Work Text:
O silêncio na sala era incômodo, e Keiji queria sair correndo. Esse era o pânico que o casamento traria do qual todos falavam?
Sim, o olhar frio de Shin apenas lhe era uma prova disso.
Ele pensou em abrir a boca algumas vezes, mas não tinha nenhuma palavra em mente, então apenas silenciou-se.
Após alguns minutos, com uma voz irritada, Shin começou a falar:
— Eu confiei em você...
— Shin, eu...
— Não, eu não quero desculpas! — ele cruzou os braços. — Apenas eu e você moramos nessa casa, é impossível que tenha sido outra pessoa. — então, o loiro voltou seu olhar ao pacote vazio em cima da mesa de centro. Ah, aquele maldito pacote. — Você comeu meu salgadinho preferido, Keiji. Eu não posso voltar ao trabalho sem ele!
— Eu já disse, querido... — o ex-detetive arrumou sua postura, gesticulando com as mãos. — Não fui eu! Joe, Sara e Gin vieram nos visitar esses dias, provavelmente foi algum deles.
— E você ainda coloca a culpa nas crianças?! — oh, aquilo pareceu apenas estressá-lo mais. — Eu não estou te reconhecendo, Keiji.
— Shin, querido, por favor, é apenas um salgadinho. — o Shinogi tentou manter a calma, mas é claro que sua voz faria parecer uma frase mais grosseira do que o imaginado, e é claro que seu marido (que já estava bem irritado) não iria gostar de seu tom.
— Você não entende. Você sequer tenta entender… Eu não quero mais falar com você hoje. — ele se levantou, saindo da sala.
— Eu posso pegar alguns cobertores? — e quando Shin bateu a porta do quarto, Keiji teve sua resposta. O loiro com certeza iria dar uma bronca em seus amigos mais tarde.
|•|
Keiji passou aquela noite em claro, planejando algo que com certeza faria seu marido lhe perdoar.
Primeiro foi até a casa de seus amigos mais novos, perguntando — bem, foi praticamente um interrogatório — se foi algum deles que comeu aquele maldito salgadinho. De fato, havia sido Joe. O loiro nada disse, aceitou a revelação e não cobrou o moreno. Ele queria saber apenas para limpar sua consciência, mesmo que tivesse certeza de que não havia sido ele, tinha uma pequena hesitação, afinal, ele poderia ter feito isso enquanto estava sonambulando.
Então, o homem foi até o mercado e começou suas compras. Ah, sim, ele tinha o plano perfeito.
Quando chegou em casa, Shin ainda estava fora — provavelmente ele tinha ido à casa de Kanna para visitá-la. Isso não estava planejado, mas foi de grande ajuda, afinal Keiji pôde preparar sua bendita cena.
Quando o mais novo chegou, as luzes estavam apagadas. Ele as acendeu com certa dificuldade, pois estava segurando algumas sacolas.
— Bem-vindo. — o loiro sorriu assim que seu rosto foi iluminado.
— Deus me livre! — Shin praticamente gritou, seus olhos arregalados e o coração acelerado. — Que merda é essa, Keiji? Quer me matar de susto?!
— Sinto muito... — ele coçou a nuca. — Queria lhe fazer uma surpresa.
— Não é meu aniversário para que você faça surpresas. — Shin passou pelo loiro, colocando as sacolas em cima da mesa.
— Você ainda está zangado...?
— Não. — o menor falou, se virando para o marido.
— Parece zangado. — a expressão de cachorro abandonado que o loiro carregava foi demais para Shin, que apenas suspirou.
— Não estou, não mais.
— Que bom! — o loiro sorriu, indo até um dos armários da cozinha. — Assim eu posso te dar o presente que comprei!
— Presente? Eu já disse, Kei, não é meu aniversári... — antes que terminasse sua frase, o loiro abriu um dos armários, revelando ao menos um mês de salgadinho. — Mas que...
— É para compensar, sabe… Eu sei que você gosta desses, então... — ele parecia orgulhoso de sua ideia. Bem, até Shin virar uma das sacolas que segurava, revelando mais pacotes.
— Eu já comprei os do mês...
— Oh… Oh. — ele piscou algumas vezes, fazendo Shin rir.
— Pelo menos não iremos ter problemas caso você coma algum de novo.
— Eu já disse, não fui eu. — suspirou.
No fim, eles tinham um estoque de salgadinho — do qual apenas Shin gostava — para meses, mais uma briga para a lista e uma situação engraçada que seria contada nos jantares de família.