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Vícios

Summary:

Sakura estava receosa de afundar mais no vício que era se envolver com a estrela decadente Karin. A chuva irritante fazendo suas botas chapinharem na água, a fachada ruíndo no grande prédio, os carpetes mofados, tudo parecia indicar para ir embora, para deixar do jeito que estava.
Mas quando finalmente encontrou Karin no quarto pouco iluminado e organizado, Sakura não teve dúvidas de que estava onde devia estar.

Ou: Karin precisa de amor e cuidados. Sakura está disposta a dar tudo isso.

oOo

Atenção! Durante o trabalho, há menções de violência e abuso. Não tem nada explícito sobre isso, são marcas na pele de Karin sobre coisas que já aconteceram. Mas ainda é conteúdo sensível. Se você se sentir mal ou desconfortável sobre isso, não leia. Sakura tenta fazer todo um caminho de cura com Karin, mas as marcas vão ser grande parte da história.
Cuide de si mesmo e não ultrapasse seus limites lendo algo que possa dar gatilho.

Notes:

UAUUU, esse é meu primeiro trabalho explícito. Nunca escrevi nada assim. Inclusive, demorei meeeses para terminar! Mas agora acho que finalmente rompi a barreira!

Minha mãe sempre dizia que minha escrita tendia para profunda e melancólica. Era para ser só um exercício de escrita sensual, e se tornou... Isso.

Mas eu estou MUITO satisfeita com o resultado!! Espero que gostem!

Leiam o resumo e as tags antes, para saber onde estão pisando.

Boa leituraaa! (≧▽≦)

(See the end of the work for more notes.)

Work Text:

Sakura caminhava decidida pelas ruas nubladas e sombrias da cidade, pelo caminho que já havia trilhado algumas dezenas de vezes. O barulho dos saltos baixos e largos do par de botas de camurça ecoava no vazio que era o bairro simples naquela hora da madrugada, chapinhando na água da chuva que repousava desde o começo da tarde no chão de paralelepípedos, que curiosamente não eram o suficiente para escoar o pouco de água ainda acumulada nos recortes das lajotas.

Quando chegou na frente da porta imponente e sólida que guardava a hospedaria do grande Teatro Uzushio, a mulher finalmente hesitou. Ficou se perguntando se valia a pena alimentar o vício que construiu cada vez que vinha visitar o rubi precioso da honrável família Uzumaki, uma das últimas integrantes da linhagem renomada. Lembranças tumultuadas e ferventes decidiram por ela, quando se esticou para pegar a chave que ficava escondida para seu uso exclusivo em um dos nichos laterais adornados com vasos delicados de violetas. Assim que abriu a porta, tomou o caminho do corredor, optando por não deixar o casaco na entrada, ou terminar o caminho descalça no carpete velho que cobria a passagem. Alguém teria que limpar a bagunça que as botas molhadas deixaram para trás, mas talvez fosse o incentivo necessário para realmente limparem uma vez.

Enfim dentro, Sakura deu a olhada de sempre no lugar. Um apartamentinho nu, o que provavelmente era uma alternativa inteligente em comparação às tentativas sufocantes de abarrotar espaços pequenos que Sakura já viu várias vezes. E ainda assim, um apartamentinho deplorável e deprimente, com o tom encardido de bordô nos papéis de parede e as luzes fracas e amareladas em cada cômodo. Móveis gritando por socorro e por reparos, lustres gritando por quantidades correspondentes de lâmpadas, armários gritando por preenchimento e variedade. 

Contudo, a moradora fez seu melhor para deixar apresentável. Não havia muito o que se fazer com o carpete, não sendo profissional. Mas não era possível ver teias de aranha ou grãos de poeira acumulando nos cantos, nem louça para lavar ou roupas jogadas em qualquer lugar. 

Entrando no quarto mais iluminado, Sakura encontra o motivo de sua visita. 

Vestida somente com uma camisola curta e sugestiva de renda vermelha e preta, calcinha combinando, meias compridas de seda delicada e um robe finíssimo de cetim, Karin prova que um rubi não pode ser ofuscado nem mesmo afundado na lama. Que as paredes opacas e o chão sem graça só destacam o quão brilhante ela parece, deitada como uma gata preguiçosa na cama larga de dossel que parece a coisa mais estável daquele quarto, contando com ela. 

— Demorou para chegar dessa vez — cumprimentou a ruiva, tom de voz amargo e provocativo — Se perdeu pensando na vida, como seu mestre gatinho?

O estômago de Sakura revirou de ciúmes com o elogio direcionado ao professor, invés de direcionado à ela, mas engoliu o sentimento antes de responder plana: 

— Só pensando se realmente valia a pena.

— Ah, querida… — Karin suspirou, se espreguiçando e sentando no centro da cama — você se arrependeu alguma vez?

— Não. Não de verdade.

A visitante chega mais perto do colchão, perto o bastante para ver a pele pálida de Karin toda marcada de pressões insensíveis, mordidas repulsivas e chupões desconfortáveis, preços altos demais para Karin pagar nesta vida que ela foi condicionada à ter, que certamente machucavam, doíam, queimavam, sempre que a jovem atriz precisava cobrir com tubos de maquiagem e pinceladas de pó, fingindo normalidade e alegria quando pisava os pés no palco. Ser herdeira de um império tornou-se mais pesado do que qualquer um podia ver, quando os únicos valores que constavam nos registros começavam com um sinal negativo.

— Dia difícil? — Perguntou Sakura, querendo tirar os pensamentos traidores da cabeça antes de começar novamente a discussão antiga das duas, que sempre acabava com Karin continuando na mesma vida de merda para manter a fachada do Teatro Uzushio de pé e firme como o concreto que a sustentava, e Sakura frustrada com o quanto seu coração doía cada vez que via a dor nos olhos da amante depois de tocar acidentalmente em uma marca desgraçada deixada em um lugar errado, em qualquer lugar do corpo de Karin, que para Sakura, deveria ser apenas um templo.

— O de sempre. — Sakura já havia contado todas as marcas visíveis, já havia comparado com as "de sempre", catalogado as arcadas dentárias e o calibre dos dedos que marcavam a pele, para traçar o perfil dos canalhas que macularam a pele de leite da outra mulher. Para oferecer todo tipo de apoio se um dia Karin sentisse que podia dar o basta. Sakura já havia inspirado todo o ar que Karin deixou sair de sua boca, medindo o tanto de vinho que ela ingeriu para esquecer as memórias mais difíceis, estimando o tanto de maços de cigarro que foram fumados para tirar o gosto pungente da boca, para sentir qualquer coisa, menos o que estava sentindo antes. 

Sakura também notou o brilho da pequena e afiada faca ornamentada que costumava levar na bolsa para defesa pessoal quando saia, que inocentemente esqueceu no quarto de Karin na última visita, escondida quase perfeitamente debaixo do aparador de abajur na mesa de cabeceira, e sorriu suavemente para isso. Torceu para que Karin não precisasse usar, mas se sentiu orgulhosa da mulher precavida.

— Entendo. Bom.

Caminhando até o cabideiro antigo no canto do quarto, Sakura tirou o cardigã velho que estava usando, franzindo um pouco o nariz para o cheiro de guardado que estava impregnado no tecido bege, anotando mentalmente a necessidade de tirar os outros casacos para arejar quando chegasse em casa. Desfez também o laço que segurava o cano das botas de camurça no alto das panturrilhas e deixou o par escorado contra a sustentação de madeira do cabideiro, descalçando as meias e amontoando do lado dos sapatos. Por último, voltou para o cardigã e caçou o frasco de óleo especial que trouxe no bolso para usar com Karin.

Ainda em cima da cama, Karin removeu o robe de cetim e deixou que ele escorresse lento como uma serpente saciada para fora da cama, direto para o chão, e então se deitou de bruços, esticando o corpo e empinando provocativamente a bunda redonda.

Também estava marcada, como se qualquer babaca tivesse o direito de reivindicar, e Sakura teve que disfarçar com muito esforço o olhar de ódio que passou pelo seu rosto enquanto imaginava todas as punições que daria se um dia ficasse frente a frente com algum dos acompanhantes de Karin. 

Mas Karin não precisava que Sakura empurrasse lembranças para ela, então a Haruno caminhou até a cama, subiu separando as pernas, com cuidado para não esticar demais a calça alinhada que usava, enquanto montava suavemente os quadris de Karin, o maior peso apoiado nos joelhos e sustentando o corpo para não pressionar demais a silhueta da outra jovem. 

Sakura abriu o frasco, atiçando a curiosidade da parceira, que virou o máximo possível a cabeça para enxergar o que estava nas mãos da outra.

— O que é isso, Sakura?

— Um óleo novo que a senhora Tsunade levou para presentear o bom trabalho de todos no hospital — Sakura respondeu, lembrando de como a unidade em que trabalhava havia se esforçado naquele semestre, e a intenção carinhosa da chefe do setor e mestre de Sakura em oferecer aos funcionários um óleo para relaxar os músculos e diminuir a dor da tensão do trabalho — ele funciona como um relaxante muscular natural. Vai aliviar a dor e a rigidez do seu corpo. E tem cheiro de baunilha, sente.

A mulher levou o recipiente perto o bastante para Karin sentir a fragrância acolhedora. Com o suspiro satisfeito da ruiva, Sakura trouxe o frasco de volta e derramou em seus dedos, esfregando o óleo para aquecer nas palmas e espalhar no corpo da parceira.

Então, levou as mãos até os ombros tensos de Karin, massageando a pele agora oleosa, pondo pressão nos pontos certos para fazer Karin desmanchar debaixo dela. Desfez o cordão que se cruzava nove vezes nas costas para segurar o torso da camisola, abrindo espaço para suas mãos quentes, e percorreu todos os cantos das costas e dos braços, até mesmo em cima das marcas dolorosas, arrancando pequenos solavancos do corpo da outra. Massageou a carne firme nas nádegas alheias, de baixo para cima, levantando e esticando a pele já esticada e perfeita, arrancando dessa vez um gemido inseguro da boca vermelha que pressionava contra a dobra do cotovelo.

Antes de massagear as coxas grossas, Sakura encorajou Karin a virar lentamente para uma posição deitada de costas. Se encaixou no meio das pernas macias, suas próprias pernas dobradas, apoiando-se ainda nos joelhos que cercavam a cintura estreita, por baixo dos quadris largos da ruiva. Levantou uma das pernas vestidas, desenrolando as meias de seda acomodadas acima do joelho até virarem um monte em volta da canela fina, para enfim tirar dos pés delicados e pálidos demais. Repetiu o mesmo processo com a outra perna, um pouco mais rapidamente, para começar a espalhar mais do óleo relaxante nos membros inferiores. Usou as duas mãos para envolver cada perna, da base na canela, até a junção da coxa com o quadril, enquanto Karin apertava os olhos e murmurava sons inteligíveis. 

Sorrindo um pouco com a imagem da mulher destemida e arrogante se tornando uma jovem tímida e humilde, Sakura segurou a perna esquerda mais perto do rosto, deixando beijinhos suaves na planta do pé macio, no tornozelo magro, na panturrilha fina, no joelho maltratado, na coxa marcada com cinco tiras arroxeadas. Beijou mais suavemente o local de cada uma das tiras, até passar para a perna seguinte, mesmos beijinhos suaves na mesma planta do pé macio, tornozelo magro, panturrilha fina, joelho maltratado e coxa marcada. 

Deixou cada uma das pernas escorregar dos ombros, para se enrolarem em sua cintura vestida, enquanto puxava Karin para mais perto, quadris realmente ligados agora. Sakura estendeu o corpo para frente, tirando o braço que escondia os olhos encantadores da amante, e terminando de puxar a camisola desamarrada do corpo dela, revelando seios pequenos e delicados, uma barriga lisa e chapada, algumas costelas inferiores se salientando da pele salpicada por manchas. 

Esquentando mais óleo nas mãos, Sakura alisou o plano da barriga, massageando a cintura fina com um pouco mais de pressão, até subir para os seios perfeitos e manuseá-los como se fossem a porcelana mais frágil e bela que ela já havia segurado. Apertou suavemente em volta das auréolas avermelhadas, vendo as pontas se enrijecerem e causarem um solavanco nas coxas como resposta involuntária. Traçou o contorno da base dos seios, pressionou os lados que ligavam a pele nas costelas, e enfim subiu dos dois montes macios para a clavícula definida e o pescoço comprido e elegante, pressionando toda a região dos ombros na frente, junto com a base do pescoço onde ele se ligava com os membros superiores.

— Mais algum lugar tenso, Karin? — Sakura perguntou, gentilmente, afastando as mãos do corpo da mulher e olhando com suavidade para o rosto cansado e satisfeito.

— Minha boca. Acho que você podia fazer alguma coisa sobre minha boca. — Respondeu seriamente, arrancando um sorriso carinhoso de Sakura, que se inclinou novamente para o corpo de Karin, sussurrando em direção ao ouvido da ruiva.

— Mas acho que não vou poder usar o óleo.

— Tudo bem. Você já é relaxante o suficiente para mim.

Karin então segurou com cuidado o rosto de Sakura, emparelhando seus olhos, seus narizes, suas bocas, misturando seus hálitos radicalmente diferentes. Karin buscou os lábios de Sakura, levantando a cabeça até encontrar a boca macia e aveludada, diferente de todas as outras que tentaram buscar seus lábios; Karin resistiu à todas aquelas tentativas, virando o rosto, empurrando para longe aquelas bocas sem graças, ásperas, que espetavam sua pele com o quão desleixadas eram. Ela nunca se sentiu desconfortável com Sakura, nunca rejeitou um toque, um beijo, nada.

E Sakura devolveu na mesma intensidade. Abaixou a cabeça para Karin voltar a encostar no travesseiro macio, ajeitou o corpo para não ficar encurvada, e se esticou em cima da ruiva para que os antebraços ficassem próximos o suficiente da cabeça da outra para que ela pudesse sentir os fios vermelhos com as pontas dos dedos.

O corpo inteiro de Karin parecia queimar com a maneira atenciosa que Sakura beijava sua boca. Todos os toques que importavam agora eram os toques da doutora, os músculos relaxados da massagem pegando fogo quase literalmente. As extremidades pareciam formigar, e ela não conseguiu conter os pequenos espasmos nos pés, a maneira como os quadris se encontraram mais próximos, nem o gemido que saiu de sua garganta, despertando a atenção de Sakura.

— Ei, Karin. Tá tudo bem? Se quiser parar, a gente faz qualquer outra coisa…

Já aconteceu antes. Karin já gemeu de angústia, um pequeno anúncio que vinha antes de se derramar em lágrimas e soluçar de dor. Ela não queria mostrar isso, esse lado fragilizado e irreparável para Sakura, mas aconteceu. Naquele dia, Sakura confortou a garota como se ela importasse. Como se ela fosse a coisa mais preciosa da vida de Sakura, mesmo que aquilo que elas mantinham não fosse nada declarado, ou fundamentado. Pelo que Karin sabia, Sakura podia ter continuado. Ou ido embora, sem conseguir o que queria. Mas ela percebeu que Sakura não queria apenas uma coisa dela, naquela noite em que abraçou ela forte o bastante para aquecer os ossos enquanto observavam o movimento da rua pela janela.

E nem Karin. Ela queria mais, ela queria tudo que pudesse obter de Sakura. Não queria observar as pessoas na garoa que recomeçou, mas queria abraços para esquentar os ossos.

— Não, tá tudo bem. Eu tô… muito bem na verdade, só continua. Me segura, Sakura. Mais forte. Como se eu pudesse me perder se não me segurar. Por favor.

Olhando no fundo dos olhos brilhantes de Karin, Sakura viu emergir a insegurança que ela raramente notava, mas que vivia dentro do coração da mulher. O medo da rejeição, a repulsa pelo passado, a descrença no futuro, a dificuldade de confiar nas pessoas. E então ela se sentiu grata, e realmente lisonjeada, por poder ver uma parte tão íntima da parceira, por merecer a confiança de estar lá para ela. A sua própria incerteza de mais cedo se dissipou totalmente: era aqui que ela queria estar, e nunca deixou de valer a pena.

Sakura apertou o corpo ao redor da figura de Karin, abraçou com paixão, dando beijos suaves como pinceladas por todo o rosto dela, sussurrando conforto e carinho entre cada um, até voltar para a boca vermelha e úmida de Karin, e beijar com mais fervor.

— Você não vai se perder — prometeu Sakura, buscando fôlego — Eu tô aqui agora. 

Antes que pudesse se emocionar a ponto de verter lágrimas, Karin deu um impulso para cima, girando as duas e capturando com brusquidão a boca de Sakura, enquanto montava o quadril da mulher sem se importar com o peso. Alguns ajustes e ela colou novamente os quadris, enquanto três camadas de tecido separavam a conexão das duas.

— Você… — Karin começou, endireitando o corpo em cima de Sakura e respirando fundo — você tá muito vestida. Tira.

— Uau, e a coisa do "me abraça forte, Sakura"? 

— Eu ainda quero! 

— Eu sei. Eu tô brincando.

Sakura se senta o melhor que pode, com Karin ainda montada pesadamente em suas coxas, e tira a camiseta branca e justa de mangas compridas, exibindo um sutiã vermelho que ela colocou mais cedo, pensando em Karin. Simples e prático, nada muito elaborado, a ruiva não se demorou na lingerie, focando no abdômen trabalhado de Sakura. A pele macia e lisa causava um efeito suave nos músculos tonificados e definidos. Era visível, mas para saber melhor, precisava ser tocado. Karin estendeu as mãos com admiração, desejo e delicadeza para tocar na barriga perfeita que a médica disciplinada e atlética se esforçava para manter. Adoração brilhou nos olhos da mulher enquanto alisava a pele, passando as mãos macias pela cintura fina, pelas costas niveladas, pela costura básica do sutiã, pelos ganchos que o mantinham no lugar.

— Eu posso?

— Podemos fazer o que quisermos hoje, Karin. 

O sutiã foi descartado rápido demais junto com a camiseta e a camisola no chão, expondo os seios empinados ao ar frio que ainda entrava pelas frestas e vãos, apesar da lareira fumegando no cômodo ao lado. Karin se levantou um pouco para Sakura se sentar melhor, e então voltou a subir no colo da mulher, com as pernas dobradas no colchão e os braços enrolados em torno do pescoço e dos ombros de Sakura, dando acesso fácil à boca e encostando os seios com os da outra, causando um arrepio eletrizante no corpo de ambas.

Mais um gemido escapou da boca vermelha de Karin, e dessa vez Sakura não parou. Apertou suavemente a cintura de Karin, tirando o fôlego de ambas. Mais e mais beijos quentes e contínuos, e a ruiva escalava no colo de Sakura como se sua vida dependesse disso, suspirando e gemendo obscenamente na boca da médica.

— Ainda vestida demais, Sakura.

— Você precisa me dar espaço se quer que eu deixe de estar. 

Rapidamente, Karin desmontou dos quadris vestidos de Sakura, apenas por tempo suficiente para a mulher tirar a calça social clara do corpo. Agora estavam ambas em pé de igualdade, enquanto Karin voltava engatinhando para cima de Sakura e deitava a outra no colchão, juntando as bocas inchadas mais uma vez. Sakura não podia manter as mãos para si mesma, agarrando e apertando suavemente todos os pontos de Karin que ela se lembrava de ter catalogados como seguros para a noite, evitando as marcas arroxeadas e os pontos que ela percebeu estarem mais doloridos durante a massagem detalhada. 

As mãos firmes da Haruno percorreram cada depressão na coluna saliente da parceira, até agarrarem os fios vermelhos na nuca e puxarem suavemente a cabeça da mulher para dar espaço e fôlego para si mesma. Olhando intensamente nos olhos excitados de Karin, a distância não durou muito, enquanto a estrela abaixava o tronco para esfregar os seios superestimulados de ambas e gerar mais dos arrepios deliciosos que elas já haviam compartilhado tantas vezes. Sakura soltou o cabelo macio para descer a mão pelo lado estreito de Karin, até chegar ao osso proeminente do quadril e disparar para frente, entrando dolorosamente lenta na calcinha fina e encharcada de renda vermelha e preta que combinava com a camisola abandonada no chão do quarto. Um estremecimento violento balançou o corpo todo de Karin, pressionando com mais força os seios de Sakura.

— Você vai ter que me dar um pouco mais de espaço se quiser que eu seja eficiente, amor — sussurrou Sakura no ouvido atento de Karin, se referindo à mão fortemente prensada entre o corpo das duas enquanto Karin apertava todo espaço delas buscando mais contato. Devagar, ela deitou na cama, saindo de cima de Sakura e abrindo vagarosamente as pernas, expondo a mancha úmida que ameaçava escorrer para além do tecido, resultado inegável da reação que Sakura vinha causando em seu corpo desde o momento em que apareceu no quarto. — Uma garota tão dócil, Karin. Muito bem.

Apesar das provocações, Sakura não sabia o quanto aquele comportamento de Karin era exclusivo para ela. O interesse e a vontade de obedecer. Ou a vontade de fazer qualquer coisa, na verdade. Nunca encarando como uma obrigação, era um prazer real para Karin fazer o que Sakura pedisse, porque ela sabia que teria o mesmo tratamento se fosse ela quem fizesse as exigências. A ruiva soltou um suspiro com as palavras da amante, se mexendo impacientemente com as pernas totalmente esticadas, convidativas. 

— Seus dedos — Karin sussurrou, envergonhada — Seus dedos não vão ser suficientes hoje, Sakura. 

Um rubor aqueceu as bochechas de Sakura enquanto ela ponderava a ideia, sendo rapidamente substituído por um sorriso predatório, como uma loba. 

— Outro lugar tenso para eu relaxar com a minha boca então. 

Sakura estendeu precisamente a mão em direção ao tornozelo esquerdo, os dedos quase se tocando na circunferência fina. Dedilhou a panturrilha, delicadamente, enquanto subia para se aninhar entre as coxas pálidas, as mãos finalmente chegando ao pedaço de renda tão antiquado para o momento e removendo a peça com cautela torturante. Dígitos quentes fizeram seu caminho pela pele interna da coxa, e então para o brilho molhado que manchava a virilha, cravando na pele escorregadia e abrindo os lábios externos carnudos para liberar espaço para a boca voraz. Com um pensamento de plano de fundo, Sakura refletiu que nunca conheceu uma mulher que se esforçasse tanto em se manter depilada como Karin fazia. Talvez para se manter limpa, não reter vestígios. Um pingo de decepção pousou no fundo da sua consciência enquanto ela desejava ver se os tufos de pelos que cresciam ali seriam tão vibrantes quanto o cabelo vermelho da mulher. Talvez um pedido para uma outra hora. Sakura plantou a língua com vontade.

Debaixo, Karin se sobressaltou com a língua quente que logo encontrou o caminho para o clitóris inchado, um ataque rápido e tonteante que fez os dedos da mulher estremecerem todos, as mãos voando para os mechas cor-de-rosa da amante e alinhando em um rabo de cavalo curto para evitar a superestimulação dos fios roçando em sua pele aquecida.

—S-Sakura… 

Gemidos semelhantes com miados dengosos escorregavam da boca de Karin, recebendo zumbidos de aprovação de Sakura, que faziam vibrações agradáveis contra sua vagina já pulsante. Os lábios famintos devoravam a ruiva com entusiasmo juvenil, com a energia de uma primeira vez, mas a habilidade entregava que não era o primeiro encontro entre aqueles corpos. Com uma lambida plana e firme contra o feixe de nervos excitados, Sakura comentou casualmente:

— Você percebe isso por conta própria? A falta que sente de mim? Eu aposto que ninguém deixa sua boceta molhada assim nos seus encontros…

A expressão no rosto de Karin revelava tudo, o rubor, rivalizando mais uma vez com seus cabelos, também. O olhar nos olhos de Sakura voltou a se assemelhar ao olhar de um predador.

— Vamos, eu quero ouvir. — A doutora levantou o corpo, aumentando não só a distância entre sua boca avermelhada e a vulva inchada, mas também a ansiedade de Karin. Não importa como ela queria mimar a mulher mais jovem, a provocação coçava atrás de sua nuca e fazia sua coluna vertebral toda retesar em alerta para a necessidade latejante entre suas pernas. 

Um gemido baixinho de protesto acompanhou a abertura dos olhos de Karin, o desafio travado nas pupilas dilatadas enquanto os quadris se contorciam provocativamente sob a jovem doutora, insinuação e convite falando através do movimento. Uma mão quente espalmou o baixo-ventre pálido de Karin, as unhas bem cuidadas nas pontas dos dedos compridos se afundando sutilmente para manter o corpo no lugar, e mais do sorriso de Sakura enevoou a mente sedenta da ruiva. Mais um gemido, dessa vez alto, escapou da boca lasciva e vermelha da mulher em agonia.

— Por que você complica as coisas, boneca? Implore por mim como você não implora por ninguém — Sakura mergulhou para perto do ouvido de Karin para sussurrar como se estivesse prometendo doce à criança. Um choramingo veio por parte de Karin, que virou o rosto em direção à orelha delicada de Sakura para devolver o próprio sussurro obsceno:

— Só você deixa minha boceta molhada assim, Sakura — foi o que Karin disse, o corpo de Sakura acima dela estremecendo com o quão necessitado seu nome soou nos lábios suplicantes da mulher — Eu preciso de você, Sakura, que sua língua esteja o mais longe dentro de mim que você conseguir. Ahh — a ruiva ofegou como se pudesse sentir sensações fantasmas do que a parceira estivera fazendo pouco tempo atrás — Preciso disso logo, ou eu sinto que vou realmente enlouquecer, Sakura. Preciso que me leve até que eu grite por você, e eu juro que eu nunca grito por ninguém.

As sobrancelhas de Sakura, que tinham se franzido de choque, baixaram em complacência e um sorriso doce se moldou em seus lábios brilhantes, antes de ela falar na conversa sussurrada face-a-face que as duas vinham compartilhando:

— Perfeito. Você é mesmo a melhor, boneca. Eu vou cuidar de você agora.

Com um beijo estralado que deixou uma impressão molhada da própria excitação de Karin em sua bochecha, Sakura voltou ao seu posto, confortavelmente alinhada entre as pernas marcadas de Karin, encarando por poucos segundos a vulva estimulada, antes de afundar a língua na boceta faminta da ruiva.

Tal qual prometido, os gemidos de Karin chegavam a níveis exponenciais enquanto Sakura se empenhava em desarmar cada feixe sensível dentro do corpo da amante, a língua percorrendo um caminho precisamente médico, como se a função da doutora fosse saber onde estava cada botão. Os seios expostos e excitados da ruiva balançavam suavemente cada vez que ela arfava com um choque de sensações causadas embaixo. A pele pálida sob os hematomas dos ombros avermelhou-se conforme o corpo todo de Karin superaquecia. E os lábios de Sakura continuavam implacáveis.

— Sakura… Ah, ma-hm, mais… 

A Haruno apenas levantou o tornozelo direito, puxando o membro comprido até encaixar a face posterior do joelho delicado no ombro desnudo, abrindo mais o ângulo entre as pernas da parceira para trabalhar com fervor em suas ministrações.

— Isso! — Cada dedo dos pés de Karin se dobrou com força na tentativa de reter a faísca que Sakura mandou para seu corpo. As costuras que mantinham o controle da mulher foram se abrindo em uma velocidade avassaladora para permitir a passagem do orgasmo que se aproximava. As mãos da ruiva voltaram mais uma vez para os fios rosados, dessa vez puxando o rabo de cabelo apressado, na tentativa inútil de afastar a cabeça determinada, para prolongar aquela sensação desorientadora de estar na borda.

Seus lábios gaguejaram mais súplicas, altas e claras, e a língua de Sakura só ficou mais intensa contra o pequeno botão inchado que era seu clitóris superestimulado. A perna longa pendurada ao lado do pescoço de Sakura fazia Karin se sentir mais exposta, mas não importava, nem a visão do rosto enterrado entre seus lábios, quando as mãos finas de sua companheira escorregaram de seu aperto firme nas coxas manchadas, para as costelas salientes do corpo em colapso, próximas demais de seus seios empinados ao ar. A pele quente das palmas esfregou confortavelmente os lados escorregadios de óleo e o relaxamento disso contrastou fortemente com o soluço estrondoso e o grito agudo que saíram da boca de Karin, atrelados ao orgasmo muito bem trabalhado que Sakura arrancou dela.

— Sakura!! — Uma nota de preocupação tingiu o rosto de médica, com o quão alto soou seu nome na boca geralmente contida e calculista da Uzumaki, mas a expressão de deleite puro nas feições bonitas de Karin não podiam ser confundidas. Lentamente, ela abaixou a perna de Karin, alinhando o corpo desfeito da mulher e secando o queixo e as bochechas com o antebraço, mas deixando os lábios molhados para serem vasculhados pela própria língua, sob o olhar atento e vigilante de Karin, olhos de rubi encarando as esmeraldas brilhantes.

Como se fosse um esforço realmente grande, Karin levantou um braço magro para acenar com a mão em um pedido para Sakura se aproximar. Os movimentos suaves da mulher de cabelos cor-de-rosa abaixam seu corpo até nivelar uma postura felina sobre os nervos amolecidos da ruiva. Com um impulso leve, Karin chocou seus lábios vermelhos contra os lábios úmidos de Sakura, para em seguida voltar à sua posição deitada rapidamente. 

— Parece que eu tô realmente flutuando…

Sakura lançou um olhar condescendente para o rosto enevoado e sorridente da amante, e devolveu um sorriso doce enquanto podia praticamente ver os hormônios e substâncias químicas vindas do orgasmo merecido inundando o cérebro cansado de Karin. Ela decidiu casualmente que não tentaria cobrar retribuição. Não é como se ela tivesse realmente a intenção, desde o começo. Provavelmente lidaria sozinha com a tensão e o calor entre suas pernas no vazio de seu grande apartamento no centro. Por enquanto, o que importava era a expressão dopada e sonolenta sob os olhos fechados da Uzumaki satisfeita.

Silenciosamente, para não acordar a estrela adormecida, Sakura levantou da cama e vestiu as roupas amassadas que foram jogadas descuidadamente ao chão. Pegou as roupas da companheira, e dobrou em cima da cômoda, vasculhando as gavetas para algo mais confortável que renda fina naquele dia gelado. Depois de encontrar um pijama lilás de flanela e limpar Karin com zelo, Sakura voltou às buscas, procurando por uma caneta e algum papel para deixar um bilhete.

oOo

Karin acordou confortável e vestida, de uma maneira que ela não se lembrava de ter adormecido. Na verdade, ela não se lembrava nem mesmo de ter adormecido. Foi aos poucos que as memórias da noite anterior gotejaram em sua cabeça, desde a mensagem petulante que ela havia mandado para a médica marcando, exigindo, um encontro em seu apartamentinho, até os gritos escandalosos que ela dedicou à Sakura quando o orgasmo rasgou sua discrição de dentro para fora. Ela esperava que os vizinhos não se incomodassem muito. 

Houve um tempo em que ela se envergonharia pelo quão submissa à vontade de Sakura ela acaba se mostrando, mas isso foi agradavelmente superado em comparação às vantagens que ela acabava recebendo. No fundo, ela só queria entregar o controle à alguém por um tempo, ser cuidada, provocar um pouco sem ser julgada mal. A sensação de ser mimada entorpeceu mais a jovem atriz do que toda a bebida e cigarro que ela consumiu depois de cada show, de cada encontro. Sua atitude arrogante vacilava facilmente sob a aura dominante e forte de Sakura.

Sakura… Karin podia se sentir corando como uma adolescente, seu fascínio, sua paixão pela médica fazendo as borboletas em seu estômago baterem as asas forte o suficiente para forçar a ruiva a sentar abruptamente na cama. A vertigem que sentiu pelo estômago vazio e adrenalina da noite anterior fizeram-na se arrepender fortemente, e ela sentiu de uma vez só a tensão de alguns músculos voltarem, embora não todos graças à massagem habilidosa de Sakura. Até mesmo as marcas e os hematomas pareciam menos doloridos no contexto geral e Karin começou a se sentir melhor, apesar da tontura. Foi quando ela viu o papel rosa claro, sem dúvidas arrancado de alguma caderneta de sua prateleira, ineditamente fixado na cômoda ao lado da cama. A mulher pegou ansiosamente o bilhete, lendo a letra corrida, mas surpreendente caprichosa, deixada pela médica. Um sorriso travesso se infiltrou em sua expressão apaixonada.

"A palavra de uma viciada não serve muito. Mas juro que estar com você sempre vale a pena ;)"

 

Notes:

E aí??? Gostaram? Espero que sim! Eu estou sempre muito animada para esse trabalho! Queria que esse ship tivesse mais visibilidade, é o meu F/F favorito de Naruto!

Gosto muito de trabalhar com referências do canon nas minhas personagens. Provavelmente devem ter percebido nesse trabalho também, hihi

Eu penso em ampliar esse universo em uma AU separada. Mas não sei quando isso vai acontecer, ou se vai acontecer. Acho que ficaria muito legal.

Obrigada por ter lido e chegado até aqui! Espero realmente que tenha aproveitado! Se quiser deixar um Kudo, ou puder deixar um comentário, eu adoraria!!! Isso sempre faz meu dia! (Na verdade, eu fico atualizando meu email à cada trinta minutos para ver se chegou algo hihi)

Super beijinhos de luz! ( ꈍᴗꈍ)✨❤️