Jovem Guarda
Não confunda com o programinha que tornou essa turma famosinha, nem com o disco do Rei desse gênero.
Jovem Guarda é um termo usado pra designar uma velharia dos anos 1960 que até hoje aparece em clubes de senhoras de 60 e todos anos pra curtirem os sons de sua juventude e dizerem que "isso sim era música", quando na época em que essas pessoas eram jovens o gênero era mais demonizado que o funk carioca ou o K-pop se tornaria anos mais tarde. Esse movimento desculturado foi quando o rock no Brasil começou a fazer algum sucesso, ainda que fosse mais uma cópia tosca dos discos dos Beatles e da Invasão Britânica do início da década, com um monte de música mela cueca pra cacete.
HistóriaEditar
Após o estouro dos irmãos Celly e Tony Campelo e alguns poucos que vinham fazendo sucesso desde o final dos anos 1950, uns cabras chamados de Roberto e Erasmo Carlos, juntamente com um gordo chatão chamado Tim Maia formaram uma banda carioca chamada The Sputniks. Esses otários nunca gravaram nada com esse nome, e depois de umas tretas entre o Tim e o Roberto ("Eu vou matar o Roberto!"), a banda foi pro saco e o Tim pros EUA fazer merda por lá. Já Roberto e Erasmo formariam a dupla Lennon/McCartney do rock brazuca nesses tempos.
Juntou-se a esses dois, que já faziam um certo sucesso, uma loira que curtia menage a trois chamada Wanderléa, e assim formaram o Trio Ternura que apresentaria na antiga TV Record décadas antes de virar a rede do Bispo um programinha chamado Jovem Guarda em 22 de agosto de 1965. Assim o gênero ficaria de vez chamado com esse nomezinho, indicando o quanto era música da pirralhada em detrimento da "Velha Guarda" (representada por cantores da Rádio Nacional como Dorival Caymmi, Benito Di Paula, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Emilinha Borba, Nora Ney e similares e pela turminha da Bossa Nova que a essa altura já era Bossa Velha desde os primeiros anos da década de 1960), ou seja, como diria tua avó, "música de delinquente, marginal e malcriado transviado cheirador de pó" o que não era bem mentira.
O gênero ficou marcado por letras que normalmente falavam só de amorzinho (Como é Grande o Meu Amor por Você), paixões proibidas (Namoradinha de Um Amigo Meu), casamentos fracassados (Pare o Casamento), desilusões amorosas (Pobre Menina, Prova de Fogo, Coração de Papel), carangos e motocas (Calhambeque - pera, mas isso nem era um carango...), pedofilia (Menina Linda, deixa essa boneca e vem brincar de amor... que errado!), aprontações e macheza do caralho (Eu Sou Terrível, Nego Gato), moda bizarra (Biquíni de Bolinha Amarelinho) e até mesmo umas blasfêmias as vezes (Quero que Tudo Vá Pro Inferno - o Rei não canta mais essa música nem por decreto!) Mas as vezes rolava umas paradas meio alienígenas, como críticas à Guerra do Vietnã (que tava rolando na época, e aí era coisa de Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones) e até músicas de tristeza pura (A MESMA PRAÇA, O MESMO BANCO... e a risada do Cazalbé contrastando com essa porra toda) e nonsenses e coisas poop pop da época, como Brucutu (que o Rei também cantarolou as tirinhas e HQs desse personagem de mil novecentos e guaraná com rolha).
Artistas dessa merdaEditar
Além do trio já citado e da turminha mais antiga como Celly e Tony Campelo que se infiltraram sacanamente nessa paradinha, dá pra citar mais um monte de artistas que só tua mãe ainda gosta:
- Leno e Lilian
- Vanusa (sim, AQUELA...)
- Martinha
- Amelinha
- Eduardo Araújo (o do carro vermelho que não usa espelho pra se pentear) e Sylvinha
- Os Incríveis
- Renato e Seus Blue Caps
- The Fevers
- Golden Boys
- Os Pholhas
- Evinha
- Sérgio Reis (sim, ele começou com um country rock antes de só cantar de chalana e outras merdas de sertanejo bolsomínion)
- Reginaldo Rossi (sim, o rei do brega começou cantarolando Jovem Guarda também!)
- Raulzito e Seus Panteras (que, acredite, era o Raul Seixas no comando dessa porra!)
- Wanderley Cardoso
- Ed Wilson
- Jerry Adriani
- Bobby de Carlo
- Ronnie Cord
- Os Vips
- Sérgio Murilo
- Agnaldo Timóteo
- Nelson Ned
- Dick Danello
- Odair José
- Fernando Mendes
- Antônio Marcos
- Augusto César
- Adilson Ramos
- Embaixadores de Sião (sim, até banda de rock crente entrou na onda!)
- Márcio Greyck
- Paulo Sérgio
- O'Seis (que eram Os Mutantes antes de ouvirem Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band e pirarem na batatinha)
- Silvio Brito antes de virar cantor só da Canção Nova
- Ronnie Von antes de virar cantor de rock psicodélico
- Tony Tornado e Trio Ternura
- Tim Maia (sim, o síndico também)
- Jorge Ben Jor
- Deny e Dino
- Trio Esperança
- Carequinha (sim, até palhaço entrou na onda)
E mais uma pá de pirralhos criados à leite com pera achando serem roqueiros malvadões, tsc tsc tsc...
LegadoEditar
Já no final dos anos 1960 essa mistureba de rockabillie, Beatles, country e soul da Motown Records estava ficando chatão já, com a chegada por exemplo da MPB e os festivais da canção e também do Tropicalismo, o ritmo ficou viciadão. O programinha da Record foi pro saco, o Roberto Carlos foi pra TV Globo ficar aprisionado no final de ano, os outros dois miguxos principais passaram a viver só parasitando o Especial de Fim de Ano do Rei, e o resto passou a ficar só em balés de velhotes.
Mas o gênero acabou ainda deixando alguns frutos. Artistas de rock cristão brasileiros dos anos 1970, por medo de tocar gêneros de maconheiros como rock psicodélico, rock progressivo e hard rock, faziam só esse tipo de música. A própria Tropicália sempre citava musiquinhas do Roberto, bem como artistas do rock brazuca dos anos 1980 referenciavam esse som ainda. Bandas como Coke Luxe, João Penca e Seus Miquinhos Amestrados e o gorducho do Leo Jaime adoravam fazer esse som dos tempos de quando eles eram pirralho, bem como os Engenheiros do Hawaii ao fazerem uma versão de "Era Um Garoto Que Como Eu Amava Os Beatles E Os Rolling Stones" e o Fábio Jr. que fez uma versão de "Impossível Acreditar que Perdi Você" do Márcio Greyck, mostrando que a turma ainda curtia um cadinho essa tropa. E até no manguebit o Otto decidiu meter uns sons desses.
Mas provavelmente o maior legado da Jovem Guarda, além, claro, de um disco por ano por anos do Roberto Carlos infernizando o Brasil e um monte de velhotes aparecendo de vez em quando no Faustão pra relembrar quando faziam sucesso décadas antes, foi o brega, já que um monte de artistas do gênero começou fazendo Jovem Guarda e logo se enveredaram a cantar para mulheres pararem de tomar a pílula, cantar sobre meninas de cadeira de rodas, sobre meninas com coração que voava mais que avião e com amor de gosto de fel e também cantar que não era cachorro não, igual ao Waldick Soriano, e daí veio todo o tropel de putos que encharcaram o Chacrinha nos anos 1980 e rádios de Pernambuco, Nordeste do Brasil em geral e Pará e Amazonas, onde reis do som como Conde Só Brega e Nunes Filho até hoje comandam as paradas de sucesso, mantendo a Jovem Guarda, que a essa altura já poderia mudar de nome pra "Pré-Histórica Guarda", viva, mesmo que respirando por aparelhos...