Chapter Text
“Dê o seu coração e alma para caridade porque o resto de você, o melhor de você, querida, pertence a mim.”
— NFWMB - Hozier
Era diferente.
Acordar e saber que Sebastian estaria logo no último degrau a esperando. Passar todo o dia com ele e, mesmo assim, nunca ser o suficiente. Se acostumar com as mãos dele em seu corpo ou com os abraços vindos do nada. Scarlett nunca fora alguém que idealizava o amor. Nunca pensou como seria ser cortejada ou como seria quando se apaixonasse. Os exemplos que tinha em casa eram muito torpes para que despertasse alguma vontade e os costumes eram muito rígidos para que ela pensasse que poderia viver o amor como idealizavam nos livros.
Porém, lá estava ela, se acostumando com o diferente. Vivendo o amor idealizado dos livros. Scarlett amava o diferente. Amava o sorriso que Sebastian dava para ela e o calor de seus beijos quando estavam sozinhos na Galeria. Amava escapar de seu quarto para dormir com ele, como fizera na noite de sábado, e torcia para que conseguisse fazer isso todas as noites, porque amava a forma como ele a abraçava.
— Bom dia, miss… — Sebastian estendeu a mão para ela e curvou-se cortês para beijar o dorso de sua mão. — Espero que tenha dormido bem, apesar da minha ausência.
— Bom dia, senhor Sallow. — Ela sorriu, sentindo seu corpo arrepiar com um simples beijo e com aqueles olhos acobreados tão intensos. — Dormi bem, sim, senhor, mas preferi a outra noite.
Os dois caminharam lado a lado para a saída da sala comunal. Sebastian acariciava a mão pousada em seu braço com a destra, levemente inclinado para ela, ansioso para ouvir toda e qualquer palavra que saísse de seus lábios rosados.
— Certamente dormir comigo é muito melhor. — Gabou-se — Mas também senti sua falta. Será possível se acostumar com algo que aconteceu apenas uma vez?
— Duas vezes!
— Ah, como posso esquecer do dia em que fui acordado carinhosamente com você me jogando no chão… — brincou, fazendo-a gargalhar. O som favorito dele. — Já marcou seu teste de aparatação?
— Não… conversei com a professora Melanie que gostaria de fazer apenas após o recesso de inverno. Não me sinto muito preparada agora e quero evitar cartas do meu pai.
— Sendo assim… — Ele parou de andar e curvou-se para sussurrar em seu ouvido: — Que tal matar essa aula e ir comigo para História da Magia?
Scarlett se arrepiou, escondendo o pescoço dele e dando um risinho.
— História da Magia? E o que eu faria ali? Não é como se a aula do professor Binns fosse a mais interessante…
— Ah, ela é… E eu posso te mostrar o porquê. — Ele beijou delicadamente o maxilar dela e se afastou quando passos foram ouvidos.
Ela estreitou os olhos, incapaz de conter o sorriso em seus lábios e a curiosidade latente em seu peito.
— Não vou me meter em confusão por estar em outra aula?
— Nah! Todo mundo vai para a aula do Binns para dormir e ele parece nem olhar pra gente.
— Ok... — O sorriso travesso pintando a face angelical de Scarlett fez com que Sebastian também sorrisse.
A sala de História da Magia era estranhamente mais escura que as outras, tão escura quanto a sala de Poções. As janelas eram grandes, mas pilhas e mais pilhas de livros as cobriam, deixando poucas frestas para a luz romper. O candelabro estava alto, o que não ajudava na iluminação.
Sentado em sua mesa, estava o professor Binns. Seu brilho fantasmagórico era destacado pela escuridão e seus olhos estavam desatentos a todos os alunos que entravam enquanto anotava alguma coisa com sua pena.
Sebastian guiou Scarlett para a mesa mais ao fundo e ao canto, convenientemente afastada. Ela ficou na parede e ele ocupou a ponta. Os risinhos dados a cada minuto que se passava enquanto o horário não começava e os alunos procuravam o melhor lugar para sua soneca. Binns era pontual e, de fato, não parecia olhar para nenhum aluno ali. Começou a aula falando sobre a dissolução do Conselho dos Bruxos, o órgão anterior ao Ministério da Magia.
Scarlett quis rir quando notou muitos alunos ajeitando a melhor postura para dormir, usando os livros de apoio e até as prateleiras laterais. Binns falava e falava e mais vontade de rir ela tinha, colocando a mão na boca para segurar-se. Contudo, quem a fez engolir o riso fora Sebastian, no momento em que sentiu as mãos dele deslizarem por sua coxa. Sky o olhou de canto de olho, percebendo o sorriso sagaz que vinha de seu ego pintar o canto de seus lábios.
Ele não disse nada. Ajeitou-se com conforto na cadeira e dedilhou os joelhos dela até que conseguisse subir sua saia o suficiente para sua mão navegar por sua coxa. Apertou-a com força, respirando lentamente após, antes de escorrer com a palma cada vez mais para cima. Scarlett ficou imóvel. O coração pulando no peito e as mãos trêmulas. Quando ele alcançou o início de sua coxa, um sorriso satisfeito surgiu em seus lábios.
— Boa garota. — sussurrou próximo de seu ouvido.
A pedido de Sebastian, após a noite que dormiram juntos, Scarlett estava usando uma meia sete-oitavos e não uma meia calça irritante. Estava fazendo um esforço quase descomunal para deixá-lo tocar suas pernas e Sebastian fazia com ela uma terapia intensiva, tocando cada vez mais até que ela se acostumasse. Ele continuou apertando a perna de Sky, dedilhando sua tez exposta e roçando os dedos bem próximos da intimidade dela. Apertou o interior de sua coxa e Scarlett se curvou na mesa, tentando manter-se impassível, mesmo que seu corpo esquentasse em antecipação e o meio de suas pernas se tornasse molhado.
Audazmente, Sebastian levantou o mindinho e o anelar, deslizando-o no ponto sensível delicadamente. Tão delicadamente que Scarlett projetou o quadril para frente para que o contato fosse mais efetivo, porém Sebastian afastou a mão, rindo sob a canhota que cobria sua boca e apoiava seu rosto. Tornou a deslizar os dedos por sua pele, até finalmente tocar o meio molhado de Sky. Era deliciosamente muito fácil deixá-la assim.
Scarlett umedeceu os lábios e apoiou ambos os cotovelos na mesa de madeira. Seus olhos estavam fixos no professor, e ainda assim não entendia nada do que ele falava, apenas o via falar palavras ininteligíveis quando Sebastian começou a subir e a descer o indicador e o médio sobre sua calcinha.
Ele afastou a calcinha de algodão e tocou no clitóris inchado, a fazendo dar um pulinho da cadeira. Um suspiro longo e ele retirou sua mão dali, lambendo os dedos melados disfarçadamente antes de colocar sua destra no espaldar e deslizar a canhota para debaixo da saia, estando muito próximo de seu ouvido agora. Todos os alunos que poderiam vê-los ou ouvi-los estavam dormindo de cabeça baixa naquele momento.
— Fica quieta. — ordenou em um murmúrio.
Um arrepio subiu por suas costas. A mão de Sebastian entrou na calcinha de Scarlett, deslizando pela penugem fina até o ponto mais sensível. Ele melou seus dedos no mel de Sky, estimulando-a com massagens circulares até que seus dedos estivessem encharcados e, então, a penetrou apenas um.
Scarlett mordeu o lábio inferior. Era uma missão impossível deixar as expressões neutras e os gemidos presos em sua garganta quando tudo o que ela queria era gemer o nome de Sebastian. Cobriu a boca com força quando mais um dedo foi inserido, curvando-se dentro dela e friccionando seu ponto de prazer. Ele levou o polegar para o clitóris e o pressionou antes de estimulá-lo novamente. Scarlett estremeceu. Seus olhos giraram nas orbes e ela quase gemeu.
— Fica. Quieta. — rosnou no ouvido dela.
Ela sentia o calor se acumular no pé de suas costas, contraindo seu baixo ventre ao par que seus pés pareciam dormentes. Seu quadril se moveu, rebolando contra a mão de Sebastian quando ele usou a destra para apertar com força a cintura dela, fazendo-a parar. Desistiu de fingir assistir algo. Fechou os olhos, ainda pressionando a mão na boca com força, concentrada em todo o seu corpo se tornando cada vez mais quente a cada movimento exato de Sebastian em sua boceta inchada.
Ele aumentou o ritmo, apertando ainda mais a cintura dela sobre o espartilho antes que ela se movesse novamente. Sky contraiu os dedos dentro do sapato e apertou as próprias bochechas. Os olhos fechados com força e o lábio inferior sendo mordido para que nenhum som saísse dela. Quando o ar pareceu faltar-lhe e o calor de seu ventre pareceu demais para suportar, um suspiro denso lhe escapou, um quase gemido emergiu junto, muito baixo para outras pessoas ouvirem, mas alto o suficiente para que Sebastian recuasse a mão e meneasse em completa reprovação.
Ele umedeceu os lábios e lambeu os dedos melados, cruzando os braços no peito estufado. Scarlett ficou perdida, sem saber o que tinha acontecido, quando se sentiu à beira do precipício e foi puxada novamente de uma vez. Ela estava tão, tão perto. As jaspes suplicantes de Scarlett encontraram o profundo cobre de Sebastian e ele a repreendeu apenas com esse olhar.
Ele ajustou o aperto de sua calça em sua pélvis e focou no restante da aula, segurando-se para que seu ego não inflasse o suficiente para fazê-lo sorrir. Scarlett, frustrada, apenas cruzou as pernas e abaixou a cabeça na mesa, olhando para qualquer coisa que não fosse o espectro de Binns. Sentia-se torturada e injustiçada naquele momento e não tinha gostado nada disso.
A aula se arrastou após isso. Scarlett pegou suas coisas com pressa e saiu da sala antes mesmo dos alunos sonolentos despertarem. Sebastian não conseguiu fazê-la parar, então apressou-se o máximo que conseguiu, deparando-se com a veloz Scarlett Emburrada Callaghan adentrar a sala de Fig.
Ele a deixou ir. Por ora. Limpou suas mãos no banheiro próximo e desceu até a Galeria Subterrânea com pressa, adentrando a passagem que Isidora tinha o ensinado diretamente para o porão de sua antiga casa em Feldcroft.
Ele tinha fechado e escondido a entrada superior, tirado todo o visgo do diabo e organizado como um pequeno lugar de estudo, colocando ali todos os materiais que tinha conseguido com Isidora naquelas últimas três semanas.
— Finalmente apareceu. — Isidora comentou de seu quadro exposto no centro do porão.
— Estive muito ocupado. Tive jogo na sexta e estava com Scarlett no final de semana, não consegui aparecer. — Ele se jogou numa cadeira acolchoada. — Estou querendo contar para ela sobre você. Ficaria mais fácil e ela também poderá nos ajudar com Anne mais depressa.
— Sebastian… — Isidora fechou seu livro. Eram os mesmos que tinham ali. Ela fora bem esperta em vida para enfeitiçar a pintura com todos os seus principais materiais de estudo, sabendo que poderia perdê-los com o tempo. — Meu querido, sei que a quer por perto, mas… Lembre-se de que ela está com os Guardiões, os mesmos que tentaram me eliminar.
— Ela não é como eles! — disparou, irritadiço — Já te disse antes, além do mais, estamos juntos, não posso ficar escondendo isso dela para sempre.
— Não precisa ser para sempre, mas até terminarem os desafios, descobrir o que eles querem e você poder ter a certeza de que ela estará do seu lado e não contra você. — Isidora argumentou, ela tinha uma entonação sempre direta e calma. Doce e afetuosa.
— Ela nunca estaria contra mim. — Sebastian acreditava no que dizia e estava ficando irritado com toda a desconfiança de Isidora para com Scarlett.
— Eu só quero o seu bem… — Ela suspirou. — Após todos esses dias o vendo sofrer, o vejo como o meu filho e quero que dê tudo certo.
Sebastian desviou o olhar e travou o maxilar, rangendo os dentes. Não queria concordar com Isidora, mas lá estava ele de novo, vendo razão em suas palavras.
— Quer saber o que descobri sobre a maldição de Anne? — Docemente, ela perguntou, seu sorriso viperino e os olhos brilhando uma nova conquista. Lentamente, Sebastian voltou sua atenção para a pintura.
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Scarlett sequer esperou os alunos esvaziarem a sala quando cortou o mar de primeiranistas até a mesa de Fig. Ele deu um sorriso nasalado e fechou um grande livro antes de levantar-se.
— Aprecio a sua pontualidade. — brincou o mais velho, subindo as escadas com sua pupilo o acompanhando.
— Estava curiosa para saber o que o senhor descobriu. — mentiu, forçando entusiasmo. A verdade é que ela estava apenas fugindo de Sebastian após ser frustrada.
— Bom… bom! Sente-se, querida. — Eleazar apontou para o sofá diante da lareira e serviu uma xícara de chá para os dois. Scarlett sentou-se confortavelmente e pegou a xícara. — Eu estive estudando algumas coisas e conversando com os Guardiões.
— Eles irão me chamar para o próximo teste?
— Creio que não agora… — ponderou.
— Argh, ótimo!
— Mas não era sobre isso que estava estudando. Desde o dia em que me contou e presenciei a ligação do senhor Sallow com a magia ancestral, decidi investigar. Não é como se ele fosse como você… contudo, ele também não é como eu. — Fig pigarreou e bebericou seu chá. — Os Sallow estão estabelecidos na Escócia há muitos anos e têm um braço da família, de onde Sebastian descende, que morou aqui nas Altas Terras na época em que os Guardiões e Isidora eram vivos.
Scarlett ficou calada. Imersa nas palavras de Fig, mal afastava a xícara da boca. Aquele era um excelente assunto para afastar a mente dela de onde não deveria, afinal, saber de onde as habilidades de Sebastian vinham seria o primeiro passo para entender por que os dois eram tão ligados.
— Estudei a linha genealógica dos Sallow até chegar no ponto em comum entre ele e a magia ancestral. E esse ponto é Isidora Morganach.
Scarlett engasgou com o chá, tossindo e afastando a xícara de si. Empertigou-se no sofá com os olhos arregalados.
— O quê?!
— Isidora teve uma filha chamada Ada. Essa filha casou-se com um homem da família Rosier, com quem tivera uma filha. Ela casou com um homem da família Burke. Um casal de gêmeos nasceu. A menina casou-se com um Sallow. A bisneta de Isidora é uma Sallow. Apenas sete gerações anteriores a Sebastian.
— E o senhor acha que é por isso que ele pode manipular os repositórios?!
— É a conclusão mais óbvia a ser tirada. Pesquisei em mais de uma fonte, para ter certeza dessa ligação e em todas, a família Morganach se funde aos Sallow. — Fig parecia preocupado.
— E por que o senhor chamou unicamente a mim? Sebastian precisa saber disso.
— Minha querida, ouça-me com atenção, hum? — Fig segurou a mão de Scarlett, cobrindo-a com uma concha de suas próprias mãos enrugadas. — Contei isso aos Guardiões e eles estão preocupados. A magia do repositório é tóxica e eles temem que, se Sebastian ficar sabendo, ele possa querer absorvê-la. Os resultados não seriam bons se ele o fizesse. A ordem deles é que Sebastian não saiba disso e que você o ajude a não absorver mais nenhuma magia dos repositórios.
— Eu não posso esconder isso dele, professor… — murmurou, resignada. — Ele está louco, revirando tudo para entender de onde vem essa habilidade.
— Devemos protegê-lo, querida. Vamos ver como a magia dele se desenvolve sozinha. Pelo que me contou do último desafio de vocês, ele está mais consciente dela.
— Sim, mas… — suspirou. — Tudo bem.
Não poderia falar que Sebastian estava manipulando até mesmo a magia das armaduras dos duendes, que ele conseguia sentir a magia do repositório de longe e que as absorvia. Principalmente, não poderia contar como eles dois se conectam quando estão juntos, seja em luta, seja… em outros momentos.
Scarlett deixou o professor quando terminou seu chá e saiu da sala de Teoria da Magia, chutando o chão em passos lentos e distraídos. Ela estava certa, afinal. Sebastian não poderia estar absorvendo os repositórios, mesmo que conseguisse manipulá-los. Como contar isso para ele e omitir a verdade? Que Isidora é a sua antepassada e que ele poderia manipular a magia ancestral por conta dela?
Preferia perder a língua do que mentir para ele. Nunca, nem quando o odiava, conseguia esconder as coisas dele e agora teria que se esforçar o triplo.
— Oi, Scar! — Garreth chamou Scarlett quando ela desceu as escadas da Torre de Defesa Contra as Artes das Trevas.
Scarlett hesitou, franzindo o cenho e olhando ao redor para ter certeza de que ele realmente estava falando com ela. “Scar” não era seu apelido favorito, principalmente considerando as cicatrizes em suas pernas que faziam o nome parecer ainda mais irônico.
— Oi, Garry… Scarlett ou Sky, por favor. Nós já falamos sobre isso. — respondeu, ajustando a bolsa pesada no ombro. Garreth, sem perder tempo, se ofereceu para carregá-la, praticamente arrancando-a de suas mãos.
— Ah, desculpa. — Ele riu, meio sem jeito. — Só queria te chamar de um jeito diferente, sabe?
— Não precisa se preocupar com isso. Eu gosto de Sky, e só meus amigos mais próximos me chamam assim — disse ela, sorrindo gentilmente.
— Vou me contentar com Sky, então. — Suspirou, enquanto os dois seguiam lentamente em direção ao Grande Salão.
— Machucou muito no jogo de sexta? — Ela perguntou, tentando quebrar o silêncio.
— Nada de mais. Sou ótimo com a Wiggenweld e a Natty ajudou a consertar meu ombro quebrado — ele disse, inchando o peito de orgulho. — Sallow nunca conseguiria me tirar de vez do jogo.
— Que bom que está bem! — Ignorou o comentário sobre Sebastian. Sabia que ele era muito capaz, sim, de acabar com Garry.
— Não disse isso… Afinal de contas, você me deu um bolo sábado. — comentou Garreth, com um tom de leveza que fez Scarlett arregalar os olhos.
— Por Merlin! Garry, me desculpa, eu realmente não consegui ir!
— Eu sei, tudo bem. Não fiquei lá plantado na Dedosdemel te esperando. — Ele deu de ombros, como se não fosse grande coisa.
— Ah… não ficou?
— Não. Pelo beijo que o Sebastian te deu no final do jogo, ficou bem claro que você não iria. Só achei que me avisaria.
— Ah… Eu realmente esqueci, sinto muito… — ela estava visivelmente constrangida.
— Eu supero. — respondeu com um suspiro, abrindo a porta para ela passar. — Somos amigos, Sky?
— Claro — respondeu ela, com sinceridade.
— Então… posso me preocupar com você?
— Pode… mas por que faria isso? — Sky franziu o cenho.
— Porque… agora você está com o Sebastian… e não acho que tenha sido a melhor escolha. — ele disse, hesitando.
— E por que não seria?
— O Sebastian é explosivo, ambicioso demais. É imprevisível… — Garreth tentou explicar.
— Garreth, eu agradeço a sua preocupação, de verdade, mas estou bem. E estou com o Sebastian. Não quero brigar com você por causa disso.
— Tudo bem, desculpa, — ele murmurou, pareceu derrotado.
— Preciso ir agora. — Ela parou na Grande Escadaria.
— Não vai almoçar?
— Mais tarde, estou sem fome. — Desconversou. Estava com fome, mas não estava a fim de ficar com Garreth agora.
— Tudo bem… — balbuciou ele, devolvendo-lhe a bolsa antes de se despedirem.
Scarlett quase correu para o lado oposto, independente de onde iria parar.
Meninos eram estranhos. Todos eles. De onde já se viu Garreth querer dar pitaco no relacionamento dela? Nem Ominis fez isso. Ou fez. Mas ele pode. Por mais que ela gostasse de Garry, eles não tinham esse grau de intimidade. Vai ver, Imelda estava certa e ele gostava realmente de Scarlett, o que era preocupante. Ela não queria perder seu amigo. Se ao menos ele tivesse chegado mais cedo na vida dela…
Nah! Quem ela estava tentando enganar? Garry é doce demais para ela, um chá comparado ao whisky puro malte que era Sebastian Sallow. Nunca daria certo.
Mudou sua rota para a Galeria Subterrânea, jogando-se nas primeiras chamas que encontrou. Não iria andar tudo de volta. Ainda estava com raiva dele pela gracinha de mais cedo. Ridículo. Mas não conseguiu conter suas pernas que rumaram para o único lugar onde sabia que Sebastian estaria naquele momento.
Certificou-se de que o corredor estava vazio e adentrou o relógio, descendo as escadas rapidamente até que as grades de ferro se abrissem e ela encontrasse Sebastian debruçado no livro de Salazar Slytherin.
— Acho que eu te conheço demais.
— Se eu sumo, é aqui que vai me encontrar. — Ele espreguiçou-se e abriu um sorriso. — Estava subindo para ir atrás de você. Passou a raiva?
— Não. — Scarlett cruzou os braços e empinou o nariz.
— Deve ser muito difícil ser frustrada pela primeira vez na vida, não é, miss Callaghan?
— Cala a boca. — Scarlett revirou os olhos. — O que você descobriu no livro?
— É para eu responder ou calar a boca? — Sebastian brincou e Sky lhe deu um tapa no braço. — Ai! Tá! Foi um pouco difícil de entender, mas é fascinante… É, de fato, um livro de feitiços escrito por Salazar Slytherin. Obviamente, ele incentiva o ensino de Magia das Trevas em Hogwarts. E nenhuma das Maldições Imperdoáveis eram imperdoáveis naquela época. Ele acreditava que os alunos deveriam aprender a usar Magia das Trevas, quando necessário, e não ter medo dela. Por isso, tivemos que usar Crucio para entrar no scriptorium. Ele não queria compartilhar seu conhecimento com ninguém que tivesse medo do poder das Artes das Trevas.
— Então… no final das contas, estávamos no caminho certo. — Scarlett abarcou a si. Um arrepio cruzou seu corpo e ela não saberia dizer se era pelo frio cruel da Galeria ou pelas lembranças de o quão horrível foi usar uma Maldição Imperdoável em Sebastian.
— Muito mais certo do que imagina. Eu encontrei outra coisa no livro. — Sebastian sorriu ansioso e Scarlett se empertigou curiosa com o que viria a seguir. — Há referências a uma relíquia perdida que, até onde entendi, concede o poder de reverter maldições de Magia das Trevas.
— Como?! — Os olhos se arregalaram. Ela se animou com a hipótese do fim do tormento de Sebastian.
— Eu ainda não descobri. Pretendo encontrar essa relíquia antes. — Sebastian suspirou, relaxado, parecia convencido de que daria certo. Então, passou a mão na cintura de Scarlett e recostou-se na mesa atrás de si, mantendo-a entre suas pernas. — Enquanto isso… acho que devemos manter segredo sobre isso.
— Com isso, você quer dizer, não contar ao Ominis. — Sky enrolou os dedos na franja do cachecol esmeralda de Sebastian.
— Ele não entenderia… você sabe disso.
Scarlett odiava esconder as coisas de Ominis, mas estava fazendo isso há tanto tempo que apenas aceitou.
— Tudo bem, não falarei nada… — Ela suspirou.
— Que bom que entende. — Ele rapidamente selou seus lábios gelados. — E não fique chateada pelo Ominis. Deixar isso entre nós por enquanto é para o bem dele.
— Eu decido o que é bom pra mim. — Ominis esbravejou antes do portão se abrir.
Scarlett saltou para trás, o coração bombeando forte no peito e Sebastian respirou fundo, ajeitando os cabelos apenas pelo costume.
— Ominis! — Ele forçou um sorriso. — Estávamos indo almoçar, quer ir?
— Você é um mentiroso, Sebastian! — Ele se aproximou em passos raivosos. — Eu ouvi tudo. Você jurou que nunca mais se envolveria com Magia das Trevas outra vez!
— Não. Eu disse que entendia o seu ponto de vista. — Sebastian se endireitou. — Nunca jurei que desistiria de encontrar uma cura para Anne.
— Você não sabe quando parar, não é? — Ominis se exaltou. Scarlett poderia jurar que ele avançaria para cima de Sebastian.
— Eu sei quando não parar. — Sebastian estufou o peito. Seus olhos reluziam em raiva. — Deixa isso pra lá, Ominis.
— Gente… não briguem por isso. — Sky tentou remediar.
— Não iremos, não é? — Sebastian olhou para o amigo que contorceu a face em reprovação, depois virou-se para Scarlett. — Vá trocar de roupa. Vamos sair.
— S-sair? É segunda-feira e não podemos sair do castelo assim... — A mudança repentina de assunto, e logo na frente de Ominis a desconcertou.
— E isso nunca nos impediu antes. — Ele deixou um sonoro beijo nos lábios de Scarlett. — Vamos?
— E-eu vou logo.
Um suspiro e Sebastian rumou para a saída.
— Te espero na sala comunal.
O ranger dos portões foi alto e toda a atenção de Sky estava em Ominis raivoso a sua frente.
— Eu não vou deixar isso pra lá. — Ominis disse entredentes, como se lesse a mente de Scarlett.
— Omi… Sebastian não fez por mal…
— Sei bem o que ouvi. Scarlett! — Ele a cortou em um alto tom nunca antes dirigido a ela. — Você sabia que eu não iria concordar, por isso estava mancomunando nas minhas costas! Ir atrás dessa relíquia é uma péssima ideia, entenda de uma vez por todas!
— Ominis, se acalma!
— Não, se ele não me escuta, você vai! Sebastian não consegue enxergar que é tão irresponsável de descuidado quanto seus pais foram no passado Foi isso que os matou!
— Não seja injusto, Ominis! — Scarlett cresceu o tom. Como ele era capaz de falar algo assim do melhor amigo?
— Injusto?! É a verdade e você sabe! Não consigo entender como o Sebastian pode ser tão irresponsável assim! Eu quase perdi a Anne, não posso perdê-lo também. Muito menos deixar que ele te leve para esse caminho e eu a perca também! — Ele pareceu que choraria, mas manteve-se forte, apesar dos olhos cinzentos reluzirem as luzes amareladas do candelabro, como se o prata líquido encontrasse com o ouro.
— É por ela que estamos fazendo isso!
— Scarlett, por favor, por favor… fique bem longe desse livro. — Ominis suplicou, aproximando-se até que pudesse segurar a mão de Sky.
— Omi… — Ela apertou a mão dele. — As referências no livro parecem promissoras…
Ele se afastou, girando em seus calcanhares e esfregando o rosto de modo ansioso.
— Todas as coisas que têm a ver com Salazar Slytherin parecem promissoras, até ser tarde demais! — Ele suspirou — Eu espero que Sebastian desista disso, mas… por favor, Sky… por toda a vida que temos como amigos, se ele continuar, me avise.
— Eu não posso ficar contra ele, Ominis — implorou.
— Mas pode ficar contra mim? — Ominis rebateu, a dor em sua expressão tão intensa quanto sua voz. — Somos amigos há dez anos, Scarlett. Eu estou fazendo isso porque o amo. Se vocês estão mesmo juntos, você deveria me ajudar a salvá-lo, antes que seja tarde demais.
Ela exalou um suspiro pesado, lutando contra o turbilhão de emoções, mas acabou assentindo. Seus dedos estavam cruzados atrás do corpo quando Ominis a envolveu em um abraço apertado, agradecendo sinceramente.
No fundo, ela sabia. Sebastian estava certo. Eles não podiam parar agora.
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— Eu não acredito que fizemos isso! — Sebastian apertava as penugens de um hipogrifo de escuras penas furta-cor, gritando contra o vento gelado que batia em sua face enquanto voavam para longe.
Scarlett olhou para ele, voando em outro hipogrifo de penugens prateadas e gargalhou. Sentia o suor ser seco pela ventania, gelando sua nuca e couro cabeludo.
— Acha que eles virão atrás da gente? — gritou para que ele a ouvisse.
— Viriam, mas eu queimei as vassouras. — Ele riu, olhando para trás mais uma vez para se certificar de que não estavam sendo seguidos.
Sebastian tinha preparado um encontro especial com Scarlett, queria fazer uma coisa diferente para ela pela primeira vez. Então, decidiu levá-la para conhecer um ninho de hipogrifos ao norte de Hogwarts. Teria tudo dado certo se Harlow e sua corja de seguidores de Rookwood não tivessem aparecido para capturar as criaturas e Scarlett tivesse se recusado a ir sem os libertar.
O resultado não poderia ser outro: dois adolescentes invadindo um castelo fortificado e infestado de bruxos das trevas, abrindo um banho de sangue para salvar dezenas de criaturas capturadas. antes de quase serem mortos. Scarlett não pensou quando pulou nas costas de um deles e Sebastian teve que acompanhá-la em sua loucura antes que um Avada Kedrava os atingisse em cheio. Fora uma saraivada de feitiços disparados na direção deles em uma corrida pela vida até conseguirem finalmente fugir.
Agora estavam voando no pôr do sol de inverno para lugar nenhum.
O encontro poderia dar errado ali, mas Sebastian decidiu tomar as rédeas da situação e pediu para que Scarlett o acompanhasse pelos céus, subindo para além das nuvens, até que sumissem das vistas de qualquer um no solo.
O sol estava belíssimo dali. Seus raios tocavam o tapete de nuvens, colorindo o branco em um laranja intenso, que se tornava rosa, roxo e azul, anunciando a noite. As nuvens foram sumindo e o calor aumentando, dando-lhe a certeza de que estava seguindo para o caminho certo. Quando ouviu as ondas do mar quebrando nos altos rochedos, desceu graciosamente até o mar salgado. O hipogrifo com que voava tocou as patas dianteiras na água e arremeteu precipício acima, passando bem próximo das pedras claras.
Scarlett o acompanhou, voando sempre atrás. Quando o paredão acabou, uma enorme mansão foi vista. Era cercada por grandes jardins, estátuas e um enorme chafariz em seu quintal. Tinha muitas janelas em sua estrutura desgastada e esquecida pelo tempo, alguns pedaços dela estavam destruídos e tudo parecia muito abandonado. Ainda assim, era majestosa.
Os dois pousaram ali. Sebastian desceu primeiro e depois ajudou Sky a descer. As jaspes distraídas com a construção à sua frente. Ela conseguia ver o chafariz reluzindo os últimos raios de sol do dia, as flores crescendo aos montes. Uma mesa para o chá na varanda e um baile acontecendo no jardim de trás. Imaginava os candelabros e lustres de cristal, as janelas com longas cortinas brancas e o telhado azul.
— Quem será que morava aqui…? — Ela sussurrou, ainda hipnotizada com sua imaginação recriando tudo. Amaria morar podendo ver o mar da janela do seu quarto todas as manhãs e tomar o chá da tarde, aspirando a maresia.
— Eu. — Sebastian suspirou e forçou um sorriso. Fazia tantos anos que não ia ali e ver o lugar que um dia fora seu lar destruído, não era a melhor das sensações. Ainda assim, segurou a mão da estupefata Scarlett e caminhou para o jardim.
Fazia cada vez mais sentido o que o professor Fig disse sobre os Sallow serem de uma família estimada.
— Por que viemos aqui? — Scarlett o sondava.
Sebastian deu de ombros.
— Não sei, apenas… passou na minha mente.
Ela olhou para os hipogrifos atrás, apreensiva.
— Não se preocupe, estamos muito longe de qualquer pessoa agora. — Chamou sua atenção ao delicadamente puxar seu queixo para frente.
A porta principal foi aberta com um Alohomora e um pouco de força por estar emperrada. O hall era enorme. O piso de mármore nobre se estendia até a divisão de cômodos, onde o chão passava a ser de madeira. Tinha uma escadaria que a lembrava de alguns castelos e um enorme lustre de cristal sobre suas cabeças.
— Eu não venho aqui desde que meus pais morreram. — Ele tocou o corrimão gélido — Ainda é um terreno dos Sallow, mas meu tio se recusa a vir para cá.
— Besteira. — Ela girou os calcanhares, olhando tudo o que podia. Notou um piano de calda em uma sala com uma lareira e sofás. — Essa é uma das casas mais lindas que já vi.
Sebastian riu levemente. Seu peito estava estranho em estar ali, mas deliciou-se com os olhos encantados de Scarlett.
Ela fizera questão de explorar tudo, olhar cada cômodo que conseguiu ter acesso. Passou pela enorme cozinha, por uma biblioteca e uma porta fechada que, pelo olhar de Sebastian, era o porão onde seus pais morreram. Ela passou direto, puxando a mão dele para subirem as escadas. Tinha alguns quartos ali, os olhou sem entrar, até que, por intuição, encontrou o do pequeno Sebastian.
O teto estava aberto, tinha telhas e madeira na cama de lençol azul. Uma parede com vários livros comidos por traças e maltratados pelo tempo. Um baú aberto com alguns brinquedos e outros jogados pelo chão. Ele era tão novo quando teve que deixar sua vida para trás…
Sebastian estava na porta, encostado no batente, com os olhos tristes acompanhando Sky mover-se silenciosamente pelos escombros de sua antiga vida. Em sua mão, algo que parecia um relógio de bolso estava sendo esfregado por seu dedão de modo ansioso.
— Você gostaria de voltar para cá? — Ela perguntou.
— Quando terminar os estudos. — respondeu, taciturno. Ela se aproximou, fitando o item em sua mão com curiosidade. — Era do meu pai. Seu relógio favorito… Pensei que tinha sido enterrado com ele.
Sebastian a entregou e ela apertou o botão que o fez abrir. Parecia uma prata de finíssima qualidade. Extremamente detalhado e ainda funcionava. S. S. estava gravado na parte de trás. Sky passou o dedo por elas, lembrando que a bolsa que Sebastian usava na escola também tinha essas iniciais.
— Samuel Sallow. — Ele respondeu antes que ela pudesse perguntar. — O nome do meu pai. Minha mãe era Florence Delacour.
— Francesa. — Sky pontuou, lembrando-se de quando invadiram o escritório do diretor e ela descobriu que Sebastian sabia falar francês. Ele suspirou pesadamente e ela passou as mãos por seus cabelos. O relógio foi guardado no bolso dele por ela. — Qual era seu lugar favorito aqui?
Sebastian riu, não havia muito humor por ali. Outro suspiro pesado e ele pareceu mergulhar dentro de si, em todas as memórias longínquas que parecia não visitar há eras.
— A sala, eu acho… Anne tocava piano com a minha mãe todas as noites após o jantar. Meu pai fumava seu charuto e eu sempre estava lendo algo com ele.
Scarlett curvou os lábios em um sorriso compassivo. Conhecia tanto a dor naquela entonação que também lhe doía. Ela o chamou em um sussurro e os dois desceram as escadas. O mármore virou madeira e ela soltou a mão dele ao centralizar-se na sala. Pegou sua varinha e respirou fundo.
Não sibilou algum feitiço, apenas se concentrou na magia ancestral que rutilava dentro de si, trazendo-a até a ponta de sua varinha. O brilho azul escorreu como água até o chão, espalhando-se como névoa no arrebol. O cômodo foi tomado por aquela fulgência, devolvendo o esmalte ao piano, reconstruindo os tijolos caídos da lareira, remendando o tapete do chão e tornando o estofado para dentro das poltronas. As janelas voltaram a ser inteiriças e o lustre estava brilhando novamente. As velas se acenderam e a lareira também. As almofadas se afofaram no sofá e as xícaras voaram de volta à mesa de chá ao canto. A cor voltou à pintura da família Sallow. Os jarros tirlintaram seus cacos e, por magia, tudo estava inteiro novamente.
— C-como você fez isso? — Sebastian perguntou estupefato, os pés falhando a cada passo que dava até o centro. Foi como se nada tivesse acontecido ali, o tempo nunca passou. Teve a impressão de que sua mãe apareceria com o chá a qualquer momento.
— Magia ancestral e um pouco de observação daquele feitiço que você usou na detenção. Queria te presentear de alguma forma, já que estávamos brigados no seu aniversário. — Scarlett sorriu. O suor escorreu por sua têmpora. Aquilo tinha cansado. — Infelizmente, só consigo fazer isso agora, mas podemos voltar depois e…
Sua frase foi interrompida com Sebastian a abraçando com tamanha força que ela sentiu suas costelas serem esmagadas. Ela sabia que aquele abraço significava um obrigado muito mais gritante que os lábios dele poderiam pronunciar. Contudo, seus lábios pronunciaram em um sussurro antes de ele tomar os dela em um beijo avassalador.
♪
— Você é o ser mais extraordinário que já existiu. — Sua voz soou rouca entre as arfadas. Ambos estavam em busca de ar.
Ele não estava falando apenas do que ela fez em sua antiga casa, mas em tudo o que tinha presenciado naquela tarde. A tempestade Scarlett Callaghan, sem misericórdia, sem amarras, apenas a mais pura demonstração de poder. Ela era incrível. Uma força da natureza. E ele amava ver toda aquela impetuosidade trocar feitiços afiados contra aqueles que se opunham contra ela. Era excitante, estimulante. Era ela. A deusa que ele venerava. A rosa de que ele cuidava.
Quando eu te vi pela primeira vez, o fim estava próximo
Para Belém
Ele se arrastou e então
Deve ter te olhado bem
Ela sorriu e tornou a beijá-lo com ardor, pondo-se na ponta dos pés e agarrando-se no pescoço dele, puxando-o para mais perto de si, como se pudesse se fundir a Sebastian. Ele agarrou com força sua cintura e escorreu a palma para a bunda avantajada, deixando um aperto que fez o calor de Scarlett aumentar.
— Ainda estou chateada com o que fez na sala. — Ela o afastou com as mãos espalmadas no couro de seu casaco.
— Eu precisava me vingar. Além disso, você iria fazer barulho. — Sebastian tentou beijá-la novamente, mas Scarlett desviou o rosto.
— Se vingar de quê?!
— Do dia em que você socou o mais sagrado em mim depois da aula de Runas. — Ele sorriu vitorioso. — Eu disse que iria me vingar quando você menos esperasse.
— Sebastian! Isso foi há meses! Não é justo! — reclamou, manhosa e mimada.
— Ah… não? — Sebastian sorriu em luxúria. Agarrou a nuca dela e a beijou.
Scarlett não conseguia relutar por muito tempo, principalmente quando ele estava novamente a puxando contra si, esfregando sua ereção no ventre de Sky e apertando sua bunda. Ela tirou o cachecol dele e empurrou o casaco dos ombros até que ele o tirasse. As roupas começaram a se juntar no chão. Primeiro as peças de frio e logo Sebastian estava tirando seu suéter e puxando a blusa de botão por cima de sua cabeça.
Um floreio de sua varinha e os cadarços estavam soltos. O colete dela foi ao chão e a blusa aberta com os dedos ágeis de Sebastian, sem conseguir deixar de beijá-la.
Dê seu coração e alma para a caridade
Porque o resto de você
O melhor de você
Querida, pertence a mim
Scarlett desamarrou o espartilho e ele puxou a corda de cetim até que a peça pesada fosse ao chão e ele pudesse sentir o calor da pele dela contra a sua. Os mamilos eriçados pelo frio roçando em seu tronco eram uma perdição.
— Quero testar uma coisa. — murmurou, rouco.
— O quê? — Ela não sabe por que perguntou, não se importava, desde que ele não parasse ali.
— Uma vontade que tive… — O sorriso de seus lábios vermelhos a arrepiou. Os olhos negros pelo desejo ao par que Sebastian ficava na posição favorita dele, ajoelhado aos pés de Scarlett.
Tirou suas botas e desceu a calça de couro que apertava suas coxas. Ele beijou o baixo ventre dela, a intimidade por cima da calcinha e então a deixou completamente nua. Deslizou as mãos por suas pernas, sentindo as ondulações de cada cicatriz, apertando a bunda dela mais uma vez com ambas as mãos, deixando seus dedos marcados ali.
Não é um som suave, o rolar nas tumbas?
Não é como trovão debaixo da terra, o som que faz?
Isso não te empolga, o estrondo onde você se deita?
O peito de Sky subia e descia em busca de ar, nervosismo, em ansiedade e medo. Todas as vezes que os lábios de Sebastian deslizavam por suas marcas, seu corpo retesava. Isso não o fez parar, jamais pararia de adorá-la. Escorreu a destra por sua perna e a apoiou em cima de seu ombro. Seus olhos se cruzaram e Scarlett quase perdeu a força ao ser tragada para o marte de Sebastian, o cobre derretido no fogo da lareira que apenas os iluminava, pois o calor vinha inteiramente do amor latente de seus âmagos desesperados e sedentos.
Ele segurou em sua cintura e deixou um singelo beijo em seus lábios melados, sem deixar de olhá-la de baixo. Delicadamente, lambeu toda a extensão do calor de Sky, sorvendo seu mel. Ela arfou e agarrou os cabelos de Sebastian, curvando seu corpo e apoiando-se na cabeça dele para não perder o equilíbrio.
Você não é meu amor?
Você não é meu amor?
Ele explorou toda a boceta dela com sua língua, apreciando seu gosto e enfiando sua língua no meio quente e macio. Observou todas as reações dela a cada movimento novo que fazia e, quando acertava, ficava ali por um tempo, deliciando-se com ela rebolando em sua cara, friccionando o clitóris inchado em seu nariz. Ela crispava os olhos, mordia o lábio inferior e puxava com força os fios de Sebastian.
— Geme. — Ordenou. A respiração quente se chocando com a intimidade dela. Scarlett negou, arfadas lhe escapando quando Sebastian sugou seu clitóris. Um forte tapa foi dado em sua bunda, fazendo-a gritar. — Eu disse: geme.
Nada mexe com meu amor
Nada pode olhar para o meu amor
Nada mexe com meu amor
Nada, nada, nada, nada
Era isso que ela queria, afinal, quando estava na aula de História da Magia, agora, que estavam sozinhos e longe de qualquer um, ela não iria segurar um gemido sequer. Sebastian levou dois dedos à sua boca e depois os inseriu nela, lentamente, sugando seu clitóris enquanto a fodia com eles. Scarlett não conseguia segurar-se mais. Os gemidos escapavam de sua garganta à medida que se manter de pé se tornava um flagelo. Puxava com tanta força os cabelos de Sebastian que o couro cabeludo dele queimava.
Aumentou a velocidade de sua língua e passou a esfregar os dedos em seu ponto mais sensível dentro dela. Um grito fugiu e o ar lhe faltou. O calor acumulado em seu ventre e a queimação em suas costas espalharam tremores por todo o seu corpo. Suas pernas pulsavam e logo sua intimidade estava pulsando também, despejando seu doce mel na boca de Sebastian, que se lambuzava e saboreava tudo o que ela tinha para dar-lhe.
Sentiu as pernas dela fraquejarem e seu corpo amolecer quando se levantou, mantendo-a de pé pela força de seu único braço enquanto limpava os lábios com o polegar de sua destra.
Se eu nascesse como uma árvore de espinheiro
Eu gostaria de ser derrubado por você
Segurado por você
Alimentaria a pira dos seus inimigos
— Foi mais justo agora? — ronronou, esfregando-se no pescoço de Sky, chupando sua pele e absorvendo o perfume dela como droga. Sky assentiu lentamente, mal conseguia manter os olhos abertos. — Ótimo, mas ainda não acabou.
Ela foi solta no sofá atrás de si e Sebastian a engoliu com apenas um olhar. Devorando-a para o profundo de sua alma devassa. Tirou sua calça sem enrolação, bombeando seu membro completamente enrijecido enquanto se aproximava de sua presa.
Ela prendeu o ar que ainda lhe faltava, não tirando os olhos do pau dele, sedenta demais. Sebastian posicionou-se entre suas pernas e tomou seus lábios em um beijo necessitado. Só então a invadiu sem muita educação, em um único movimento que a fez gemer baixo e estremecer. O vai e vem foi gradual. Ela estava tão sensível que parecia delirar em prazer.
Não te aquece, o mundo em chamas?
Não é a vida onde você, você acende a chama?
Não é um desperdício ver a sombra sendo lançada?
Sebastian aumentou a velocidade, encontrando o ritmo perfeito entre os gemidos e as estocadas cadenciadas. Ela arranhava suas costas e seus braços sem dó alguma, tirando sangue da pele clara dele e mordendo seu ombro, mesmo que isso não abafasse o nome dele, que era cantado como melodia.
Sebastian se enterrou nela por completo. As arfadas no ouvido dela e o som indecente do contato bruto de seus quadris. Tudo era uma ode a eles. Ao amor irrefutável. Percebeu que ela estava próximo a outro orgasmo quando a força aplicada em seus braços tornou-se maior e os gemidos mais altos. Ela projetou o quadril e ele moveu-se o mais rápido que conseguiu. Quando ela apertou seu pau e gemeu manhosamente em seu ouvido, Sebastian não se conteve e jorrou sua semente dentro dela em estocadas precisas. Grunhidos e gemidos. A sentiu mais um pouco, engolido pelo prazer que escorria dela e se unia ao dele, antes de arremeter e beijá-la com ardor, caindo do seu lado e a puxando para cima de si.
Você não é meu amor?
Você não é meu amor?
As respirações pesadas e o uivo do vento frio eram os únicos sons naquela casa abandonada. O suor de seus corpos juntos e o calor reluzente da lareira que desenhava as curvas de Scarlett no início da noite eram como êxtase. Sebastian soltou o cabelo dela do coque com delicadeza, deixando os fios longos e negros caírem até o chão. Ela estava de olhos fechados e a expressão tão serena que parecia dormir, no entanto, abriu-os quando sentiu Sebastian encará-la.
Ver essa Sky e a Scarlett que estavam batalhando ferozmente contra bruxos das trevas era um paralelo engraçado para ele. Aquelas mãos delicadas sobre seu peitoral e os olhos doces eram um privilégio que apenas ele teria.
Nada mexe com meu amor
Nada pode olhar para o meu amor
Nada mexe com meu amor
Nada, nada, nada, nada
Dedilhou a marca arroxeada de seu supercílio e Scarlett fez o mesmo com o corte de sua testa suada. Ela desceu os dedos pelo pescoço, dedilhou a clavícula e as fracas marcas do Crucio, tão clara quanto suas veias. Escorreu por seus ombros, até o alto-relevo dos arranhões de seu braço deixado por ela. Um riso coberto por seu ego lhe escapou. Voltou a serpentear pelo ombro de Sebastian até sentir uma cicatriz que não tinha notado antes, ficava próximo ao braço, mais para trás, imperceptível aos olhos se não estivesse bem atento.
Sky apoiou-se no próprio cotovelo para ver se era mesmo o que parecia. Uma cicatriz como as de sua perna.
— O que aconteceu? — Sua voz estava fraca, quase não rompera a garganta.
Sebastian segurou a mão dela que estava em cima de seu ombro e a beijou, fitando o teto.
— Não é só o seu pai que conhece esse feitiço. — tentou fazer uma brincadeira, mas o tom estava taciturno. — Anne nunca deixou que ele fizesse novamente, mas nunca consegui fazê-la sumir.
— Pedi para o Garry uma poção para curar cicatriz e ele disse que criaria para mim, se você quiser… — Scarlett comentou sem maldade, mas Sebastian se engrilou, encarando-a estupefato.
— Ele sabe disso? Ele sabe e eu não sabia?! — Exaltou-se.
— Não! Eu não falei o motivo. — respondeu como se fosse óbvio, mas isso não fez Sebastian relaxar. — Só Ominis e Imelda sabem.
— Por que o Ominis sabe?
— Longa história… — bufou, mas a forma como Sebastian a olhava deixou claro que ele não deixaria passar. — Ominis já presenciou meu pai… você sabe. Foi nas férias de inverno, há três anos, quando Ominis foi passar o dia comigo antes de ir para Feldcroft no natal. Nesse dia, meu pai bebeu muito, como geralmente bebe nessa época do ano…
— Sky… não precisa me contar se não quiser. — Sebastian estava tenso.
— Não, tá tudo bem… — Ela forçou um sorriso e deitou-se no peito dele. — Ele me bateu porque disse que eu não deveria estar sozinha com Ominis no estábulo, coisa que eu sempre fiz. Quando ele foi embora, meu pai entrou no quarto enquanto Dottie, minha elfa, cuidava dos meus ferimentos… Ele… me olhou com tanta amargura… tanta repulsa… — Pareceu automático quando ela se encolheu, tirando a perna de cima de Sebastian. — Disse que me batia nas pernas porque, quando meu marido fosse ver e me achasse nojenta, seria tarde demais para eu ser devolvida.
— Seu pai é um crápula. E um mentiroso. — Sebastian disparou, tinha raiva em sua voz. — É impossível alguém ser capaz de sentir nojo de você. Você é o ser mais lindo que já pisou nessa terra. — Ele deslizou as digitais no maxilar delicado e beijou-a por mais uma vez.
Scarlett sorriu envergonhada, aninhando-se a Sebastian como se ele fosse o lugar mais seguro do mundo.
— Temos que voltar, não temos? — Ela perguntou, desanimada.
— Sim… Antes que fique muito tarde e tenhamos problemas com os monitores. — Ele ainda acariciava seu rosto com uma mão, dedilhando as costas nuas dela com a outra.
— Eu não quero dormir sozinha… — choramingou.
— Também não, mas não podemos arriscar ter você saindo toda manhã do meu quarto.
— Eu sei… Mas… e se eu tivesse um lugar? — Ela deslizou o indicador pelo peitoral de Sebastian.
— Um lugar? Onde?
— Em Hogwarts… — Ela sorriu marota, como uma criança prestes a aprontar. — A professora Weasley me apresentou a Sala Precisa no mês passado e… eu meio que tenho um lugar especial onde ninguém pode nos achar.
— Você quer dormir no entulho da Sala Precisa? — Sebastian franziu o cenho.
— Claro que não! — revirou os olhos — Vai querer? É pegar ou largar.
— Tá. — Mesmo desconfiado, ele dormiria até mesmo na neve se tivesse Scarlett consigo.
Eles se vestiram e Sebastian apagou as luzes e a lareira. A escuridão do seu passado crescendo como sombra densa sobre os seus pés, mas sendo rapidamente afugentados quando Scarlett segurou sua mão. Ele ainda iria voltar para lá.
Tudo foi fechado e lançaram feitiços de proteção antes de montarem nos hipogrifos e voltarem voando para Hogwarts. As duas criaturas foram guardadas na furteira de Sky, para que ela pudesse levá-los para algum dos viveiros da Sala Precisa, onde estariam em segurança.
Estava na hora do jantar e os dois estavam famintos. Comeram rapidamente no Grande Salão antes de seguirem para a sala comunal para pegarem algumas mudas de roupa e se encontrarem na Torre de Astronomia antes do toque de recolher.
Scarlett sorria com a adrenalina e a ansiedade de mostrar finalmente a Sala Precisa para Sebastian, principalmente, para poder dormir com ele novamente. Abriu seu guarda-roupa e escolheu sua melhor chemise, pegou suas coisas de banho, roupas íntimas e o uniforme.
Vyssiní piou de seu poleiro, chamando por Scarlett. Tinha uma carta fechada na cesta à frente. Seu corpo estremeceu de imediato e o sorriso sumiu. Queria ignorá-la, mas não conseguiria dormir, se corroendo com as hipóteses do que leria ali.
Caminhou lentamente, como se o chão fosse desmoronar se pisasse errado, e pegou o pedaço de pergaminho com o selo dos Callaghan brilhando em prata. E se não abrisse e seu pai estivesse falando que iria a Hogwarts e a encontraria com Sebastian? Ou se fosse alguma notícia ruim? Poderia ser apenas a autorizando a pegar mais dinheiro. Rompeu o selo e abriu o pedaço de papel com as mãos trêmulas.
“Scarlett,
Ouvi falar dos seus progressos na escola. Suas notas estão no nível esperado, e recebi uma carta da Professora Weasley mencionando suas conquistas com magia. Ainda há muito a melhorar.
Quero que venha para casa neste fim de semana para um jantar em família. E traga o seu colega, Sallow. É um convite meu.
Arthur.”
Esse era o mais afável que seu pai conseguia ser. Ainda assim, sentia as farpas de sua pena afiada no papel. Ele sabia. Ele sabia de Sebastian. Se não soubesse, fosse apenas um convite despretensioso, Imelda seria convidada, mas não foi isso.
Ele sabia.
Claro que ficaria sabendo. Toda a escola já estava sabendo naquele ponto. Bastava tirar os olhos de Sebastian para notar a forma como todos estavam os olhando. Tinha certeza de que Sirius contou. E agora ela estava intimada a levar Sebastian para o ninho de cobras. Deveria ter sido mais esperta. Mais incisiva com Sebastian para que ele não a beijasse. Deveria permanecer segredo para sempre, ou até ela sair de casa.
O que seu pai queria com ele lá? Queria avaliá-lo? Humilhá-lo? Proibi-lo? Não fazia sentido aquele convite repentino. Muito menos sua tentativa de elogiá-la.
Merlin… Ela só queria paz.
Sentou-se no chão, recostando as costas na cama e não conseguindo despregar os olhos naquele papel. Estava tão assustada que seu coração pulava no peito amioso. As lágrimas encheram seus olhos e ela se encolheu. Não queria ir. Não queria ter que se explicar ou ser proibida de estar com Sebastian.
— Sky! Te achei! — Imelda abriu a porta, vendo apenas a ponta da cabeça da amiga do outro lado da cama. — Sebastian tá te esperando, ele até tentou subir as escadas. — Ela riu, mas não recebeu resposta de sua amiga — Sky?
— Me deixa, Meldy. — murmurou de cabeça baixa, escondendo o rosto choroso.
— Ah, não! De novo, não! — Ela revirou os olhos, raivosa, e os estreitou quando notou o pedaço de papel na mão dela. Aproximou-se felina e puxou o papel antes que Scarlett pudesse reagir, lendo a carta e, só então, derretendo-se em preocupação. — Sky…
— Ele sabe, Meldy… Eu sabia que não deveria ter feito nada disso. — Sua voz fanha estava embargada.
— Não dá para saber o que ele quer. Ele pode apenas querer conhecer o Sebastian.
— Ah, claro! Porque o visconde Arthur Callaghan IIV marca muitos almoços para conhecer alguém na minha vida. Lembra quando ele marcou de te conhecer? — Scarlett disparou cinicamente, olhando Imelda com ironia.
— E o que você vai fazer? — sondou ela, lendo novamente a carta.
— E tem alguma coisa que eu possa fazer? Ele quer mostrar com todas as armas que tem que eu não tenho direito a nada senão os quereres dele. Isso é para que eu saiba que ele sabe de tudo o que eu faço. — desabafou.
— Ah, mas eu não vou deixar você ficar choramingando não! Você tem duas opções, ou deixa ele fazer isso com você, ou começa a viver a sua vida! — Imelda fora incisiva. — Mas viver assim é impossível para qualquer um!
— Que ideiazinha mais progressista. — tripudiou — Que vida eu vou viver, Imelda!? A de deserdada? Se eu me rebelar, é isso que eu vou virar, isso se, com sorte, ele não me açoitar. Eu… vou ficar na minha agora. Irei almoçar sozinha com ele e torcer para tudo passar e, depois, eu vou ficar na minha.
— Ah, me poupe. — Revirando os olhos, Imelda rumou para a saída com o papel na mão.
Scarlett lembrou-se então de que Sebastian estava no final da escadaria, saltando do chão para impedir Imelda de se meter onde não foi chamada.
— IMELDA!
Meldy apressou-se em uma corrida até a porta quando notou Sky avançar em toda velocidade, correndo e pulando os poucos degraus até Sebastian. O papel foi enterrado no peito dele antes que Scarlett pudesse chegar ao primeiro degrau.
Sebastian franziu o cenho, pegando o pergaminho amassado e olhando para Imelda.
— Cumpra seu papel. — Imelda virou-se para Sky, no topo da escadaria. — Você vai me agradecer, um dia.
Seu caminhar para longe foi pesado e impaciente.
Sebastian olhou para Scarlett acima, quebrando-se ao ver seu rosto rubro e molhado por seu choro. Escorreu os olhos pela carta rapidamente, percebendo do que se tratava tudo aquilo. Com o maxilar contraído, amassou o papel devagar e o guardou no bolso.
— Sky… — Estendeu a mão para que pudesse pegá-la, mas ela se afastou. Tentou pisar no degrau, mas ele tornou-se uma rampa e não deixou que prosseguisse. — Não faz isso de novo…
— Ele sabe, Sebastian.
— E daí? Eu não tenho medo dele. — Sebastian se empertigou.
— Que bom para você. — ironizou.
— Vem cá, vamos conversar…
— Já sabíamos que isso iria acontecer. — Ela o ignorou.
Sebastian respirou fundo e passou os dedos no cabelo de forma exasperada. Sacou a varinha e apontou para Scarlett.
— Accio!
O feitiço amarelado circundou seu corpo e a puxou para Sebastian de uma vez, chocando seu corpo contra o dele, que a segurava com força. Os braços circulando sua cintura e seus pés mal tocando o chão.
— Sim, já sabíamos que isso iria acontecer. — Ele concordou. — E eu te prometi que iria ficar do seu lado e te proteger.
Scarlett fechou os olhos e Sebastian fizera questão de beijar os rastros molhados de seu rosto, deslizando a ponta dos dedos em seu braço e diminuindo o aperto em sua cintura até que ela voltasse ao chão.
— Não vou te deixar viver mergulhada no medo, Sky. — repetiu as mesmas palavras que havia dito há mais de um mês.
Ela se afastou com a cabeça baixa quando ouviu passos descendo as escadas da sala comunal.
— Eu não quero que ele separe a gente. — sussurrou, fanha.
— Não há nada que possa nos separar. — Sebastian respondeu, roufenho, quando abaixou o tom.