Chapter Text
Aurora
Depois de finalizarmos o café e dar uma pequena arrumada na cozinha, vamos até o quarto para nos arrumarmos para o almoço de Natal na casa do Rossi.
Vai ser bom reencontrar o pessoal da BAU, eles foram tão gentis comigo da primeira vez que é bom estar próximo deles e dessa vez menos nervosa do que a primeira. E também Rossi me lembra de um pedacinho de casa e isso me deixa muito feliz.
Enquanto Spencer termina de se arrumar no banheiro, vou até o guarda roupa e pego o macacão vermelho com a manga de uma lado só e um caimento maravilhoso que eu estava doida para usar no Natal e coloco um sobretudo por cima para não morrer de frio. Vou até o espelho para ver se tudo ficou bom e terminar de colocar os acessórios quando vejo Spencer se aproximar e me abraçar por trás.
- Uau! Você está linda... na verdade, só realçou o raio de sol que você é.
- Você e seus elogios exagerados. - rio sem graça olhando para ele através do espelho.
- Eu não exagero, eu trabalho com fatos e esse é bem óbvio. É só olhar no espelho que você verá. - me limito em apenas sorrir e negar com a cabeça, pois sei que não ganharia essa discussão nem querendo.
- Está pronto?
- Estou sim. - ele fala se afastando de mim e me viro para vê-lo.
- Tá aí uma imagem linda que eu amo ver. - sorrio e dessa vez ele que fica sem graça com meu elogio. - Bom, eu também já estou pronta, podemos ir?
- Claro.
- Ah, antes tenho que ver se está tudo certo com as coisas do Sunny.
- Sem problemas, eu já vi e já deixei tudo certo. Ele tem comida, água, cobertor na caminha dele, brinquedos ao seu dispor e lugar certo sinalizado para ele fazer suas necessidades. - ele termina de listar as coisas orgulhoso de si.
- Nossa, foi esse homem que eu pedi pra Deus!
- Tomara que eu alcance esse patamar de homem que você merece.
- Pra mim você elevou esse patamar. - vou em sua direção e deposito um beijo em seus lábios. - Agora vamos, não podemos nos atrasar. Vou só pegar o tronchetto e já podemos ir.
- Tronchetto? - Spence me olha confuso.
- Sim! Foi o doce que fiz para levar. Eu adoro e é bem comum no Natal em alguns lugares da Itália. É praticamente um rocambole para resumir.
- Ah, entendi. Nossa, está com uma cara ótima. - ela fala olhando o doce em minha mão.
- Espero que esteja tão bom quanto está bonito.
- Com certeza está. - ele sorri abrindo a porta para sairmos.
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- Ah, molto bene¹, vocês chegaram! - Rossi fala ao abrir a porta e logo em seguida abrindo os braços.
- Olá, Rossi! Tão bom vê-lo novamente.
- Pois digo o mesmo, menina. É um prazer vê-la novamente. Feliz Natal! - ele fala sorrindo
- Feliz Natal! - sorrio. - Trouxe uma coisa. - falo entregando o prato para ele. - Tronchetto.
- Huum, tronchetto! Menina, você aqueceu meu coração com isso aqui.
- Espero que esteja tão bom quanto parece.
- Eu também espero. - ele fala rindo. - Vamos, vamos entrando, fiquem à vontade.
Entramos e já nos encontramos com Krystall, que mais uma vez é muito simpática e nos recebe maravilhosamente bem. Ela nos acompanha até a sala de estar, Spencer pega meu casaco, tira o dele e os pendura no cabideiro.
- Aaah, se não são os amores da minha vida. - Penelope vem em nossa direção super empolgada e nos abraça. - Ok, você está LINDA.
- Ei, eu também estou aqui. - Spencer reclama para a amiga.
- Deixa de ser carente, você recebe meus elogios e meus abraços quase todos os dias. Deixa alguém me aproveitar também, seu mimado. Mas você também está lindo. - ela elogia o amigo.
- Penelope! - correspondo a felicidade da loira saltitante. - Obrigada! E você está tão linda quanto. Estava com saudade dessa alegria contagiante.
- Então se acostume, pois vocês terá ela pelo dia todo. - ela fala sorridente. - Oh, oh, você já... é... aquele negócio, sabe? - Penelope chama a atenção de Spencer sem falar coisa com coisa.
- Sim, eu já entreguei o presente para ela. - ele fala dando risada.
- Aaah, verdade, você foi a guardiã do Sunny essa semana né?!
- Awn, você nomeou ele de Sunny? Realmente, combina muito com aquela bolinha de pelo dourada.
- Obrigada por cuidar tão bem dele. Com certeza foi muito difícil para ele deixar a tia Penelope. Mas saiba que você pode visitá-lo sempre que quiser.
- Pois então usarei isso como a desculpa perfeita para matar a saudade dele e colocarmos o papo em dia, é claro.
- Está combinado, vamos esperar ansiosamente.
- Olha só quem apareceu. Matt! - Spencer fala surpreso por cima dos ombros de Penelope.
- Spencer! - um homem alto de cabelos pretos e olhos puxados vem sorrindo em nossa direção e abraça Spencer.
- Que surpresa boa tê-los aqui. - Spencer fala abraçando também uma mulher de cabelos dourados. - Aurora, esse é o Matt, também parte da nossa família e Kristy, esposa dele. Matt, Kristy, essa é a Aurora, minha namorada. - ele nos apresenta e amo observar que toda vez que ele me apresenta como sua namorada um pequeno sorriso bobo se forma em seus lábios.
Eles olham para Spencer surpresos e sorridentes e se dirigem até mim.
- Aurora, é uma prazer conhecê-la. Feliz Natal! - os dois me abraçam.
- O prazer é todo meu. Feliz Natal! - sorrio para eles.
- Uau, essas crianças estão enormes. - Spencer comenta olhando para as cinco crianças brincando no centro da sala.
- Estão! Haja energia para gastar com eles, Rossi disse que não teria problema trazê-los e eu disse que talvez ele poderia se arrepender dessa decisão. - ele ri.
- Cinco? - sussurro para Penelope que está ao meu lado.
- Aham, todos deles. - ela sussurra de volta.
- Uau!
- Não sei vocês, mas eu estou com sede. - Penelope se pronuncia. - Aurora, vamos comigo pegar alguma coisa para beber?
- Vamos, claro! - olho meio confusa para Spencer e sem ter tempo de pensar Penelope já entrelaça seu braço no meu e me puxa.
Conforme o tempo foi passando o resto dos convidados foram chegando, a maioria eu já conhecia e então finalmente parecia um grande almoço de Natal em família, todos conversado, brincando, beliscando os petiscos e eu com um pouco de vergonha ainda, por não ter tanta intimidade com o pessoal, mas dando o meu melhor para conhecê-los mais.
- Tá, vai me dizer que vocês nunca ganharam um presente péssimo no Natal? Aquele que fez você até questionar como você chegou ali? - Tara abre o questionamento.
- Oh, minha querida, você nem imagina. - Penelope começa.- Eu estava ficando com um cara e ele chegou na minha porta com um saquinho de biscoitos falando que a situação financeira dele estava difícil, mas ele passou o dia fazendo aqueles biscoitos personalizados com a receita de família dele e bla bla bla. Achei fofo, claro, vocês sabem como eu sou, antes isso do que nada, não é? E, ooh, eles estavam realmente deliciosos. Até que, uma semana depois eu estava saindo do mercado e uma moça estava do lado de fora vendendo alguma coisa e fui até ela para ver o que era.
- NÃO. - JJ já reage abismada representando a mesma reação de todas nós que já estávamos boquiabertas.
- Sim! Os MESMOS. Eu fiz questão de comprar e comer para ter certeza, e eram eles mesmo. Perguntei para a moça se ela estava sempre ali ou era a primeira vez e ela disse que sempre no fim do ano ela vende esses biscoitos nesse mesmo lugar e me contou a mesma história que ele havia me contado sobre a receita de família e tudo mais. E foi assim que esse cara nunca mais viu meu lindo brilho de novo. - Penelope termina a história e dá um gole em sua bebida enquanto observa nossa cara de choque.
- Essa doeu. - Tara comenta.
- Ah, eu tenho uma. - JJ se pronuncia. - Eu tive um namorado na faculdade que ele era todo fofo, todo romântico, pegava flores no meio do caminho e chegava me entregando dizendo que lembrou de mim e tudo mais. Eu achava fofo, claro. Quando fomos comemorar nosso primeiro Natal juntos eu preparei um super presente, gastei um dinheiro que nem podia para comprar uma jaqueta que ele queria muito e ainda completei com algumas comidas que ele gostava para ficar bem legal e romântico, assim como ele era comigo. Beleza, quando chegou no dia do Natal, estávamos com alguns amigos, todos em casais e combinamos de trocar os presentes juntos. Na época eu estava de olho em um sapato maravilhoso e havia comentando várias vezes para ele que queria aquele sapato, que seria incrível ganhar ele de Natal e tudo mais, achei que ele tinha captado a mensagem e fiquei tranquila.
Os casais começaram a trocar os presentes e meu Deus, as meninas ganharam um presente mais lindo que o outro, tudo o que elas queriam e minha expectativa lá em cima. Quando chegou a minha vez, eu dei o presente dele primeiro e quando ele viu o que era ele pirou, me agradeceu um milhão de vezes, mas eu vi que ele não tinha nada na mão. Até que quando chegou a vez dele me dar o presente, ele simplesmente levou a mão até o bolso de trás da calça, tirou um papel e me entregou. - todas ficamos olhando para JJ sem piscar com expectativa de saber o que era enquanto ela fazia uma pausa dramática. - Quando eu olhei, era um VALE PRESENTE de VINTE dólares da Target.
- Eu não consigo nem reagir, estou perplexa. - falo ainda tentando absorver a história.
- Ah, e ele ainda completou com a frase "Espero que você faça grande proveito, pois foi de coração pensando em você." Foi aí que eu percebi que todos aqueles "presentes" que ele pegava pelo caminho falando que lembrou de mim era só porque ele era um grande mão de vaca.
- Amiga, pelo amor de Deus, PROCESSA esse cara. - Savannah fala rindo de nervoso nos fazendo rir.
- Tenho medo do que pode estar acontecendo aqui nessa roda. - Morgan fala se aproximando com Spencer.
- Piores presentes de Natal que já recebemos. - Tara compartilha o tema.
- Uuh, espero que eu não entre nesse hacking. - Morgan olha para Savannah esperando uma resposta.
- Você saberia, meu amor, pode ficar tranquilo. - Savannah responde o marido.
- Ufa!
- Eu também espero isso. - Spencer compartilha do mesmo questionamento que o amigo.
- É, no hacking de pior presente você ainda não entrou, mas no presente mais inesperado com certeza você é o primeiro. - falo olhando para ele e rindo.
- Verdade, você não falou o que iria dar para a Aurora de presente. Tire essa curiosidade de nós, Aurora, por favor. - Emily fixa o olhar em nós dois curiosa.
- Você não contou? - pergunto para Spencer e ele nega com a cabeça. - Bom, para entregar um contexto antes, foi uma "coisa", se assim posso dizer, que eu havia comentado há um tempo atrás que sempre tive o sonho de ter, mas sabe aquele sonho que você sonha, mas não se programa nunca para aquilo? Pois bem, era esse tipo de sonho.
Cheguei em casa ontem e esse querido - aponto para Spencer que está em pé atrás de mim - me falou que o presente que ele ia me dar não conseguiria esperar até depois da meia e nem até a manhã de Natal. Fui até o meu quarto e tinha uma caixa no chão e quando eu menos esperava a caixa começou a se mexer. - nesse instante era nítido o olhar de curiosidade em todos, menos Penelope, que estava com um sorriso enorme no rosto e se deleitando em já saber o que era. - Fiquei assustada, pois não esperava que a caixa ia se mexer e quando eu finalmente abri, isso aqui estava dentro. - Viro meu celular para eles com um vídeo que havia gravado ontem a noite do Sunny dormindo bem pleno em sua caminha e a reação não poderia ser outra, todos se derreteram ao ver a bolinha de pelo e ao mesmo tempo ficaram muito surpresos, pois do mesmo jeito que eu não esperava por aquilo, eles também não.
- MEU DEUS! - JJ arregala os olhos e começa a rir olhando para Spencer. - Um cachorro?
- Sabe o que dizem, "vá com tudo ou vá para casa", eu resolvi arriscar. - ele dá uma risadinha.
- E eu amei. Claro, foi um presente bem inusitado? Sim! Mas ainda assim eu amei. Agora tenho uma companhia para todos os dias. - reforço para não acharem que aceitei por força maior.
- Família! - Dave aparece na sala chamando nossa atenção. - Vamos nos juntar a mesa? O almoço já está servido.
Nos levantamos e vamos até a mesa que está lindamente decorada. Velas com alguns azevinhos no centro da mesa, toalhas, pratos, copos e tudo mais combinando impecavelmente e com o tema natalino. A mesa comprida e farta como a de uma grande família, bem sei eu como é isso.
- Fiquem à vontade para escolherem seus lugares. - Krystall fala em pé na ponta da mesa observando seu trabalho com os olhos brilhando e logo Dave se junta a ela.
- Bom, antes de devorarmos esse banquete maravilhoso, eu gostaria de dizer algo. Eu sei que para a maioria de nós isso não é comum, podermos estar juntos da nossa família e entre nós em um feriado como esse. Posso contar nos dedos todas as vezes que consegui fazer isso durante toda minha carreira. Mas estar aqui hoje com vocês, seus famílias, que também são minha família, me faz ser mais grato ainda por cada segundo que podemos ter e aproveitar esses momentos. Me faz lembrar que tive mais uma oportunidade de estar com quem eu amo. - ele se aproxima de Krystall e a abraça. - Me faz ser grato por ter tão bons amigos para compartilhar minha casa, minha vida e momentos únicos. Enfim, se me deixarem eu vou falar o resto do dia, vocês sabem bem e a Krystall também, por isso ela está aqui me cutucando. - ele fala fazendo todos rirem. - Mas de verdade, obrigado por estarem aqui, obrigado por mais um ano e lembrem-se de aproveitar cada segundo ao lado de quem você ama e dizer isso para eles. Por mais natais assim. - ele levanta a taça e seguimos seu gesto.
Spencer pega em minha mão e me viro para ele, ele abre um sorriso para mim, tão sincero e tão feliz que meu coração se enche de alegria e gratidão, gratidão por ser essa pessoa hoje para ele do mesmo jeito que ele é para mim.
- Eu te amo. - ele sussurra baixinho.
- Eu também te amo. - respondo sussurrando de volta.
- Sem mais delongas, podem se servir.
Começamos a nos servir, as comidas são as mais comuns de se encontrar em uma mesa de Natal e tudo absurdamente cheiroso, a vontade é de se esbaldar como se não houvesse um amanhã.
Almoçamos, alguns de nós ajudaram Krystall a levar os pratos e arrumar a mesa para as sobremesas que estavam tão lindas e gostosas quanto o almoço. O vinho não faltava em nenhum momento, já dava para perceber algumas pessoas mais soltinhas do que o normal e eu posso me incluir nessa. Retiramos todas as coisas da mesa, mas Krystall não deixou, de jeito nenhum, ajudarmos com a louça, ela quase nos bateu para não relarmos em mais nada.
Volto para a sala de estar novamente e vejo que Spencer guardou um lugar para mim ao seu lado no sofá entre ele e Penelope. Sento e ele imediatamente passa seu braço por cima de mim e me puxa para mais perto dele, viro um pouco para o lado para apoiar uma parte do meu corpo no dele e ficar mais confortável. Escuto ao fundo das vozes o instrumental de uma música natalina, tornando o ambiente ainda mais aconchegante e com a energia completa do Natal e não tem nada que eu ame mais.
Fico por um tempo observando o pessoal conversar e rindo de cada pérola que soltavam no meio dos assuntos. Ainda fico chocada como pessoas tão diferentes que simplesmente começaram a trabalhar juntas se tornaram uma família tão genuína, é muito interessante olhar tudo do lado de fora.
- Eu não acredito que você não gosta de maratonar filmes de Natal. - Penelope olha chocada para Will que está em pé ao lado da poltrona onde JJ está sentada.
- Não é sobre não gostar, eu só não fui criado dessa forma, então pra mim não faz diferença. Até tentei, mas não vejo graça, são todos iguais.
- Mas, mas, NÃO. Will Lamontagne, não existe "ah, eu não vejo graça." - ela imita o homem com uma voz engraçada. - É Natal, tudo é lindo no Natal, não existe nada sem graça, É NATAL!
- Acredite em mim, Penelope, é uma causa perdida. - JJ tenta convencer a loira a desistir.
- Eu não consigo acreditar nisso, que vida triste.
- Triste? Você já tentou assistir um clássico de Natal com esse aqui? - entro no assunto e aponto para Spencer.
- Oh meu Deus, o que você fez Spencer Reid? - Penelope se vira para ele serrando os olhos.
- Eu achei uma boa ideia tentar assistir "Esqueceram de mim" com ele e ganhei um sermão de quase uma hora sobre como aquilo não fazia sentido e todas formas legais de resolver aquele caso. Fora as explicações sobre traumas no futuro.
- SPENCER! - ela grita com o amigo.
- O que? É verdade. Como uma criança conseguiria fazer tudo aquilo? Como os pais esquecem o próprio filho em casa? O que poderia ter acontecido com essa criança com esses caras entrando na casa dele? Como vocês acham isso legal?
- Aurora, desculpa por não termos te avisado antes de uma das regras do grupo, não assistir nada que você goste com o Spencer, pois ele pode estragar toda a experiência com apenas um cérebro e uma boca.
- Poxa, Morgan e vocês não acharam que eu deveria saber desde o começo? Esperaram eu passar por isso? - faço uma cara fingindo estar desapontada.
- Eu não aguento mais sofrer bullying ano após ano nesse grupo só por ser lógico. Que que tem de errado eu criticar um filme como esse?
- Ah, Spencer, Spencer, meu querido e amado... Spencer. VOCÊ ESTÁ MATANDO O ESPÍRITO NATALINO. Não precisa fazer sentido, é legal, engraçado e gostoso de assistir, ponto. Se eu estivesse procurando lógica, eu estaria assistindo um documentário explicando o porquê das coisas do universo, MAS EU NÃO ESTOU. - Penelope respira ao terminar fazendo todos rirem, até porque, ela estava falando o que todos pensamos.
- Seu coração está no lugar certo, meu amor, mas as vezes preferimos viver na fantasia onde tudo é possível, já vivemos demais na dura realidade do mundo. E o Natal traz essa sensação boa para as nossas vidas. - jogo a cabeça um pouco para trás para conseguir ver seu rosto e dou uma piscadinha para ele. - De resto eu acho que as pessoas só tem inveja mesmo.
- INVEJA? - Morgan se pronuncia indignado.
- Você ouviu isso? - Matt também se pronuncia e então a zoação começa novamente. Claro que eu sabia que minha frase iria causar isso.
Fico só de fora me divertindo e rindo de todas as provocações quando escuto um dos toques mais inconfundíveis de uma música de Natal, All I Want For Christmas Is You da Mariah Carey.
Começo a cantar bem baixinho e quando olho para o lado, Penelope e Savannah estão olhando para mim e fazendo o mesmo. Damos uma risadinha quando percebemos e continuamos cantando a introdução bem baixinho, quase em formato de mímica para não atrapalhar as conversas.
- Vocês vão ficar cantando só para vocês ou também podemos nos juntar? - Kristy fala alto chamando nossa atenção.
- Fomos pegas. - falo para as meninas e damos risada.
- Então vai. - Savannah volta a cantar e faço o mesmo acompanhando ela, estalando os dedos e dançado no ritmo da música.
Quando percebemos todos já estavam imersos na música, uns cantando, outros estalando os dedos e dançado e outros só aproveitando a energia e se divertindo.
As crianças ficaram no meio pulando e dançado achando um máximo que a festa havia virado um karaoke de Natal, dava para ver claramente os olhinhos delas brilhando, dos mais novos aos mais velhos, ah, o que o Natal não faz não é mesmo?
🎵 (Last Christmas - Wham!)
A música acaba e todos ficam na expectativa para saber qual é a próxima até que mais um toque se inicia.
- Uh, a música dos corações partidos no Natal. - JJ coloca a mão no peito fechando os olhos e fazendo cara de sofrimento.
- Oh, essa pega onde dói. - Tara fala levantando a taça de vinho e dando um gole e as duas começam a cantar.
Entro fazendo a segunda voz, as palmas voltam e naquele momento se alguém entrasse na sala, poderia jurar que todos estavam sofrendo MUITO por amor em pleno dia de Natal. E mais uma vez o karaoke rola solto e dessa vez com muito sofrimento.
Quando a próxima música vai começar Dave rapidamente se pronuncia.
- Oh, meu amor. - ele olha para Krystall e ela já está sorrindo. - Você vai ter que cantar essa comigo.
- O que eu não faço por você, não é?! - ela estica a mão para ele e ele a pega com toda delicadeza, depositando um rápido beijo sobre sua mão.
Eles começam a cantar o dueto de Frank Sinatra e Dorothy Kirsten "Baby It's Cold Out Side" e foi a coisa mais adorável desse mundo. Era como se nada nem ninguém existisse mais naquele momento, além dos dois. O clima foi de coração partido para um amor imensurável. Todos se aconchegaram novamente e ficamos admirando a cena como se fosse um musical antigo e romântico até eles acabarem e aplaudirmos o show que eles deram.
Ficamos mais um tempinho aproveitando o resto do dia até percebermos que o sol estava se pondo, então decidimos ir embora.
Voltamos para o meu apartamento, Spencer estaciona quase enfrente ao prédio e falo que esse lugar virou a vaga dele, pois ele sempre estaciona ali e por incrível que pareça é o lugar que sempre está vago quando ele vem.
Subimos as escadas e dá para escutar os barulhos vindo de outros apartamentos, muita conversa, risada, barulho de pratos e talheres batendo, barulho de familia reunida. Pego minha chave na bolsa, destranco a porta e fico parada.
- O que houve, amor? - Spencer me olha confuso.
- Infelizmente não posso entrar. - olho para cima e ele me acompanha. No batente da porta, bem em cima de nós, está um visco preso. Ele olha para mim e sorri já entendendo. - Você não quer que tenhamos má sorte não é?!
- Jamais me perdoaria se algo acontecesse por ignorar uma coisa como essa.
🎵 (Mistletoe - Justin Bieber)
Ele se aproxima de mim e segura meu rosto com as duas mãos, fazendo carinho em minha bochecha com um dos polegares. Levanto o olhar para encará-lo e eu nunca vou me cansar daqueles olhos, do jeito que ele me olha com carinho, ternura, como se apenas eu existisse no mundo, faz eu me sentir a mulher mais sortuda do mundo.
Nossos narizes se tocam, gelados por causa do frio que está lá fora e ele me beija com um beijo longo, demorado e quente. Spencer se afasta um pouco para conseguir me olhar e abre um sorriso para mim, fazendo meu coração errar as batidas, ah, como eu amo esse sorriso.
- Acho que depois desse beijo, a sorte está a nosso favor. - comento sorrindo e mordendo o lábio inferior.
- Faz um tempo que a sorte sorrio para mim, em um dia em um certo parque. - sorrio envergonhada por entender exatamente o que ele quis dizer.
- Entendo, sinto que ela sorriu para mim no mesmo dia. - passo a mão pelo seu rosto e dou mais um beijo nele. - Já dizia a "santa" Mariah Carey, "I don't want a lot for Christmas, this is all I'm asking for.
I just wanna see my baby, standing right outside my door.
Oh, I just want you for my own, more than you could ever know.
Make my wish come true.
Baby, all I want for Christmas... is you." - canto devagarinho para ele.
- Eu realmente não te mereço. - ele encosta sua testa na minha.
- Huuum, não sei não.
Ficamos em silêncio e então escutamos um leve latido vindo do outro lado da porta nos fazendo rir.
- Acho que tem alguém nos esperando. - tiro a chave da porta e abro.
Sunny logo aparece todo empolgado abanando o rabo e nos cheirando feito louco.
- Oi, garoto! Como foi seu Natal? Sentiu nossa falta? - Spencer abaixa fazendo carinho no cachorro e ele late mais um vez como se estivesse respondendo.
- Eu sei, eu sei, agora estamos em casa e somos todos seus. - me abaixo tentando acalmar a bolinha.
Nos desarrumamos, colocamos roupas mais confortáveis e enfim deitamos na cama. Ligo a televisão no quarto e procuro algo para assistirmos, sei que não vai durar muito, pois vamos acabar dormindo no meio de qualquer filme que colocarmos, então deixo a programação da TV rolando até dormirmos.
- Amor? - Spencer me chama baixinho.
- Oi!
- Obrigado por se empenhar tanto em ressignificar o Natal para mim. Eu não achei que seria possível, mas... desde que chegamos eu estou com esse sentimento no peito. Como se há muito tempo eu estivesse procurando por algo, que eu não sabia o que era e finalmente encontrei. Depois de hoje, acho que consigo entender um pouco melhor do que você disse e realmente é mágico. Obrigado.
- De tudo o que ganhei de Natal, esse com certeza foi meu melhor presente. Ouvir você falando isso e sabendo que tive pelo menos uma fração de culpa nisso é tudo para mim. Que bom que você está se sentindo assim, meu amor. - faço carinho em sua mão que está ao meu lado.
Fico um tempo prestando atenção na televisão e quando olho para o lado me deparo com a cena mais fofa do mundo. Spencer dormindo meio sentado com a cabeça caída para o lado e Sunny aconchegado em um de seus braços encostadinho nele no nosso meio. Pego o celular e tiro uma foto, jamais perderia a oportunidade de ter essa imagem salva na minha galeria.
- Feliz Natal! - Sussuro baixinho para não acordá-los.
O dia foi perfeito, mas estar ali era tudo o que eu queria, era tudo o que eu precisava.
1- Molto bene = muito bem