Grupo Cria

Favela, favela, favela, o que tu quer? Nesta terça-feira (23), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou a reintrodução do termo "favela" no Censo Demográfico. Essa mudança, após meio século, atendeu ao pedido dos moradores de favelas e comunidades urbanas. O termo "favela" carrega uma carga simbólica complexa no Brasil. Para alguns, está associado à pobreza, violência e criminalidade, enquanto para outros é um símbolo de resistência e luta. Segundo pesquisa do próprio IBGE em 2019, 62% dos moradores de favelas se identificavam com o termo. No entanto, a aceitação varia de acordo com a região do país, sendo mais expressiva em São Paulo (70%) do que no Rio de Janeiro (54%). A alteração promovida pelo IBGE representa uma conquista para os movimentos sociais que batalham pelo reconhecimento das favelas, marcando uma transformação na perspectiva do Estado sobre esses territórios. Favela como identidade Para muitos moradores, o termo é uma maneira de se identificar e reconhecer como parte de uma comunidade. Ele simboliza uma história de luta e resistência que remonta ao século XVI. As favelas surgiram da desigualdade social no Brasil. Refletem a falta de políticas públicas que garantam direitos básicos aos mais pobres, como habitação, educação e saúde. O termo “favela” é também uma forma de reivindicar esses direitos. É um símbolo de que estes residentes não são cidadãos de segunda classe. Favela como estigma Para outros, o termo "favela" está associado a preconceito e estigma, utilizado para desqualificar os moradores dessas áreas e reforçar a ideia de sua suposta inferioridade. Esse estigma é alimentado pela mídia, que frequentemente retrata as favelas de maneira negativa, associando-as à violência, pobreza e criminalidade. A reintrodução do termo "favela" pelo IBGE pode contribuir para reduzir esse estigma, evidenciando que as favelas são, na verdade, territórios complexos e diversos, com suas próprias histórias e culturas. Favela como realidade O termo "favela" é, acima de tudo, uma realidade, uma forma de referenciar um tipo específico de território urbano existente no Brasil há séculos. A decisão do IBGE em utilizar esse termo é um passo significativo para reconhecer essa realidade, representando um avanço crucial para que as favelas sejam tratadas com justiça e respeito.