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A Chapeuzinho Apática e o Lobo Serial Killer

Summary:

Uma releitura do conto clássico de Chapeuzinho Vermelho, onde a protagonista inexpressiva tinha outros planos.

Work Text:

Rachel assistia a algum programa aleatório na TV quando ouviu sua mãe chamar por seu nome, logo ela desligou o aparelho e foi para o local de onde achou ter ouvido a voz. Ao chegar à cozinha, avistou sua mãe que segurava uma cesta com um tecido que escondia seu conteúdo.

 — Sua avó está doente, então preciso que você leve essa cesta até a casa dela.

 — Eu tenho uma avó? — Indagou á loira. Sua mãe foi até ela e lhe entregou a cesta, ignorando completamente a pergunta.

 — Se apresse se não vai ficar escuro e não vá pelo caminho da floresta, dizem que há um lobo atacando as pessoas que passam por lá. E ah, deixei sua capa vermelha pendurada perto da porta. — Ao finalizar a frase, a mulher voltou aos seus afazeres domésticos.

 — Capa vermelha? Eu tenho algo assim? — Rachel continuou parada em seu lugar, como se esperasse por alguma resposta, mas ao ver que sua mãe parecia lhe ignorar, apenas saiu do cômodo e foi em direção à porta de entrada casa.

 Perto da porta havia uma estrutura de madeira onde estavam pendurados alguns casacos e uma chamativa capa vermelha, a loira apanhou a peça e logo a vestiu, cruzando a porta para o lado de fora.

 — Não me lembro de vivermos perto de uma floresta. — Falou para si mesma. Depois de caminhar um pouco, avistou dois caminhos com placas apontadas para ambos; o primeiro era de uma longa estrada cuja placa dizia “casa da vovó”; já no caminho que levava para a floresta, a placa dizia “atalho para a casa da vovó”. Rachel decidiu ir pela floresta, já que, como dizia a placa, era um atalho e ela supôs que as placas não mentissem.

 Começou a caminhar floresta adentro ouvindo os sons dos animais e de seus próprios passos ao pisar em alguns galhos no chão. A floresta não era muito densa, portanto, não havia risco de se perder. Alguns minutos depois, a loira começou a ter a impressão de que havia ouvido outros passos além dos seus, fazendo com que ela de vez em quando olhasse para trás, sempre dando de cara com o nada. Porém, em uma das vezes que olhou para trás, ao se virar novamente para frente, deu de cara com um garoto alto que usava um casaco de capuz marrom e bandagens, no topo de sua cabeça estavam duas notórias orelhas de animal, este também tinha um focinho e uma cauda, se assemelhando bastante com uma raposa ou lobo.

 — BOO! — Ele exclamou mostrando suas garras e presas afiadas, mas Rachel se manteve imóvel no lugar, sem expressão. O lobo estranhou a atitude, mas julgou que a reação deveria ter sido causada pelo susto. — Você deve ser a chapeuzinho vermelho, certo? Onde va-

 — Errado. — A garota o interrompeu.

 — Huh? — Disse o outro em confusão, visivelmente irritado pela interrupção.

 — Está errado. Meu nome é Rachel e não chapeuzinho vermelho.

 — Ta, ta. Que seja. — Bufou de raiva e prosseguiu com sua fala. — Para onde vai garotinha? — Questionou, mas alguns minutos se passaram e nenhum tipo de resposta veio por parte da garota. — QUE DIABOS, VOCÊ TA SURDA OU O QUE?! — Gritou com sua voz estridente, uma aura de ódio parecia emanar de seu corpo.

 — Desculpe, meus pais disseram que não posso falar com estranhos. — Disse a loira mantendo seu rosto sem expressão alguma, o lobo parecia chocado com a naturalidade e calma com que ela estava levando aquela conversa. — Qual seu nome?

 — Zack.

 — Bom, agora que nos conhecemos, podemos conversar.

 “Qual é o problema dessa garota?” Pensou o lobo. Em seguida balançou sua cabeça, tinha que terminar aquilo o mais rápido possível, sua barriga estava começando a roncar de fome.

 — Então garotinha, pra onde vai com essa cesta?

 — Ah, isto? — Falou erguendo um pouco o objeto. — Mandaram que eu levasse isso até a casa da minha avó que está doente, mas eu sequer sabia da existência dela até uns 15 minutos atrás.

 — Sua avó, é? Que tal colher algumas flores pra ela aqui? Tenho certeza que ela vai adorar. — Deu uma risada no final da frase, deixando amostra suas presas afiadas.

 — Enquanto eu estiver aqui, você pretende ir até a casa dela e devorá-la, em seguida irá se disfarçar e esperar que eu vá até lá, para que enfim, me devore também. Certo?

 — Mas o que... — O queixo de Zack quase caiu no chão de espanto. Apesar dele não ser tão brilhante assim, como era possível que aquela garotinha tivesse adivinhado todo o seu plano em questão de segundos?

 — No livro em que li isso acontece algo assim. Mas não seria mais fácil me devorar primeiro e depois ir até a casa da avó? — O lobo pensou um pouco sobre o que Rachel disse e acabou chegando à conclusão de que aquilo fazia sentido, então deu de ombros, dando o sorriso mais ameaçador que podia. Iria mudar seus planos um pouco, mas no final, iria obter o mesmo resultado.

 — Ok, chega de papo, use sua boca apenas para gritar por seus pais enquanto rasgo sua carne! Mas para ver que não sou de todo mal, te darei 3 segundos de vantagem. Um-

 — Porque apenas não me devora logo? — Ela novamente o interrompeu. — Estou bem aqui na sua frente e realmente não vejo problemas nisso. Então, apenas me devore.

 Ao ouvir a loira dizer tais palavras tão naturalmente, Zack sentiu seu estomago revirar e logo acabou vomitando os coelhos que comeu de café da manhã. A garota apenas continuou encarando-o, sem entender bem o que havia causado tal reação no lobo. Definitivamente havia algo de errado com ela.

 — Como pode dizer essas merdas de forma tão calma?! — O lobo parecia estar horrorizado com ela, o que era um tanto irônico, pois o cenário estava completamente ao contrário do que deveria ser.

 — Eu apenas disse que você poderia me devorar. Você mudou de ideia?

 — Claro que não! Mas assim não tem graça. Você deveria correr chorar e gritar por socorro, sou um lobo sabia? Você deveria estar cagando nas calças de medo.

 — Um lobo? — Rachel repetiu enquanto tombava a cabeça para o lado, soando quase como uma pergunta. — Então é por isso que você tem orelhas não humanas e uma cauda...

 — Você sequer é real? — Sussurrou Zack para si mesmo. — É a sua última chance de correr e ter pelo menos uma chance mínima de sobreviver, se não fizer isso agora, irei mata-la aqui mesmo.

 — Mas eu já disse que-

 — UM! — O lobo gritou a interrompendo. — DOIS! TRÊS! — A contagem havia chegado ao fim, mas a garota não havia se movido sequer um centímetro para longe, Zack não dava mais a mínima, iria devorar ali e agora. Ele a segurou pelo rosto com suas patas e abriu sua boca o máximo que podia, então um som alto de tiro ecoou pelo local, o lobo cuspiu um pouco de sangue sobre o rosto da loira e caiu no chão de joelhos, logo ficando completamente estirado.

 — Não tema, jovem donzela, a ajuda está aqui. — Disse um homem que se aproximava de onde os dois estavam. Ele carregava uma espingarda na mão e seus olhos estranhamente tinha cores diferentes. — Eu sou o caçador Danny, e você? Como se chama? — Ele perguntou casualmente. Porém, Rachel permaneceu com seu olhar fixo no cadáver jogado ao chão, observando o sangue formando rapidamente uma poça sob seus pés.

 — Não precisa se preocupar esse lobo, com certeza ele está morto. Minha mira é sempre bem precisa. — Falou num tom confiante enquanto buscava algum indicio de alivio no rosto da garota. — Ei, você tem belos olhos.

 — Ele ia me matar... — Proferiu em um tom quase inaudível.

 — Fique calma, já passou, está tudo bem agora.

 — Ele ia me matar... — Ela repetiu. — Ele ia me matar... Mas você desperdiçou minha chance... Você entrou no meu caminho... — Tão rápido quanto aquela bala havia sido, Rachel puxou uma pistola de dentro da cesta e disparou vários tiros contra o caçador que deu alguns passos para trás e tombou de costas em uma árvore. Logo a vida começou a se esvair do corpo de Danny juntamente com seu sangue.

 A garota permaneceu ali parada junto dos dois corpos durante alguns minutos, até que pareceu voltar a si guardando novamente a arma na cesta, em seguida usou sua capa vermelha para limpar o sangue que sujava seu rosto.

 — A vovó, eu havia me esquecido dela. Acho que o lobo tinha razão, ela gostara de algumas flores. — Rachel se agachou e colheu algumas das flores que ali havia, ignorando completamente os cadáveres que estavam ao seu redor. Depois de guardar as plantas na cesta, ela prosseguiu normalmente seu caminho para a casa da vovó, assim como lhe foi ordenado.