Chapter Text
Sirius acordou bem cedo naquele dia, o sol mal tinha nascido e as ruas estavam brancas de névoa, ele quase quis voltar para as cobertas, mas Remus disse que rotina era bom para ele, principalmente uma que o obrigasse a interagir com outros humanos - “monstro não conta” - disse Remus quando Sirius contestou, então era aqui que ele estava agora, se vestido para começar o dia.
Agora ele era um homem meio livre, e essas caminhadas matinais estava se tornando sua nova rotina, era difícil ficar sozinho naquela casa enorme e escura, as visitas noturnas de Teddy e Remus eram sua salvação, mas enquanto a hora do jantar não chegava ele gastava seu tempo tentando dar um jeito na casa amaldiçoada.
Começou o jardim, tirando uma erva daninha aqui ou ali, quando se deu conta estava comprando sementes e artigos de jardinagem em uma loja no centro, Sirius estava até com planos de consertar a velha estufa nos fundos, mas um cômodo que ainda não tinha se atrevido a tocar era o quarto de seu irmão, sabia que teria que entrar lá alguma hora, mas esse não era o momento.
A velha jaqueta de couro estava fria ao toque, e Sirius apertou-a contra o corpo enquanto caminhava pelas ruas úmidas de Londres, suas botas pesadas fazendo barulho nas folhas caídas no chão. O outono estava se instalando com força total, e ele com certeza detestava o clima frio e úmido que parecia impregnar cada esquina da cidade. Cada passo ecoava no calçamento molhado, misturando-se ao som distante de vozes e ao barulho abafado dos carros.
Por um momento, Sirius quase pensou em ceder a um hábito que não revisitava há séculos. Seus dedos roçaram o bolso da jaqueta, onde costumava guardar uma caixa de cigarros. Ele quase podia sentir o peso dela ali, uma memória fantasmagórica de outro tempo, outro Sirius. Ver os caracóis de fumaça subindo no ar gélido sempre tinha algo de hipnotizante. Era como se ele pudesse assistir seus próprios pensamentos se dissiparem junto com a fumaça, tornando-os menos pesados.
Mas ele afastou a ideia rapidamente, balançando a cabeça. Esse Sirius era passado. Ele tinha outros hábitos agora, outros motivos para manter o controle — Teddy, Remus, a chance de um futuro que ainda parecia tão frágil. Além disso, o cheiro ficava na jaqueta por dias, e Remus sempre fazia questão de mencionar isso com uma mistura de reprovação e preocupação.Sirius enfiou as mãos nos bolsos, afastando-se dos pensamentos, e continuou a andar. A cidade era cheia de vida, mas ele se sentia alheio a tudo aquilo, como se estivesse apenas passando por um lugar onde não pertencia. Seus olhos varriam o horizonte, procurando por algo que ele não sabia exatamente o que era. Uma solução, talvez, ou apenas uma distração para o vazio que o frio parecia intensificar.
Ele parou em frente a uma pequena cafeteria, as janelas embaçadas pelo calor interno. O aroma de café quente e pão fresco escapava pela porta entreaberta, e Sirius considerou entrar. Talvez uma xícara quente fosse suficiente para aquecer não só as mãos, mas também o espírito. Afinal, mesmo ele não poderia negar o conforto simples de um café forte em uma manhã cinzenta.
Sirius hesitou por um instante antes de empurrar a porta da cafeteria. Um pequeno sino soou acima de sua cabeça, e o calor aconchegante do ambiente o envolveu instantaneamente. O cheiro de café fresco misturado com algo doce — talvez tortas ou bolos recém-saídos do forno — parecia um convite para deixar o mundo lá fora por um tempo. Ele passou os olhos pelo lugar, notando mesas ocupadas por pessoas lendo jornais, conversando ou simplesmente aproveitando uma pausa no dia.
Escolheu um canto discreto, perto da janela, de onde podia observar as pessoas na rua. Um garçom jovem, com um sorriso amigável, se aproximou rapidamente, anotando o pedido de Sirius: um café preto bem forte e uma fatia de torta de maçã, sem realmente pensar muito. Era estranho o quanto momentos simples como aquele tinham começado a fazer diferença.
Enquanto esperava, Sirius tirou as luvas, colocando-as ao lado da velha jaqueta que agora pendia na cadeira. Seus dedos descansaram na mesa, e por um momento ele se pegou observando a cicatriz pálida que atravessava a base de sua mão direita. Era de anos atrás, um lembrete de uma vida turbulenta que ele agora tentava deixar para trás. Ou pelo menos transformar em algo menos pesado.
O café chegou, fumegante, acompanhado da torta. Sirius tomou um gole, sentindo o calor descendo pela garganta e espalhando-se pelo corpo, como se fosse uma pequena vitória contra o frio cortante de Londres. Ele cortou um pedaço da torta, mastigando lentamente enquanto sua mente vagava.
Pensou no jardim de Grimmauld Place, no trabalho que ainda precisava ser feito na estufa, e no tanto que aquilo tinha se tornado quase uma terapia. Talvez estivesse começando a entender porque Remus gostava tanto de cuidar das pequenas plantas que mantinha em vasos improvisados na casa.
Mas seus pensamentos logo se desviaram para Teddy e Remus. Ele acha que nunca em sua vida esteve tão ansioso para as horas do jantar como agora, além de um óbvio alívio para a monotonia de seus dias, ele mal podia esperar para ter um momento com suas pessoas favoritas. Teddy costumava aparecer com histórias cheias de detalhes sobre Hogwarts, mesmo que agora ele não estivesse mais ajudando e escondendo um criminoso procurado ele ainda tinha o talento de se meter em confusão pelos corredores e Remus, sempre paciente, ouvia tudo com um sorriso de orgulho. Sirius gostava de ouvi-los conversar, de sentir que, apesar de tudo, ainda havia um pedaço de família ao qual ele podia se agarrar.
Ele deu outro gole no café, olhando pela janela enquanto as pessoas passavam apressadas. Talvez, quando chegasse em casa, pudesse adiantar um pouco do jardim antes que Remus e Teddy chegassem, seria o primeiro final de semana em que os dois viriam passar com ele, chegariam a tarde e só iriam na segunda no horário das aulas. O pensamento trouxe um leve sorriso aos seus lábios. Afinal, até ele tinha direito a pequenas esperanças.
Ele terminou a torta de maçã e o café, pediu mais três fatias para a viagem (de chocolate é claro) e colocou algumas moedas sobre a mesa antes de sair para o frio cortante novamente. A neblina começava a se dissipar, revelando um céu cinzento, mas Sirius estava mais animado. O dia prometia ser melhor com a expectativa da visita dos dois. Caminhando de volta para Grimmauld Place, ele decidiu que começaria pelo jardim, talvez até arriscasse tirar as teias de aranha acumuladas na entrada da estufa. Era um trabalho pequeno, mas que, de alguma forma, trazia um conforto inesperado.
Ao chegar em casa, retirou a jaqueta pesada e colocou um velho avental que encontrou no armário por cima de sua blusa de manga comprida. Com uma pá e um balde improvisado, começou a limpar a área ao redor da estufa. Remus costumava brincar que Sirius não tinha paciência para tarefas repetitivas, mas ele estava determinado a provar o contrário, nem que fosse apenas para surpreender o marido? Namorado? Amigo? Sirius nem tinha certeza de qual estado estavam, eles não tiveram muito tempo para discutir isso depois daquela noite.
Enquanto trabalhava, não pôde evitar pensar no quanto sua vida havia mudado desde que Peter finalmente fora capturado. A tensão constante que sentia por ser um fugitivo havia diminuído, mas, ao mesmo tempo, havia um novo tipo de ansiedade: o julgamento que definiria seu futuro. Não era só a liberdade que estava em jogo; era a chance de construir algo real com Remus e Teddy, algo que ele pensou ser impossível enquanto estava preso em Azkaban.
Após uma ou duas horas de trabalho, Sirius deu um passo para trás e observou seu progresso. O jardim ainda estava longe de ser algo digno de admiração, mas já não parecia tão abandonado a grama estava um pouco amarelada e tinha uma pilha de folhas laranja no canto, mas pelo menos a grama estava cortada e não tinha nenhuma erva daninha se esgueirando pelo jardim. Ele sorriu, satisfeito, enquanto o som de um relógio antigo dentro da casa marcava a aproximação do meio-dia.
Felizmente apesar das birras monstro tinha preparado algo para ele, uma sopa de tomates com queijo quente, e Sirius comeu como se fosse sua última refeição.O calor reconfortante da sopa e do queijo derretido entre as fatias de pão quente quase fez Sirius esquecer o frio que ainda tomava Londres. Ele estava sentado à mesa da cozinha, cercado pela penumbra habitual de Grimmauld Place, mas sentia-se surpreendentemente bem. As caminhadas matinais, o trabalho no jardim e a expectativa de ver Teddy e Remus pareciam iluminar o dia de formas que ele não experimentava havia anos.
Enquanto terminava a refeição, deixou os pensamentos vagarem. A captura de Peter tinha sido um marco. Por mais que Sirius tivesse lutado contra aquela sombra do passado, era estranho agora que ela tivesse desaparecido. Claro, o julgamento ainda o assombrava, mas pela primeira vez ele sentia que havia um fim à vista — uma chance de realmente viver ao invés de apenas sobreviver.
Depois de lavar os pratos (com um pequeno comentário sarcástico de Monstro sobre "Black se rebaixando"), Sirius subiu as escadas, decidido a preparar a casa para a chegada de Remus e Teddy. Ele trocou o avental por uma camisa limpa e, ao passar pelo corredor do segundo andar, seus olhos pararam na porta do quarto de Regulus. Ainda fechado, ainda intocado. “Talvez mais tarde,” pensou consigo mesmo. Era um lugar que precisava de sua atenção, mas não naquele momento. Sirius sabia que a carga emocional daquele quarto era algo que preferia enfrentar quando estivesse com mais força, talvez até com Remus ao seu lado.
O relógio marcava pouco mais de quatro da tarde quando ele desceu novamente para a sala de estar. A lareira estava acesa, espalhando um calor acolhedor pelo ambiente. Ele ajustou algumas almofadas no sofá velho e verificou a pequena mesa de canto onde havia colocado uma bandeja com chá e biscoitos. Tudo estava pronto para recebê-los.
Por volta das cinco, Sirius ouviu um barulho vindo da entrada. Primeiro, passos rápidos e, logo depois, uma voz animada.
— Dadfoot! Você não vai acreditar no que aconteceu na aula de Feitiços! — Teddy entrou pela porta, tirando o cachecol com movimentos apressados, os olhos brilhando com entusiasmo juvenil.
Remus apareceu logo atrás, carregando um pequeno saco de viagem e olhando para Sirius com um sorriso calmo, aquele tipo de sorriso que parecia dizer que tudo ia ficar bem.
— Já começou a falar antes de sequer tirar os sapatos, eu avisei... — disse Remus, rindo baixinho enquanto fechava a porta atrás de si.
Sirius abriu os braços num gesto de boas-vindas.
— Estou ouvindo, Filhote. Mas tire as botas antes que Monstro resolva te expulsar da casa. Ele não tolera lama no tapete.
Teddy riu, obedecendo sem reclamar, ficando apenas com suas meias multicoloridas pela casa, e logo os três estavam reunidos na sala.
A conversa fluía naturalmente, cheia de histórias de Hogwarts e risos ocasionais. Para Sirius, aqueles momentos eram mais preciosos do que qualquer outra coisa. Era sua família — imperfeita, mas real — e ele não trocaria isso por nada.
Enquanto Teddy contava como tinha "quase" dominado um feitiço complicado na aula de Feitiços — com direito a uma explosão acidental que deixou metade da sala coberta de fumaça azul — Sirius se recostou no sofá, observando o garoto. Era engraçado como Teddy conseguia ser uma mistura tão perfeita de Remus e ele, com a energia vibrante que Sirius já teve um dia e o olhar reflexivo do pai. Mas, ao mesmo tempo, ele era totalmente único, com aquele jeito meio desajeitado e um humor afiado que fazia Sirius rir mesmo sem querer.
Remus, sentado na poltrona ao lado, ouvia a história com atenção, embora Sirius percebesse que ele olhava para Teddy com aquela expressão particular de orgulho contido. Quando o garoto terminou, Remus comentou com uma leve provocação:
— Se isso foi “quase” dominar o feitiço, eu diria que o professor Flitwick merece um aumento.
Teddy fez uma careta, mas acabou rindo. Ele sabia que o pai estava brincando, mas Sirius resolveu intervir em defesa do filho.
— Ah, vamos lá, Moony. Quem nunca transformou uma sala inteira em uma nuvem de fumaça? Me lembro de um certo lobisomem que explodiu um caldeirão na aula de Poções no quinto ano...
Remus levantou uma sobrancelha, tentando parecer sério, mas falhando miseravelmente.
— Se bem me lembro, foi porque você jogou algo no meu caldeirão, Pads. Não tente reescrever a história agora.
Teddy gargalhou, claramente adorando a troca de provocações.
Depois de algum tempo, as histórias deram lugar a um silêncio confortável. Sirius, sempre inquieto, se levantou e foi até a bandeja de chá, servindo outra xícara para si mesmo e para Remus. Quando voltou, sentou-se mais próximo de Remus, deixando a xícara ao alcance dele. Remus agradeceu com um leve sorriso, um daqueles que fazia Sirius esquecer por um momento toda a bagunça que ainda pairava sobre suas vidas.
— E então, o que vocês querem fazer amanhã? — perguntou Sirius, quebrando o silêncio. — Teddy, sei que você provavelmente quer dormir até o meio-dia, mas pensei que talvez pudéssemos dar uma volta pela cidade. Quem sabe até visitar aquele mercado de segunda mão onde Remus adora garimpar livros velhos.
Teddy pareceu considerar a ideia, mas foi Remus quem respondeu primeiro.
— Na verdade, eu estava pensando que talvez pudéssemos dar uma olhada no jardim. Parece que você andou trabalhando bastante nele, Sirius.
Sirius abriu um sorriso, visivelmente satisfeito por Remus ter notado.
— É, fiz algumas melhorias. Ainda está longe de ser algo digno de prêmio, mas já dá para ver o chão. E a estufa... bem, digamos que ela não vai desabar na nossa cabeça.
Teddy pareceu intrigado.
— Você tem uma estufa? Por que nunca me contou isso?
Sirius deu de ombros.
— Porque ela estava praticamente em ruínas, e eu tinha certeza de que Monstro a usava como depósito de coisas amaldiçoadas. Mas agora está segura... eu acho.
— Então amanhã podemos ajudar você a terminar o trabalho, — sugeriu Teddy, os olhos brilhando em mil cores com empolgação. — Acho que nunca trabalhei num jardim antes.
Sirius e Remus trocaram olhares. Era raro ver Teddy tão interessado em algo fora de Hogwarts, e os dois sabiam que momentos como aquele, juntos, eram preciosos.
— Fechado, — disse Sirius, erguendo sua xícara como se fosse um brinde. — Amanhã, todos nós no jardim. E quem reclamar de sujeira será automaticamente deserdado.
Teddy riu, mas Sirius percebeu o brilho de felicidade nos olhos do garoto. Ele sabia que aquele final de semana seria especial, e não podia deixar de sentir que, apesar de todos os desafios, estava no caminho certo para reconstruir sua vida — uma que finalmente incluía as pessoas que ele mais amava.
A noite avançava lentamente, e a sala estava mergulhada em um silêncio acolhedor. Depois de um jantar repleto de histórias e risadas, Teddy acabou vencido pelo cansaço. Ele tinha se jogado no sofá entre Sirius e Remus, insistindo que ainda queria ouvir a voz calma de Remus lendo, mas seus olhos logo começaram a fechar. Agora, ele estava profundamente adormecido, a cabeça apoiada no ombro de Sirius, com as pernas esticadas sobre as de Remus.
Sirius, com uma expressão tranquila e um leve sorriso no rosto, olhava para os dois. A cena parecia tão absurdamente doméstica que ele quase não acreditava. Ele passou anos vivendo como um fugitivo, sem imaginar que algum dia teria momentos como aquele: uma casa, uma família — ou pelo menos algo muito próximo disso. O rosto relaxado de Teddy enquanto dormia e o jeito calmo como Remus lia um livro de capa velha enchiam seu peito de algo que ele mal conseguia nomear. Esperança, talvez.
Remus, sentado na outra extremidade do sofá, tinha um braço descansando ao longo do encosto enquanto segurava o livro com a outra mão. Ele lia baixinho, mesmo sabendo que Teddy já estava dormindo há algum tempo. De vez em quando, ele ajustava a posição das pernas para não incomodar o garoto. Depois de virar uma página, Remus levantou o olhar e encontrou Sirius o observando.
— O que foi? — perguntou ele, a voz baixa para não acordar Teddy.
Sirius não desviou o olhar, mas abriu um sorriso de canto, meio envergonhado.
— Nada. Só estava pensando.
— Pensando no quê? — Remus fechou o livro, marcando a página com o dedo.
Sirius hesitou, olhando de Teddy para Remus, como se estivesse escolhendo as palavras.
— Em como as coisas mudaram... e em como ainda quero que mudem mais.
Remus ficou em silêncio por um momento, o rosto calmo, mas seus olhos mostravam que ele entendia exatamente o que Sirius queria dizer.
— Eu também quero mudanças, Sirius. Mas quero fazer isso direito desta vez. Para nós. Para ele. — Remus inclinou levemente a cabeça na direção de Teddy, ainda profundamente adormecido entre eles.
— Eu sei. — Sirius suspirou, passando os dedos pelo cabelo de Teddy antes de olhar novamente para Remus. — Se vamos tentar outra vez, quero que seja diferente. Sem fugir, sem segredos... mas também sem pressa. Ele precisa de estabilidade, e eu... eu preciso aprender o que isso significa.
Remus sorriu de leve, um daqueles sorrisos que eram mais com os olhos do que com os lábios.
— Acho que estabilidade é algo que nós dois precisamos aprender. Mas se tem uma coisa que aprendi ao longo dos anos, é que não precisamos fazer isso sozinhos.
Sirius estendeu a mão, hesitante, mas Remus a segurou, apertando com firmeza. Era um gesto simples, mas cheio de significado. Não havia promessas exageradas nem expectativas irreais, apenas a aceitação de que eles ainda tinham muito para construir, juntos.
— Então, começamos por aqui, — disse Sirius, mantendo o olhar em Remus. — Um passo de cada vez. Por ele, mas também por nós.
— Por nós, — Remus concordou, balançando a cabeça.
Eles ficaram ali por mais alguns minutos, ainda de mãos dadas, enquanto Teddy dormia profundamente entre eles. Sirius, pela primeira vez em muito tempo, sentiu que aquele instante era mais do que suficiente. Uma promessa silenciosa para o futuro, feita no aconchego de uma noite tranquila, com as pessoas que ele mais amava no mundo.
O silêncio confortável da sala continuava, com o leve som da respiração de Teddy preenchendo o ambiente junto do crepitar do fogo na lareira. Sirius inclinou-se ligeiramente para trás, ainda segurando a mão de Remus, e olhou para o teto por um momento antes de falar novamente.
— Ele está crescendo tão rápido, não é? — murmurou, olhando para Teddy. — Às vezes, acho que vou piscar e ele já vai estar maior que nós dois.
Remus riu baixinho, observando o garoto adormecido.
— Ele já está quase lá. Mais um ano ou dois, e vamos estar olhando para cima para falar com ele.
Sirius riu também, mas logo sua expressão suavizou.
— Remus, você acha que estamos dando a ele o que ele precisa? Quero dizer... estabilidade, segurança? Ele merece tanto, depois de tudo. Tenho medo de nao ser o quele esperava, ou o que ele precisa, sei que você fez um ótimo trabalho com ele, mas tenho medo de descepcionar ele … igual decepcionei você.
Remus suspirou, deixando o olhar vagar pela sala antes de voltar para Sirius.
— Sirius, você nunca me decepcionou - Remus disse com suavidade, mas firmeza, pegando a mão de Sirius na sua. - Você é o que ele precisa. Não é perfeito, nem precisa ser. Nenhum de nós é, e Teddy sabe disso. O que importa é que você está aqui, e isso é tudo o que ele precisa.
Sirius ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Remus. Ele olhou para Teddy, agora tranquilo e confortável entre eles, e sentiu um peso sair de seus ombros.
— Eu só... quero ser bom para ele, Remus. Quero que ele tenha tudo o que nunca tive.
— Ele tem tudo isso, Sirius. Não é sobre o que você não tem, mas o que você já oferece. E eu te amo por isso, por ser tão dedicado, tão presente.
Sirius sorriu, o coração aquecido pelas palavras de Remus. Ele sentia que, apesar de todas as suas inseguranças, ele estava finalmente encontrando seu lugar ali, entre as pessoas que mais importavam. O medo de falhar ainda estava lá, mas ele sabia que, juntos, poderiam superar qualquer coisa.
Ele se inclinou para frente e deu um leve beijo no topo da cabeça de Remus, o gesto tão simples e cheio de significado.
— Então vamos fazer isso direito, juntos. — disse ele com um sorriso tranquilo. — Para ele, para nós.
Remus sorriu de volta, apertando a mão de Sirius.
— Juntos, sempre. Não somos perfeitos, mas fazemos o melhor que podemos. Teddy não precisa de perfeição. Ele precisa de amor, e isso ele tem de sobra. De nós dois.
Sirius assentiu lentamente, deixando o peso das palavras de Remus se acomodar em seu peito. Era reconfortante ouvir aquilo. Ele sempre teve medo de não ser suficiente, de errar com Teddy da mesma forma que sentia que seus pais erraram com ele. Mas Remus tinha razão. Talvez o amor realmente fosse o bastante para preencher as lacunas.
Depois de alguns momentos, Remus soltou a mão de Sirius com cuidado e começou a recolher o livro que estava lendo. Ele colocou o marcador entre as páginas e o deixou sobre a mesa.
— Acho que é hora de levar esse garoto para a cama, antes que acorde com dor no pescoço.
Sirius balançou a cabeça, sorrindo.
— Ele vai reclamar de qualquer jeito, você sabe disso.
— Claro que vai. É o Teddy, afinal — Remus riu baixinho, mas a expressão de Sirius era séria.
— Deixa eu levar ele... — Sirius murmurou, hesitante. — Por favor?
— Você tem certeza? Ele já é pesado...
Sirius deu um leve sorriso, um olhar que dizia tudo. Não era só sobre o peso físico. Era mais do que isso.
— Sim, tenho. Por favor, Remus... — a voz de Sirius estava suave, mas havia um pedido silencioso ali, um desejo profundo de cuidar do garoto — Eu… - …eu preciso disso. Um final não dito, mas que nem era preciso, os dois sabiam.
Remus olhou para Sirius por um momento, seus olhos suaves, compreendendo a intensidade do que não foi dito. Ele sabia que aquele gesto de Sirius não era apenas sobre levar Teddy para a cama.
Com cuidado, Sirus se inclinou e levantou Teddy nos braços, mesmo que o garoto já estivesse grande o suficiente para ser um peso considerável. Teddy resmungou um pouco, mas continuou dormindo, aninhando-se contra o ombro de Sírius. Remus se levantou também, observando os dois. Havia algo incrivelmente terno na forma como Sirius carregava Teddy, como se fosse o centro de seu mundo.
Enquanto Sirius levava Teddy para o quarto, Remus ficou na sala por um momento, organizando os cobertores espalhados e apagando as luzes. Quando voltou ao corredor, encontrou Sirius descendo as escadas, agora sozinho.
— Ele não acordou? — perguntou Remus.
Sirius balançou a cabeça, sorrindo orgulhoso.
— Nem um pouco. O garoto está exausto.
Remus sorriu, tocando o ombro de Sirius enquanto ele passava por ele.
— Você realmente tem o toque mágico com ele, não é? — Remus comentou, a voz baixa e cheia de carinho.
Sirius olhou para Remus, um sorriso suave se formando em seus lábios. Ele nunca havia se imaginado como alguém capaz de construir uma família, mas ali estava ele, com Teddy, seu filho, nos braços, e Remus ao seu lado. A sensação de estar completo, de ter encontrado finalmente seu lugar no mundo, nunca havia sido tão real.
— Não sei se é mágica — disse Sirius com um sorriso torto, — mas eu definitivamente faria qualquer coisa por ele. Por você também.
Remus se aproximou, agora mais sério. A conversa deles tinha sido leve até aquele momento, mas ele sabia que havia mais ali, algo que ainda precisava ser dito entre os dois.
— Sirius... — começou ele, hesitando por um segundo. — Eu sei que as coisas nem sempre foram fáceis para nós dois, mas... eu estou feliz. Mais do que você imagina.
Sirius parou por um instante, o sorriso sumindo de seus lábios enquanto olhava para Remus. Ele sentiu o peso daquelas palavras e, de alguma forma, o alívio. Ele tinha medo, um medo antigo, de não ser suficiente, mas Remus sempre soubera como tranquilizá-lo, como fazer ele acreditar que, mesmo com todos os erros do passado, aquilo — o que estavam construindo — era real.
— Eu também, Remus. Estou feliz. E vou fazer o possível para que isso dure. Para nós três.
Remus sorriu, tocando a bochecha de Sirius, um gesto simples, mas que expressava tudo o que não podia ser dito em palavras. Eles estavam começando uma nova fase, mais forte, mais unidos. E, juntos, com Teddy ao lado, estavam prontos para qualquer coisa que o futuro reservasse.
Eles ficaram ali, no meio do corredor, por um instante. Sirius, impulsivamente, deu um passo para mais perto de Remus, a velha hesitação voltando por um segundo antes de ele falar.
— Remus, eu sei que a gente disse que ia fazer isso com calma, mas... obrigado. Por acreditar que podemos tentar.
Remus segurou o olhar de Sirius, sua expressão serena, mas com um brilho de emoção nos olhos. Ele estendeu a mão novamente, segurando o pulso de Sirius por um instante antes de deixá-lo cair ao lado.
— Eu acredito porque sei que vale a pena, Sirius. Nós dois sabemos.
Enquanto subiam as escadas, o silêncio entre Remus e Sirius era confortável, mas havia uma leve tensão no ar, como se cada passo os aproximasse de uma conversa inevitável. Quando chegaram à porta do quarto de Sirius, ele parou, hesitando por um momento antes de falar.
— Eu… separei um quarto para você — disse Sirius, quase em um sussurro. Ele não sabia ao certo como colocar em palavras o que estava sentindo. — Não tenho certeza de onde... de onde estamos agora.
Remus ergueu uma sobrancelha, um pequeno sorriso brincando nos lábios.
— Sirius, não seja ridículo. Dormimos no mesmo quarto desde os onze, na mesma cama desde os quinze. Temos um filho juntos — ele lançou um olhar cúmplice a Sirius. — E você sabe muito bem que isso não aconteceu dormindo em quartos separados. Modéstia não combina com você.
Sirius relaxou ligeiramente, mas Remus continuou, provocando com um tom brincalhão:
— A não ser que você não esteja confortável dormindo comigo?
Sirius soltou uma risada baixa, balançando a cabeça.
— Não é isso. Eu só... não quero fazer nada que te deixe desconfortável. Que nos deixe desconfortáveis.
Remus olhou para Sirius com gentileza, sua voz suavizando.
— Sirius, se há algo que você nunca me deixou sentir foi desconfortável. Se vamos mesmo tentar de novo, podemos começar por onde sempre fomos melhores: juntos.
Sirius piscou, surpreso com a facilidade com que Remus dissipava suas dúvidas. Ele abriu a porta do quarto e deu espaço para que Remus entrasse.
— Bom, nesse caso, entre e aproveite a cama mais confortável da casa.
Remus riu, entrando no quarto.
— Deixe-me adivinhar, você roubou essa cama de algum outro cômodo, não é?
— Pode apostar. Prioridades, sabe?
Enquanto Sirius fechava a porta atrás deles, a tensão que antes pairava no ar se dissipava. Eles se prepararam para dormir, um tanto desajeitados com a nova velha rotina. Quando finalmente se deitaram, Sirius hesitou antes de passar um braço em torno de Remus, esperando alguma reação.
Remus apenas se aconchegou mais perto deitado a cabeça no peito de Sirius e passando a mão sobre a pinta em sua costela, deixando escapar um suspiro satisfeito.
— Viu? Isso é confortável.
Sirius sorriu no escuro, sentindo-se em paz de um jeito que não sentia há anos.
— Boa noite, Moony.
— Boa noite, Pads.
E pela primeira vez em muito tempo, ambos adormeceram com o peso do mundo um pouco mais leve.
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Na manhã seguinte, Teddy foi o primeiro a acordar, como sempre cheio de energia. Ele desceu correndo as escadas como um furacão, ignorando qualquer noção de silêncio matinal e rapidamente se dirigindo à cozinha, onde Monstro resmungava sobre o caos matinal.
— Menino Pollux, já disse para não correr nas minhas escadas! — resmungou Monstro, sem nem virar para olhar. — E já disse para não trazer esse animal para a minha cozinha!
Teddy, com um sorriso travesso no rosto, segurava Castor seu companheiro inseparável.
— Ah, Monstro... Por favor, me faz panquecas? — pediu Teddy, com olhos brilhantes e inocentes. — As suas são as melhores!
Monstro se virou, cruzando os braços e estreitando os olhos para Teddy.
— Monstro não cozinha para criaturas barulhentas e seus lagartos.
— Não é só um lagarto, Monstro, é o Castor! — Teddy respondeu, segurando o pequeno animal para que Monstro pudesse vê-lo melhor. — E ele gosta das suas panquecas também!
Monstro bufou, mas o leve tremor no canto de sua boca quase formava um sorriso. Ele balançou a cabeça em derrota.
— Monstro faz panquecas, mas o animal fica fora da cozinha, entendeu? E você ajuda Monstro a limpar depois!
Teddy comemorou com um pequeno salto, já se jogando em uma cadeira próxima, ainda segurando o camaleão que piscava sonolento.
— Eu ajudo, eu juro! Obrigado, Monstro, você é o melhor!
Monstro resmungou mais alguma coisa sobre "crianças insolentes", mas começou a preparar as panquecas de qualquer maneira, enquanto Teddy continuava a falar sem parar sobre suas ideias para o dia.
Remus e Sirius, que desciam as escadas com passos lentos e olhos sonolentos, ouviram a conversa e trocaram um olhar divertido.
— Ele já convenceu Monstro a fazer panquecas, não foi? — perguntou Remus, enquanto se espreguiçava.
— O garoto poderia convencer um dragão a lhe dar um passeio pelas costas — Sirius respondeu, sorrindo. — Ele tem o jeito dos Lupin para a persuasão... e meu charme, é claro.
— É claro, Pads, tudo mérito seu — Remus disse com uma risada.
Eles entraram na cozinha para encontrar Teddy balançando as pernas na cadeira e contando animadamente seus planos para o dia, enquanto Monstro colocava uma pilha crescente de panquecas na mesa.
— Bom dia filhote, já irritando monstro tão cedo de manhã ? — Sirius perguntou brincalhão enquanto se sentava ao lado do filho.
— Bom dia, não estou o irritando! — Teddy exclamou. — O que vamos fazer depois do café?
Sirius e Remus se entreolharam, sorrindo.
— Temos que passar no mercado para comprar algumas coisas, e estava pensando em comprar algumas coisas para o jardim, o que acham ?
— Parece que temos um dia cheio pela frente — disse Remus.
— Mas primeiro — acrescentou Sirius, pegando uma panqueca do prato — café da manhã.
Monstro resmungou mais alguma coisa, mas havia um brilho em seus olhos enquanto observava os três. A velha casa Black, que antes era sombria e silenciosa, estava cheia de vida novamente.
Assim que terminaram o café, cumpriram a promessa de ajudar Monstro com a louça e foram para seus respectivos quartos se trocarem para o dia. Pouco tempo depois, reuniram-se na garagem. Lá, um imponente Bentley repousava sob uma fina camada de poeira, como um tesouro esquecido no tempo.
— Você acha que isso ainda funciona? — perguntou Remus, cruzando os braços enquanto observava o carro com ceticismo.
Sirius sorriu com aquele brilho desafiador nos olhos que Remus conhecia tão bem.
— Claro que funciona! — respondeu, passando a mão sobre o capô do carro, limpando um pouco da poeira. — Esse é um Black clássico, meu caro. Não quebra, só fica esperando pacientemente por alguém digno o suficiente para dirigi-lo.
Teddy apareceu logo atrás, com Castor em seu ombro, os olhos mudando de cor como se refletissem o humor do garoto.
— Esse é o carro do tataravô ou algo assim? — perguntou Teddy, olhando para o veículo com curiosidade.
— Esse, meu caro, é o último vestígio de bom gosto da família Black — respondeu Sirius, com um toque dramático. — Herança do seu avô.
Remus deu um suspiro leve, mas não conseguiu conter um sorriso.
— Certo, Sirius, mas funciona mesmo ou vai ser mais um dos seus projetos inacabados?
Sirius colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido.
— Ousam duvidar de mim? Vamos descobrir agora mesmo. Teddy, venha comigo. Vai ser uma lição importante de responsabilidade com veículos mágicos.
— Ele é mágico? — perguntou Teddy, animado.
— Não exatamente. Mas com um toque de feitiço aqui e ali, ele pode fazer umas coisas interessantes.
Sirius abriu a porta do motorista, fazendo poeira subir, e indicou para Teddy entrar no banco de tras.
— Remus, você vem ou vai ficar aí julgando?
— Eu vou, mas só para garantir que você não se esqueça de como funciona uma embreagem — respondeu Remus, entrando no banco ao lado.
Sirius girou a chave, e o motor roncou depois de alguns segundos de hesitação. Ele deu um sorriso vitorioso para os outros.
— O que foi que eu disse? Um clássico nunca falha.
Com o motor em funcionamento e uma promessa de aventura no ar, Sirius manobrou o Bentley para fora da garagem, em direção ao Tesco mais próximo.
— Por que estamos indo ao Tesco mesmo? — perguntou Remus, ajeitando-se no banco do passageiro, lançando um olhar curioso para Sirius.
— Monstro fez uma lista de compras, e eu, como homem livre, estou muito feliz em finalmente comer comida de verdade novamente — respondeu Sirius com um sorriso despreocupado, tamborilando os dedos no volante.
Assim que estacionaram o carro, desceram e pegaram um carrinho. Sirius vasculhou o bolso da jaqueta, tirando um pedaço de papel amassado com a caligrafia inconfundível de Monstro.
Teddy, no entanto, não perdeu tempo. Assim que chegaram à entrada, ele disparou para explorar as seções, com Castor ainda em seu ombro, adaptando sua cor ao ambiente.
— Teddy, não se afaste! — Remus tentou alertar, mas já era tarde demais. O garoto, com seus cabelos loiros selvagens, desapareceu rapidamente atrás de uma prateleira.
Sirius observou a cena, segurando o papel da lista, e riu.
— Esse menino ainda vai me deixar de cabelos brancos.
— Pelo menos agora ele tem maturidade para não deixar os cabelos azuis em público. — Remus suspirou, balançando a cabeça enquanto pegava o carrinho. — Quando ele era menor, só conseguia sair com ele de touca ou chapéu.
Remus sorriu, nostálgico, enquanto Sirius mantinha o olhar fixo no papel da lista, mas sua expressão suavizou ao ouvir as palavras de Remus.
— Queria ter vivido essa fase dele — disse Sirius, com um sorriso triste, deixando o papel deslizar para dentro do bolso da jaqueta novamente. — Queria ter vivido todas as fases dele.
Remus parou por um momento, olhando para Sirius com atenção, mas deixou que ele continuasse.
— Pensar que até alguns meses atrás eu nem sabia que ele existia... — Sirius completou, a voz baixa, quase para si mesmo.
Remus encostou a mão no braço de Sirius, um gesto simples, mas cheio de significado.
— Ele é louco por você, Sirius. Desde o dia em que soube quem você era. E agora... agora vocês têm tempo. Talvez não possamos mudar o passado, mas podemos construir o futuro.
Sirius olhou para Remus, a gratidão brilhando em seus olhos.
— E ele tem sorte de ter você. De sempre ter tido você.
Remus apertou o braço de Sirius levemente, um meio sorriso se formando em seus lábios.
— E agora ele tem nós dois. É isso que importa.
Sirius assentiu, seu sorriso voltando aos poucos.
— É. Nós dois.
Enquanto avançavam pela loja, começaram a pegar os itens da lista: pão fresco, queijo, leite, e uma longa coleção de temperos que Monstro tinha listado meticulosamente.
— Ele escreve listas como se estivesse preparando poções em vez de refeições — comentou Sirius, erguendo um frasco de noz-moscada para Remus, que riu de leve.
— Não duvido nada que ele esteja tentando manter sua energia sob controle com uma "poção culinária".
Antes que pudessem continuar, Teddy reapareceu, segurando uma caixa de biscoitos de chocolate.
— Podemos levar isso? Por favor? — perguntou, os olhos brilhando de animação.
— Só se prometer que vai ajudar a carregar as sacolas — disse Sirius, fingindo ser sério.
— Feito! — respondeu Teddy com um sorriso, jogando a caixa no carrinho. antes de sumir novamente
Remus apenas suspirou, mas seu sorriso traiu qualquer tentativa de repreensão. Estavam quase terminando as compras quando finalmente encontraram Teddy novamente. Ele estava parado em frente a uma parede repleta de pisca-piscas, de todas as cores e formatos possíveis, tão concentrado que não percebeu a chegada dos pais.
— O que está vendo aí, filhote? — perguntou Sirius, se aproximando com curiosidade.
Teddy virou-se com um sorriso animado, apontando para as luzes.
— Pisca-pisca... Podemos levar alguns?
— Pisca-pisca? — Remus arqueou a sobrancelha, claramente tentando entender o propósito.
— Sim, para colocar no jardim! — explicou Teddy, gesticulando com entusiasmo. — Vai ficar incrível, como um céu cheio de estrelas, mas no chão!
Sirius olhou para Remus com um sorriso que indicava que ele já estava convencido, mesmo antes de Remus poder protestar.
— Ele tem razão. O jardim merece um pouco de brilho — disse Sirius, cruzando os braços e lançando um olhar desafiador para Remus.
Remus suspirou novamente, mas era óbvio que estava cedendo.
— Tudo bem. Mas você vai ajudar a instalá-los, Teddy — disse, apontando para o garoto com um dedo.
— Eu prometo! Vou ajudar com tudo! — garantiu Teddy, já pegando dois conjuntos diferentes de luzes.
Sirius deu uma risada baixa enquanto Teddy voltava a escolher mais cores, claramente sem intenção de levar apenas um ou dois.
— Você sabe que ele vai acabar transformando o jardim inteiro em uma constelação, certo? — Remus comentou, observando o entusiasmo do garoto.
— E qual é o problema nisso? — retrucou Sirius, piscando para Remus.
— Você é impossível.
— É por isso que você me ama.
Remus balançou a cabeça, mas não conseguiu conter o sorriso. Teddy voltou com os braços cheios de caixas de pisca-pisca, radiante, e os três seguiram juntos para o caixa, nao sem antes passar na seção de jardinagem.