Saltar para o conteúdo

Ampicilina

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ampicilina
Alerta sobre risco à saúde
Nome IUPAC (2S,5R,6R)-6-([(2R)-2-amino-2-phenylacetyl]amino)
-3,3-dimethyl-7-oxo-4-thia-1-azabicyclo[3.2.0]heptane-2-
carboxylic acid
Identificadores
Número CAS 69-53-4,
69-52-3 sal de sódio
PubChem 6249
DrugBank APRD00320
ChemSpider 6013
Código ATC J01CA01
SMILES
InChI
1/C16H19N3O4S/c1-16(2)11(15(22)23)
19-13(21)10(14(19)24-16)18-12(20)
9(17)8-6-4-3-5-7-8/h3-7,9-11,14H,
17H2,1-2H3,(H,18,20)(H,22,23)/t9-,10-,11 ,14-/m1/s1
Propriedades
Fórmula molecular C16H19N3O4S (Ampicilina)
C16H18N3NaO4S (Sal de sódio)
Ponto de fusão

199–202 °C decompõe-se [1]

Solubilidade em água pouco solúvel [1]
Farmacologia
Biodisponibilidade 40% (oral)
Via(s) de administração Oral, intravenosa
Metabolismo 12 a 50%
Meia-vida biológica aprox 1 hora
Ligação plasmática 15 a 25%
Excreção 75 a 85% renal
Riscos na gravidez
e lactação
A(AU) B (EUA)
Riscos associados
Frases R R36/37/38, R42/43
Frases S S22, S26, S36/37
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

A ampicilina é um antibiótico beta-lactâmico semi-sintético[2], obtido a partir do ácido 6-aminopenicilânico (6-APA), de elevado consumo na medicina. A rota atual de produção (ano de 2006), conhecida como "rota química", utiliza solventes altamente tóxicos e baixas temperaturas e, portanto, está restrita a países com exigências ambientais limitadas (como China e Índia). Outros países apenas importam a ampicilina como principio ativo para comercialização. Uma rota de produção por via enzimática está em pesquisa (utilizando a Penicilina G Acilase, PGA), conhecida como "rota verde", cujo objetivo é realizar a síntese em meio aquoso e em temperatura próxima a ambiente, permitindo que o composto seja produzido em outros países e com risco ambiental muito reduzido.

Sintetizada em 1987, por Batchelor e col. o qual tornou viável a obtenção do núcleo central das penicilinas através de um mecanismo fácil com elevado rendimento e pouco gasto.

Com o conhecimento adequado, os cientistas do laboratório Beecham, Inglaterra, iniciaram pesquisas sobre penicilinas semi-sintéticas que tivessem espectro de ação ampliado em relação à penicilina.

Foi a primeira penicilina semi-sintética que mostrou ação contra bacilos gram-negativos abrindo o campo de penicilinas de amplo espectro.

Comercializada na forma anidra, triidratada e sódica, bem como nas formas de depósito, isto é, ligada a benzatina ou à probenecida.

Esta apresentaçáo, embora tenham algumas diferenças físico-químicas e farmacológicas, não alteram o efeito do antibiótico em meio ácido (estômago) ou a inativação por beta-lactamases (junto com outros medicamentos).

Classificação

[editar | editar código-fonte]

Classificada como uma aminopenicilina e difere estruturalmente da penicilina G somente pela presença de um grupo amino na posição alfa do carbono benzilico da cadeia lateral R ou seja uma pequena mudança na sua cadeia lateral.

Mecanismo de ação

[editar | editar código-fonte]

O grupo amino ionizável confere amplo espectro de ação, devido à diminuição da hidrolise ácida catalisada. Ocorre assim, um decréscimo da reatividade do oxigênio da carbonila amídica frente à sua participação na abertura do anel beta-lactâmico para formação do ácido penicilâmico.

Baseado em informações do compêndio - Drug Infornmation, 1999 - Um tipo de bíblia dos medicamentos.

Por ser antibiótico bactericida, apresenta mecanismo e ação semelhante ao das outras penicilinas. Entretanto, a ampicilina tem maior afinidade a proteína fixadora da penicilina 3, que é responsável pela formação de septos no momento da divisão da célula bacteriana.

Dessa forma, age sobre o microorganismo sensível em um prazo médio de 6 a 120 minutos.

A resistência dos microorganismos às penicilinas limita sua ação. Os microorganismos tornam-se resistentes às penicilinas principalmente devido a ação de um ou mais dos seguintes mecanismos:

Inativação do antibiótico por beta-lactamases bacterianas, através do rompimento do anel beta-lactâmico do núcleo das penicilinas - Ação da bactéria ao romper o anel protetor do antibiótico;

Redução na permeabilidade da membrana externa e, conseqüentemente, uma menor capacidade do antibiótico atingir as proteínas ligantes apropriadas;

Alteração, diferenças estruturais nas proteínas ligantes à penicilina;

Esses dados foram compilados do livro Tolerância (Rang & Dale, 1995).

Quando lançada no início da década de 1960, a ampicilina mostrava-se ativa contra bactérias gram-positivas:

estreptococo beta-hemolítico, viridescente, enterococo, pneumococo, estafilococo não produtor de penicilase, listéria, clostrídios, bacilo diftérico Corynebacterium diphteriae - Ver Difteria

E várias bactérias gram-negativas :

menigococo gonococo, Haemophilus influenzae, Proteus mirabilis, Salmonela Shigela, Brucella, Pasteurella, Escherichia coli, Bordetella, inclusive os bacteróides e outros germes anaeróbicos.

Inicialmente não agia contra Kleesiella-Enterobacter e era inócua contra Proteus indol-positivos, Serratia, Pseudomonas, bem como requéstia, micoplasma e clamídias. Devido à inativação pela penicilase a ampicilina, desde logo, mostrou-se desprovida de ação sobre estafilococos e outros microorganismos que elaboram esta enzima.

Em conseqüência ao seu uso indiscriminado em todo o mundo, a resistência bacteriana a ampicilina desenvolveu-se de maneira constante e ascendente, sendo atualmente incerta a eficácia deste fármaco frente a determinadas infecções, principalmente as causadas por bacilos gram-negativos e estafilacocos hospitalares.

Absorvida por via oral e parenteral, com pequenas variações nas concentrações séricas obtidas após a administração oral da ampicilina anidra, triidratada e sódica tais as diferenças não apresentam vantagens terapêuticas significadas, para o efeito prático, considera-se semelhante à absorção oral das três apresentações, comprimido, cápsulas e pó.

Uma vez absorvida, a ampicilina distribui-se pelos tecidos e líquidos orgânicos, sendo encontrado níveis elevados no pulmão, fígado, rins, pele, tubo digestivo, bile, líquidos sinovial, peritonial e pleural. Sua concentração no cérebro, seios da face, músculos, coração, saliva, lágrimas e suor são menor que a do sangue, mas suficiente para ação terapêutica.

Atravessa a barreira placentária originando concentrações terapêuticas no feto e líquido amniótico. Também atravessa a barreira hematoencefálica em pacientes com meningoencefalite.

É normalmente eliminada pela bílis e pela urina.

Indicada para: meningites meningogógicas, febre paratifoide, faringite bacteriana, gonorreia, pneumonia por Haemaphilus influenzae, pneumonia por Proteus mirabilis, septicemia bacteriana, infecções de pele e tecidos moles produzidos por enterococos, Escherichia coli, Shigella e Salmonella.

Apesar de na atualidade existir uma crescente resistência à ampicilina entre tais microorganismos.

Recomenda-se fazer testes bacteriológicos para a determinação dos microorganismos causadores do processo infeccioso, assim como a sensibilidade destes à ampicilina, antes da ingestão de qualquer medicação antimicrobiana, sempre que a situação permitir.

Contra-indicações

[editar | editar código-fonte]

A Ampicilina está desaconselhada a pacientes alérgicos a este antibiótico ou a antibióticos do tipo penicilina. Este medicamento pode estar desaconselhado a mulheres grávidas ou a amamentar e a pessoas com doença hepática ou renal grave.

Reações adversas

[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. a b The Merck Index: An Encyclopedia of Chemicals, Drugs, and Biologicals, 14. Auflage (Merck & Co., Inc.), Whitehouse Station, NJ, USA, 2006; ISBN 978-0-911910-00-1.
  2. Nicholl 2002
  • NICHOLL, Desmond S.T. An Introduction to Genetic Engineering. 2nd Ed. Cambridge University Press, 2002. ISBN 0-521-00471-3