Work Text:
SEUS OLHOS SE ABRIRAM no momento em que ouviu um barulho alto fora de casa; como algo grande caindo em cima do cascalho ou de uma mesa grande, e o barulho de algo menor já seria suficiente para despertá-la de seu sono.
Afinal, em um reino onde existiam ogros e elfos mais agressivos do que o normal, aparecendo lobisomens como se fossem coelhos se reproduzindo, fadas macabras em busca de vítimas e vampiros famintos, era difícil dormir bem por mais do que um ou dois dias da semana.
Contudo, quando seu pulso esquerdo começou a esquentar lentamente, isso lhe deu uma pista de qual criatura havia entrado em sua casa.
Graças a sua má sorte de sempre encontrar monstros onde quer que você fosse morar, seu corpo já identificava quando os seres mitológicos estavam perto de você, ou querendo atacá-la.
Uma habilidade bem estranha de se construir conforme os anos sendo atacada desde que era apenas uma criança, mas que obviamente vinha a calhar em diversos momentos de sua vida.
Apertando os olhos com força suficiente para fazê-los se tornar simples frestas, você apenas pegou a besta que ficava embaixo de sua cama.
Se levantando da cama, contudo optando por ficar perto da mesma, que estava repleta de objetos amaldiçoados e muito alho com outros te temperos que monstros específicos não gostavam, você carregou a arma e apontou a besta para a porta de seu quarto, mais do que pronta para atirar se fosse necessário.
— Não atire em mim, princesa. Você sabe como eu não aprecio os objetos pontudos.
Aquela voz estava tão perto, que poderia facilmente assustá-la se já não estivesse esperando-a. Por isso, ao invés de soltar a besta, você apenas girou os calcanhares, e virou-a na direção onde sabia que Maki estaria.
Observando o sorriso ladino nos lábios tão familiares para si, seus dedos apenas fizeram menção de atirar a flecha bem no meio do pescoço descoberto da esverdeada — o que não passou despercebido pela mulher, mas que ela ignorou facilmente, apenas aumentado o sorriso.
— O que foi, meu bem? Estava com saudades? — O sarcasmo não te irritou, mas sim a forma como a de cabelos longos moveu o corpo para mais perto; era tão lento, tão provocativo, que você poderia facilmente atirar, se não tivesse tanta intimidade com ela.
— Maki, o que você quer?
Com um sorriso divertido nascendo nos lábios alheios, a mulher jogou o pescoço para o lado, e sem nenhuma resposta, sumiu de sua vista.
O pânico encheu suas narinas em um sopro, e mais rápido ainda foi sentir as mãos femininas tão familiares em sua cintura, apertando-a como se fosse um pedaço de carne desnudo na brisa fria da noite de lua cheia.
— Você. — A resposta dela te fez soltar automaticamente a besta no chão, nem sequer se importando quando a flecha foi lançada contra a parede onde deveria estar Maki.
Felizmente, a de cabelos verdes estava atrás de si.
Sem vacilar, você girou nos calcanhares, ficando de frente para a bela Zenin, e não demorando a sentir os lábios da mesma nos seus, mais do que prontos para devorá-la (não se preocupe, estamos falando no bom sentido).
Prendendo as mãos ao redor do pescoço alheio da mais alta, Maki nem sequer te impediu de se esfregar contra ela, estando mais do satisfeita ao te ver demonstrar que estava tão sedenta quanto ela por aquela noite da semana.
Sentindo-a te empurrar lentamente contra a cama, você sorriu quando ouviu-a suspirar no segundo em que você puxou os cabelos da nuca dela, sabendo perfeitamente o quanto ela adorava quando você o fazia.
Finalmente quebrando o beijo, com apenas um filete de saliva conectando vocês duas, você sorriu automaticamente quando enxergou os olhos vermelhos vivos da vampira a sua frente, nenhum pouco incomodada ao vislumbrá-los (mesmo que estivesse escuro).
Levantando um dos braços, e pousando-o contra uma das bochechas tão gélidas quanto a brisa de uma noite de inverno da mulher que você vinha encontrando em segredo há mais de um ano, seu sorriso cresceu de tamanho ao vê-la dar aquele sorriso que você tanto amava.
Sem pensar direito, as palavras saíram por seus lábios mais rápido do que pode realmente controlar:
— Eu te amo.
Sem quebrar a feição divertida que tinha no rosto, Maki aproximou o rosto do seu, e pronunciou com tanta suavidade que fez seu rosto corar um vermelho profundo:
— Eu também te amo, princesa.