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Nem sempre Sophie tinha certeza do que era.
Às vezes, quando pensava demais, ponderava sobre o quão válidos seus sentimentos eram e se ela era mesmo tudo que pensava ser. Então, ficava dias confusa e distraída, sem ter certeza de si mesma e, assim, incapaz de ir para a frente. Quando aquilo acabava, de uma hora para a outra, ela respirava aliviada, ignorando a verdade iminente de que aconteceria novamente em algumas semanas. Repetiu esse ciclo durante toda a sua vida e estava prestes a repeti-lo de novo.
É comum que as pessoas não tenham certeza de si mesmas. É difícil estar inabalável sobre quem são. E, por mais que muitas coisas tenham mudado — por mais que a própria Sophie estivesse completamente diferente — ela ainda precisava alinhar sua verdade.
A principal mudança era que não estava mais sozinha.
— Eu sou forte? — perguntava ela, cruzando os braços e olhando pela janela.
— Sempre! Uma das pessoas mais fortes que eu conheço! — Howl não podia evitar sorrir. — Às vezes, eu queria ser mais como você!
E, bem, não estar sozinha era uma grande mudança.
Quando começava a se sentir daquela forma, Howl notava. Por mais que notasse, não dizia nada, porque sabia que Sophie iria falar com ele em breve. Ela começaria a pedir desculpas por estar estranha e lhe faria perguntas que, sob a visão dele, tinham respostas óbvias. Ela era Sophie! Não havia nada que não pudesse alcançar.
Mas, para ela, não era tão simples.
Howl sempre admitia e aceitava o que ele sentia. Ele vestia aquele rostinho bonito e saía por aí, mesmo quando não estava realmente alegre, e se abria com ela quando precisava. Sophie não sabia quando exatamente ele começou a confiar nela, mas agradecia aquela confiança. Se ele confiava nela, ela confiaria nele também. Por isso ele era seu refúgio.
Algumas pessoas não possuíam essa sorte. Elas eram, como Sophie um dia foi, sozinhas para resolver suas dúvidas. Sophie, com Howl, podia alinhar sua verdade confiando no veredicto. Ele lhe dava uma força que tantas vezes escapou em momentos de dúvida. E, oras, Sophie era muito decidida! Ela não tinha tempo para drama e para ponderar variáveis. Não tinha tempo para tentar, apenas ser. Howl nunca falhava em lhe lembrar disso.
Sophie por muito tempo esteve abandonada aos próprios esforços, sem saber que direção seguir e presa na tempestade quieta e silenciosa de depender somente de si mesma. Nada jamais seria suficiente para expressar a alegria de poder ter alguém em quem se apoiar. De ter alguém fazendo parte da sua verdade.