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Sinais de Identidade

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— Vocês levaram sete minutos e quarenta e oito segundos — Hiragi falou irritado, seu rosto mostrando os dentes enquanto o grupo ao qual Rin fazia parte se aproximava dele — Até pirralhos do jardim de infância conseguem ser mais rápidos que vocês.

 

Rin desviou os olhos, será que ele sabia? Era um dos quatro celestiais, todos sabiam de seu nome e identidade, mas todos sabiam que ela estava na escola? Umemiya contou para ele?

 

— Ele é aquele cara do outro dia... — Sakura falou fazendo a platinada parar e o encarar, olhos focados até se recordar da briga em que ambos estavam. Sakura se lembrava de Hiragi mas não dela?

 

— Eh? Você conhece ele, Sakura?

 

— De quando eu salvei uma mulher que trabalhava em um café.

 

— Ah, você está falando da Kotoha? — Nirei questionou inocentemente, no entanto, antes que pudesse ter respostas, Sakura foi puxado para longe por um veloz vulto.

 

Mesmo que Hiragi estivesse sussurrando, sua forma de agir e os movimentos de seus músculos diziam o suficiente o quanto ele estava irritado com toda a situação. Rin se recordava bem da briga, ela recebeu uma longa bronca daquele mesmo Toma Hiragi que também havia pedido segredo para Sakura.

 

Se Umemiya souber do que aconteceu...

 

— O que eles estão falando? — Nirei questionou em direção de Suo e Rin.

 

— Não faço nem ideia — Respondeu o garoto com tapa-olho, a platinada apenas deu de ombros em uma negação rápida.

 

E ela escutou todo aquele falatório, mesmo que sua mente não fizesse questão de interpretar, seus olhos focados na figura de Toma que aos poucos se aproximava de todo o grupo de delinquentes sendo seguido por Sakura não muito atrás.

 

Ele passou, próximo suficiente para escutar os batimentos ansiosos da mulher, mas com um olhar de canto tão rápido, continuou a caminhada deixando um suspirar longo de Rin. Ela havia sobrevivido, ao menos não levou mais uma longa briga.

 

Toma Hiragi conseguia assustar Rin Shimizu.

 

— Rin? — Suo a chamou levando um olhar rápido, seus dedos se mexeram de forma ainda rígida — Eu não tinha te cumprimentado direito hoje.

 

E ele falou, com seus dedos duros, mas um sorriso em lábios o que seria um “bom dia” informal fazendo pequenas gargalhadas de ar puro escapar dos pulmões da garota. Ela fez o mesmo movimento, fluido e delicado, seus dedos escondidos pela luva grosseira.

 

— Eu fiz certo então — Ela riu novamente, os orbes dos brincos de Suo balançando com seu movimentar — Antes que gaste sua criatividade me xingando, eu lembro que podemos nos comunicar com o celular.

 

— Formem grupo de 4 ou 5 pessoas! — Rin foi responder a fala de Suo quando a voz de Hiragi chamou a atenção de todos ali — Cada grupo precisa ter pelo menos um aluno do segundo ou terceiro ano com ele. Esses alunos vão liderar o grupo, os outros precisam obedecer às suas ordens e seus avisos, se necessário. Vão, formem logo os grupos.

 

— Espera! Para onde estamos indo e por que? — Sakura gritou atraindo novamente mais atenção que o necessário.

 

— Patrulhar a cidade.

 

“Você acha que vai escapar?” Enquanto todos estavam alguns passos a frente Hiragi finalmente se virou encarando Rin, seus olhos irritados enquanto ele dizia “Umemiya me contou que estaria aqui, mas você parece um garoto”

 

“Não conte para ninguém!” Rin disse rapidamente, dedos ansiosos enquanto suas bochechas inflavam “Eu disse que iria tentar agir disfarçadamente”.

 

“E decidiu que iria se parecer com um garoto?” Toma suspirou, seu estômago roendo seus músculos com a dor de ter se irritado “O que vai fazer se entrar em uma briga?”

 

“Lutar? Não é óbvio?” Rin o encarou como se o mais velho estivesse louco, praticamente caducando e céus, por pouco ele não bateu sua mão contra a cabeleira platinada da menina lhe dando uma bronca audível.

 

— Aliás... Vocês já brigaram, não é? — Se tornando finalmente o líder da equipe, questionou para Sakura e Sugishita aquilo.

 

— Não! Eu só chutei esse cara porque ele tentou me socar! — Sakura gritou apontando para o maior.

 

— Fiquem o mais distante possível um do outro! — Ele disse afastando os dois briguentos.

 

— Ele é um professor do jardim de infância — Suo zombou fazendo Rin gargalhar, seu estômago doendo pela falta de ar e quase um som escapando — Eu não sabia que ele também conhecia linguagem de sinais. São conhecidos?

 

Rin fez um talvez, uma cara zombeteira enquanto ela mesma avançava a passos mais rápidos só parando quando a voz de Toma soou mais alto — Vovó, isso é perigoso! Vocês, venham ajudar também!

 

O cheiro forte de tinta ia para seu nariz enquanto o rolinho em constante movimento não deixava de ser banhado no líquido branco afim de cobrir aquela grotesca pichação. Suor deslizava por sua pele, vez ou outra a secando com as costas de sua mão enquanto tentava dar seu máximo naquela tarefa.

 

Rin se lembrava bem daquela mensagem de texto que sua querida Kotoha havia enviado minutos depois de sair da cafeteria, era um pedido, a garota poucas vezes gananciosamente pediu algo tão ativo para Rin.

 

“Cuide de Sakura e Nirei” Suspirando sabia que Kotoha estava mais preocupada com Nirei, um garoto completamente indefeso e que entrou nessa escola no calor do momento de suas decisões que alguém como Sakura. Mas ela iria fazer isso, como pedido.

 

— Uau, você pinta muito bem— Suo falou para Nirei, sua voz aos poucos se aproximando mais de Rin que se mantinha focada em seu trabalho — Aqui está um pouco mais de tinta.

 

Ela agradeceu sem o olhar, suas mãos focadas em derramar a tinta branca no compartimento de pintura para que os próximos pudessem também receber. Seu silêncio e foco era um contraste as reclamações de Sakura, tão ruidosas que prolongavam mesmo com o tempo de término chegando rapidamente.

 

— Ei, acabamos aqui — A voz do mais velho do grupo disse para o dono da padaria avisando do término da pintura, agora não mais existia uma pichação grotesca no muro.

 

— Aqui, peguem à vontade — O senhor disse mostrando alguns dos doces em formato de peixe. Toma foi o primeiro a pegar, disfarçadamente apontando para que a platinada também o fizesse.

 

Ele continua preocupado com as irmãs de Umemiya. Pensou.

 

E caminharam por algum tempo, vez ou outra uma conversa acabava se desenvolvendo, mas quase sempre um silêncio cheio de atenção ao redor das ruas onde a patrulha estava acontecendo dominava. De construções mais cuidadas, pouco a pouco a aparência das casas se degradava e Rin sabia muito bem onde estavam chegando.

 

Era um dos bairros que ela usava para ir até sua casa, também era o domínio dos Shishitoren...

 

— Mas que cachorro feio — A fala poderia ter feito Rin engasgar com água caso tivesse usado aquele tempo para alcançar a garrafinha, seus pulmões tremendo enquanto ela tentava não rir.

 

— EI SAKURA! VOCÊ NÃO PODE FALAR ISSO, NUNCA SE SABE SE AQUELE TIPO DE GENTE ESTÁ POR PERTO! — Nirei começou a gritar em desespero, a platinada ainda ria batendo sua mão contra sua coxa.

 

— Aquele tipo de gente?

 

— Aqui fica a entrada de outro grupo! Você não pode causar problemas passando desse ponto! É como se fosse um país com diferentes leis... Nossas regras não valem nada lá. O time que domina o território se chama: A crença absoluta da “força”, Shishitouren!

 

— Ah! A crença absoluta da força — Sakura repetiu o título com vagaroso entendimento, talvez tentando entender tudo o que ela trazia — Ótimo, parece que esse é meu beco.

 

— Pare seu maldito! — Alguém gritou longe, sons de passos rápidos vindo do outro lado do muro, o túnel sendo agora observado por todos.

 

— O uniforme de um aluno do ensino fundamental?

 

— O que você está fazendo aí? Venha aqui!

 

— Aquele uniforme laranja. Shishitoren! — Toma parecia apreensivo e Rin sabia muito bem o motivo daquilo, ela entendia o quanto suas ações poderiam gerar dores de cabeça para Umemiya.

 

Ele poderia evitar isso, mas não ela. Correndo com toda sua velocidade, seus pés se ergueram desferindo um chute giratório contra a cabeça do garoto mais perto do estudante que era perseguido.

 

Mas não era só ela quem reagiu, seu corpo estava ofegante, pensamentos a milhão por toda a luta que iria enfrentar sozinha, mas ao olhar para os dois lados...

 

Sakura e Sugishita. Fazia sentido, eles não pareciam do tipo que ficariam em silêncio apenas vendo o menino apanhar.

 

Que trabalheira eu acabei de arrumar?