Genocídio ruandês
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Genocídio ruandês é um desses grandes massacres que existem por aí e as pessoas nem sabem que ocorreu. Ao ouvir a palavra "Ruanda", a maioria dos cidadãos brasileiros pensa em um predador (35%), uma doença sexualmente transmissível (30%), um grupo de k-pop (20%) ou qualquer outra coisa (13%). Este foi o resultado de uma pesquisa feita no vigésimo aniversário do genocídio em 2014. Mas se 2% das pessoas entrevistadas acertam e dizem que o Ruanda é um estado, pelo menos 90% sabem que é na África e que deu merda por lá.
Esse genocídio é pouco conhecido provavelmente pela falta de popularidade dos nomes envolvidos. Adolf Hitler, Josef Stalin e Pol Pot, por exemplo, são nomes impactantes que dão arrepios e acima de tudo, são fáceis de lembrar. Mas nomes como Theoneste Bagosora, Jean Kambanda ou Grégoire Kayibanda são tão difíceis que o autor deste artigo admite que escreve estes nomes usando copy-paste. O mesmo vale para organizações como SS ou KGB cujas menções são capazes de congelar espinhas, ao contrário de Interahamwe ou Impuzamugambi. Uma pessoa normal sempre se pergunta como pronunciar esses nomes em vez de ter medo deles.
O desconhecimento do genocídio ruandês também tem bastante racismo embutido. Se nos Estados Unidos dois aviões são abduzidos, depois arrasam dois arranha-céus e matam apenas 3.000 pessoas, isso é considerado algo seríssimo e leva o mundo inteiro às lágrimas de tristeza em ver quantas famílias intactas foram destruídas e quantas crianças inocentes perderam seus pais devido a este covarde ataque terrorista. Em Ruanda, isso não seria um problema. Lá, não houve órfãos inocentes. Eles também foram mortos.
Além disso, Ruanda é um estado pequeno demais para sua população, que se autodenomina a terra das mil colinas. E entre mil colinas, também existem mil vales, nos quais você pode fazer coisas interessantes de forma relativamente discreta. Por exemplo, massacrar, assassinar, decapitar, jogar de penhascos, ou simplesmente matar pessoas atirando nelas, queimando-as ou liquidando-as com granadas de fragmentação . E se tivermos muitos escrúpulos sobre essas coisas, pode-se também estuprar, mutilar, estripar ou cortar alguns tendões de Aquiles como forma de tortura. E como sempre enterram os cadáveres em Ruanda, não houve nem fumaça subindo no céu.
Antecedentes[editar]
Analisando hoje em dia, Hutus e Tutsi parecem personagens de mangá antagônicos, mas não são. Não dava para ver nenhuma diferença entre eles e além disso, até falavam a mesma língua, o que é raro na África pré-colonial. Na realidade, quando os alemães chegaram em 1885 não deram muita atenção aos hutus e tutsis. Estes não fez nenhuma insurreição e, portanto, sobreviveram aos alemães e sua dominação colonial. Os alemães também achavam que poderiam massacrá-los mais cedo ou mais tarde, mas Lothar von Trotha, o genocida-chefe dos alemães, simplesmente tinha coisas para fazer em outro lugar. Os alemães só permaneceram no país por cerca de vinte anos. Vinte anos simplesmente não foram suficientes para desenvolver adequadamente o típico racismo alemão.
Os belgas assumiram o Ruanda em 1918, esses sim cagaram tudo com a introdução do racismo científico. Segundo os belgas, os altos e esguios entre os negros seriam – para os povos caucasianos – parentes próximos, enquanto os baixos e mais gordos negros seriam considerados como negros e, portanto, inferiores. Sendo assim os tutsis podiam ir à escola, os hutus podiam limpar os sapatos. Os tutsis podiam governar o país, os hutus podiam obedecer e cortar cana. Enquanto isso os belgas só precisavam se preocupar com o trabalho missionário, o transporte de recursos e o quanto eles foderam um país para sempre. É óbvio que um enorme ressentimento começou a surgir.
Continuou assim até que um dia os belgas esgotaram todos os recursos e perderam a vontade de oprimir Ruanda. Os hutus se aproveitaram disso para matar alguns tutsis. Após esse massacre, os belgas perderam o desejo de serem colonizadores e deixaram o país à própria sorte. Para melhorar sua reputação, os belgas ainda tiveram a cara-de-pau de chamarem Ruanda de "democracia" pouco antes de partir, acalmando sua consciência. Como os hutus eram a maioria, eles elegeram – francamente democraticamente – um hutu como presidente, que se vingou se séculos de esculacho e oprimiu e massacrou alguns tutsis. Isso fez com que os pouco tutsis fugiram em massa do país.
Guerra civil[editar]
Os descendentes de tutsis que haviam fugido para países vizinhos 30 anos antes começaram a formar um exército (a Frente Patriótica Ruandesa) e atacar Ruanda a partir do Congo, criando a Guerra Civil Ruandesa. Já não lhes bastava matar os hutus dos países vizinhos, queriam voltar ao seu país de origem, embora a maioria nunca o tivesse visto por terem crescido no exílio. No entanto, os tutsis avançaram para o Ruanda com fervor como se fosse a Terra Prometida. O fato de ninguém no país gostar deles, nem mesmo os tutsis nativos que só queriam viver em paz, pouco os incomodava. Essa guerra fez até algo raro acontecer, que foi a Comunidade Internacional reagir, o que obrigou as duas partes opostas a negociar a paz. Acima de tudo, a França meteu o bedelho e aproveitou a oportunidade para enviar soldados em grande número, que infelizmente só apoiavam os hutus. Com a ajuda das tropas francesas, o governo hutu conseguiu reter os tutsis e assim retornar uma ideologia há muito tempo esquecida: a ideia de massacrar todos os tutsis que ainda viviam em Ruanda.
O genocídio de 1994[editar]
Em 1994, os hutus finalmente conseguiram convencer seus compatriotas de que os tutsis eram vermes e que deveriam se livrar deles o mais rápido possível. Os intelectuais já sabiam disso e, para os demais, havia uma rádio especialmente dedicada a transmitir a mensagem. Além disso, havia armas suficientes e pelo menos um facão enferrujado disponível em cada casa hutu. O massacre começou.
Mas o mais irônico de tudo isso é que nem os franceses nem a ONU iriam intervir, e principalmente os hutus sabiam disso. Os Capacetes Azuis foram enviados apenas para se defender (e salvar alguns brancos). Os hutus podiam, portanto, massacrar quantos negros tutsis quisessem na frente dos soldados da ONU, desde que não acertassem ninguém por engano. Os franceses forneceram armas a Ruanda e, além disso, amavam o líder do massacre Habyarimana porque este ia à igreja todos os dias para rezar lá. E o xerife do mundo, os Estados Unidos, já tinha perdido incríveis 18 soldados na Somália e estava com tanto medo da África que definitivamente não ia mandar ninguém para lá. Para completar, Ruanda não era estrategicamente interessante. Tudo estava pronto, a carnificina poderia começar.
Era apenas uma oportunidade que os hutus estavam perdendo. E esta aconteceu em 6 de junho de 1994. O presidente, metade de seu clã familiar e outro chefe de Estado desinteressante voltavam de uma negociação de paz (malsucedida, como sempre) quando seu avião se deparou com alguns mísseis. O avião caiu no jardim presidencial grande o suficiente para isso e todos os passageiros do avião morreram. Hoje, não sabemos mais quem derrubou o avião, mas na época todos sabiam que eram os tutsis. Principalmente porque o novo governo formado de forma notavelmente rápida afirmou a autoria do atentado, um novo governo que era estranhamente composto apenas por hutus altamente racistas e oficiais de alto escalão.
Meia hora depois, os primeiros tutsis foram mortos. Haviam soldados belgas na capital e os belgas fizeram exatamente o que costumam fazer com suas tropas estacionadas em um país onde as pessoas estão sendo executadas na rua: repatriou o exército. Era perigoso demais.
No final, todos hutus conseguiram matar em paz. É verdade que alguns tutsis se entrincheiraram em escolas ou hotéis, mas bastou lançar algumas granadas dentro dos prédios para afugentá-los. Aí era só matar os fugitivos com um golpe de facão ou tiro de espingarda – quando o morto dava sorte. Depois de três meses, o primeiro milhão de tutsis mortos foi comemorado, e os próprios hutus eram assassinados por hutus se protestassem contra o genocídio.
Em julho de 1994, os franceses visitaram Ruanda, mas apenas para salvar seus compatriotas e ajudar os líderes hutus a fugir. No entanto, eles estavam tão ocupados massacrando os tutsis na capital Kigali que não perceberam que os tutsis haviam conquistado todo o país. Finalmente, houve alguém que pôs fim à matança. O que teria acontecido mais cedo ou mais tarde, porque quase não havia mais tutsis.
Regras[editar]
Theoneste Bagosora foi o principal mentor do genocídio ruandês, ele também criou um sistema de regras para tornar o massacre mais organizado e também um sistema de pontos para manter os genocidas entretidos. Abaixo segue o livreto de regras escrito por Bagosora.
Regras:
- Você só pode matar tutsis das 8h às 19h. Se os matarmos enquanto dormem, será muito fácil e sem graça.
- Sem armas de fogo, nossos ancestrais se reviravam em seus túmulos, apenas armas brancas.
- Não poupe ninguém. É um bebê? E daí? Quando ele crescer, vai foder sua mulher que você namora há 20 anos só porque ele tem mais de um metro e oitenta de altura.
- Estupro é recomendado.
- A participação das mulheres é opcional
Bônus
- Quanto mais gore melhor! Você desmembrou completamente um tutsi, pendurou seus órgãos nas ruas, estripou uma mulher grávida e comeu seu feto? Muito bem, com esse alto nível de atrocidade você pode ganhar ma mansão no centro de Kigali.
- Você derrotou com mãos nuas um homem armado!? Nossa que conquista! Você estrangulou seu agressor por trás enquanto ele estava armado com um estilingue? Excelente! Você vai ganhar o direito de usar a arma dele no dia seguinte.
- Humilhação, você sodomizou um tutsi com sapos antes de cortá-lo em fatias? Você mijou nele enquanto ele estava deitado com a garganta cortada ou cortou o pau grande dele antes de colocá-lo na boca? Dinheiro e outros bens serão a recompensa certa para você.
Desvantagens:
- Você poupou alguém ou pior, poupou uma família tutsi inteira? Que vergonha! Dependendo do número de pessoas você terá uma cota de assassinatos para cumprir no dia seguinte sob pena de morte se você não cumprir.
- Você tem se escondido por vários dias boicotando este jogo? Isso é ruim, muito ruim, logo alguém com facão vai te achar e te colocar no jogo.
- Você acha engraçado trapacear assassinando apenas bebês e velhos? Nada mal, mas amanhã você terá que ir para as trincheiras matar homens armados e em forma.
Pontos:
- Homem normal: 4 pontos
- Mulher normal: 3 pontos
- Atirador: 6 pontos
- Mulher armada: 3 pontos
- Criança ou velho: 2 pontos
- 5 de uma vez: (não importa): 25 pontos
- Família inteira: 50 pontos
- Estupro: 1 ponto (para incentivar)
- Humilhação: de 5 a 50 pontos (50 se você sodomizá-lo várias vezes com objetos, cortar sua garganta, mijar em feridas, arrancar olhos, etc.)
O genocídio em Ruanda em comparação com outros genocídios[editar]
Hitler esteve no poder na Alemanha de janeiro de 1933 a maio de 1945. Então, cerca de 636 semanas. Ele assassinou sete milhões de pessoas. Isso resulta em uma média semanal de 11.000 pessoas mortas. Ou então peguemos o general romano Crasso que em apenas uma manhã mandou crucificar 6.000 escravos na Via Ápia, perto de Roma, o que faz uma média semanal de 84.000 assassinatos covardes. Os hutus mataram um milhão de tutsis em uma semana. recorde mundial! E foi a palavra recorde mundial que fez os países industrializados se sentarem e prestarem atenção, porque soa como esporte e não como assassinato. quando as tropas de intervenção foram enviadas, surpreendeu-se que não houvesse mais assassinatos. Havia apenas mais de um milhão de funerais. Um milhão de mortes em menos de 100 dias, o que dá 10.000 todos os dias, é muito honroso, mesmo comparado a Hitler, Bin Laden, Pol Pot. Este genocídio vale a menção no Guinness Book of Records.
Outro fator notável é como eles morreram. Morto na câmara de gás como na Polônias? Mortos de fome como na Ucrânia? É muita enrolação! Os tutsis eram - se tivessem sorte e especialmente dinheiro - fuzilados, mas na maioria das vezes mortos com golpes de facões enferrujados. É uma morte espetacular e cheia de ação. Algo verdadeiramente cinematográfico. Talvez pudesse render um bom filme.