Work Text:
Tintagel Cornualha - Inglaterra, 2010
Gritos e risos alegres podiam ser ouvidos de longe, pois no extenso e verdejante gramado do castelo Stella Nigra, Soraya James Potter-Black e seu afilhado Edward (Teddy) Remus Lupin-Black estavam disputando quem fazia mais cocegas no outro, enquanto em uma confortável cadeira, Andromeda (Andy) Tonks, anteriormente Black sorria feliz e tomava um gole de seu chá preferido.
O alegre e pacifico clima foi interrompido por uma coruja de aparecia cansada, trazendo uma carta amarrada em sua perna. Após lançar feitiços de verificação e não encontrando nenhuma magia, a mulher de aparência jovem pegou a carta, lendo em silencio e franzindo as sobrancelhas em aborrecimento.
- O que aconteceu Soraya? Você parece incomodada. – Andy questionou.
- Lembra de Seamus Finnigan? – após um aceno de compreensão de Andy, continuou – ele herdou um bar na América, mas parece que a cidade está infestada de vampiros, lobisomem e bruxas trouxas, ele pediu para mim ir colocar barreiras protetoras em sua casa e bar.
- Quando você vai? – nem por um segundo Andy duvidou que Soraya iria, afinal, ela nunca negou ajuda à um amigo, principalmente aqueles que lutaram ao seu lado na guerra.
- Depois de amanhã. Tenho algumas coisas para fazer antes ir. Vou aproveitar e ficar por uns dias, estou curiosa para saber mais sobre a magia wicca.
Andy caiu na gargalhada, antes de dizer:
- Só não exagera na confusão, ok? Não sou mais tão jovem para aguentar suas travessuras.
Teddy ouvindo a conversa, perguntou:
- Posso ir tia Aya?
- Dessa vez não Teddy, não sei como é a situação por lá, pode ser perigoso, afinal, os vampiros trouxas são mais voláteis que os de ascendência mágica
- Você promete voltar rápido? – perguntou com olhos de cachorrinhos, que para Soraya eram irresistíveis.
- Claro que sim, não posso ficar longe do meu cachorrinho, posso?
- Eu não sou mais um cachorrinho! Já sou grande! Tenho doze anos!
Andy e Soraya caíram na gargalhada com o biquinho fofo que o garoto de doze anos estava fazendo. Ele era realmente fofo, ainda mais com os cabelos mudando de cor de acordo com suas emoções.
Dois dias depois
Mystic Falls – Grill
A maioria das pessoas diriam que o clima em Mystic Falls estava tranquilo e bom, mas aqueles com conhecimento do sobrenatural, podiam sentir que era a calma no olho do tornado, que o pior ainda estaria por vir. Foi nessa calma tensão que o ronco de um potente motor cortou o silencio da cidade.
Uma Lamborghini Veneno Roadster estacionou no pátio do Grill, quando a porta abriu, ninguém dos presentes acreditaram em seus olhos, pois, desceu do carro uma garota, mais parecida com uma boneca gótica ou um cosplay de anime. Mesmo estranha a garota era linda. Seus cabelos negros e vermelhos, estavam repartidos ao meio, preso em dois grossos rabos de cavalos próximos das orelhas, eram tão longos que passavam dos joelhos, a palidez da pele era natural, pois a maquiagem consistia apenas de batom vermelho e delineador preto, que destacava os brilhantes olhos verdes. Seu corpo, embora pequeno continham curvas bem femininas, capaz de atrair olhares mais demorados dos homens, ainda mais usando uma camiseta super apertada preta e uma saia rodada, em xadrez de preto e vermelho, as meias incompatíveis, subiam até a coxa, uma preta com bordas vermelhas e a outra vermelha com bordas pretas, o sapato preto, cheio de fivelas, detinham um salto de 10 cm, seus acessórios consistiam em uma bolsa vermelha, vários brincos, anéis e relógio. Apenas de olhar podiam ver que tudo que usava eram absurdamente caros.
Ignorando os olhares incrédulos das pessoas, a garota entrou no Grill, desfilando como se fosse a dona, ao ver o barmen, deu um gritinho de “Dean” e se jogou nele. Dean Thomas, o barmen e gerente do Grill, se assustou com o gritinho e soltou a bandeja com os copos no chão, assim que a garota se jogou em seus braços. Ele à segurou e girou no ar, soltando uma gargalhada estrondosa, para espanto dos clientes, pois todos sabiam que ele não gostava que tocassem nele.
- Soraya!!! Você veio! Estava te esperando para o fim de semana. – Dean continuou abraçando a garota desconhecida, antes de gritar para alguém dentro do bar/restaurante: - Seamus, corre aqui, vem ver quem chegou.
Seamus, o dono do Grill, saiu do escritório e veio ver a comoção, assim que ele viu quem estava no seu bar, deu uma risada alegre, dizendo:
- Aya!! Saudades de você! – roubou a garota dos braços do amigo e girou ela pelo bar, ignorando os cacos de vidro do chão.
A garota que ainda estava soltando risadinhas alegres, se soltou dos abraços de seus amigos, olhando ao redor e percebendo, pela primeira vez os olhares curiosos dos clientes, principalmente de um homem pecaminosamente lindo de olhos azuis que olhava com curiosidade e suspeita, quase ofensivamente. Flertando com o perigo (ela amava o perigo, tanto quanto os problemas à amavam), ela deu uma piscada alegre para o homem e saiu para o escritório de braços dados com ambos os homens.
Assim que a porta do escritório fechou, ela lançou vários feitiços de verificação e privacidade, antes de dizer:
- Pronto meninos, agora vocês podem me dizer o que está acontecendo. Depois do que passamos, vocês são capazes de lidar com quase qualquer coisa. Porque me chamar?
Foi Seamus que respondeu:
- Você sabe que depois da guerra eu estava acabado e não podia mais ficar na Europa, tudo me lembrava da guerra, então vim morar um meu tio avó, e quando ele morreu me deixou o Grill. Então depois que Dean e Gina divorciaram ele veio morar aqui, estava tudo muito bem, até o ano passado. Quando os irmãos Salvatores chegaram na cidade e se envolveram com Elena, tudo começou a dar errado... – Seamus contou tudo sobre o abundante drama sobrenatural ocorrendo em Mystic Falls.
Soraya estava pasma com o descaso da MACUSA, essas mortes deveriam ter sido investigadas, e como a MACUSA não era incompetente, algo mais sinistro e profundo estava ocorrendo nessa cidade. Um que ela não queria se envolver, eram férias de Teddy e ela iria passar com ele!
- Em que merda vocês se meteram? Achei que eu era o imã de problemas! – questionou, meio brincando meio falando sério.
Ambos riram, antes de Dean acrescentar:
- A SORTE Potter é contagiosa, então, qualquer coisa que esteja acontecendo, a culpa é ...
Antes dele terminar de falar, precisou desviar de um feitiço de cocegas, logo feitiços inofensivos estava sendo jogados para todos os lados e os três participantes se divertindo muito.
Foram minutos engraçados tentando retornar cabelos e peles nas cores corretas e roupas utilizáveis, quando voltaram ao assunto que à trouxe na cidade.
- Analisando as coisas, Seamus, a barreira da sua casa será o pacote completo, incluindo as barreiras de sangue, e as barreiras aqui no Grill devem ser mia flexíveis, pois todos clientes são bem vindos, na minha opinião, precisam ser barreiras de desmaio sempre que alguém ficar violento e tentar atacar outra pessoa, independentemente de ser humano ou sobrenatural, talvez uma barreira calmante também ajude. Já vocês dois, precisam de chave de portal especial e pulseira com poção de reposição de sangue e outra de verbena, assim nenhum fica vulnerável.
Minutos de debate como fazer/obter as coisas feitas, se a proteção se estenderia aos funcionários ou não, acabaram decidindo por ramos de verbena no bebedor, assim, todos funcionários seriam imunes à compulsão e protegidos caso fossem atacados.
Mystic Grill – Três dias depois
Os três próximos dias foram gastos colocando proteções e passados no Grill, Seamus e Dean trabalhando, Soraya atrapalhando. Em seu tempo vago, ela conheceu Matt Donovan, instantaneamente ela gostou do rapaz alegre, apensar de guardar tanta tristeza em seus olhos.
Os três amigos foram surpreendidos ao receber um convite para o baile do Mikaelson, pois não eram influentes na cidade, mas como foram convidados, seria rude não comparecer, afinal, pelo tanto de drama acontecendo na pequena cidade, o baile prometia ser divertido. Sorte serem mágicos, então roupas não foi um problema.
Em frente ao espelho Soraya verificou se faltava alguma coisa para completar o look, não havendo nada para acrescentar ou alterar, passou a refletir sobre a estranheza de sua magia, como se algo interessante fosse acontecer. Por sorte, o “aviso” não era indicação de perigo.
Da escada, Soraya viu seus amigos esperando por ela, e não pode deixar de sorrir, Seamus cresceu para ser um homem bonito: alto, loiro, com olhos verdes e corpo musculoso, apenas sua aparência podia despertar atenção das garotas, mas para Soraya o que mais cativava era o sorriso meio louco nos lábios e o olhar assombrado sempre presente naqueles que sobreviveram ao inferno. Ela sabia, ela também sobreviveu ao inferno.
Já Dean, cresceu para um homem diabolicamente atraente: alto, musculoso, pele cor de chocolate, com cabelos negros encaracolados e olhos negros misteriosos, despertava paixões e deixava rastros de corações partidos, ainda mais depois da traição de Giny. Para Soraya, o que mais se destacava em seu amigo era a tristeza por trás do sorriso, as cicatrizes de tortura escondidos pelas roupas, o olhar vago, perdido em tempos melhores ou tempos sombrios, dependendo do dia. Mas no final do dia, ele também sobreviveu ao inferno, quebrado e marcado, mas sobreviveu.
A residência Mikaelson era encantadoramente linda, toda construída com bom gosto. Ela quase riu quando viu que todos os olhos estavam nela e seus acompanhantes, mas sendo uma dama, ela sabia como jogar o jogo. Olhos gelados, tedio desinteressado e sorriso falsamente educado nos lábios, disfarçavam a diversão interior e a vontade gargalhar loucamente. Ela podia sentir o desconforto, o interesse, as fofocas, o medo e as traições ocorrendo no ambiente, era muito caos em uma cidade tão pequena. Logo ela estava sendo apresentada às pessoas e dançando.
Sua chegada acompanhada por dois homens causou interesse, mas Elena Gilbert chegar nos braços dos dois namorados, ainda mais eles sendo irmãos, causou mais falatório. Em uma pausa para bebidas, eles perceberam que os vampiros estavam espionando Soraya, talvez por ser nova na cidade.
- Então Soraya, você não foi a única a ser escoltada por dois homens – insinuou Dean com diversão na voz.
- Então, percebi. Essa entrada causou muita conversa, até parece que ninguém nessa cidade se envolveu em ménage à trois ou orgias. – Foi difícil dizer a frase sem rir, a única pista de diversão era o brilho nos olhos. – Acho que eles deviam arrumar mais um parceiro, porque pela careta dos dois homens ela não está dando conta do recado.
Próximo deles uma vampira loira – Carolaine – cuspiu o champanhe, outros dois vampiros – Damon e Steffan – olharam simultaneamente para ela, com rostos absolutamente chocados, mais ao longe um vampiro de aparência jovem e diabolicamente lindo gargalhou. Seamus deu uma risadinha, fazendo seus olhos azuis brilharem maliciosamente.
- Querida Soraya, parece que suas palavras soaram muito altas. – Admoestou Seamus, em um tom conspiratório.
- Meu caro amigo, um dos mais antigos princípios da sabedoria é: “Se não quer ouvir verdades dolorosas, não escute conversas alheias”.
Dean deu um aceno pensativo e disse:
- Faz sentido, mas, de acordo com essas pessoas fofoqueiras, você está transando com nós dois. – Fez uma pausa – ao mesmo tempo.
- A fofoca chegou na parte que satisfaço perfeitamente bem os dois sexualmente? Porque, pelo sorriso ostentado por vocês, estão plenamente satisfeitos sexualmente.
Tudo foi dito com rostos sérios e desinteressado, mas em uma troca de olhares os três não aguentaram e gargalharam. A conversa provocativa foi encerrada com o início do baile pré-drama de Mystic Falls, onde a família Mikaelson se apresentou ao público.
Lá na escadaria estava ele, a pessoa que sua magia estava agindo. Alto, músculos definidos, cabelos e olhos castanhos claros. Bonito. Sexy. Sua postura perfeita, transmitindo confiança e arrogância, como um guerreiro preparado para batalha, usando sorriso superficial e falso que não alcançava os olhos, olhos que expressavam tanta dor, solidão, desespero e desistência. Esse homem, ou melhor, vampiro, atraia completamente a atenção de Soraya, e quando olhos verdes encontrou olhos castanhos, o tempo parou e não existia nada além dos dois.
P.V - Finn
Ele estava quebrado, cansado, só queria que acabasse. Logo seria o fim, ele finalmente terminaria com sua vida amaldiçoada. Ele sabia dos planos de sua mãe para matar todos os vampiros do mundo ao mesmo tempo, ao sacrificar seus irmãos e ele, mas também o plano de os tornar humanos, ao possuir corpos de feiticeiros. Mas ele só quer morrer, se libertar de tudo e todos. Ele está cansado.
Mascarando seus verdadeiros sentimentos, ele foi para ser apresentado, naquela farsa de baile. Perca de tempo, toda essa festa. Então ele a viu, e tudo mudou.
Mesmo do outro lado do salão, ela chamava a atenção, deslumbrante, essa era a palavra para descrevê-la: brilhantes cabelos negros torcidos em um penteado bonito, coroavam um rosto aristocrático e lindo, a pele naturalmente pálida continha pouca maquiagem, concentrada principalmente em destacar os olhos, olhos de um verde vivido, emoldurando por longos, espessos e negros cílios, completando o conjunto, estavam lábios carnudos e avermelhados, que detinha o sorriso mais deslumbrante. A beldade desconhecida usava um vestido com corpete de renda preto com ampla saia verde esmeralda, que acentuava o busto generoso e a cintura fina, suas joias eram discretas, apenas complementando a beleza da dama.
A garota capturou totalmente sua atenção, da mesma forma que ele havia capturado a dela, pois, quando seus olhares se cruzaram, nada mais existia. O mundo era composto de apenas os dois. Tão entretido na troca de olhares, que ele perdeu o discurso de Elijah, esqueceu da importância do brinde, toda sua atenção estava focada nela. Quando Kol o cutucou, ele voltou a si. Determinado, caminhou em direção a ela, cada passo fazia seu coração disparar.
De perto, ele constatou, a beleza dela era ainda mais impressionante, seus olhos eram mais brilhantes, mais misterioso. Seu sorriso mais sedutor, seu perfume delicioso, a magia que a cercava era intoxicante e excitante. Silenciosamente, em um apelo, ele estendeu a mão, convidando-a para dançar.
P.V – Soraya
No decorrer da troca de olhares, o mundo se despedaçou e se recompôs, mas nada jamais seria igual para Soraya, tudo que seus olhos podiam contemplar era o magnifico vampiro fazendo pose na escada, tão focada nele, ela perdeu o discurso inicial, perdeu o brinde, tudo o que importava era a atração magnética que a puxava para ele, foi com o coração disparado, que ela percebeu ele se aproximando e convidando-a para dançar.
A diversão fez seus olhos verdes brilharem intensamente, ao mesmo tempo que estendia a mão, aceitando o convite silencio para valsar pelo salão em uma dança intrincada e delicada, onde cada giro, cada toque, despertava a magia que Soraya continha fortemente amarrada, na intensão de não se destacar entre os trouxas. O tumulto interior foi silenciado ao escutar a voz rouca e sensual, que sussurrava no ouvido dela:
- Posso saber o nome da bela dama que tenho em meus braços?
- Você pode, nobre cavalheiro. – a voz suave e alegre soou em resposta.
Captando o tom provocativo de interesse, Finn retornou o flerte:
- E qual é o seu nome, minha dama? – O sorriso dele era pecaminoso, deveria ser ilegal, refletiu internamente Soraya.
- Soraya.
A troca de parceiros, não impediu que seus olhos se buscassem avidamente, ansiosos para se tocarem, se falarem.
- Então, qual seu nome, nobre senhor?
- Finn, meu nome é Finn Mikaelson. É um prazer te conhecer. Posso ter a honra de outra dança, minha senhora?
O sorriso feliz indicou que sim, ele podia ter outra dança, ambos giraram pelo salão ao som da música, alheios aos olhares especulativos e comentários maliciosos do público, ambos desejando que a musica nunca acabasse, para ficarem eternamente nos braços amorosos um do outro, ambos sentindo a paz e felicidade do momento.
Narrador
Para bons observadores o baile foi excessivamente dramático e polemico, para os não observadores, foi um baile excelente, um entre mil outros bailes excelentes, iguais aos que frequentemente ocorria na cidade. Embora todos notassem, e mais tarde comentassem, sobre como um homem criado em uma família rica e tradicional, pudesse se envolver com alguém tão escandalosa como a desconhecida que chegou na cidade, independentemente de como ela era bonita e rica. Eles eram um par incompatível.
Enquanto o povo fofocava sobre eles, em um dos quartos da bela mansão Mikaelson, o vampiro ancião rasgava o vestido criado especialmente para Soraya pela estilista Zuhair Murad, ignorando totalmente o gritinho indignado da jovem, o vampiro beijou-a, com uma intensidade de tirar o folego e acender as chamas do desejo e da paixão, que demorou horas para serem amenizadas.
O sol brilhou desconfortavelmente no rosto adormecido de Soraya, aquecendo-a até que despertou sonolenta e relaxada, embora sentisse uma surda e deliciosa dor em locais específicos do corpo, resultados das atividades intensamente prazerosas realizadas no decorrer da noite. Ao despertar, ela acordou seu “travesseiro” musculoso, que rolou por cima dela, dando um “bom dia” com a voz rouca de sono.
Aos poucos Finn despertou, relembrando que o fascínio de Soraya, impediu-o de consumir a champanhe com o sangue da mais nova duplicata. Finn achava a original mais bonita e vivaz que a cópia fracassada.
Lembrar da duplicata, o fez lembrar dos planos suicidas que ele tramou com sua mãe. O descanso eterno estava tão próximo, só mais alguns dias e ele finalmente estaria em paz, estaria livre de sua maldição. Algo de seus pensamentos desagradáveis deve ter transparecido em seu rosto, pois em segundos ele estava sendo interrogado por sua companheira de cama:
- Preciso temer alguma esposa ou namorada ciumenta vindo atras de mim?
Ele foi criado para ser um guerreiro, para respeitar seus juramentos, só o fato de alguém pensar que ele trairia sua esposa o indignava. Sentimento que apareceu em seu rosto, pois Soraya deu uma risadinha:
- Se não é uma esposa ou namorada, então o que está te incomodando?
Por um momento Soraya pensou que ele não responderia sua indiscreta pergunta, mas então, as paredes que reprimiam seus sentimentos se romperam, e Finn desabou, contanto a história de sua vida.
- Nasci em uma época muito diferente dessa, na Europa, no século X. Meu pai Mikael era um senhor viking e minha mãe Esther uma de suas cativas, não demorou para desenvolver sentimentos entre eles e se casarem. Por um tempo vivemos felizes, mas tudo acabou quando uma praga surgiu e matou minha irmã mais velha, Freia. Com sua morte... – a história continuou por um longo tempo, Soraya escutou atenta e sem interromper.
- ... agora estraguei tudo.
Quanto mais ouvia sobre a vida de Finn, mais tristeza Soraya sentia, ao fim, as lagrimas escorriam por seu rosto, lagrimas que Finn nunca se permitiu derramar. Observar a bela jovem chorar por ele, fez o coração morto de Finn bater mais forte e ele sentiu-se vivo, pela primeira vez em mais de mil anos.
Nunca em sua vida alguém o defendeu ou o consolou, era sempre sobre dever e honra, ser um homem forte, ser um guerreiro forte. Depois com o vampirismo tudo tornou-se mais intenso, incluindo a sede sem fim, o desejo de caçar, de matar. Ele abominava o ser em que sua mãe o transformou.
Quando os soluços encerraram e as lagrimas cessaram, Soraya se pronunciou:
- Ao longo da vida enfrentei verdades dolorosas e traições, mas nada desse nível. Ser transformado contra vontade é uma violação muito profunda, traumática. Vampiros não são abominações, se fossem a Natureza e a Magia não teriam permitido acontecer, vocês são necessários para garantir o equilíbrio, todo o universo é construído em equilíbrio.
Soraya segurou as mãos de Finn, acariciando levemente em conforto suave.
- Morrer. Você realmente quer morrer?
Ninguém nunca perguntou o que Finn queria. Ele realmente queria morrer? Ele queria descansar, queria paz, morrer era a realmente a solução? Ele sabia que morrer não era realmente o fim, apenas espera infinita no outro lado. Talvez seria trocar uma prisão por outra, só que mais permanente.
- Já não sei. O momento em que te vi, tudo virou de ponta cabeça. – Ele confessa com um meio sorriso torto e muito sexy. – Mas o que me resta Soraya? Fui traído pelos meus irmãos, fiquei novecentos anos abandonado em um caixão! A mulher que amei nem mesmo tentou me libertar! Esse mundo não é meu mundo. Não reconheço mais nada. Tudo mudou.
Soraya podia compreender o desespero de Finn, ele estava sozinho. Traído. Abandonado. Preso em um mundo desconhecido.
- Venha comigo.
- O quê?!
- Venha comigo, juntos podemos viajar sem rumo ou destino. Conhecendo culturas diferentes, degustando comidas estranhas, vendo pelas paisagens. Podemos ser livres, recomeçar.
Ela não estava mentindo. Não havia mentira nos olhos dela. Ele podia sentir o peso das palavras, ele podia sentir esperança.
- E sua família?
- Sou uma bruxa central Finn, existem formas de viajar instantaneamente, manter contato e visita-los é simples. Seu problema com sangue pode ser amenizado, sem falar que todos hospitais tem bolsas de sangue, não há necessidade de caçar, nem de passar fome.
Finn puxou Soraya para um abraço apertado e um beijo entusiasmado, ele sentia-se vivo, pronto para explorar o mundo na companhia da linda bruxa, quando lembrou de seus irmãos traidores. Eles tentariam impedi-lo. Com esses pensamentos, seu rosto caiu, ele não podia lutar contra os quatro ao mesmo tempo. Sem falar em sua mãe.
- Adoraria ir com você Soraya, mas minha mãe e irmãos vão dar um jeito de nos impedir ou vão nos caçar se partimos.
Ostentando um sorriso malicioso Soraya questionou:
- Já ouviu falar do Feitiço Fidelius? ...
Três dias depois
Tintagel Cornualha – Inglaterra
Exultante Finn e Soraya cruzaram as barreiras que protegiam o Castelo Stella Nigra. As tramas ocorreram perfeitamente bem, jogar um frasco de sangue em Elijah e dizer que Esther estava planejando matar todos eles, foi extremamente satisfatório. Dizer que ele estava saindo e que eles podiam se foder, foi melhor ainda.
A liberdade exultante que sentiu ao passar por seus irmãos e não ser reconhecido, depois do fidelius lançado por Soraya, foi maravilhoso. Ao lado dela, ele sentia-se feliz, em paz.
Seus pensamentos foram interrompidos ao som de um grito fortemente agudoÇ
- Tia Aya! Finalmente você chegou! Demorou uma eternidade! Pensei que você me esqueceu! Quem é esse cara? Porque ele está segurando sua mão? Solta ela! Ela é minha tia! Minha tia Aya. Vovó! Vovó! Tem um estranho segurando Aya!
Sim, Soraya estava certa, havia muita coisa para viver, para experimentar antes de partir. Ele apertou firmemente a mão de Soraya que estava rindo do escândalo que seu afilhado Teddy estava fazendo. Sorrindo levemente, Finn Mikaelson estava finalmente livre.