Chapter Text
Peraí…PERAÍ.
Qing Hua se afastou da tela brilhante e fluorescente como se fosse feita de fogo, se encolhendo em uma bolinha no canto de seu enorme quarto, seus olhos arregalados enquanto encarava a coisinha como se ele fosse particularmente assustadora e ofensiva para a existência dele.
Que. Merda. Era. Aquela.
Ele olhou de forma assustada ao redor do quarto, atrás de qualquer coisa que valesse menos que um rim dele para arremessar no quadrado flutuante no centro do quarto dele.
Ele não se lembra de escrever quadrados flutuantes em sua história!!!!
– O que diabos…? – Ele coçou a cabeça, se ajoelhando no lugar onde estava, começando a engatinhar timidamente até o objeto (ele poderia considerar aquilo alienígena?) e cutucando de leve o cantinho da janela extraterrestre.
[Olá! Olá, usuário #01! É um prazer desse sistema lhe ajudar durante a sua jornada! Kiyaaah!]
Mas que bomba era essa?
– Calma lá, calma aí… – Qing Hua murmurou para si mesmo, segurando sua cabeça em confusão, seus dedos se embrenhando em seus fios castanhos em certo desespero.
Sistema? Sistema?! Como os sistemas de novels de transmigração?! Como missões, punições e funções?! ESSES SISTEMAS?!
Ele engoliu em seco e levantou os olhos para a janela brilhante. – Quais são suas funções, sistema 07… – Ele semicerrou os olhos – 1 ... 4..setenta alguma coisa..
[072, usuário!]
– É, isso mesmo.
[As funções desse sistema são:
Garantir o sucesso do usuário em todas as missões impostas.
Pontuar e redigir todas as ações do usuário.
Punir e se necessário, excluir a instância do universo em que o usuário reside em caso de desvio máximo.
Garantir a máxima satisfação do usuário!. ]
Foi impressão dele ou essa janela fluorescente falante acabou de falar de excluir um universo inteiro, cheio de pessoas vivas, se necessário?!
MAS QUE PORRA É ESSA?!
Sendo bem sincero, Qing Hua demorou um bom tempo para se adequar em sua própria obra, que as pessoas e criaturas ao redor dele não eram apenas palavras e sílabas..e sim seres existentes com vidas, histórias, sentimentos…e isso era bizarro.
Meio babaca dele desumaniza-los, com certeza, ainda era estranho imaginá-los sencientes, mas ele passou a se importar.
Ele engoliu em seco com o pensamento, se esse quadrado falante fosse mesmo poderoso suficiente para destruir um universo inteiro, era melhor ele ter cuidado.
Com o coração (e o cu) na mão, Shang Qing Hua engoliu em seco e fez a pergunta mais temida de todas as edições do BBB¹.
– Poderia explicar a minha…a minha missão – Ele quase choramingou, sua voz um fiapo. – …por favor?
[Claro, usuário. A sua missão principal atual é “Apaixonando o Lotús Negro Imperial”! Você deve encontrar o caminho do coração do lorde demoníaco, senhor desse mundo Luo Binghe!]
Qing Hua não sabia se ria e chorava, se gritava ou se jogava da janela do quarto dele.
Como que a MERDA da missão dele é apaixonar a DROGA do fucking LUO BINGHE quando a última coisa que ele queria era estar perto do protagonista MALUCO, MEGALOMANÍACO E PERVERTIDO DELE.
– Me dá uma licencinha… – Ele murmura, se levantando com pernas trêmulas, e se arrastando até sua cama, se jogando desengonçadamente contra os lençois.
– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH.
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Xiaoli inclinou a cabeça levemente para o lado em confusão, as sobrancelhas franzidas enquanto ela olhava por toda a extensão do rosto bonito do seu senhor marido.
– Eu..ainda não entendi.
Luo Binghe sorriu, mas sentiu vontade de arrancar a própria cara quando ouviu as palavras “não entendi” bem pela quinta vez, saindo da boca da garota.
Era impressão dele ou ele tinha algumas esposas com o QI de uma porta?
– Eu..tive recentemente um desentendimento com Hua’er..e gostaria de saber se A-Li poderia me ajudar a conquistar o perdão dela de volta – O demônio soltou um suspiro falso e triste, os olhos caídos e a expressão desolada. – Este marido está muito arrependido.
Xiaoli fez uma careta pensativa, antes de encolher os ombros em breve indiferença. – Jiejie é muito fácil de se conquistar pelo o estômago, viramos amiga por um bolinho. – A menina apoiou os cotovelos na mesa do marido, descansando o queixo em suas palmas enquanto cantarolava baixinho, pensativa. – Você podia dar uma cesta com livros e lanches para ela, são as duas coisas que ela mais gosta de fazer. Ler e comer.
Binghe murmurou em reconhecimento, acariciando seu queixo. – Você acha que um presente com sua literatura e comidas favoritas a fariam feliz?
Xiaoli concordou rapidamente com a cabeça. – Com certeza! – Ela exclamou, batendo palminhas animadas. – Mas… – Ela franziu o rosto mais uma vez. – O senhor marido sabe do que ela gosta?
Mulherzinha maldita, ele pensou, não quero ser mais casado com você.
O pensamento infantil o aborreceu, mas ele decidiu ignorar, mantendo a fachada simpática e gentil. O foco dele era Li-Hua agora, não a menininha irritante na frente dele que era espertinha só quando lhe convinha.
– E do que ela gosta, A-Li?
– Macarrão! Ela ama macarrão, principalmente de batata doce… ah! E baozis de carne de porco agridoce, guiozas, e ele gosta de doces gelados também, geleias e bolos…
Binghe fez uma lista mental de ingredientes e demandas que teria que fazer na cozinha, claro que ele faria tudo à mão, mas ele tinha que ter certeza que nada seria envenenado ou contaminado por causa de uma crise de ciúmes repentina de suas outras esposas. Era a última coisa que ele precisava.
Sha Hualing já estava suspeita sobre o interesse “repentino” dele em Li-Hua e ele queria manter a demônia mais distante de Hua’er o possível.
Era só o que faltava, ele ser sabotado pela o próprio harém.
Alguns chamariam isso de karma (e realmente é! Mantenha o pau dentro das calças, cara…)
– E literatura? – Ele perguntou, cutucando suas unhas recém-feitas, as garras dele estavam crescendo muito recentemente…
Xiaoli corou, e abraçou a própria cabeça, escondendo as bochechas vermelhas. – Ah…Hua-jie adora livros amarelos²…principalmente os de mangas cortadas, mas ela tem muitos de donzelas sendo arrebatadas também… – A mulher sussurrou envergonhada.
…
….
…
O quê….?
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– Eu não aceito, eu não aceito, eu não aceito! – O homenzinho murmurava, andando de lá pra cá no corredor em frente ao seu quarto; ele havia fugido dos próprios aposentos depois daquele quadrado flutuante maldito começar a listar o passo a passo da missão amaldiçoada dele.
Ele não iria seduzir Luo Binghe, muito menos transar com ele e DEUS O LIVRE engravidar da prole demoníaca do imperador.
Muito obrigado, passo.
Com tantas mulheres naquele harém imenso, tantas opções…porque ele?! Tinha tanta gente (definitivamente não ele!) interessada, que faria qualquer coisa para estar no lugar dele…porque logo ele?!.
Será que isso era alguma benção dos deuses para a pobre e negligenciada Li-Hua? Porque senhores celestiais, ela não está mais nesse plano!!!
– Mas que porra, que caralho, que merda, inferno! – Ele xingou, dando pulinhos de ódio e chutando e socando o ar em pura birra. O que ele havia feito dessa vez?! Morrer de um choque elétrico por causa de macarrão instantâneo não era suficiente? Renascer como a esposa esquecida e bucha de canhão do protagonista OP da novel dele não era karma o suficiente?! Que porcaria!
– Eu vou me matar – Ele exclamou, correndo pra lá e pra cá – Mas eu não quero morreeeer!! – Shang Qing Hua chorou, puxando os próprios cabelos.
Talvez ele pudesse subornar alguns guardas e servos, pegar um dos barcos no nome dele e fugir, abrir suas economias de emergência e fugir pra depois da fronteira do reino humano, talvez se isolar na montanha onde Tianlang-jun estava selado? Ele não se importava de fazer companhia pro sogro!!
Ele poderia fugir, claro, ele sempre teve planos de fuga guardados em suas mangas, mas a vida no palácio era relativamente tranquila e era tão confortável…. Qing Hua sempre estava seguro da maioria dos perigos de seu mundo (monstros, criaturas, plantas assassinas e entre outros, não o mar de mulheres loucas e ciumentas que ele tinha que conviver diariamente), tinha um teto sob a cabeça, uma cama quentinha e comida gostosa. Ele não tinha motivos pra ir embora.
Até agora…
Mas fugir agora seria uma ideia de girico³, porque com certeza o imperador dos três reinos procuraria por sua esposa até no quinto dos infernos⁴.
Antigamente, se ela sumisse, ninguém nem iria nem perceber!
Nossa, que deprimente. Porque ele estava comemorando isso mesmo?
– Eu não posso ficar aqui, eu não posso-OW! – A mulher exclamou, tombando com outra pessoa, seu nariz colidindo com uma superfície dura que a machucou.
Qing Hua acariciou sua fuça⁵ com carinho, seu nariz ardendo levemente pelo o impacto.
– Perdoe este general, furen.
Aí, caralho.
– M-Mobei-Jun..– A mulher gaguejou, com os joelhos tremendo e ameaçando a fazer cair no chão a qualquer momento. – P-perdoe está humilde por ser tão desastrada…
O homem gelado franziu o rosto em uma carranca assustadora e se curvou para a mulher, se ajoelhando em uma perna só.
– M-meu rei, por favor- – Qing Hua exclamou, balançando os braços e a cabeça em negação.
Levanta, homem, pelo amor de Deus.
– Este general implora o perdão da furen se a fiz se sentir inferior de alguma maneira.
– Não, nunca, jamais! Sem inferioridade, sem perdão, sem implorar!
O homem levantou o rosto e encarou as feições fofas e rechonchudas, levemente em pânico, da mulher, um sorriso nervoso nos lábios rosas.
Qing Hua engoliu em seco com o olhar do demônio de gelo, se arrepiando dos pés a cabeça com os olhos tão penetrantes em si.
Aí, tô toda molhada.