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Encomenda: não é o que você está pensando!
Baekhyun se vira na cama repetidamente, mas não consegue dormir pela própria vida. Kyungsoo não está ao seu lado. Pior, Baekhyun não sabe onde o noivo está. Sim, noivo. Depois de um ano e pouquinho juntos, ele tem um. Sorri quando a palavra dança em sua mente insone. “Noivo”, experimenta-a na língua, no mover dos lábios e não contém o sorriso. Rola na cama de novo todo feliz e abraça o travesseiro de Doh. O cheiro bom dele permeia o tecido, mas Kyungsoo não está ali.
— Onde diabos esse homem se meteu? — falou consigo mesmo.
Baekhyun desistiu de se enganar com o sono. Levantou da cama em um pulo e foi para a cozinha. Bebeu água, lavou a pouca louça acumulada, limpou o fogão, regou o lírio da paz que ficava no parapeito, arrumou as almofadas no sofá, acertou o quadro torto acima do aparador, mexeu em umas duas gavetas no móvel de Kyungsoo na sala, organizou as revistas de decoração embaixo do tampo de vidro da mesa, passou uma pano na mesma, arrumou os sapatos perto da porta, lavou as mãos e se jogou no sofá.
Trinta minutos foram diluídos na areia irreal do tempo. Mordeu o lábio. Depois o indicador. A perna começou a agitar, a chinela batendo de volta contra o calcanhar.
Pegou o telefone. Queria ser um homem moderno, seguro e contido, mas o desespero estava mordendo o melhor de si. Colocou o aparelho com a tela virada de volta no sofá. Suspirou. Desistiu, pegou o celular, deslizou o dedo e o número de Kyungsoo era o primeiro. Ele havia sido promovido de “Kyungja” para “Kyungja Mozão 😍”.
Primeiro, segundo, terceiro, quarto toque e caixa postal. Byun respirou fundo. Tentou mais uma vez, nada. Quando na sétima vez, ele já estava à beira de um ataque de nervos.
Em um cenário comum, a pessoa sem notícias imaginaria que o outro teve algum problema com o celular ou está muito ocupado para atender. Na cabeça de Baekhyun só havia duas possibilidades: “ele morreu ou está me traindo”. E Byun tinha certeza de uma coisa.
— Kyungsoo, é melhor que você tenha morrido — falou com os próprios botões. Mesmo que não houvesse um sequer em sua roupa.
Foi no quarto, mudou o pijama por roupas de “caça de noivo sumido”, mas também poderia chamar de “eu vou esfolar esse macho se ele estiver com outra ou outro e perder meu réu primário com gosto” OOTD.
Antes de passar a mão nas chaves de casa e desembestar pela rua indo a cada hospital e funerária da cidade, Byun ouviu o celular fazer um “pang”. Desbloqueou a tela e um número desconhecido tinha mandado uma mensagem e uma foto. Baekhyun perdeu a cor depois do que leu:
[Hoje quem está com ele sou eu... #amantes #ooutro]
Kyungsoo é um homem morto.
Kyungsoo dorme o sono dos justos. Ele sonha com o casamento. Byun está lindo no terno da Tom Ford que os pais dele fizeram questão de comprar. Yixing, Minseok e Chanyeol bancaram o Dolce & Gabbana de Kyungsoo. Era o presente de casamento deles, junto com as passagens para Jeju.
Estavam lindos caminhando de mãos dadas sob a chuva de arroz. Sua mãe chorava agarrada ao pai, Seungsoo segurava as lágrimas e a filha. Os amigos de Byun também estavam juntos e não tinham qualquer vergonha de chorar abertamente. Jongin e Sehun haviam dado uma trégua nas brigas e se abraçaram com os rostos vermelhos, consolando um ao outro. Ninguém acreditava que aquele sem vergonha iria casar.
O sonho acelera e eles entram no quarto da casa alugada em Jeju. Kyungsoo carregou Byun nas costas porque no estilo matrimonial os dois só conseguiriam bater o corpo em todas as superfícies, isso se não caíssem feito jaca madura no chão. Do alto de sua delícia para o espatifamento em desgraça.
Baekhyun deitou na cama e os dois estão aos beijos. Kyungsoo consegue desfazer o nó da gravata e está despindo o agora marido quando houve uma batida forte na porta do quarto. E daí o som se repete. A mente de Kyungsoo entende que o som não é no sonho, mas ainda não desperta. Depois ele sente algo se mexer ao seu lado. É Baekhyun. O corpo quente parece um pouco diferente do que o costume, mas reconheceria o noivo em qualquer circunstância. Abraça mais forte e é correspondido com um encaixe melhor do quadril dele junto a sua virilha. A bunda parece menor, bem menor. Foda-se.
A porta esmurrada é aberta com um cuidado sonolento, ao contrário do furacão que adentra o espaço da sala.
— Cadê aquele filho da puta?
— Baekhyun? O que você…
— Minha conversa contigo é depois, Minseok. — Levanta a mão, a palma voltada para o mais velho. — Cadê o arrombado do Kyungsoo? — Ele olha de um lado a outro. Nenhum sinal do noivo por ali.
— Baekhyunnie, fala baixo, já está tarde.
— Falar baixo?! Acho-te uma graça, Minseok. Você me manda uma foto dessas com o meu noivo e quer me dar lição de etiqueta sobre respeito às regras do condomínio? — bufava ou resfolegava já. Não faz diferença. O celular com a prova cabal do adultério em andamento. — Vai se foder. Cadê o safado do Kyungsoo?
Uma voz é alta, potente, irritada e quase assassina. A outra é gentil, sonolenta e parece se divertir com a situação. Essa é a primeira coisa que Yixing registra quando começa a se deslocar do estado de sono profundo para as camadas mais superficiais.
Um corpo quente e macio o envolve em afeto. Yixing gosta de ser a conchinha pequena. Mas quem diabos poderia estar falando a vida em sua casa se Minseok estava agarrado a ele?
De repente a luz aumenta no quarto e as vozes estão ali. Seus olhos estão confusos e pesados. Vê duas silhuetas do mesmo tamanho. Não devia ter bebido daquele jeito. Yixing ouve a voz irritada dizer:
— Me solta, Minseok. Vocês são uns filhos da puta! Eu não acredito que essa merda estava acontecendo debaixo do meu nariz. Eu juro que… me solta, seu desgraçado.
— Fica calmo, Baekhyun, não é o que você está pensando!
— Além de roubar o homem dos outros, você também lê mentes?
Yixing desperta. Se o marido está agarrando um Baekhyun furioso, quem diabos está esquentando suas costas e roçando um pau duro na sua bunda?
Zhang vira suficientemente o rosto para que as sinapses sejam mais rápidas do que o cenário de caos e hecatombe iminente diante de si. Kyungsoo, Minseok e ele tinham esticado a conversa para a casa dos últimos, bebido mais do que era apropriado e apagaram de sono. O que Yixing não sabia era que seu marido, também conhecido como “o homem que segurava a sanha assassina de Byun”, tinha feito algo para ocasionar aquele nível de desgraça.
Minseok tem o hábito de fazer pegadinhas com os amigos bêbados, isso porque ele não fica apagado, não importa o quanto beba. Sendo assim, ele tirou uma foto com o marido babando e roncando de boca aberta e uma de Kyungsoo dormindo feito um anjinho.
Como de praxe, mandou a foto para Yixing. Só que o nome dele estava salvo no celular como “BaoBao” e, quando encaminhou a foto, a mente alcoolizada de Kim confundiu “Bao” com “Bae” e a foto foi para a pessoa errada. Ou melhor, a pessoa certa, mas no momento errado? Seja como for, chegou a pessoa que agora ele segurava com força enquanto se debatia mais que um cardume de sardinhas aprisionadas em uma rede exterminadora de existência, ou seja, muito.
Antes que Baekhyun conseguisse se soltar, Yixing se pôs de pé e tomou um tapa nas fuças.
— Eu vou matar todos vocês. Um por um com requintes tarantinescos de crueldade. — Esperneava.
— Por favor, Baekhyun, deixa a gente explicar — Kim falou tranquilamente. Como mantinha a serenidade naquele contexto estava além das capacidades de compreensão dos demais presentes.
Byun deu um tranco quando Minseok o puxou com mais força. Yixing ajudou. Ele parou de se mexer.
— Ok. — Soprou o cabelo da testa com raiva. — Eu estou disposto a ouvir assim que vocês me soltarem.
— Você não fará qualquer movimento brusco, certo? — Zhang confirmou.
— Certo.
— A gente pode confiar em você? — Zhang ainda estava receoso.
— Vocês vão precisar me soltar para saber a resposta disso. — Ele tinha o mesmo olhar que Hannibal Lecter quando amarrado na camisa de força.
Minseok e Yixing se entreolharam. Os três respiravam pesadamente.
— Amor, solta ele — Zhang disse cautelosamente.
— Baekhyun-ah, eu vou te soltar e nós vamos conversar sobre isso. Ok?
— Ok — a voz dele era tumular.
Minseok deixou os músculos relaxarem ao redor do corpo de Byun, ele não fez qualquer movimento. Kim afastou o corpo. Byun piscou, um suspiro escapou dele.
— Olha, o que aconteceu foi… — Minseok começou.
Por um triz. Por um triz o soco não pega em cheio o rosto de Minseok. Foi a rapidez dos seus reflexos e os de Yixing que o salvaram, este último dando um mata leão em Byun que agora chutava o ar.
— Eu vou matar vocês. — Ele parecia uma daquelas lendas urbanas de vitrolas possuídas por espíritos que ficam repetindo coisas assustadoras e desconexas.
Kyungsoo acordou. Mas achou melhor não ter feito isso. Em seu sonho ele estava prestes a transar com Byun em sua lua de mel em Jeju cujas passagens tinham sido pagas pelos amigos, sendo que dois deles gastavam dinheiro só com o básico e quando muito.
Baekhyun se debatia furioso, Minseok segurava as pernas dele e Yixing o mantinha preso pelo tronco. Ele gritava tantos impropérios que não era possível a polícia não ter sido acionada ainda.
— Baby, o que está acontecendo?
Todos pararam de se mexer. Byun aproveitou para fazer mais peso e conseguir ser solto. Ele se virou para Kyungsoo. O rostinho amassado de sono, os olhos sendo esfregados, o astigmatismo dele funcionando como se o único propósito fosse debilitar a visão.
— Kyungsoo!
Doh percebeu muito tarde que o tom não era “amigável”. Na verdade, a sequência ao seu nome deu conta disso. Baekhyun se moveu rápido demais para seu estado sonolento perceber, longe dos braços cansados de Minseok e Yixing, seu punho fez um arco no ar e atingiu em cheio Kyungsoo que viu o teto aparecer em uma luz branca antes de tudo ficar preto. Desmaiou.
Primeiro foi a dor no maxilar. Uma explosão dupla de consciência do corpo. Os sons chegam aos ouvidos e uma nova onda de dor. Se moveu e sentiu que não estava sozinho no lugar onde estava deitado. Abriu os olhos com cuidado. Não sabia se por medo de ver outro punho vir em sua direção ou por ter tomado um soco na cara sem saber a razão.
— Ele acordou — a voz gentil de Minseok ecoava em sua cabeça.
— Ai!
— Não se mexe muito, Kyungsoo-yah. — Zhang abriu um sorriso bondoso.
— Alguém anotou a placa da Scania de dez toneladas que me acertou? — Doh tentou sentar. Desistiu.
— Você mereceu. — A voz de Byun tem traços de mágoa.
— Baby… — disse baixo.
— Para você é Baekhyun, seu idiota. Não quero ouvir você me chamar desse jeito tão cedo.
— Amor, o que… ai… por que você me bateu? — Se ajeitou o melhor que pode.
— Por que, Kyungsoo? — Os braços dele cruzados e um esforço para manter a voz sob controle depois daquele crescendo de irritação.
— É, amor, por que?
— Porque o senhor saiu de casa dizendo que iria trabalhar e depois sumiu. Assim, simples. Escafedeu-se, desapareceu, virou poeira no ar. Eu estava em casa me mordendo de preocupação, liguei umas trocentas vezes para o seu maldito celular...
— Ele ligou várias vezes mesmo — Yixing tão logo disse se calou.
Baekhyun o encarava como se ele tivesse sido pego na cama de conchinha com seu noivo. Opa…
— Como eu dizia, eu estava preocupado com você. Daí estava prestes a sair de casa quando recebi uma foto sua dormindo em uma cama ao lado de Minseok com a legenda #amantes #ooutro. E eu já disse, não uma, nem duas, e eu espero que não precise me repetir mais, que ao contrário de você eu sou ciumento. Então imagine minha surpresa ao saber que meu noivo estava na cama de outro homem, o amigo dele, com uma legenda daquelas?
Kyungsoo fez menção dizer algo, mas se encolheu. Era melhor aguentar os próximos cruzados da raiva agora contida de Baekhyun.
— Eu cheguei aqui e vi você todo embolado com Yixing, os dois de conchinha na cama, Kyungsoo! — Ele se virou para ele agora e seus olhos brilharam tristes. — Vi tudo vermelho.
— Me desculpa, amor, por favor, eu… a gente acabou bebendo demais e só aconteceu.
— Aconteceu o que, Doh Kyungsoo? — A voz voltou a frieza.
— Eu fiquei alto e apaguei aqui na cama. Não rolou mais nada. Eu nunca faria alguma coisa com Yixing ou Minseok.
— Ei… — Zhang iria começar o protesto, mas o cutucão que levou de Kim era aviso suficiente de que devia se calar.
— Nós vamos deixar vocês a sós. — Minseok se levantou e Zhang continuou parado. — Anda logo, Xing-yah.
— Ah, é, por favor, se precisarem de algo…
Baekhyun olhou para ele como se houvesse sete cabeças de dragão e não uma cabeça humana.
— Já estamos de saída — se desculpou enquanto se esgueirava para longe deles.
A porta fechou com um clique. O casal estava sozinho. Kyungsoo se mexeu um pouco no colchão. Byun se manteve no lugar.
— Hyunnie, amor… — chegou um pouco mais perto e recebeu um olhar de soslaio, mas não foi repelido. — Me desculpa, meu bem. Eu fui um trouxa de não ter ligado para você. Não queria ter te deixado preocupado.
Tocou os dedos bonitos da mão onde descansava a aliança de noivado. Eles se moveram sob o calor dos seus e Kyungsoo os puxou para si, desfazendo a proteção de braços de Baekhyun, trazendo-o para um abraço.
— Eu amo você e não vou fazer isso de novo, ok. — Agora tinha todo o corpo dele contra o seu. Sentiu que ele relaxava. A voz abafada em seu pescoço fazia cócegas.
— Não faz mais isso comigo. Eu estava quase morrendo de nervoso. Pensei em vários cenários catastróficos. Quando eu vi aquela foto, todos os meus receios…
Kyungsoo o afastou um pouco para encarar o rosto bonito. Byun estava vermelho de segurar as lágrimas. Doh passou o polegar logo abaixo do olho esquerdo acariciando a bochecha quente. A primeira gota desceu e depois outra e logo Baekhyun chorava de alívio, de cansaço, de amor, de reencontro.
— Eu me sinto tão inadequado ao seu lado, às vezes. Não me interrompa, Kyungsoo, por favor. — Ele soluçou. — Eu sei que você me vê sob outra luz, com esse coração cheio de amor por mim, mas eu não sou assim, não comigo mesmo, não ainda. Você é tão maravilhoso e eu fico me questionando o que você viu em uma “batata” como eu. — Kyungsoo riu do jeito que ele enfatizava as sílabas. Baekhyun riu fungado.
— Você é lindo. — Kyungsoo despejou um pouco do amor nas palavras.
— Ah é, com a cara inchada de chorar depois de uma crise de ciúmes e de ter socado sua cara.
— Mesmo assim você é lindo, perfeito, um pouco impulsivo, mas ainda assim, o homem da minha vida. Eu quero casar com você, eu quero viver ao seu lado, estar contigo em todos os momentos e te lembrar o quão incrível você é e a sorte que eu tenho de ter sido escolhido como seu parceiro. Eu quero ficar velho ao seu lado, amor, eu quero morrer transando com você…
— Para com esse delírio de morrer trepando. Fica falando essas coisas que atrai. — Bateu no peito de Kyungsoo. Ele sorriu.
— Eu quero dormir de conchinha até quando a gente não tiver mais coluna pra isso. Quero a Sooyoung correndo pela casa com os nossos outros dois filhos sem nome, mas eu pensei em Hyunsoo ou Soohyun e Minah. Podemos ter quatro para poder usar outra opção de nome. Eu quero casa, cachorro, quero um natal cheio de parentes na casa das nossas famílias, eu quero poder dizer para as pessoas que sou casado com o homem mais lindo, gostoso e estranho do mundo.
— Eu não sou estranho.
— É sim, e eu te amo por isso. Você faz cada dia valer a pena. E eu te amo por isso. Eu amo o seu sorriso, seus olhos chorosos, seus suspiros apaixonados, sua voz pequena de reclamação, o jeito que você me bate toda vez que fica com vergonha ou irritado. — Tomou um soquinho fraco. Kyungsoo riu e segurou as mãos dele. — Eu adoro quando você geme perdido nas sensações dos nossos corpos juntos, como a sua bunda encaixa perfeitamente na minha mão e como você fica lindo em todas as posições pedindo por mais prazer, mais força, mais amor.
— Para com isso, Kyungsoo. Até a declaração de amor tem de ser sobre sexo? — O rosto todo corado, mas feliz. — Você é um pervertido mesmo.
— Eu amo como você diz isso, mas depois me agarra e a gente se embola de novo. Byun Baekhyun, eu amo tudo em você. O seu hábito de esquecer a toalha molhada perto da minha, sua mania irritante de fazer barulho enquanto come mesmo sabendo que isso quase me mata do coração. Eu adoro os seus produtos de skincare tomando conta de todos os espaços vagos do banheiro e como você me obriga a fazer essas coisas doidas com você. Eu quero continuar te amando até o fim dos meus dias, se você me permitir.
Byun se deu conta da represa a arrebentar que eram os olhos de Kyungsoo. As lágrimas desciam numa corrente, mas a voz se mantinha firme. Ele tremia enquanto apertava suas mãos, geladas de medo, mas entre as suas. Ele estava colocando o coração nelas. Ele não era único receoso, a diferença é que Kyungsoo sabia fingir melhor. Byun sorriu e secou o que podia do rosto dele.
Os lábios se uniram em um beijo úmido de choro e afeto. As mãos se reencontraram no meio do caminho, fazendo promessas mudas. Se beijaram até sentirem que tinham conseguido, minimamente, transmitir o que as palavras não podiam. Byun abraçou Kyungsoo bem apertado e ele resmungou por causa do maxilar dolorido.
— Desculpa. — Ele o observava como um arqueólogo presta atenção a uma peça frágil.
— Você tem um coice de mula.
— Eu te falei que fazia artes marciais.
— Qual é o seu nível? — Kyungsoo perguntou, a curiosidade permeando as sílabas. Byun coçou a nuca constrangido.
— Então, eu sou… faixa preta em hapkido.
Kyungsoo ficou boquiaberto, quer dizer, o melhor que podia com o maxilar dolorido.
— Eu juro por deus que não vou te trair. — Juntou as mãos em prece e se curvou. — Nunca na minha vida, amor, sério. — Cruzava os indicadores diante dos lábios e os beijava. Aquele era um juramento e tanto.
Os dois riram e se abraçaram. Não havia mais necessidade de receios. Seus sentimentos eram genuínos, explícitos. Podiam viver aquele amor do jeito que julgassem correto e, para Kyungsoo, com o cuidado de não deixar que um mal entendido acabasse resultando em seu espancamento pelo futuro marido ciumento.
Epílogo
— Amor, você não acha que eles se mataram né?
— Óbvio que não. Teríamos ouvido algum barulho se isso tivesse acontecido.
Minseok aprumou a audição e um… ah não, eles não estavam…! Eles não teriam coragem de transar na cama de casal de Minseok né? Isso era antiético, além de antihigiênico.
— Eu vou lá agora! — Se levantou em um rompante, mas foi segurado pelo outro.
— Não, vai não! Se eles realmente estiverem transando, é mais um motivo para não ir.
— Na minha cama, Yixing? — A veia de limpeza de Minseok pulou dentro da garganta. Teria de desinfetar tudo.
— Nossa cama.
— Semântica. — Respirou fundo e refez a fala como um ator que erra durante a gravação. — Na nossa cama? Eu não quero outro casal transando na nossa cama.
— Mesmo? — A sobrancelha ergueu em questionamento.
— Bem, não estamos envolvidos né, me parece injusto. — Deu de ombros.
— Quer competir com eles para ver quem faz mais barulho?
Um brilho de determinação e estado febril de loucura cintilou nos olhos bonitos de Minseok. Yixing fez uma péssima escolha de palavras.
— Eu estou sempre pronto para uma boa disputa e garanto a você que não vamos perder.
— Eu casei com o homem mais competitivo do mundo. — Deu um beijo na têmpora de Minseok.
— Está esperando um convite, Yixing? Abaixa as calças agora que hoje tem e muito.