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Entre Neil e Aaron não existia uma amizade típica. Eles compartilhavam uma relação de conveniência mútua, baseada em uma troca de favores. Neil precisava de ajuda em biologia, enquanto Aaron lutava com matemática. Apesar de seu ego insistir que poderia resolver tudo sozinho, Neil reconhecia seus limites.
Em uma tarde particularmente estressante, Aaron ofereceu sua ajuda. Sua esperteza às vezes era irritante, mas Neil valorizava sua competência. A troca foi feita: biologia por matemática.
Ao sair da biblioteca mais cedo, evitaram uma discussão prolongada. Caminhavam lado a lado em silêncio, o único som sendo o eco de seus passos no caminho de volta para a Foxtower. A tensão entre eles era palpável, mas a gratidão mútua prevalecia.
Neil estava prestes a atravessar a rua quando um barulho familiar e ensurdecedor o fez congelar. Um tiro. O silêncio que se seguiu foi opressivo. Procurando evidências do disparo, Neil se virou ao seu lado e seu coração gelou ao ver Aaron parado, olhos distantes e expressão de desconforto. Neil sabia que estavam em perigo porque ele já havia presenciado muito desses barulhos na sua vida passada, mas a visão do gêmeo o deixou perplexo. 'Aaron?' Neil perguntou, confuso e preocupado.
Quando Aaron retirou a mão que estava pressionada contra o corpo, o vermelho vibrante se espalhou pela sua camiseta branca, revelando a gravidade da situação. A mão dele, agora livre, mostrava vestígios de sangue transferido do tecido fino. Inicialmente, a extensão do ferimento não era clara, mas à medida que o sangue começou a escorrer, a realidade se tornou alarmante. “Acho que levei um tiro”, sussurrou Aaron, as palavras escapando em um suspiro sufocante.
…
Neil lembra da sua primeira vez dirigindo um carro pela Califórnia com sua mãe no banco de trás tentando a todo custo se manter viva quando os homens do seu pai o alcançaram. As chaves de Andrew estavam no seu bolso quando levou Aaron em seu apoio até o estacionamento do dormitório e colocou no banco de trás do Maserati. Andrew não iria atender o telefone quando se está consultando com bee, Nicky estava na aula e ele não achou que a ajuda dos veteranos seria necessário agora.
Neil pisa forte no acelerador em encontro do hospital mais próximo de palmetto. Aaron no banco de trás gemia de dor, apertando sua camiseta contra o ferimento afim de estancar o sangue. “Foda-se, foda-se isso tá doendo pra caralho.” Aaron diz com seu ar faltando.
As mãos de Neil são duras no volante, visivelmente em pânico com toda a situação. Aaron levou um tiro.
“Isso é tudo culpa sua!“ Ele disse, depois de arfar com a dor e fechar seus olhos fundos.
Quando Neil olha para trás, sentindo todo o seu corpo dormente pelo estresse e ansiedade, visualiza sua mãe ensanguentada no banco do Toyota roubado, seu pai havia os encontrado e eles correram para a costa da Califórnia. Infelizmente Mary levou um tiro, e a vida dela estava nas mãos de Neil. Visivelmente pânico, morta e sem vida, Neil precisaria colocar fogo no carro para que seus ossos sejam queimados.
“Olá, você está melhor?” Uma pessoa abana a mão em sua visão, trazendo Neil de volta a realidade. Não totalmente, seu corpo estava dormente, ele não lembra em que momento havia segurado um copo de água ou quando conseguiu chegar até a sala branca com uma televisão no volume baixo no fundo. Ele pisca duas vezes até conseguir enxergar a mulher em sua frente. Neil confirma com a cabeça. “Acho que o senhor deve estar confuso agora. Eu sou a enfermeira Erika, e você chegou aqui em pânico junto com um homem de cabelo loiro que havia um ferimento próximo ao abdômen. Gostaria de fazer alguns testes para saber se você voltou ao normal depois que tomou o remédio.”
Seu corpo restrita sua modalidade de se mexer, sua garganta parece seca, ele bebe mais água para aliviar. Suas mãos ainda meio trêmulas, mas ele conseguiu digerir o líquido. Neil confirmou com a cabeça para que ela prossiga.
“Você poderia me informar o seu nome?”
“Neil.”
“E sobrenome?”
“Josten.”
Erika, uma mulher loira de olhos verdes, anota em uma prancheta que tem em mãos. “Certo. Você lembra o nome do homem que você levou até aqui?”
Neil varreu a sala com os olhos, procurando desesperadamente pelo gêmeo, mas estava sozinho com uma pessoa desconhecida. As lembranças começaram a voltar, trazendo o nome de Aaron e uma dor intensa no peito. A possibilidade de ter matado alguém era insuportável. Andrew nunca o perdoaria.
"Aaron, onde ele está?" Neil perguntou, elevando o tom, preocupado, mas surpreendentemente calmo. Suas últimas memóranças eram uma névoa confusa. Sua mãe era Aaron? O sangue no banco de couro do carro de Andrew era o vermelho de sua mãe? O barulho do tiro ecoava em seus ouvidos.
Ele se lembrava de mãos o puxando, de perguntas sendo feitas, mas sua língua parecia travada. Alguém lhe deu remédios, e ele se permitiu relaxar, sentindo-se vulnerável sem Andrew por perto para protegê-lo.
“Aaron está passando por uma cirurgia agora. Sofreu uma hemorragia interna mas vai se recuperar. A bala não atravessou nenhum órgão, o que é bom porque será uma cirurgia mais simples. Não se preocupe, seu amigo vai ficar bem. Enquanto isso, por que não ligar para os familiares de Aaron para avisar o que aconteceu?”
Andrew.
Embora preocupante, envolver qualquer outra pessoa não seria tão alarmante, mas o fato de ser o irmão gêmeo de Andrew Minyard tornava tudo ainda mais grave.
Erika recolhe o copo de plástico vazio das mãos de Neil, e com um simples sorriso, sai da sala. Não lhe deu nem 3 segundos de sua saída quando o celular vibra no bolso da calça. Neil pega o aparelho, brilha um nome familiar na tela. Ele se esqueceu totalmente da sessão de bee que Andrew tinha hoje. Hesitando um pouco, Neil atende.
“Você sabe que eu odeio esperar na recepção.” Foram as primeiras palavras quando Neil colocou o telefone no ouvido.
“Andrew…Eu tenho que te falar uma coisa. Aaron levou um tiro eu estou com ele no hospital.”
A chamada fica em silêncio.
“Onde?”
“Hospital Santa Clara.”
…
O sangue de Aaron ficou duro atrás de suas unhas, evitando olhar para apenas decidir que precisava urgentemente de um banho e trocar de roupas. Seu mundo some por alguns minutos à espera de Andrew, fixo em um ponto branco no chão enquanto não havia nenhuma outra notícia sobre a cirurgia do gêmeo.
No fim do corredor as portas se abrem, passos largos chamam a atenção de Neil na recepção, logo avistando a presença familiar em sua direção. Mãos brutas em seu corpo, suas costas batendo na parede como se Neil não fosse frágil, porque ele não é, e a atenção de Andrew em todos os detalhes que formulam Neil. Ele vasculha o rosto do ruivo, buscando novas cicatrizes, mas nada abordado, apenas manchas de sangue já seco, que Andrew não precisou perguntar porque a realidade se torna mais alarmante. “Onde está ele?”
Era assustadoramente confortante Andrew está ali, sua tensão de músculo diminui, mas a raiva explícita não permitia que Neil toque Andrew até que o seu irmão esteja completamente bem.
Havia algo estranho, verdadeiro na relação dos gêmeos. Eles se odeiam, não é um segredo para ninguém, mas em via das dúvidas, nunca mexa com as coisas de Andrew.
“Ele está em cirurgia.”
“Como Neil?”
Os marrons fuzilam seus olhos.
“Saímos juntos da biblioteca e alguém atirou, eu não consegui ver, mas ouvir, e percebi que Aaron havia sido atingido.”
Andrew recua em seus passos, buscando em volta uma forma de aliviar sua tensão, preocupação. Normalmente Andrew reagiria impulsivamente, poderia socar Neil a fim de buscar uma resposta mais clara, igual quando ele fez com Kevin, mas o peso da situação não pesou tanto quanto Neil achava que iria acontecer. Talvez seja porque Andrew confia em Neil para manter suas coisas seguras.
“Stuart já teria me contatado se tivesse alguma coisa a ver comigo.” Disse sobe a mira de Andrew instável em sua frente. A falta de respostas era um dos únicos problemas para a sanidade de Andrew. “Vou ligar para Wymack e Kevin.”
Enquanto Andrew se servia de café, adicionando vários pacotinhos de açúcar, ansioso por notícias sobre Aaron, Neil ligou para Wymack e Kevin para informá-los sobre a situação crítica de Aaron. Imediatamente, o chat do grupo das raposas foi inundado de mensagens preocupadas. Nicky não parava de ligar para o celular de Andrew, buscando atualizações.
Enquanto isso, a polícia já havia cercado Palmetto em busca do suspeito que havia atirado em Aaron. Após 20 minutos de angiosa espera, Erika chegou com notícias esperançosas, Aaron havia saído da cirurgia e estava se recuperando.
Exausto, Neil se permitiu descansar quando avistou o gêmeo com uma aparência melhor do que hoje cedo dormindo tranquilamente depois da cirurgia. Consequentemente devido as polícias no local, a notícia já havia se espalhado pela universidade, trazendo Katelyn, namorada de Aaron em uma tentativa frustrante de conseguir vê-lo no quarto. Nicky, Kevin e Wymack também.
Aaron acordou após alguns minutos, e Andrew ficou ao seu lado no quarto. Enquanto isso, Neil decidiu cuidar da própria sanidade. Na recepção, encontrou Wymack e Kevin com expressões preocupadas. Para tranquilizá-los, Neil assegurou que não havia motivo para preocupação e que o incidente não envolvia os Moriyama.
Depois que todos se acalmaram, Neil conseguiu tomar um banho e trocar de roupa, graças às vestes que Kevin havia trazido. Renovado, ele retornou ao quarto onde Andrew, Katelyn e Aaron aguardavam.
Andrew estava abusado da ideia de Katelyn está lá, mas ele não iria deixar Aaron sozinho com ela só porque a odeia. Seus dedos coçam ansiosamente por um cigarro enquanto deixava o seu irmão conversar com a namorada, e quando Neil entra, sua atenção está toda nele. Aaron se ajeita em uma posição confortável na cama, e um pedido silencioso, Neil se aproxima.
Eles se encaram por alguns segundos até Aaron se esforçar a falar. A um dia atrás, eles estavam digerindo palavras agressivas um ao outro, mas hoje o fez provar que mesmo que se odeiam, existe uma conexão familiar de proteção entre as raposas. Neil fez o que fez porque não viu somente Aaron, mas uma pessoa importante para ele. E embora que 10% do tempo eles brigam, talvez exista uma força maior atuando nesse relacionamento. “Obrigada…por me salvar.” Suas palavras pareciam difíceis de sair, mas quando acontece, Neil se sente grato por isso.
“Eu não iria deixar você sangrar até a morte.”
“Você devia, nos odiamos, eu não gosto de você.”
“Fico feliz que você não gosta de mim, você é insuportável.” Neil fala, mas Aaron não devolve por não está disposto a uma discussão.
Quando Neil se aproxima de Andrew, preparado para tirar um tempo a sós, Aaron diz “Eu ainda preciso de ajuda em matemática.”
“Podemos entrar em um acordo semana que vem.” Neil concorda.