceber uma outra característica: aumentativos. Carioquês sem aumentativos, não é carioquês. "Bolado" vira "boladão", "mal" vira "malzão", "bom", vira "bonzão", "traveco" vira "travecão".
A(na)lfabeto
O alfabeto é o mesmo ao qual todos estamos acostumados, com algumas diferenças básicas:
- C e QU substituídos por K.
- Adição da letra Ş (S-Cedilha), para substituir o S e semelhantes. Equivale a meia duzia de SH. Ou seja, a palavra "bişkoito" se pronuncia "biSHSHSHkoito.
- Adição da letra Ŗ (R-Cedilha), para indicar o R característico. É pronunciado de forma semelhante a uma catarrada
- Adição da letra Ţ (T-Cedilha), para indicar o T com som de TCH.
- Adição da letra I antes dos Ş e dos Ŗ (assim como o M antes do P e do B, no Português)Exemplo: VaiŞcuo,meiŞmo.
- Outra peculariedade é o eco ao final de palavras terminadas com e ,i,o e u.Esse eco é o que dá o jeito
baitola"malandro" de falar.E é formado por ditongos normalmente decrescentes ao final das palavras. Exemplos: PiŞcinãuo,malandruo,VaiŞcuo,traficantie,
Tela Quentie,intorpecentie.
Amostras de texto
- Işkesí o işkêro na işkína da işkóla.
- O moişkíto işkizíto trainşmíţi doéinsaiş, aêan!
- Maiş eu só kéro é séŗ felíş / Andáŗ tranquilamêunţi na favéla ônţi eu naisí.
- Tôŗso pro Vaişkaum meŗmo!.
- Eu inştuduo cúm a Inştefanie.
- Tô boladaum kum aiş paradaiş daiş faksõiş rivaiş.
- Karioahkaiş işpéŗtuiş işkulaxam uiş turiştaiş otáriuiş, aêan!
- Já iştou iiiannndo di caaaawwŗo.
Verbetes usados
- Aí: 1. Advérbio de lugar. A parada está por aí. 2. Vocativo, modo vulgar de chamar a atenção de um mermaum qualquer. Aí, tu viu lá a parada? 3. Particula composta iniciadora de frase. Pô, aí, sei lá, brôu!
- Aişfalto: Qualquer lugar que não seja no morro. Escreve-se asfalto.
- Arrastão: Normalmente é um tipo de pesca com rede. No carioquês, porém, é outro meio dos mermaum ganharem a vida.
- Avenida Brasil: Principal via de acesso do Rio de Janeiro e também destinada a assaltos. Algumas vezes utilizada como campo de guerra entre os mermaum do morro e os do asfalto.
- Boiola: Homossexual, mermaum que gosta de sentir um bafo quente na nuca.
- Bonde: 1. Ônibus. 2. Galera, cambada, turma. 3. Carona.
- Bucha: Indivíduo com pinta de malandro mas não passa de um tremendo prego (ver "mané"). Antigamente era chamado de "coca-cola": aquele que é só dar uma sacudida que perde todo o gás.
- Caô: Lorota, mentira, disse-me-disse. "Cumi a Sharon Stone ontem, mané!" "Ah, para de caô, muleque!!!"
- Coé: Aglutinação de "Qual é". Coé, mané, já é vai pra parada hoje?
- Cumpadi: Caipirismo (ver "caipira"); forma extremamente ridícula e retardada de se falar "compadre". É noixXx, cumpadi!
- Dar um vazari: Vou embora. Aeah, vô dá um vazari!
- De cu é rola: Termo que expressa uma negação veemente ou ainda repulsa, asco. Cumekié, cumpadi? Paulişta de cu é rola!
- Desssaparada: Aglutinação de dessa parada. Única palavra do português que contem três "S" seguidos. Vou provar desssaparada.
- Ela deu mole: Muliér de fácil assédio que normalmente tá de bobiêra. Muito comum no Rio de Janeiro.
- Elevado: Avenida de grande porte construída em pilares sobre as favelas. Hoje também destinada a assaltos e congestionamentos aéreos.
- Espada: Palavra de autoafirmação sexual dos mermaum com tendências duvidosas.
- Febre do rato: Expressão utilizada para indicar forte vontade, desejo.
- Filé: Mulher muito atrente, com corpo invejável; gostosa.
- Framengo: grupo de aves negras com listras vermelhas voando atrás de uma esfera de couro. Também conhecido como um dos quatro times de futebol mais conhecidos da região.
- Goiaba: Indivíduo distraído,que viaja sozinho em suas goiabices. (atualmente, austista)
- Goiabar: Ato próprio de goiaba. Tava na beira da estrada comendo poeira, olhando direto pro sol, zoando os paraíba, namorando minha prima... essas goiabice.
- Ih, ó o cara, aí!: Maneira de dizer que um mermaum está falando merda (na pronúncia carioca, meŗda) ou alguma coisa que não agradou.
- Irado: Qualificação positiva relacionada a um fato, ocorrência ou objeto. O show onti tava irado!
- Joelho: Salgadinho feito com massa, presunto e queijo que os mermaum comem antes da kentinha na hora do almoço. Conhecido por italiano no dialeto de Niterói.
- Kentinha: É o mesmo que a marmitex no paulistanês.
- Lance: Ver parada.
- Leleski: Playboy, Filhinho-de-papai-filho-da-puta.
- Linha Amarela: Avenida de grande porte também destinada a assaltos, veículos e fuga rápida da polícia para a Zona Oeste.
- Linha Vermelha: O mesmo que a Linha Amarela, porém dando fuga para a Zona Norte.
- Maluco: Cara, sujeito, indivíduo. Peraê, eu não conheço esse maluco.
- Mané: Otário, vacilão, paulista, prego, sujeito que não dá uma dentro (no duplo sentido da coisa).
- Maneiro: Bom, excelente. Equivalente a massa, no paulistanês.
- Manjar: Ver o pinto dos outros. Esporte preferido dos cariocas.
- Marginal: Bandido mesmo, aquele que mora nos morros e desce os mesmos para fazer a vida no asfalto.
- Massa: Macarrão, pizza (com catchup e mostarda, coisa típica de carioca!) e similares. Não confundir com maneiro, ô mané!
- Média: Não, não é resultado de um cálculo aritmético ou ser puxa-saco do chefe ou patrão, é apenas uma xícara com leite e café.
- Mel: 1. Bebida alcólica feita com cachaça e mel; melzinho, mé. 2. Qualidade de atrair atenção sentimental e/ou hormonal nas garotas. Aquele maluco ali tem mel. Ver pica-doce.
- Mermaum: Nativos do Rio de Janeiro. Tradução: Meu irmão.
- Muliér: Mermaum do sexo feminino.
- Mó: Forma reduzida de maior. Ih, coé, mó otário, aí!
- Night :
SurubaAgitação urbana noturna. Equivalente a balada, no paulistanês. - Ó u aue aí ó:Isso quer dizer que falante é gay,emo e gosta de coisas bregas e tudo junto ao mesmo tempo!!
- Olha só!: Palavra utilizada para chamar a atenção para si e também as primeiras palavras que um carioca ouve ao nascer.
- Parada: Designação genérica a um objeto ou ação. Que parada é essa? Esqueci aquela parada em casa. Preciso fazer uma parada.
- Paraíba: Indivíduo nascido ou residente acima do paralelo de Niterói. Equivalente a baiano, no paulistanês.
- Pardal: Radar. Nome dado para que os mermaum não desconfiem da utilidade do mesmo, porém, quando descobrem, pisam fundo só para sair na foto.
- Paulistâno: Sinônimo de paulista (e vice-versa).
- Peidão: Covarde, frouxo, cuzão.
- Péla-saco: 1. Pessoa chata, mala. 2. Baba-ovo, paga-pau, puxa-saco. Ver arroz.
- Péraí!: Termo que antecede uma indagação ou termo para que os amigos não o deixem para trás quando os meŗmaum estão começando o arrastaum. Forma variante: péraê!
- Pica: Problema (cap. Fábio, Tropa de Elite, 2007)
- Pica-doce: 1. Cara pegador. 2. Sujeito para quem as mulheres dão mole e ele dá duro. 3. Cara que arranja mulher sem fazer porra nenhuma. Exemplos: Kratos e Chuck Norris. Sinônimos: mel, doce, pikachu.
- Pica das Galáxias: ver foda.
- Picoliéééaaa: Equivalente do sorvete no palito ou paleto mexicano paulistas. Escreve-se picolé.
- Pô: Corruptela de porra.
- Pôôr!!: Não significa colocar. É o mesmo que pô, só que com um r a mais.
- Porra!: Não, não é sêmen, é apenas uma palavra de contestação para os os mermaum. É a única palavra em que utilizam o "R" corretamente.
- Porrada: Coletivo para várias coisas. Exemplos: multidão ou aglomeração: uma porrada de gente; alcateia: uma porrada de lobos; cagada: uma porrada de paulistas.
- Prego: Ver mané.
- Purquiê: O mesmo que por quê, porquê ou porque, mas no sotaque carioquês. Não existe distinção, fonética ou ortográfica, entre as formas da locução.
- Puto: Indivíduo extremamente vacilão.
- Queimar a largada: Sair para almoçar (comer a kentinha) antes do horário normal.
- Sangue: Forma reduzida de sangue bom. Pessoa agradável, maneira.
- Saparada: Forma reduzida de "Essa parada". Tu tem que vê saparada aê! 2. Coletivo de sapo.
- Tá de bobiêra: Estar parado, sem fazer nada, esperando a próxima vítima ou esperando para ser a própria. Muito comum entre os cariocas. É só passar nas praias a qualquer hora do dia para confirmar.
- Ţipo como: Termo usado quando os nativos (especialmente os habitantes dos morros) querem explicar alguma coisa. Equivalente a como por exemplo, no português.
- Travieeeaaacuooo: Travesti, transsexual feminino, típico cidadão carioca. Escreve-se traveco.
- Tu: Como na gramática, segunda pessoa do singular dos pronomes pessoais do caso reto, porém no caso do carioquês, possui regência com verbos conjugados na terceira pessoa do singular. Tu viu, tu fez, tu é um prego!
- Vacilão: Sujeito honesto, porém que quis andar no centro da cidade sozinho a qualquer hora do dia com dinheiro na carteira, entre outros atos menos recomendáveis.
- Zero-bala: Renovado, pronto para outra. Tava de porre ontem mas agora to zero-bala!