Câncer e estilo de vida
Em meados da década de 40, o número de mortes causadas por câncer de pulmão era cerca de 15 vezes maior que o observado em 1920. Em meio ao questionamento do que poderia estar levando a esse aumento, pesquisadores começaram a pensar em causas prováveis e uma das associações era o tabaco. De fato, durante os períodos de primeira e segunda guerras mundiais, houve um aumento expressivo, global, no consumo do tabaco.
Há 74 anos, em setembro de 1950, Richard Doll e Bradford Hill, pesquisadores britânicos, publicaram no British Medical Journal um estudo retrospectivo sobre a associação que encontraram entre o fumo e o câncer de pulmão. Outros pesquisadores nos EUA estavam chegando a conclusões similares. Ainda assim, houve argumentações contrárias, defendendo que associação não é causalidade. Doll e Hill então continuaram os estudos, fazendo uma investigação prospectiva, publicada em 1956. Isso, juntamente com trabalhos de outros pesquisadores, começou a convencer a população sobre os riscos.
Esta foi a segunda associação entre estilo de vida, carcinógenos e câncer. A primeira havia sido feita por Pott, referente à fuligem e o câncer escrotal visto em limpadores de chaminé jovens. Mas, referente ao tabaco, foi muito mais difícil a comprovação, pois o lobby da indústria era forte e muitas pessoas eram adeptas do cigarro, incluindo pneumologistas.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 85% dos casos de câncer de pulmão estão atrelados ao tabagismo hoje. E este é um cenário desafiador para países emergentes no geral, incluindo o Brasil.
Segue abaixo trechos daquele primeiro artigo da década de 50.
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